Give Your Heart A Break escrita por Leonardo Lima


Capítulo 4
Capítulo 4 - O Mentiroso




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Eu não sabia o que tinha dado em mim. Sério! Rodrigo não saia da minha cabeça e eu não conseguia parar de pensar nele. No ínicio eu fiquei com raiva dele, mas então entendi que só estava com raiva dele porque estava atraído por ele. Pra mim, ele era incrivelmente lindo, mas eu ainda não sabia nada sobre a personalidade dele. 

Eu estava com medo de alguém perceber que eu estava a fim de Rodrigo. Eu tinha medo de confessar isso para mim mesmo. Sempre fiquei com meninas, sempre me interessei por elas, mas não via nada de interessante nos garotos... Quero dizer, as vezes eu olhava bunda dos meus amigos, mas nada de diferente, tipo quando amigos olham o outro mijar e ficam comparando os paus um do outro, não havia maldade.

Porém, lá estava eu, não conseguia dormir direito, ou comer direito, Rodrigo tomava os meus pensamentos e eu não sabia o que fazer.

E então um dia, eu vi minha chance de fazer algo. Tinha um garoto que andava no mesmo grupo que Rodrigo, chamado Matheus. Eu já tinha estudado com ele, apesar da nossa desavença passada, eu iria tentar voltar a falar com ele e tentar me aproximar de Rodrigo.

 

2012.

Nem sempre eu tinha sido fechado e irritado com o mundo. Houve um pequeno espaço de tempo em que eu era constantemente feliz, e tinha muitos amigos e era conhecido, talvez até ser chamado de ''popular'', no colégio. 

Eu andava com um grupo de pessoas que se intitulavam ''$em $entido'' (eu sei, bem brega isso, mas eramos bem malucos na época), Verônica, Luís André, Michele, Paulo, Carol e eu. Não sei bem como começou, só sei que de repente todos sabiam que eramos, e falavam com a gente, mesmo sem sabermos que eles eram.

Matheus, pelo o que percebi depois, era um alpinista social, e tentava a todo custo entrar no nosso grupo e ficar ''famosinho'' (algo que eu achava besteira e que consegui sem querer). Enfim, tinha outro grupo na sala e Matheus andava com eles e com a gente. Ele dizia que o outro grupo falava mal da gente e outros absurdos e a gente acabou tomando raiva desse grupo. Porém, num belo dia, os dois grupos chegaram cedo no colégio e começamos a conversar e colocamos tudo em pratos limpos.

Matheus dizia o mesmo para o outro grupo, falava para o outro que o nosso grupo falava mal deles! Todos ficaram com raiva dele na mesma hora. E enquanto outros da sala chegavam, fomos falando e todos foram contados coisas que ninguém sabia, como por exemplo: Ele chamou minha amiga Jéssica de macaca. Eu fiquei indignado. Todos ficaram indignados.

E então usei todo o poder e influencia que tinha recebido sem querer. Juntei todos da sala e esperamos por Matheus.

A sala estava num silêncio mortal quando ele chegou, e ele só percebeu que havia algo errado quando um dos garotos fechou a porta da sala e todos ficaram encarando ele. Mas, mesmo assim, com toda a cara de pau que ele tinha, ele foi para o lugar dele e sentou como se nada tivesse acontecendo.

—E então quer dizer que Laís falou mal de mim, né Matheus?- comecei. -Laís, por que você falou mal de mim?

—Mas que estranho. - disse Laís na maior ironia - Eu nunca disse nada sobre você.

—Muito estranho, porque de acordo com Matheus aqui, você tinha dito horrores sobre mim. E então, é verdade, Matheus?

Ele encarou o quadro-branco e ficou com calado, mas eu continuei. Bati na mesa com a mão esquerda, e disse:

—Fala alguma coisa, sua cobra! Racista! - ele me olhou como se não tivesse entendido - Todos já sabem que você chamou Jéssica de macaca, seu racista nojento.

E então todos da sala começaram a falar tudo o que Matheus já havia feito ou dito.

—Ele disse que você me chamou de falsa, Verônica. - disse Michele.

—Ele disse que vocês não falavam comigo porque me achavam feio. - disse Marcos.

E assim seguiu, todos tinha algo para falar de Matheus.

A professora de inglês empurrou a porta e entrou com caras de poucos amigos.

—O que está acontecendo aqui?

E então contamos tudo para a professora, acontece que a professora era negra também e não gostou nada disso. Ela não fez nada, porque era professora, porém meu amigo Luís ficou zoando Matheus a aula inteira e a professora fingia que não tava acontecendo nada (até certo ponto ela deixou, depois pediu para parar.)

E então desde então, nunca mais nos falamos.

 

2014.

Pedi pra conversar com ele antes de sairmos do colégio. E ele concordou.

Comecei pedindo desculpas pelas coisas que aconteceram e como ''coloquei'' todos contra ele. Na verdade, eu não sentia por nada, ele mereceu, mas eu precisava me aproximar dele para chegar em Rodrigo, então engoli o orgulho. Ele parecia ter mudado, parecia está mais legal, menos estupido, então tentei confiar.

Estávamos subindo a ladeira que levava até nossa casa, eu estava nervoso e disse a ele que queria contar algo. Ele tinha se assumido gay no final do ano anterior, e então achei que ele levaria isso na boa. 

—Então... Eu acho que sou gay, ou bi. Não sei bem. - estávamos encostados numa arvore - Eu tô há semanas a fim de um garoto e ele não sai de minha cabeça.

—Quem é? - Matheus perguntou.

—Rodrigo.

—Rodrigo que anda comigo?

—Sim. - eu estava vermelho de vergonha, minhas mãos tremiam de nervoso, então as coloquei nos bolsos da calça.

Matheus respirou fundo.

—Tudo bem, vou te ajudar a ficar com ele.

Ele sorriu para mim, e eu sorri para ele, e continuamos caminhando até minha casa.


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