Magnésio 12 escrita por Evelyn Waldrich


Capítulo 12
Novos Mutantes


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Ellen estava se saindo bem no treinamento. Desligava e ligava a eletricidade com facilidade e Celiny estava considerando a ideia de Ellen ligar a luz após um apagão, o que acontecia às vezes, pois a Resistência ficava no meio da floresta. Ellen seria o gerador que eles estavam precisando, e ela se sentia importante. Pelo menos, útil, uma vez na vida.

Foi num dia de treinamento, onde ela treinava o controle da eletricidade em um edifício – que poderia evitar um incêndio, por exemplo – que Tavo entrou na sala de treinamento esbaforido. O cabelo despenteado, os óculos tortos, estava sem folego. Celiny parou:

– O que foi, Gustavo?

– Três novos mutantes. Muito poderosos. Vindo em nossa direção. – Disse ele, ofegante.

– Chame Felipe e os outros. Os mais simpáticos. Podem estar perdidos, precisando de ajuda. Ellen, o treinamento termina aqui.

– Eu... Posso ir junto? – Pergunto Ellen. Celiny, no meio do caminho até a porta, parou:

– Ah, não, querida. Resgatar novos mutantes requer mais que um bom treinamento.

– Okay...

Ela saiu apressada. Tavo cumprimentou Ellen com um aceno de cabeça e saiu rápido. Ellen se retirou e foi buscar algo para fazer, porém todos seus amigos estavam em seus afazeres.

Ela estava caminhando pelos vazios corredores espelhados quando viu alguém no corredor oposto ao seu. Os corredores se uniam em um ponto, metros à frente, a sua esquerda, numa volta. Ellen olhou para a pessoa. Era o menino sinistro da biblioteca, aquele que ela havia eletrocutado na floresta. Não sabia se ficava irritada ou aliviada por ele estar bem e andando pelos corredores após o choque que ela deu. Qual era o nome dele mesmo? Keane? Ela olhou para ele e viu uma leve ansiedade em seus olhos. Seus passos eram rápidos porém controlados, e de tempos em tempos ele olhava para os lados. Era discreto, mas Ellen conseguiu perceber. E aquilo não cheirava bem.

Ela começou a andar na mesma direção que ele, sem pensar direito no que faria quando se encontrassem. Ela estava um pouco atrasada em relação aos passos dele e acelerou um pouco, porém, logo após a curva, onde eles deveriam se encontrar, não havia ninguém. Ellen parou confusa. Olhou para os lados. Só havia o vaso da planta e a porta de reuniões. Ellen deciciu esperar antes da curva e ver se ele aparecia, ele não poderia ter ido muito longe e era o único caminho. Ela esperou por vários minutos e quando estava prestes a desistir, soou um clique. Ela virou a cabeça de leve, atrás da planta. Keane saiu da porta de reuniões, fechou a porta atrás de si e saiu andando pelo corredor que havia vindo, como nada tivesse acontecido. Mas havia. Naquela sala havia informações confidenciais e era trancada por senha, reconhecimento de digital e de globo ocular. Como Keane havia entrado lá, ela não sabia, mas não podia ser coisa boa.

Foi enquanto seu cérebro girava com esses pensamentos que ela percebeu uma grande movimentação atrás de si. Felipe e a turma de resgate segurava um menino com força, que se debatia com violência. Atrás deles vinha Maria Murdock – gêmea de Pietro Murdock, o cara simpático que estava no time dela no Jogo e a apoiou – carregando um menino inconsciente. Devia ter uns 16 anos, magro, alto, cabelos negros e pele bem branca. Quem estava ajudando a carrega-lo era um menininho com cabelos castanhos quase pretos, olhos âmbar e óculos grossos, bochechas rosadas, não devia ter mais de 12 anos.

Ellen captou tudo isso num milésimo de segundo e voltou a olhar a briga a sua frente. Felipe e mais um mutante tentavam controlar o menino que se debatia violentamente, tentando se soltar. Ellen olhou para ele, devia ter uns 16 anos, sua idade, cabelos castanhos e olhos azuis que demonstravam uma ira incondicional. Quando ela olhou para ele seus olhares se encontraram e todas suas lembranças subitamente retornaram de uma só vez, como um filme. Todo o sentimento de dor e solidão retornaram com força e a sufocaram por um momento. Ela encostou na parede de vidro, até o turbilhão de emoções parassem. Parecia que haviam colocado algodões em seus ouvidos e ela demorou a perceber que Felipe falava com ela.

– Ellen! Ellen! Chame Celiny! Chame Flair! Rhuan! Qualquer um!

– Oque? Ah, ok. - Enquanto ela ia buscar ajuda, ela deu uma última olhada para o garoto, que a seguiu com seus penetrantes olhos azuis. Ela chegou na sala onde Rhuan estava ainda meio atordoada devido a onda de emoções. – Três novos mutantes. Um violento. Precisam de ajuda.

Rhuan parou sua aula e saiu apressado:

– Já falou com Celiny?

– Não.... eu... não encontrei com ela. – Ela se sentia atordoada e sua parte egoísta queria que as pessoas a deixassem descansar.

– Muito bem. Vou procurar ela. Você está bem? Parece pálida.

– Estou bem. Obrigada.

Ele acenou com a cabeça e saiu correndo.

Ellen buscou a cadeira mais próxima e sentou-se. Sentia-se psicologicamente e emocionalmente atordoada, esgotada. Reviver todas as suas dores em um só segundo era demais. Principalmente agora, que ela estava se recuperando de seu passado traumatizante. Ela fechou os olhos e tentou descansar. Minutos depois Marly aparece agitada, ansiosa para contar as novidades:

– Ellen! Você ouviu? Três novos mutantes! Um deles parece estressado e violento! Nunca ocorreu algo assim! Parece que eles estavam vindo em nossa direção armados como o governo!

– Ah, é?

– Ellen, você está bem? Parece pálida.

– Estou bem. Um dos novos mutantes me atingiu, mas... não foi nada demais.

– Tem certeza?

– Hm hm.

– Vamos para o quarto.

Elas se dirigiram ao quarto e lá ficaram até a poeira abaixar. O acontecimento trouxe muito escândalo e todos não paravam de comentar sobre o que ocorreu. Parecia que os novos mutantes estavam com roupas do governo, armados e preparados para matar qualquer um. Havia sido uma missão perigosa e inesperada. No fim da tarde Felipe apareceu no dormitório delas com enorme olheiras e cara de cansaço. Elas o deixaram entrar e ele caiu na cama. Eles ficaram quietos até Marly perguntar o que todos queriam saber:

– Então? O que aconteceu?

Felipe suspirou uma última vez e se ergueu.

– Nós chegamos lá com a expectativa que eram só mutantes perdidos em busca de proteção e abrigo. Mas quando nos aproximamos eles começaram a atirar em nós, Ayuna ganhou um tiro de raspão, mas passa bem. Eles se vestiam como os agentes do governo que raptam mutantes, lembra Ellen? Como aconteceu quando te resgatamos? – Ela concordou com a cabeça. Lembrava dos homens que haviam ameaçado matá-la com um tiro.

– Então – Continuou ele – Não tivemos condição se não lutar e nos defender. Mas não foi uma luta justa. Eles tinham pouca experiência, não tinham o devido controle sobre suas mutações. E tinham uma criança.

– O menininho. – Comentou Ellen, lembrando da criança de 12 anos com óculos grossos.

– É. Deixamos um inconsciente, mas o outro foi difícil de imobilizar. Achamos que ele é um telepata, algo acontecia com nossas mentes quando brigávamos com ele. Mas o pior foi a volta. Ele ficava xingando os mutantes, dizendo que precisávamos ser exterminados.

Felipe suspirou de novo, e massageou as têmporas.

– E o que isso significa? – Perguntou Ellen.

– Celiny acha que o governo está recrutando mutantes e fazendo lavagem cerebral para que eles possam matar sua própria raça, achando que merecem isso.

Marly ofegou de leve. Ellen permaneceu sem expressão, mas cerrou os dentes com força.

– Ela diz que precisamos nos preparar, que precisamos impedir isso antes que tome grandes proporções. Diz que uma guerra está vindo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Comentem!



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