Unforgivable escrita por oakenshield
Notas iniciais do capítulo
Esse capítulo vai mudar muita coisa no rumo de Unforgivable. Boa leitura.
Um mês de notícias sobre ela. Um mês havia se passado e as notícias não paravam. Especulações sobre como Katerina morreu: assassinada pelos rebeldes, em um acidente de avião, teve boatos até que ela escorregou no banheiro e bateu a cabeça na pia. A questão de tudo é: onde Katerina estava?
Quando questionado sobre o corpo, Joffrey mudou de assunto, mas uma vez deixou vazar, propositalmente, que ela estava em um local seguro, em paz. Começou então a busca pelo corpo de Katerina. Todos querem saber onde ela está enterrada, para prestar suas homenagens ou apenas de curiosos mesmo.
– Virei a notícia do ano - ela fala, desabando na cama. - Eu só queria saber o que eu vou dizer quando voltar.
– Você poderia falar que havia sido sequestrada por aquele grupo que Melanie mencionou uma vez, aquele que não usam o Idioma Comum.
Katerina suspira.
– É, pode ser. Ninguém vai encontrá-los para puni-los e mesmo que o façam, eles não falam a mesma língua.
Ela olha para Francis.
– Eu não queria mentir.
Ele sorri para ela, passando uma mecha de cabelo ruivo para trás.
– Eu sei, mas o seu retorno irá nos salvar - ele beija a testa dela. - Pense que os fins justificam os meios.
Katerina sorri forçadamente. Não se sentia completamente segura em relação ao plano. E se as pessoas a odiassem para sempre?
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– Queimem - Rebekah rosna. - Queimem todos esses espiões.
– Majestade, se me permite, eles foram presos apenas para averiguação, não há certeza se eles são mesmo espiões de Hahle.
– Se foram presos é porque são suspeitos e se são suspeitos é porque há motivos - ela fala. - Agora, queimem todos. Pelo menos morrerão aquecidos nesse inverno tenebroso. Sou uma rainha piedosa. Queimem todos!
– Minha Rainha, quinhentos foram presos...
– Pode mandá-los para a forca também, para poupar tempo e madeira. Não importa. Quero todos esses desgraçados mortos.
Ela caminha para a Sala do Trono, fecha as enormes portas atrás de si. Caminha pelo chão de mármore, sobe as escadas e encara o trono. O seu trono. Se senta no majestoso trono, seu por direito. Na mesinha ao lado, a Coroa Oficial. Enorme, de ouro puro com rubis. Dourado e vermelho, a cor do leão dos Archiberz. Rebekah a coloca na cabeça e fecha os olhos, sorrindo. Ela desfruta daquele momento de silêncio e de paz.
Passaria a usar aquela coroa mais vezes.
– Você é meu - ela passa a mão pelo braço aveludado do trono - e de ninguém mais. Morrerei antes de entregá-lo para outra pessoa.
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Melanie suspira, derrotada.
– Agora o mundo todo está atrás do túmulo de Katerina. Eles nunca vão encontrá-la aqui, mas estarão procurando.
Josh concorda.
– É uma pena. Ela era nosso símbolo, mas sinto que havia algo ainda mais importante.
– Ela era minha meia-irmã, afinal.
Valentina rosna algo.
– O que foi, mãe?
– Katerina não era sua irmã.
– Como?
Valentina vira-se para a filha e para o namorado da filha.
– Ela é prole de Joffrey, aquele desgraçado. Ele nos bombardeou, levou a nossa arma mais preciosa e agora...
– Que arma? - Josh questiona, curioso.
– Katerina! - Valentina berra.
– Katerina está morta, mãe.
Valentina encara os dois, sangue pulsando, olhos injetados de raiva, ódio borbulhando por todo o seu corpo.
– Joffrey a levou e agora nós perderemos a guerra porque Katerina era nossa fênix que renasceria das cinzas, chamando atenção para o nosso lado, mas agora ela irá brilhar lá na Rússia! Nós vamos perder.
Melanie não sabe o que dizer, mas entende o que a mãe quer dizer. É tudo tão irracional que ela mal consegue acreditar. Ela viu o corpo. Ela viu! Melanie se sente tão insana por perguntar:
– Katerina está viva?
+++
Katerina entra na sala de comunicação que Joffrey reservou para ela. É improvisada e pequena, mas é só para ela não passar o dia todo no quarto. Não podia chamar muita atenção, afinal ela está morta.
Quando chega na sala, dá de cara com Joffrey e uma expressão desconhecida por ela: pesar. Ela se lembra de tê-lo visto assim apenas quando descobriu que ela estava morta.
Então ela olha para Francis. É como se ele fosse uma estátua humana, porque ele olha para os pés, os olhos azuis grandes e focados.
– Francis... - ela se aproxima, mas ele coloca uma mão entre eles.
– Não.
– O que está acontecendo aqui? - ela pergunta, se virando para Joffrey.
O pai olha para ela e a puxa para um canto.
– Jean-Pierre está morto.
– O quê?
– Ele foi enforcado.
Katerina está perplexa.
– Ele é pai do rei. Não pode ser enforcado!
– Ele pode, se o Conselho decidir.
– Quem iria até o Conselho para denunciá-lo? E também, o que seria sério o bastante para fazê-lo ir para a forca?
– Não sei, mas Francis quer ir para Altulle. Alison e Hector estão vindo de Las Mees. Hector está refugiado lá, depois do que aconteceu. Henry tomou o trono, então não é difícil de adivinhar quem planejou isso tudo.
– Meu pai não era uma pessoa exemplar, mas ele não era um cara errado - Francis fala, finalmente levantando os olhos para eles. - Tenho certeza que não teve culpa.
Seus olhos estão marejados, mas nenhuma lágrima cai.
– Henry pode ter todos os defeitos do mundo, mas nunca mandaria matar o meu pai, seu próprio irmão. Henry nunca quis o trono, o mundo todo sabe disso. Ele nunca quis essa responsabilidade.
Joffrey e Katerina ficam em silêncio. Ela não sabe como agir. Quando tentou se aproximar, Francis a afastou, e ela tinha medo de tentar de novo, porém tinha mais medo ainda de não tentar. Ela olhou para o pai e ele assentiu, se retirando da sala, deixando os dois a sós. Katerina então olhou para Francis e viu a primeira lágrima escorrer pela sua bochecha. Naquele momento ela caminhou até ele e o abraçou.
Francis não recuou e nem a afastou, apenas envolveu a cintura dela e chorou em silêncio. Sua respiração não estava descompassada, ele não soluçava ou fazia barulho algum. O seu choro é triste e silencioso e isso a parte mais o coração do que se ele estivesse berrando.
Ele tenta falar algo, mas não consegue. Katerina apoia a testa na dele.
– Eu sei - ela sussurra. - Eu sei que nunca vou compensar, mas eu estou aqui. E eu te amo. Vamos juntos para Altulle.
Ele abre os olhos.
– Kat... tem tantas coisas para você fazer aqui em Moscou...
– Você abriu mão do seu trono para me seguir e eu nunca serei capaz de agradecer o suficiente, mas agora é a minha vez de apoiá-lo, não importa para onde. Joffrey pode colocar Andrew no trono por conta própria.
– Mas... você está morta.
– Não se preocupe, vamos dar um jeito, mas de uma coisa eu tenho certeza: você não vai sozinho para Altulle.
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Dois dias depois
Francis encara o tio, sentado no trono. Não consegue imaginar imagem mais forçada. Henry tem seus trinta e poucos anos, mas parece mais jovem, bem mais jovem. E ao seu lado, Claire, sua esposa, a caçula dos Hallaya. Claire foi prometida à Henry desde que nasceu e por isso desde os dez anos vive em Altulle. Ela tem hoje em dias seus recém vinte e dois, talvez vinte e três anos, cabelo liso castanho claro e comprido, pele clara e olhos grandes cor de mel. A expressão sempre relaxada, mas nunca serena. É como se ela não desse a mínima para aquilo tudo. Francis conseguia imaginar o porquê: Henry havia engravidado uma das prostitutas do bordel dos Kionbach e a levou para o palácio, deu a ela um título e a instalou na Corte. Claire Hallaya tinha motivos para odiá-lo.
Porém ela estava muito imponente com a coroa. O cabelo castanho preso em cima para manter a coroa e solto mais atrás, o olhar marrom e congelante, o vestido vermelho e comprido. Vermelho sangue.
Katerina estava disfarçada na Corte. Ela chegou depois dele, com os cabelos ruivos pintados temporariamente de negros, assim como as sobrancelhas, para não chamar a atenção, lentes de contato negras e ela havia pegado um pó que deixava a sua pele mais escura sem ser artificial. Ela veio com uma carta de Joffrey, dizendo que não podia deixar a Rússia, mas que havia mandado uma Duquesa de confiança em seu lugar. Ela estava linda, mesmo com os cabelos e os olhos negros. Ela conversava animadamente com uma mulher. Ele passou por perto e a ouviu cumprimentar outra mulher:
– Nadia Starkov, Duquesa de São Petersburgo.
Francis pensou em como Katerina conseguia fazer um sotaque russo perfeito, então ele se dirigiu para o tio novamente.
– O que aconteceu? - pergunta, firme.
– Eu não faço a menor ideia. Seu pai me pediu para ir a uma reunião por ele em Allian, então eu fui. Quando voltei, o Conselho tinha decidido enforcá-lo.
– Pelo quê?
Henry olha para os lados, confirmando se não há ninguém por ali, então ele se inclina mais para a frente.
– Pelo incesto dos seus irmãos.
– O quê?
Francis não estava surpreso. Sabia sobre Hector e Alison, mas como todo mundo ficou sabendo? Seu pai teria surtado e contado para todos ou alguém viu? Não fazia ideia.
– Eles pegaram Hector e Alison assim que chegaram. Vão executá-los.
Francis sente o mundo desabar debaixo dos seus pés. Jamais deixaria aquilo acontecer aos irmãos. Ele retomaria o trono se fosse preciso.
– Não pense que não tentei entregar o trono para você, mas o Conselho disse que toda a linhagem de Jean-Pierre estava contaminada e devia ser exterminada, que a minha era havia começado e.... Deus nunca estive tão perdido. Eu odeio ser rei. Nunca quis is...
– Contaminada? Exterminada? - Francis questiona. - O que você quer di...
Então ele para. Ele entende. Olha para trás, consegue até ouvir os passos dos guardas até a porta da Sala do Trono.
– Você tem que fugir, Francis, antes que seja tarde demais. O enforcamento de Jean-Pierre foi um punimento, mas também uma armadilha para atrair você e seus irmãos. Fuja antes que seja tarde demais. Fuja antes que o Conselho pegue você e o enforque junto com seu pai e seus irmãos.
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