— Tem certeza de que é uma boa ideia? — Kate perguntou, se virando para Batgirl ao seu lado. — Quero dizer, acabamos de apanhar feio no Cadmus, o Apolo ainda não está 100% e muito menos eu. Ir enfrentar a Duela e o amiguinho dela hoje é...

— O certo a se fazer — a morena completou, mantendo sua atenção na pilotagem da aeronave negra que sobrevoava o mar. — Eles precisam de tempo, não vamos dar isso a eles.

— Concordo com a Kate, — Superboy disse pelo comunicador. Ele e Apolo voavam bem ao lado do pequeno avião. — Mas se eles estão no porto de Happy Harbor, estão trazendo algo para dentro da cidade.

— Ou mandando algo para fora dela — Grace acrescentou, se levantando de sua cadeira e aproximando-se da janela mair próxima. — De qualquer forma, ambas são ruins. Esse soro causaria um estrago em outros países, e sem nós para controlar esses malucos.

— A Liga cuidaria disso — Scott terminava de colocar partes de uma armadura atlante, pois sabia que se enfrentasse Ibn novamente, precisaria de uma.

— Aposta nisso, garoto peixe. Algum dia não vai ter mais Liga da Justiça e nós vamos ter que cuidar dessas coisas — Grace abriu um pequeno armário nos fundos e pegou um grande pacote de biscoito, para depois comê-los rapidamente.

— Tudo bem, entendi o que querem dizer, mas não devíamos ter trazido ela, é muito perigoso — Kate se virou para a jovem oriental de cabelos negros e lisos sentada atrás de Melissa. — Sem ofensa, Yuki.

— Não ofendeu — ela sorriu, voltando a prestar atenção na janela ao seu lado.

— Verdade! Ela parece tão frágil — Grace correu e se sentou ao lado de Yuki, que se assustou com tal ato. — Parece um pandinha!

— Como o Tony sabia que a Katana tinha uma filha e eu não?! — Batgirl ainda estava frustrada com aquilo.

— Ninguém sabe, na verdade. Meu pai e minha irmã foram mortos, minha mãe quis me manter protegida, então me escondeu na Coréia por todos esses anos — Yuki respondeu. — Mas ela sempre me contou histórias sobre a Liga! É uma honra poder trabalhar com os filhos de heróis tão incríveis.

— Ela não sabe que estamos levando ela pra uma encrenca das grandes — Grace riu.

— Vou te dar uma ajuda como Ibn, caso precise — Apolo disse a ela.

— Posso dar conta, mas como não sei o quão bom esse cara é, uma ajudinha pode cair bem.

— Chegamos — Batgirl anunciou, pousando a aeronave um pouco longe do porto para não denunciarem que estavam se aproximando.

Todos saíram e se reuniram ao lado do jato em um círculo.

— Ok, pessoal, o plano é o seguinte — Kevin começou. — Vamos chegar silenciosamente e tentar pegá-los de surpresa. Não sabemos quantos mais estarão lá dentro, então tomem cuidado.

— Deixem a Duela comigo, posso fazer ela falar — Batgirl verificou se seu cinto estava bem preso e correu lado a lado com Canário e Yuki na direção do porto. Scott foi na direção do mar e entrou nele, enquanto Speedy correu por sobre a água e se aproximou do único navio que estava ancorado ali.

Superboy e Apolo se aproximaram pelo ar e já puderam ver alguns homens descarregando caixas enormes de dentro do navio e as levando até um caminhão. Kevin usou sua visão de raio-x para ver dentro delas e ficou espantado com a quantidade de soro meta-humano que havia ali.

— O que foi? — Apolo perguntou, percebendo a expressão atônita do amigo.

— Não podemos deixar aquele caminhão levar essas caixas embora — foi tudo o que ele disse antes de voar até o navio.

— Deixa comigo! — Apolo pegou sua espada e desceu até onde o caminhão estava.

Batgirl, Canário e Yuki conseguiram subir no navio com facilidade, o que fora estranho, então seguiram para o deck principal.

— Yuki, consegue chegar até o outro lado? — a loira perguntou, sendo respondida por Melissa.

— Com essa roupa vermelha nada chamativa? Deixa que eu vou — sem esperar por uma resposta, Batgirl correu pelas sombras e deixou as duas.

— O que tem de errado com minha roupa? — Yuki fez uma carinha triste, semelhante a de uma criancinha muito fofa. Kate mal podia acreditar que ela tinha mesmo dezessete anos.

— Não tem nada de errado com sua roupa, ela tá perfeita — Canário sorriu e deu dois tapinhas no ombro dela. — Vamos lá!

As duas se prepararam para correr, porém pararam ao ouvirem uma voz familiar não muito longe de onde estavam.

— Que droga, vocês são uns chatos mesmo! — Duela berrou e o barulho de algo se quebrando chamou a atenção das duas.

— Eles não sabem onde estamos, pode parar com essa palhaçada! — outra voz feminina foi ouvida. As duas resolveram se aproximar e chegaram até o meio de vários containers coloridos, ali havia uma enorme mesa coberta por uma toalha branca e com várias xícaras sobre ela, assim como bules de chá e os mais diversos bolos. Algumas pessoas, parecendo ser a tripulação do navio, estavam amarradas nas cadeiras e quem estava sentada na ponta era a palhaça.

— Veja só, está assustando meus convidados, sua maluca! — ela gritou para a outra mulher, que puxou violentamente uma das cadeiras e a quebrou contra um container de metal. Kate pode ver que era Titânia, sua pele coberta por metal extremamente grosso e escuro. — Eles vão aparecer. Olha o exemplo do Ibnbay, ele tá quietinho.

A Filha do Coringa apontou para o lado, onde Ibn estava sentado e afiava a lâmina de sua katana.

— Esses heróis não são burros! Já levaram uma surra, não vão aparecer para levarem outra — Titânia vociferou, querendo da um belo soco no rosto de Duela ao vê-la gargalhar.

— Não subestime a burrice deles! — disse, entre risos e bebendo de sua xícara.

— Já estão aqui — Ibn guardou sua espada e fez menção de se levantar, mas foi impedido pela palhaça.

— Não, eu cuido disso! — ela subiu na mesa e pegou um bule de chá. —Olá amiguinhos heróis, que bom que compareceram. Não sejam tímidos, é uma festa do chá, tem o bastante pra todo mundo — ela despejou o chá quente na direção da mesa e acertou em cheio em uma xícara branca. — Mas como eu sei que só isso não vai persuadi-los, apareçam em dez segundos ou vou explodir esse navio com todo mundo dentro.

— O quê?! — Titânia gritou, olhando para Ibn, que deu de ombros.

— Dez, nove, oito, sete, seis... Vocês já estão atrasados, colaborem comigo seus cupcakes! — ela continuou a contagem.

Kate olhou para Yuki, não sabendo ao certo o que fazer. Todos ficaram naquele momento, sabendo que Duela era mesmo louca para explodir a si mesma e a todos naquele navio. Quando ouviram-na chegar no três, Canário e Batgirl saíram ao mesmo tempo de trás dos containers, fazendo a Filha do Coringa parar de contar.

— Viva, elas chegaram! — Duela voltou ao seu lugar e fez sinal para elas se aproximarem. — Sentem-se, por favor! Estou tão animada com isso. Cadê o resto dos seus amiguinhos?

— Ferrando com seus planos, talvez — Canário e Batgirl se aproximaram uma da outra, mantendo uma certa distância de Duela e dos outros, porém se aproximando da mesa.

— Nem sabem quais são nossos planos — a garota de metal retrucou.

— Ei, cupcakes! É hora do chá, não de discutir. Nossos convidados estão assustados — Duela tentou dar um pedaço de bolo para um dos marinheiros, mas ele virou o rosto.

Batgirl viu Yuki e Kevin com o canto dos olhos e fez um sinal discreto com a mão para eles se aproximarem dos vilões por trás.

— Meninas, por que estão de pé? Sentem-se! — a palhaça sorriu e acenou para o assento do outro lado da mesa. Quando as heroínas não moveram um músculo, o sorriso dela desapareceu, sendo substituído por uma expressão nada amigável. Ela puxou uma pistola e apontou na direção de um dos marinheiros. — Sentem-se... Agora!

Ao ouvi-la gritar e percebendo que se não fizessem o que ela mandava, Duela iria matar aquele cara, Kate se sentou rapidamente em uma cadeira vazia. Melissa revirou os olhos, mas também se sentou ao lado da loira.

— Viram como é mais fácil quando colaboram? — a psicopata de cabelo azul riu, guardando sua arma e pegando mais um pedaço de bolo. — Sei porque estão com essas carinhas, é porque querem bolo né? Olha o Ibnbay por exemplo, ele tá sempre emburrado! Por quê? Porque essa máscara não deixa ele comer bolo. Estou certa, gato?

Ele permaneceu em silêncio e ela assentiu.

— Claro que estou!

Duela voltou a beber seu chá, quando, de repente, Superboy passou voando e empurrou Titânia contra um container. Segundos depois, Yuki surgiu e se preparou para desembainhar sua espada, que possuía uma capa grande. Duela a observou, esperando ver uma enorme katana sair dali, mas, ao invés disso, a oriental puxou duas pequenas espadas de cada lado da capa, revelando serem duas kodachis.

— Ah, isso é decepcionante! — a Filha do Coringa gritou, logo sendo jogada para o chão por Batgirl.

Ibn se levantou rapidamente e avançou contra Yuki, que defendeu o golpe da enorme katana com suas duas espadas. Por um momento estranhamente bizarro, ele ficou parado, apenas olhando para ela. Yuki não entendeu o motivo, porém não perdeu o foco. Ela desviou a katana de seu rosto e deu um chute forte no peito dele, o mantendo afastado.

Ibn girou a espada uma vez em sua mão e a atacou novamente, ambos começando uma troca violenta de golpes. As lâminas se chocavam com tanta força e precisão que até Batigirl e Canário, que mantinham Duela no chão e a revistavam a procura do detonador da bomba, ficaram impressionadas com a cena. Yuki não parecia nada dócil ou frágil naquele momento.

Yamashiro pareceu sentir o próximo movimento e se esquivou para o lado, bem na hora que Ibn puxou sua outra espada e tentou acertá-la. Ela, então, voltou para a luta com uma cotovelada certeira na boca do estômago dele e ergueu uma de suas lâminas para perto do pescoço do vilão. Mais uma vez, ele ficou parado.

— Uhuu! Quero ela na minha equipe! — Duela gritou, recebendo um soco de Batgirl. — Qual é, Batsy-girl! Aprende a dividir.

— Calada! Onde está o detonador?

— Como se eu fosse te contar.

— Ou conta ou fica sem dentes! — Batgirl se preparou para dar outro soco quando um caminhão passou voando por cima deles e atingiu o outro lado do navio, explodindo logo em seguida.

Apolo pousou na frente delas com um sorriso no rosto.

— Capangas derrubados e caminhão fora do jogo. O que eu faço agora? — ele olhou para o lado no momento em que Titânia jogou Kevin em sua direção e os dois caíram.

Ibn aproveitou a distração e afastou a lâmina de Yuki de seu pescoço, dando um mortal para trás para ganhar distância dela e atacando novamente com suas duas katanas.

Duela surpreendeu Batgirl ao dar-lhe um chute certeiro em seu maxilar e a jogar para o lado. Canário se preparou para contê-la, mas a palhaça deu um soco em sua garganta, tão forte que a fez cuspir sangue.

— Sabe o que minha chefe vai fazer comigo agora?! Vocês ferraram tudo! — ela gritou, dando um chute no rosto da loira e a fazendo cair no chão.

Todos voltaram-se para a parte de trás do barco, onde viram uma onda enorme se formando e depois caindo para dentro, deixando apenas os heróis secos. Junto com a onda, que havia derrubado os vilões, Speedy correu e fez um mini furacão ao redor dos três, mantendo-os juntos.

Apolo ajudou Batgirl a se levantar e os dois foram soltar os reféns, enquanto Yuki e Kevin ajudavam Kate a se por de pé. Scott pulou para dentro do navio e andou até onde eles estavam.

— Foi mal pela demora, a Grace tava conversando com um tubarão lá atrás — ele mexeu no cabelo molhado. — Mas chegamos bem na hora pelo visto.

— Tentem encontrar alguma amostra do soro nessas caixas — Superboy disse para Scott e Yuki, sem tirar os olhos de Kate enquanto usava sua visão de raio-x e garantia que sua garganta não havia sido muito danificada.

— Considere feito! — a oriental correu, mas parou ao ver Speedy cair no chão com um grito de dor, dois cortes grandes em seus calcanhares.

Ibn voltou a guardar sua katana e olhou diretamente para Yuki, que apertou suas kodachis com força e correu na direção dele.

— Já chega disso! Arruinaram minha festa do chá! — Duela apertou um botão em sua pulseira e um jato apareceu dois segundos depois, parecendo já estar a espera daquele sinal. — Se divirtam explodindo pelos ares, idiotas.

Os três subiram por uma escada e se afastaram do navio.

— Superboy, as bombas! — Yuki gritou e o moreno se virou na direção de Grace, que ainda estava no chão.

—Speedy, faz agora! — ele gritou. A velocista olhou para ele com uma expressão de dor, não conseguia correr, mesmo com seu fator de cura acelerado, aqueles cortes em seus calcanhares a impediriam até de andar devagar.

A loira colou o rosto no chão e fechou os olhos com força, respirando rapidamente e tentando fazer o tempo a sua volta parar como já havia feito antes. O som da explosão foi ouvida e ela se desesperou, abrindo os olhos e vendo que tudo estava parado.

— Isso! — ela gritou, se levantando com cuidado e começando a mancar na direção dos amigos congelados.

Superboy estava apontando para um container vazio, ela levou algum tempo para entender, mas começou a puxar todos os outros para dentro dele, apesar da dificuldade em se locomover. Ela só esperava que o tempo continuasse congelado por tempo suficiente.

Já havia colocado os reféns e agora puxava Kate, Yuki e Melissa, quando viu uma gota de água no ar começar a se mover. A loira entrou em desespero.

— Vamos lá, pernas, não me deixem na mão agora! — ela esbravejou, puxando Apolo e Scott ao mesmo tempo e tendo muita dificuldade em fazê-lo, já que ambos eram bem pesados. Ela olhou para onde uma luz vermelha e amarela começava a ficar mais visível, a explosão. O tempo dela havia acabado.

Sem muita delicadeza, Speedy jogou os dois para dentro e entrou também, fechando as portas, mas não antes de gritar:

— Agora, Kev!

A loira caiu no chão e o barulho alto do lado de fora foi ouvido novamente.

Superboy ficou feliz por ela ter entendido o que ele quis dizer. Com sua super velocidade, ele se aproximou do container e o segurou com as duas mãos, o jogando para o mais longe que conseguiu, bem no momento em que o navio inteiro explodiu.