Unforgivable escrita por oakenshield


Capítulo 29
Nós não semeamos


Notas iniciais do capítulo

Me perdoem pela demora. De verdade! Meses sem dar as caras. Enfim, esse ano foi muito puxado no colégio e eu precisava de uma folga. Agora chegou o quarto bimestre e eu estou passada em todos os conteúdos (amém) então após o Enem poderei (finalmente) concluir a fic.
Vejo vocês nas notas finais. Boa leitura!



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Andrew não conseguia encará-la sem rir. Fleur estava faminta, comia sem a classe que costumava ter e não se importava com os carboidratos.

– Quem vê pensa que estava presa por dias.

Ela para de comer apenas para lançar um olhar mortífero para ele.

– Eu estava.

– Não seja ingrata. Eu salvei sua vida.

– Não precisava ter me jogado em uma cela suja depois disso.

– Não sabia se podia confiar em você.

– E agora sabe?

– Na verdade, ainda não confio. Mas preciso da sua mente.

Fleur sorri para ele pela primeira vez em dias.

– Fico feliz pro ter serventia.

Ela olha para a sacada. A vista era linda, apesar do frio.

– O que nós vamos fazer?

– Primeiro eu preciso passar no shopping - ela diz. - Quero estar fenomenal. Então iremos para o palácio confrontar sua família.

+++

Michael passeia pela biblioteca da mansão. Era linda. Tantas prateleiras e tão altas que era preciso uma escada e a poeira acumulada mostrava como a literatura era desvalorizada ali. Seus olhos encontram uma estante antiga. A capa de um deles se desintegra um pouco quando ele a toca.

É então que ele vê um buraco atrás da estante. Caminha até lá e a arrasta. Ele entra. Toca a parede e sente as luzes se acenderem. O que encontra é surpreendente.

Há uma grande mesa de mogno no centro da sala, pilhas de papéis espalhados por ela, poucos livros em estantes. Há um monitor ligado no jornal local e vários outros, menores, focados em cientistas. São câmeras, ele percebe. Câmeras nos laboratórios.

Ele pega um dos livros. "A verdadeira história de Frömming". Então o loiro começa a procurar por outros exemplares. "A Grande Guerra", "Genocídio", "O dia em que a humanidade falhou". Havia vários deles.

Michael se senta e acaba derrubando uns papéis. Quando pega-os, vê vários números. Sempre foi bom com números. Era um índice crescente. Era o número de mortos. Havia uma ficha com elementos químicos, equações complicadas. Ele tinha pouco conhecimento sobre química, mas sabia que tudo isso resultava em substâncias mortíferas. Coisas que matavam de dentro para fora.

Agora ele entende: o índice crescente eram de mortes causadas por essas substâncias.

Em uma folha várias vezes ele deu o nome científico, IC2023, mas só identificou quando o viu em cartas: Infecção de Carrick. Michael se lembra de ter visto algo sobre a Praga em um dos livros e começa a procurá-lo na bagunça. Genocídio era o nome da obra.

"Por anos, em meio a devastadora Grande Guerra, os mais fanáticos achavam que Deus estava punindo a todos na Terra por seus pecados. Alguns povos diziam que os deuses estavam testando os mortais. Até tinha gente apostando em demônios e coisas do tipo. Eu lhes digo: não há nada sobrenatural aqui. Esse mal que se abate sobre nós é fruto de experiências científicas, substâncias criadas em laboratório, desenvolvidas pelos poderosos para matar quem quer que se oponha. Por isso nossos líderes estão morrendo, por isso nosso movimento está definhando. Eles sabem que a união do povo tem força e em vez de usarem armas estão nos destruindo com biologia, usando os nossos para testes, modificando genes e acabando com nossa identidade.

Eles estão nos matando e isso nós não podemos perdoar. Esse holocausto tem que ser vingado. Esse genocídio não passará batido. Está no nosso sangue lutar e eu convoco a todos para estarem ao nosso lado. Vamos lutar, meus irmãos. Vamos lutar pelos nossos descendentes. Vamos lutar pelo futuro daqueles que amamos."

Michael devorou as páginas do livro. Não conseguia deixar para depois. Precisava saber mais sobre o assunto e foi isso o que fez.

"Não há mais estado, país ou continente. Não há mais lar, não há mais gente, nem família ou amigos. Estão todos mortos. Alguns permanecem com o coração batendo, mas há uma diferença entre viver e estar vivo. Nós lutamos. Lutamos até nosso último suspiro. Lutamos pelos nossos direitos de manifestação, pela nossa voz e pela voz do próximo. Tentamos. Não foi suficiente. Eles nos mataram. Eles nos mataram e agora não resta nada para nós. Há apenas cinzas, ruínas e lembranças da glória que um dia almejamos ter. Está tudo acabado. Eles nos mataram. Nunca iremos perdoar, isso é certo, mas nós tentamos. Não desistimos sem lutar. Um dia alguém ascenderá e lutará pelos nossos direitos. Uma guerra está vindo. Não sei quando e nem quem irá lutar, mas está vindo e nós venceremos. Lembrem-se, irmãos: eles nos mataram. Covardes. Eles nos mataram."

Havia tanto ressentimento, tanta dor incrustada nas palavras que chegava a doer. Michael sentia o peso. Ele conseguia enxergar. Sentia o cheiro da fumaça quando a guerra foi encerrada, sentia o sangue grudando em seus sapatos, o sangue dos seus antepassados, o sangue do povo. Sentia os escombros por onde quer que fosse, a morte estampada em todos os lugares, sentia a dor no rosto de seus irmãos e as palavras que eram proferidas...

Quando se deu conta tinha jogado tudo no chão. Estava revoltado. Não podia mais ler aquilo. Arrancou a última página do único exemplar de Genocídio que ele encontrou ali. Não conseguia acreditar que tudo aquilo havia acontecido e fora mascarado daquela forma. Uma guerra causada pelo veneno. Tudo aquilo ali sob o mesmo teto que ele.

"Nós não semeamos."

Por acidente ele leu a última frase. Era uma promessa de vingança implícita.

– Essa área é restrita.

Ele vira-se para trás. Havia rasgado papéis, quebrado coisas e espalhado tudo pelo chão. Em meio a um ataque de raiva, ele não havia visto que havia alguém ali.

Hillary.

– Há quanto tempo você está aqui?

– Desde antes de você chegar. Estava tão apavorado de ser descoberto que nem notou que já havia alguém se escondendo aqui.

– Você sabe - ele supõe.

– Sim.

– Sempre soube.

– Descobri quando tinha dezesseis.

– E não fez nada.

Hillary levanta em um salto. Raiva preenche os seus olhos.

– Ele me esfolaria viva e faria o mesmo com todos que eu amo antes que eu pensasse em contar para alguém.

– Você sabia que ele matava milhares e se calou. Entrou para um grupo de revolucionários e ainda assim não fez nada.

– Eu estava ocupada demais prezando a minha sobrevivência para me preocupar com a vida dos outros. Se você se preocupasse com aqueles que estão ao seu redor, em vez de agir como se fosse o protetor das massas, também pensaria duas vezes antes de tomar qualquer atitude.

– Eu tenho os meus na capital. Eu só estou aqui para proteger minha família, quer você acredite ou não.

– Nós somos a sua família agora - uma voz grossa e conhecida fala.

Vincent.

– Essa área é restrita, Michael - ele fala. - O que faz aqui?

– Eu sei de tudo - ele sussurra. - Você sabia de tudo. Você continuou com as experiências.

Vincent olha para Hillary.

– Deixe-nos.

– Eu tenho direito de participar dessa conversa - ela rosna. - Daqui eu não saio.

Mesmo irritado, Vincent não a obrigou. Virou-se para o filho.

– Nós começamos com as experiências para fortalecer nossos soldados. Mais fortes, mais inteligentes. Era questão de tempo vencerem as batalhas. Foi antes do meu pai.

Vincent tenta se aproximar, mas Michael se afasta. O Senhor de Meurer se senta na cadeira de couro atrás da mesa de mogno.

– O povo descobriu e se rebelou, como você deve ter lido em Genocídio. Meu pai era um dos soldados que vieram da Europa. Tínhamos muito dinheiro na Alemanha, mas acabamos falidos. Na época, com a guerra, as famílias dos recrutados recebiam por isso. Enfim, ele veio e lutou pelo povo na primeira rebelião, assim como vários militares estrangeiros. Eles não venceram e ele foi perdoado pelo Exército, aprendendo o que se ganhava quando se rebelava.

– Espere... seu pai ajudando o povo? Essa é novidade para mim.

– Eles o perdoaram, mas tiraram o que mais importava para ele: minha mãe.

– A mataram.

Vincent assente.

– Ele ascendeu dentro do Exército depois disso. Aquela rebelião nos custou mais do que admitimos. Ele se tornou o Marechal Johann em poucos anos, mas naquela mesma época o presidente Crick andou fazendo besteira e a rebelião voltou. Meu pai viu a oportunidade de crescer ainda mais. Como Primeiro Marechal, ele conhecia importantes homens. Ele se juntou a esses homens e eles derrubaram Crick.

– Esses homens... meu avô era um deles, não era? - Michael questiona. - Caine Archiberz - ele completa.

– Archiberz, Kionbach, Hallaya, Hüfner, Le Lëuken... todos esses nomes são o que são hoje em dia por causa da ideia do meu pai de derrubar Crick.

– Seu pai se vingou.

– Um Fieldmann, quando promete, paga as suas dívidas - Vincent sorri. - Quando assumiu o controle de Meurer, meu pai viu que um exército comum não era o suficiente. por mais que Crick tenha morrido, ainda havia aqueles que esperavam por uma oportunidade de vingá-lo. Então ele decidiu continuar com as experiências, porém mais sigilosas agora, nas Ilhas Solitárias.

– As mesmas experiências que levaram sua mãe à morte.

– As mesmas experiências que salvaram milhões de vidas - Vincent o corrige, irritado. - Você acha que estaria vivo se não tivesse um Exército com forças especiais que o protegesse? Ou qualquer outro que você conhece? Crick teria acabado com todos nós.

Michael respira fundo. Tenta entender toda a situação, se colocar no lugar de Johann. Não consegue.

– Você disse que as experiências serviam para tornar os soldados mais fortes - ele disse depois de um tempo. - Quando isso se tornou A Praga?

– Fizemos testes com todos os soldados. Alguns se destacaram não só pela força física, mas também pela psicológica. Nós os selecionamos. Há um acordo e tudo o mais. Se eles aceitarem se tornar mais fortes através dos experimentos, terão que dar algo em troca.

– Que seria...?

– Nós lidamos diretamente com o DNA e suas mutações. Mexemos com a natureza desses soldados. Um deles não se adaptou e acabou sendo contaminado. A primeira mutação.

– E o que aconteceu?

– Ele teve que se eliminado.

Eliminado, Michael pensa. Certo. Morto.

– Nessa mesma época estávamos em crise. Haviam milhares de sonegadores e o governo ajudava os pobres com renda mínima. Não podíamos manter todo mundo. Então surgiu outro caso da infecção.

Vincent cruza as mãos e se afasta da mesa.

– Também o eliminamos, mas dessa vez pegamos amostras do vírus. O isolamos e tentamos achar uma cura, mas acabamos o replicando. Foi depois de uma revolta daquele grupo ridículo intitulado Apátridas que eu decidi usar a infecção para eliminar quem estivesse atrapalhando o governo.

– Você matou bem mais do que sonegadores de impostos.

– Realmente, nem toda forma de contaminação é certa. Sempre há danos colaterais, mas para isso existe A Cura.

– Disponível por um preço exorbitante.

– Eu nunca neguei nada para aqueles favelados e na hora de retribuírem pagando a miséria dos impostos, o que eu recebo? Revoltas, monumentos destruídos, minha filha atacada nas ruas, minha casa pichada...

– Isso não justifica.

– Você acabou de assumir um país, Michael. Na verdade, sua mulher assumiu, por isso você não entende. Quando você reinar de verdade, entenderá. E então verá que eu tenho razão.

– Eu jamais serei como você.

– Disso eu sei - Vincent sorri de forma debochada, caminhando até a porta. - É bem-vindo para ir ou para ficar. A decisão é sua.

Ele fecha a porta. Michael respira fundo e se joga na cadeira em frente a mesa de mogno e fecha os olhos, passando as mãos pelos cabelos, tentando espantar o nervosismo.

– Ele tenta se justificar, mas não dá - Hillary fala pela primeira vez, o despertando dos seus devaneios. - Você tem que aprender que confiar em Vincent Fieldmann é uma cilada. Amá-lo é uma maior ainda.

– Pensei que você tivesse entrado para o Apátridas.

– Eu sou uma infiltrada do meu pai.

– Pensei que você o odiasse.

– Você pensa demais e observa de menos.

– O que você está querendo dizer?

Ela se levanta e caminha até ele. No início, Michael chega a pensar que ela vai dar um soco nele ou algo do tipo. Tudo isso por causa da proximidade. Então ele tem a impressão maluca de que ela vai beijá-lo.

Mas ela desvia no caminho e aproxima seus lábios do ouvido dele para sussurrar:

– A verdade é que eu odeio o meu pai mais do que tudo nessa vida. Se você quer entrar para o Team Vincent Haters, me encontre nos jardins de inverno ao escurecer.

+++

Hana caminha pelos salões de pedra do Forte da Lua em direção à sala de comunicação. Quando chega lá, dispensa quem está na sala.

– Katerina.

A mais velha sorri para a mais nova.

– Olá, Han. É bom falar com você de novo.

– É bom ver que recuperou seu trono.

O sorriso foge dos lábios da ruiva mais velha.

– Não totalmente.

Hana suspira.

– O que você precisa?

– O Conselho decidiu que é necessário dar uma festa em breve. Com toda essa troca nos poderes, precisamos saber quem está do nosso lado.

– Você precisa que eu e Don juremos lealdade.

– Sim.

– Tudo bem. Nós iremos. O Forte da Lua estará do seu lado.

Katerina volta a sorrir.

– Obrigada.

Mas Hana percebe que isso não é tudo.

– O que mais você precisa?

– Bom... eu preciso que vocês tragam Erik com vocês.

– Tudo bem. Acho que vai ser bom para ele visitar seu país de origem. Um dia ele retornará, não é mesmo, precisa se habituar ao clima daí e...

– Acho que você não entendeu, Han. Não será apenas uma visita.

– Quê? - ela pergunta, já entendendo tudo. Não podia ser. Katerina não podia fazer isso com ela. Não agora.

– Preciso do meu filho ao meu lado. Quero que você e Don tragam Erik para morar em Frömming.

+++

Francis espera os Conselheiros entrarem para a próxima reunião. Depois de ler a ata de gastos da Corte, ele dá a reunião como encerrada. Passa os olhos pela sala vazia. Seu pai costumava sentar ao seu lado nas reuniões do Conselho.

Um homem entra na sala. Parece meio afoito.

– Há um holograma para a princesa Britney, Majestade.

– Passe para mim - Francis fala. - Britney saiu com a condessa Thart.

Ele concorda e sai da sala rapidamente. Francis pega o comunicador na mesa lateral da sala e espera o holograma ser passado.

– Princesa - uma mulher loira, na faixa dos vinte e poucos, de olhos claros aparece em forma de holograma -, insistimos no pagamento da última parcela. Sabemos que prometemos não nos comunicar diretamente com a senhora, mas foi um mal necessário, já que a parcela atrasou meses. Esperemos que seja compreensiva - a mulher sorri, constrangida, e o holograma se desfaz.

Francis joga o comunicador em cima da mesa e sai da sala. Acha o homem que entregou a mensagem no corredor.

– De onde veio esse holograma?

O homem rapidamente começa a mexer no tablet em busca de informações.

– Da Inglaterra, Majestade. Londres.

– Tem como saber exatamente o local?

– Sim - ele fala, mexendo rapidamente na tela. Ele para e encara Francis.

– Fale.

– Instituto de Fertilidade St. Naarth.

O que diabos Britney fazia em um centro de fertilidade em Londres?

+++

Fleur se olha no espelho na entrada do palácio enquanto Andrew fala com os guardas.

– Andrew Duninghan - ele fala. - Joffrey me conhece. Avise para ele que estou aqui.

Alguns minutos depois a entrada deles é liberada. Eles atravessam vários salões até chegar a sala de jantar principal, onde Katerina se encontra na cadeia da ponta. Joffrey está ao seu lado direito e Ivna ao seu lado esquerdo, acompanhada do rei da Alemanha.

Andrew presta uma breve reverência a eles. Fleur não repete o ato.

– Andrew, que surpresa - claramente sarcosmo transborda das palavras de Joffrey. - Hum, Fleur Hallaya, irmã do rei Heron. Que bom finalmente conhecê-la. Ouvi várias coisas ao seu respeito e pelo que me parece, todas elas são verdadeiras.

– Princesa Fleur - ela rosna. - Encantada em conhecê-lo, pai da rainha. Me parece que esse será seu posto para sempre, não é mesmo? Rainhas vem e vão, mas você permanece com seu título de insignificância - ela olha divertida para Katerina. - Ou quase isso. O papa precisa coroá-la novamente para que esse reinado tenha validade e isso só ocorrerá quando ela tiver um marido.

A loira olha ao redor.

– Não vejo nenhum pretendente aqui - ela sorri. - Será que nem mesmo com todo o dinheiro e poder você consegue arranjar alguém que te queira, Katerina?

A ruiva sente a raiva queimar em suas veias, porém decide não dar esse gosto a Fleur. Não com a carta que ela tinha na manga.

– Erik quis.

Isso serviu para calá-la.

– Então - ela volta-se para o assunto que realmente interessa. - O que vocês fazem aqui? Estamos no meio de um jantar.

– Viemos conversar - Fleur sorri falsamente e olha de canto de olho para o rei da Alemanha. - Wolfgang.

– Fleur Hallaya - o homem loiro fala com sotaque. - Quanto tempo. Nunca mais foi a Berlim.

– Falta de tempo, querido. Mande lembranças a Klaus, sim? Prometo que farei uma visita em breve.

Ela vira-se para Katerina.

– Será que nós podemos conversar?

A ruiva olha para Ivna, que entende o recado.

– Deixe-me mostrar os jardins para você, Wolfie - ela puxa o homem para longe.

Assim que eles saem da sala de jantar, Katerina também se levanta.

– Vamos para a sala de reuniões.

Joffrey dá de ombros enquanto empurra a cadeira para trás, jogando o guardanapo em cima da mesa.

– Eu já tinha perdido o apetite mesmo.

Eles se dirigem para a sala de reuniões mais próxima. Não é a maior, mas pelo menos era perto da saída, então, assim que eles acabassem, Katerina poderia mandar os dois embora o mais rápido possível.

Não conseguia aceitar que Joffrey a convenceu a receber Fleur ali. Bom, os guardas anunciaram Andrew, não Fleur. Vê-la ali foi uma surpresa, até porque seu pai dizia que ele trabalhava para eles.

– O que vocês querem?

– Joffrey. Você. Andrew - Fleur fala, se sentando. - Essa é a linha de sucessão. Como você tem vinte anos, por direito o trono é seu, mas você não tem um marido.

– Meu marido morreu - a ruiva rosna. - Você e Vincent o mataram.

– Você o matou! - Fleur levanta, irada. - Eu avisei Erik que Vincent atacaria o palácio, falei para ele fugir. Mas não. Ele quis ficar com você.

Ela respira fundo e sorri.

– Ele morreu pro você.

Katerina não conseguia respirar. Depois de tanto tempo, aquilo ainda conseguia atingi-la. Ela sempre soube que Erik morreu por ela, afinal o segundo tiro que ele levou foi para salvá-la. Ela sempre disse a si mesma que o primeiro tiro iria matá-lo de qualquer forma, se não isso, a fumaça. Era como conseguia colocar a cabeça no travesseiro e dormir durante a noite.

Nunca imaginou que ele soubesse do ataque e mesmo assim decidiu ficar com ela.

Ele sabia que ela jamais sairia do palácio, ainda mais sabendo o que Rebekah planejava. Ele escolheu. Sabia os riscos.

Katerina engole a vontade de chorar.

– O que você quer?

– Sem um marido você não pode ficar no trono.

– Eu tenho um herdeiro, não preciso de um marido.

– E onde ele está? Seu herdeiro. Não o vejo.

– A salvo de pessoas como você.

– Você sabe como funciona - Andrew fala, olhando para Joffrey. - Não importa o menino. Ela precisa de um marido.

– O que você quer, Andrew? - Joffrey pergunta. - Terras, títulos? Podemos dar isso a você. Pode ficar na Corte.

– Quero que você cumpra sua promessa - ele olha para Katerina. - Seu tio, pai, sei lá, me prometeu o trono.

– Então você está aqui atrás de poder.

– Não me importo com isso. Quero ajudar o povo.

– E você seria de muita serventia como Conselheiro - Katerina fala -, mas não como rei.

– Eu tenho o sangue de Mance e Katja Archiberz. Sou casado. Os requisitos estão preenchidos.

– Seu problema é que eu estou primeiro na linha de sucessão.

– Você estava morta!

Katerina sorri.

– Não estou mais.

– Você poderia ser popular antes, Katerina, mas enquanto você estava no norte, eu estava aqui. Sei como as pessoas pensam agora. Conversei com elas. O povo não a aceitará tão facilmente.

– E a sua esperança é que eu seja deposta.

Joffrey observa, em silêncio, como a filha lidará com tudo isso. Ele sabe o que ela está fazendo: arrancando informações de Andrew, descobrindo o que ele sabe e vendo se ele tem serventia para alguma coisa. Ele mesmo já havia usado essa tática várias vezes. Ficava feliz ao ver que sua filha era tão esperta quanto ele.

– Eu sei que Carrick a trouxe de volta. Os métodos dele são... ousados. Tenho certeza que eles não concordariam.

– Os métodos de Carrick - ela olha de relance para Joffrey. - Ele fez o necessário.

– Seu pensamento só mostra o quanto você é despreparada.

– Despreparada? Eu fui preparada a minha vida toda para isso! O trono é meu por direito, por sangue e por nascimento. Eu tenho um herdeiro, tenho alianças. Podemos travar uma guerra, Andrew. Quem estará ao seu lado? - ela se levanta, irritada. - Bom, deixe-me dizer quem está ao meu lado: Ahnmach por Erik, Las Mees por Petrus e pela minha tia Branka, Rússia por Ivna, Alemanha pelo casamento de minha atual madrasta - ela pensou em Altulle, mas decidiu não mencionar -, talvez até Hahle quando Heron descobrir que essa aí está ao seu lado.

Ela respira fundo e caminha até uma das enormes janelas da sala de reuniões. Está chovendo lá fora. Katerina serve uma pequena taça de vinho tinto para si mesma.

– Você quer mesmo entrar nessa guerra?

– Você não se importa com o povo.

– Pelo contrário. Aprendi a amar o povo como se fosse a minha própria família. Faço o que faço para protegê-los. Eu sou a melhor chance para reerguer esse país e o nosso povo merece o melhor, você deveria saber disso.

Katerina termina o vinho e deposita a taça em cima da enorme mesa no centro da sala. Ela se aproxima de Andrew.

– Tudo o que eu sempre fiz foi para o bem deles. Se você não acredita nisso, sinto muito, mas achar que você é mais preparado do que eu é um grande equívoco. O que você poderá mudar, Andrew? Você não tem preparo algum para lidar com a Corte e com a atual situação de guerra em que entramos. Você não nasceu para isso. É o último em uma linha de sucessão. Nunca assumirá o trono, por melhores que sejam as suas intenções.

Joffrey sorri internamente pelas palavras da filha.

– Ainda mais agora. Você sabe que haverá uma batalha entre o sul e o norte. É inevitável. Está pronto para comandar um exército contra Vincent? Seu pai e todos os que você conhece estarão lá. Uma guerra só acaba quando um dos lados está arrasado. Se você não morrer, seu pai morrerá. Seus entes queridos morrerão - ele fala. - Acha que conseguirá viver com a culpa de ser responsável pela morte deles?

Andrew olha para Joffrey cheio de mágoa. Ele estava usando seu pai para chantageá-lo.

Foi o suficiente para atingi-lo.

– Você conseguiu.

– Drew! - Fleur grita. Ela não havia se manifestado até então.

– Fique quieta - ele rosna para ela.

Katerina joga uma pasta azul em cima da mesa. Chegou a hora.

– Alek Richmanoff mantinha um cofre com provas contra seus inimigos.

Fleur treme e Katerina sorri ao ver o medo nos olhos dela.

– Alek considerava todos como seus inimigos - a loira fala. - Era louco igual Rebekah.

Andrew olha para a pasta e a abre.

– Fleur - ele chama depois de folhear o conteúdo -, tem seu nome aqui.

– Tem muito mais do que o nome dela.

O ataque ao palácio no dia do casamento de Rebekah As tentativas de assassinato de Katerina e do pequeno Erik antes disso. Plano de bombardeio à Frömming. Dinheiro desviado dos cofres públicos para financiar Vincent. Planos do assassinato de Katerina no esconderijo rebelde.

– Você arrastou a minha irmã para isso? - ele olha para Fleur, furioso. - Fez Heather tentar matá-la? - apontou para Katerina.

– Mandei sua irmã trazê-la viva para mim. Queria eu mesma matá-la. Sua irmã trabalhava também para Rebekah. Ela que teve a ideia ridícula de envenená-la. Eu, particularmente, prefiro uma morte ao vivo.

Fleur sorri cinicamente.

– Parece que quando você quer algo bem feito deve fazer você mesmo.

Tudo acontece muito rápido: Fleur tirando a faca do corpete e pulando em cima de Katerina, a jogando na mesa, a faca tão afiada e apertada contra o seu pescoço que até o fez sangrar um pouco.

– Você vai pagar por isso com a vida.

– Não me importo - a loira sorri. - Valerá a pena.


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Notas finais do capítulo

Queria dizer que sei que, principalmente na Europa, há países, atualmente, que são parlamentaristas. Acontece que no mundo atual da fic as coisas são diferentes. É importante lembrar que uma grande guerra devastou praticamente o mundo todo e que eles acharam que a retomada da monarquia seria a solução.
Até o próximo capítulo!



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