O lugar estava pior do que ela imaginava. As paredes quase verdes por causa do musgo, as portas das celas tão fracas que os pacientes sairiam quando quisessem se não estivessem sempre dopados. Ela e seu irmão precisariam fazer muitas mudanças agora que eram os novos diretores, depois que Strange havia deixado o Arkham virar aquele pedaço de merda.

Janessa deu uma olhada para dentro da cela número 4596, onde viu um homem pálido, alto e magro de pé ao lado da cama, encarando a parede.

— Oi, pai — ela não obteve resposta de Jonathan Crane. — Não se preocupe, Jeff e eu o deixaremos orgulhoso.

Ela deu um sorriso antes de se virar e seguir seu caminho para o andar de cima. Chegou à uma porta de ferro reforçado e passou seu cartão em um painel ao lado da mesma, abrindo-a e entrando na enorme sala repleta de monitores, prateleiras cheias de frascos e alguns aparelhos de ginástica. O escritório do seu irmão era bem diferente do dela.

Jeffrey estava sem camisa e plantava bananeira perto de uma parede, descendo e subindo conforme fazia flexões naquela posição, seus músculos fortes se contraindo enquanto abaixava e levantava o peso de seu próprio corpo.

— Estão transferindo a Filha do Coringa para a penitenciária Belle Reve — Janessa parou ao lado dele, folheando alguns papéis que trazia em uma pasta.

— Com a autorização de quem? — Jeffrey se colocou de pé e estalou o pescoço.

— A Waller tem amigos poderosos no governo, não queremos mais encrenca com eles, então deixei que a levassem.

— Ela vai fugir antes de chegar na metade do caminho — ele andou até a janela mais próxima e olhou para Gotham. — É bom estar em casa, não acha?

— Só precisamos sair porque você fez besteira — Janessa se colocou ao lado do jovem de cabelos castanhos e ele a encarou.

— Se tivesse deixado eu matar seu namorado, ninguém teria ficado no nosso caminho.

— Nossos planos não incluíam matar um membro da Liga da Justiça, Jeff — ela deu uma risada nasal e forçada. — Se tivesse matado o Tony também, não teríamos saído da cidade sem uma flecha da Caçadora no meio das nossas testas.

— Ninguém poderia me acusar de nada, não haviam provas.

— O Tony viu tudo.

— Ele acha que viu.

— Para de tentar fugir disso, uma hora vão descobrir! — Janessa o viu avançar um passo na direção dela, fazendo-a recuar. Jeffrey conseguia ser muito intimidador quando queria, seus olhos tinham um brilho sombrio que faria qualquer um ter medo dele.

— Só vão descobrir se você contar. Não trairia seu próprio irmão, não é? — a morena balançou a cabeça em sinal negativo. — Que bom... — ela desviou o olhar para o lado, porém foi obrigada a fechar os olhos para controlar a dor quando ele a segurou pela garganta e bate sua cabeça com força contra a parede. — Porque se pensar nisso, não vou hesitar em te matar. E depois que seu namoradinho sofresse bastante, eu o mataria também.

Janessa assentiu com a cabeça e massageou a garganta quando ele a soltou.

— Voltando a nossa conversa, — Jeff passou a mão pelo cabelo, voltando a se acalmar. — Só deixamos Gotham porque o Bertinelli ferrou com meu esquema de venda de drogas.

— Não pode culpá-lo por fazer isso depois de ter matado o...

— Chega! Esse assunto está proibido. Eu não matei ninguém, entendeu? — ele disse, entredentes.

— Ele arruinou seus negócios e agora a gente simplesmente volta esperando sermos recebidos de braços abertos? — Janessa colocou as mãos na cintura, vendo-o dar uma risada nasal. — Qual é o seu plano, Jeff?

— Meu plano, depois do fracasso dos Luthor com aquele soro, é mostrar ao mundo que esses heróis não são necessários. Vou provar que fazem mais mal do bem e vou começar eliminando todos os vigilantes do mapa — Jeffrey pegou sua camisa e a colocou. — Vou quebrar eles, destruir tudo pelo qual lutam e acreditam, só para depois assistir enquanto caem. 

— E nosso alvo principal será o Deep Six — Janessa constatou, gostando da ideia do irmão.

— Exato. Eles serão nossas pequenas cobaias e serão os responsáveis pela decadência dos super-heróis. Primeiro atingimos eles, depois seus pais.

— Ótimo plano, mas como pretendemos fazer isso sem ajuda? — ela o seguiu para o lado de fora do escritório e os dois andaram por um corredor até um elevador.

— Nós teremos ajuda. Fiz questão de chamar muitos colegas que também não curtem heróis para o nosso pequeno grupo. Fiz um acordo com o Alex, ele disse que adoraria financiar qualquer coisa que acabasse com o DS e ainda nem cheguei na melhor parte... — eles esperaram as portas do elevador se abrirem quando chegaram ao subsolo e andaram por um corredor estreito até chegarem a uma porta de metal velha.

Janessa digitou uma senha no painel ao lado da mesma e esta se abriu, revelando uma enorme sala de reuniões com uma mesa no centro. Ao redor dela, vários vilões estavam de pé, olhando na direção dos irmãos Crane.

Jeffrey reconheceu todos. Amanda, Zeus, Melody, Arqueira Noir, Alex... E muitos outros que nem tinham tido a chance de enfrentar o Deep Six.

— Ainda vou sentir falta da Duela — Jeff comentou, sorrindo. — Antes de começarmos, quero avisar que graças ao nosso querido Alexander Luthor Junior, cada um de vocês que escolher trabalhar conosco receberá uma grande quantia em dinheiro, mais do que podem imaginar.

Os vilões trocaram olhares entre si.

— Ah, e é claro, ganham a chance de esmagar os heróis do DS como insetos — Janessa acrescentou e um sorriso se formou nos rostos de alguns deles.

— O que vocês tem em mente? — Zeus perguntou, começando a se interessar.

Jeffrey abriu um sorriso macabro e bateu as duas mãos juntas, como se estivesse aplaudindo eles apenas uma vez, logo dizendo:

— Senhoras e senhores, já vi que vamos nos entender muito bem.