Unforgivable escrita por oakenshield


Capítulo 3
Dark Side


Notas iniciais do capítulo

Gente, vocês não estão comentando! Se eu disser que 1/3 dos que estão acompanhando estão comentando é muito! Sério gente, se for assim, eu vou terminar logo a fic com uns dez capítulos e pronto. Se é para escrever e ninguém comentar, divulgar e etc., é melhor nem fazer nada.



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Francis não conseguiu dizer nada. Ele simplesmente olhava para os olhos azuis de Katerina, sentia sua mão trêmula nos seus cabelos loiros e sua pele gelada tocando levemente sua testa.

Ele se afastou.

– Você não tem que arcar com os erros dele.

Katerina percebe que ele não a olha nos olhos, mas para o colar no seu pescoço e para as próprias mãos.

– Não é o que parece que você pensa - ela diz, saindo de baixo das cobertas e indo até ele. - Francis - a ruiva consegue dizer - eu não sabia. Eu descobri antes de virmos para cá, quando eu fui conversar com ele. Se eu pudesse mudar isso...

– Você nunca conseguiu odiá-lo - ele murmura.

– É claro que consegui. Quando eu descobri o que ele havia feito com os meus pais, porque sim, Kurt é o meu pai e sempre será, quando eu descobri o que ele fez com a sua mãe e com Branka... Quando eu descobri todas as coisas horríveis que ele fez, eu o odiei.

Francis ergue o olhar e Katerina percebe que preferia que ele não estivesse a olhando nos olhos naquele momento. Os olhos azuis dele estão avermelhados onde costumava ser branco e ela percebe que ele está engolindo o choro, mas o pior de tudo é o olhar dele. Magoado. Isso a corta o coração.

– Ele é o seu pai - ele sussurra tão baixo que ela mal pode ouvi-lo. - Você poderia não saber disso, mas sabia da ligação entre vocês. Mesmo depois de descobrir todas as coisas horríveis que ele fez, você não o odiou - Katerina se prepara para retrucar, mas Francis a impede. - Não minta para mim, Kat. Eu a observei de perto, eu a conheci e eu sei quando você odeia uma pessoa - ele sorri de leve. - Eu sim senti a sua ira.

Ela balança a cabeça e olha para os seus pés, balançando-os para fora da cama.

– Eu estava magoada, mas eu nunca poderia odiá-lo.

Francis está olhando para os seus pés e Katerina vê como o seu cabelo se ilumina sob a luz. Ele é tão lindo, Deus. A ruiva se lembra daquela noite no casamento de Mike, quando ele estava baleado e ele a beijou. Quando ela matou alguém por ele sendo que mal o conhecia. Então ela percebe que desde aquele dia já o amava. Ela nunca mataria alguém por uma pessoa qualquer. Ela o amava e ainda o ama, porque ao vê-lo assim, quebrado, seu coração se despedaçou em mil pedaços, sua alma foi fragmentada e ela se sentia vazia e incompleta todos esses meses em que estava longe dele.

Sim, ela podia admitir para si mesma isso. Ela poderia mentir para qualquer um, menos para o seu coração. Ela não podia esconder a verdade dela mesma.

Katerina pega o queixo de Francis e o faz encará-la.

– Como eu poderia odiá-lo? - ela pergunta, olhando naquele mar azul. - Eu o amo.

Uma lufada de ar entra no peito de Francis. Ele sente como se tivesse renascido e os seus lábios estão prontos para se repuxarem em um sorriso antes de beijá-la e de dizer que sente o mesmo, antes de pedir perdão novamente por tudo o que fez e antes de jogá-la naquela cama e não deixá-la sair nunca mais. Mas então algo vem a sua cabeça.

– Eu decidi não apagar a minha memória - Francis disse a irmã na ocasião. - Eu não posso esquecer do que vocês fizeram.

– E Katerina? - Alison perguntou. - Você vai esquecê-la?

Ele balançou a cabeça.

– Eu não posso.

– Não pode ou não quer?

– Eu a amo e eu sei que ela sente o mesmo - ele falou a irmã. - Um dia ela me procurará e eu saberei que ela me perdoou.

Alison dá risada.

– Pelo amor de Deus, não seja tão estúpido! - Alison altera a voz. - Katerina ama Fabrizio, o guarda-costas perfeito, não Francis, o herdeiro do trono de Altulle. Ela idolatra o protetor dela, mas despreza o homem que traiu a sua confiança. Ela o odeia, Francis. Seja realista.

A memória daquele dia o invade como uma onda quebrando-se nas rochas. Dói, sim. A sua cabeça começa a latejar e ele esquece do mundo ao seu redor porque as palavras de Alison começam a criar vida em sua mente, mexendo-se de um lado para o outro, frases sendo formadas de todos os jeitos, cores e tamanhos. Palavras, palavras e palavras. Amor. Ódio. Francis. Fabrizio. Traição. Confiança. Trono.

O loiro balança a cabeça e segura as mãos de Katerina com cuidado. Ele vê o olhar confuso dela e tenta manter o seu estável.

Katerina ama Fabrizio, o guarda-costas perfeito, não Francis, o herdeiro do trono de Altulle.

Ele tenta dizer algo, mas tudo o que vem a sua mente são as duras palavras de Alison.

Ela idolatra o protetor dela, mas despreza o homem que traiu a sua confiança. Ela o odeia, Francis. Seja realista.

– Você ama Fabrizio - ele fala com calma -, mas eu sou o Francis.

– Você é os dois - ela toca o rosto dele novamente. - Eu amo os dois. Fabrizio vive dentro de Francis. Ele é uma parte sua.

Ele quer ficar com ela, sim. Ela o deseja e ele também a deseja. Ela o ama e ele também a ama. Então por que Alison continua a invadir a sua cabeça? Por que aquelas palavras mexeriam tanto com ele se fossem nada além de mentiras?

Francis dá um beijo na bochecha de Katerina e vai para a sua cama.

– Boa noite.

Com o coração na mão e uma vontade de matar a si mesma e a ele, Katerina tenta pegar no sono.

+++

Alison ajeita o paletó de Hector. As criadas já haviam o vestido, mas quando Alison entrou no quarto, as roupas foram espalhadas pelo mesmo. Agora ela precisava ajeitar a sua gravata impecavelmente.

– Por que os reis sempre se casam de branco? - ele pergunta. - Eu vou ter que participar daquela cerimônia ridícula de amanhã?

– Francis renunciou o trono. Por mais que você já esteja cuidando do país, é necessário que tome posse da coroa diante da Corte. O papa tem que coroá-lo.

Hector faz uma careta de desprezo.

– Nunca vi tanta besteira na minha vida. Eu nem queria esse trono.

– Hoje é o seu casamento, você poderia fingir que está um pouco mais feliz.

– Provavelmente eu estaria se a noiva não estivesse apaixonada pela mesma mulher que eu.

Hector dá risada, mas Alison fica tensa.

– Valerie não me ama - ela diz, ajeitando o terno nas costas dele para que o irmão não veja o seu rosto preocupado.

– É claro que ama. Ela mesma me disse.

Alison vira-se de repente para ele, curiosa.

– Quando foi isso?

Ele olha para o nada, pensando.

– Quando ela chegou. Nós conversamos e ela me contou que sabe sobre nós dois - ele dá de ombros. - Eu ameacei matá-la se ela contasse a alguém.

– Como é que é?

Hector ri da cara da irmã.

– Foi mais ou menos assim: "eu e Alison podemos ter a nossa cabeça espetada em um espigão, mas antes disso eu vejo o seu caixão descer a terra com prazer." Ela deu risada e me disse algo como: "eu nunca faria a mulher que eu amo ser morta." Foi isso.

Alison se surpreende. Não. Valerie sempre foi discreta demais, ela nunca diria uma coisa dessas...

– Fico imaginando quem vai ser o homem da relação - Hector zomba e olha para a irmã. - Vocês usaram vibradores? Sabe, eu poderia dar uma participada de vez em quando com um de verdad...

– Cala boca! - Alison bate na cara dele. - Eu nunca dormi com Valerie.

Ele dá de ombros.

– Colação de velcro. Sabe, Ali, para mim tanto faz. Nunca me importei com quem você dorme, desde que fique comigo - ele se aproxima dela -, mas eu não a quero com Valerie depois do meu casamento, está entendido? Não quero.

– Desde quando você liga para isso?

– Desde que eu me tornei rei e tenho uma imagem a zelar. Não quero ser conhecido com Hector, o Rei Chifrudo. Não nasci para isso.

Alison não consegue controlar a risada e se aproxima do irmão, tocando-o no seu membro.

– Eu faço o que eu quero da minha vida, você está ouvindo? - ela sussurra, beijando o pescoço dele enquanto massageia suas partes de baixo. - Prometo que serei uma vadia discreta.

Então ela o beija rapidamente e sai do quarto sorrindo. Valerie a ama.

+++

– Hoje é o casamento do meu irmão - Francis diz a Katerina. - Valentina me convidou para assistir com ela na sala de controle. Você quer ir comigo?

Desde o dia em que revelou a Francis que ainda o amava, um mês atrás, a ruiva o sentiu mais distante dela. Havia até feito amizade com as garotas rebeldes. Isso a irritou, mas ela não disse nada.

Durante esse mês ela não teve absolutamente nada para fazer. Valentina disse que a daria um mês para se adaptar antes dela começar a fazer algo. Katerina simplesmente caminhava pelos corredores, ia até a lanchonete comer algo, lia uma revista, via algumas notícias na televisão para não se sentir por fora e dormia. Era o que ela mais fez nesse tempo todo. Com a ajuda dos remédios, é claro. Desde que Erik morreu ela não consegue dormir sem os comprimidos tarja preta.

Como não tinha nada para fazer e ela tinha a sensação de que não conseguiria nem dormir dopada hoje, a ruiva aceitou. Katerina pega um casaco marrom e coloca por cima da blusa verde e da calça preta que ela está usando. Valentina arranjou algumas roupas para ela, ainda bem. Katerina se sentia desconfortável.

Francis a guiou até o elevador, onde Josh os esperava.

– Soube que há outra entrada para cá - Francis fala.

– Como assim soube? - Josh pergunta.

O loiro dá uma risadinha.

– Eu descobri o outro elevador. Ele tem que dar em algum lugar.

– É no outro canto da cidade. Vocês entraram pelo terreno vazio na parte abandonada de Meurer. Há outra entrada que fica na divisa de Haase com Boerke, embaixo de uma fábrica.

– E por que nós não entramos por lá?

– Nós não confiávamos em vocês.

Katerina arqueia as sobrancelhas.

– E agora, em um mês, vocês confiam?

– Nós precisamos.

– Por quê? - ela pergunta.

– Porque você vai nos ajudar.

– Como é?

– Melanie ainda está com aquele cara. A queremos de volta e queremos a cabeça de Vincent em um espigão.

Francis se lembra das conversas que teve com o pai. Ele se lembra de Jean-Pierre o contar sobre uma facção pequena de assassinos dentro dos Apátridas.

– Vocês são dos Indomáveis - ele sussurra. - Você participa da facção assassina.

Josh o empurra contra a parede de aço do elevador e tampa a sua boca com força. Katerina tenta puxá-lo de cima de Francis, mas Josh é mais forte do que ela e a empurra com força para o outro lado, a fazendo bater a cabeça e cair com a dor latejante na parte de trás do seu crânio.

– Se você repetir isso para mais alguém, a sua cabeça estará ao lado da de Vincent - ele rosna. - Você está entendendo? Você podia ser o rei lá fora, Francis Kionbach, mas aqui você não é nada. Não é um filiado aos Apátridas e nem ao nosso outro grupo. Você não tem alianças e amigos, porque todos são simpáticos, mas ninguém sente afeto por você aqui e nem por ela - ele aponta para a ruiva. - Vocês tem que se situar e colocarem-se nos seus devidos lugares.

– Eu tenho meus soldados que morreriam por nós - a ruiva rosna. - Eles não são fieis a Frömming ou a quem está no comando, mas sim ao meu pai quando ele era vivo e eu herdei a lealdade deles - Katerina se levanta e arranca Josh de cima de Francis, que está assustado com a expressão assassina no rosto da ruiva. Há muito sangue escorrendo dos seus lábios, mas ela parece não ligar. - A próxima vez que você ousar tocar um dedo em mim, Francis ou em qualquer sulista que veio comigo, pode ter certeza que não viverá para reencontrar Melanie, está entendido?

Josh fica com uma expressão zombeteira no rosto, fazendo a raiva de Katerina aumentar.

– Você mataria o amor da vida da sua irmã?

– Melanie não é minha irmã - ela sibila - e eu não terei misericórdia. Eu não sou mais rainha e não devo nada a ninguém.

A porta do elevador se abre e Katerina ajuda Francis a levantar.

– É fácil se esconder atrás da sombra dos soldados que eram fieis ao seu pai - Josh fala, indo atrás dela. - O que você conquistou nessa vida, Katerina? Tudo o que você tem é porque Caine foi esperto depois da Grande Guerra e tomou o poder para si antes que alguém pensasse em fazer o mesmo. Você não tem nada seu nesse mundo, nada conquistado com o seu suor. Você pode se gabar lá no sul, mas aqui no norte as coisas funcionam diferente - Josh passa por eles e para em frente a uma porta automática revestida de aço. Por dentro, as paredes são cobertas de monitores, cada um mostrando algum lugar do continente. Desde ruas até o quarto de algum rei. - Nós não somos conhecidos como selvagens assassinos à toa. Nós matamos - ele olha para a ruiva e para Francis. - Nenhum Indomável matou algum de vocês dois ainda porque eu não deixei.

A porta se desliza novamente e Valentina entra.

– Essa é a minha casa - ela diz, sorrindo. - O nome dessa sala de controle é Cérebro.

Katerina mal tem tempo de admirar a engenhosidade do local, porque o punho frio de Josh se cerra ao redor do seu pulso.

– Você não deveria ser tão arisca assim, Katerina. Você deve a sua vida a mim - ele sussurra. - Bom, isso se deve ao fato de que você é mais uma da prole de Joffrey, não é mesmo?

Ela o olha, exasperada. Como ele havia descoberto?

– Eu sei de tudo - ele murmura, vendo que Valentina conversa animadamente com Francis em outro canto da sala de controle. - Não me desafie, eu estou avisando. Quando se tem controle sobre cinco mil assassinos experientes, frios e calculistas você é mais poderoso do que uma garota frágil que possui vinte mil soldados.


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Notas finais do capítulo

Josh mostra uma parte da sua verdadeira face, hum? Todos tem seu lado negro, pessoal.
Não esqueçam dos meus comentários. Xoxo.



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