Unforgivable escrita por oakenshield


Capítulo 20
The Fall


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo vai mudar muita coisa no rumo de Unforgivable. Boa leitura.



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Um mês de notícias sobre ela. Um mês havia se passado e as notícias não paravam. Especulações sobre como Katerina morreu: assassinada pelos rebeldes, em um acidente de avião, teve boatos até que ela escorregou no banheiro e bateu a cabeça na pia. A questão de tudo é: onde Katerina estava?

Quando questionado sobre o corpo, Joffrey mudou de assunto, mas uma vez deixou vazar, propositalmente, que ela estava em um local seguro, em paz. Começou então a busca pelo corpo de Katerina. Todos querem saber onde ela está enterrada, para prestar suas homenagens ou apenas de curiosos mesmo.

– Virei a notícia do ano - ela fala, desabando na cama. - Eu só queria saber o que eu vou dizer quando voltar.

– Você poderia falar que havia sido sequestrada por aquele grupo que Melanie mencionou uma vez, aquele que não usam o Idioma Comum.

Katerina suspira.

– É, pode ser. Ninguém vai encontrá-los para puni-los e mesmo que o façam, eles não falam a mesma língua.

Ela olha para Francis.

– Eu não queria mentir.

Ele sorri para ela, passando uma mecha de cabelo ruivo para trás.

– Eu sei, mas o seu retorno irá nos salvar - ele beija a testa dela. - Pense que os fins justificam os meios.

Katerina sorri forçadamente. Não se sentia completamente segura em relação ao plano. E se as pessoas a odiassem para sempre?

+++

– Queimem - Rebekah rosna. - Queimem todos esses espiões.

– Majestade, se me permite, eles foram presos apenas para averiguação, não há certeza se eles são mesmo espiões de Hahle.

– Se foram presos é porque são suspeitos e se são suspeitos é porque há motivos - ela fala. - Agora, queimem todos. Pelo menos morrerão aquecidos nesse inverno tenebroso. Sou uma rainha piedosa. Queimem todos!

– Minha Rainha, quinhentos foram presos...

– Pode mandá-los para a forca também, para poupar tempo e madeira. Não importa. Quero todos esses desgraçados mortos.

Ela caminha para a Sala do Trono, fecha as enormes portas atrás de si. Caminha pelo chão de mármore, sobe as escadas e encara o trono. O seu trono. Se senta no majestoso trono, seu por direito. Na mesinha ao lado, a Coroa Oficial. Enorme, de ouro puro com rubis. Dourado e vermelho, a cor do leão dos Archiberz. Rebekah a coloca na cabeça e fecha os olhos, sorrindo. Ela desfruta daquele momento de silêncio e de paz.

Passaria a usar aquela coroa mais vezes.

– Você é meu - ela passa a mão pelo braço aveludado do trono - e de ninguém mais. Morrerei antes de entregá-lo para outra pessoa.

+++

Melanie suspira, derrotada.

– Agora o mundo todo está atrás do túmulo de Katerina. Eles nunca vão encontrá-la aqui, mas estarão procurando.

Josh concorda.

– É uma pena. Ela era nosso símbolo, mas sinto que havia algo ainda mais importante.

– Ela era minha meia-irmã, afinal.

Valentina rosna algo.

– O que foi, mãe?

– Katerina não era sua irmã.

– Como?

Valentina vira-se para a filha e para o namorado da filha.

– Ela é prole de Joffrey, aquele desgraçado. Ele nos bombardeou, levou a nossa arma mais preciosa e agora...

– Que arma? - Josh questiona, curioso.

– Katerina! - Valentina berra.

– Katerina está morta, mãe.

Valentina encara os dois, sangue pulsando, olhos injetados de raiva, ódio borbulhando por todo o seu corpo.

– Joffrey a levou e agora nós perderemos a guerra porque Katerina era nossa fênix que renasceria das cinzas, chamando atenção para o nosso lado, mas agora ela irá brilhar lá na Rússia! Nós vamos perder.

Melanie não sabe o que dizer, mas entende o que a mãe quer dizer. É tudo tão irracional que ela mal consegue acreditar. Ela viu o corpo. Ela viu! Melanie se sente tão insana por perguntar:

– Katerina está viva?

+++

Katerina entra na sala de comunicação que Joffrey reservou para ela. É improvisada e pequena, mas é só para ela não passar o dia todo no quarto. Não podia chamar muita atenção, afinal ela está morta.

Quando chega na sala, dá de cara com Joffrey e uma expressão desconhecida por ela: pesar. Ela se lembra de tê-lo visto assim apenas quando descobriu que ela estava morta.

Então ela olha para Francis. É como se ele fosse uma estátua humana, porque ele olha para os pés, os olhos azuis grandes e focados.

– Francis... - ela se aproxima, mas ele coloca uma mão entre eles.

– Não.

– O que está acontecendo aqui? - ela pergunta, se virando para Joffrey.

O pai olha para ela e a puxa para um canto.

– Jean-Pierre está morto.

– O quê?

– Ele foi enforcado.

Katerina está perplexa.

– Ele é pai do rei. Não pode ser enforcado!

– Ele pode, se o Conselho decidir.

– Quem iria até o Conselho para denunciá-lo? E também, o que seria sério o bastante para fazê-lo ir para a forca?

– Não sei, mas Francis quer ir para Altulle. Alison e Hector estão vindo de Las Mees. Hector está refugiado lá, depois do que aconteceu. Henry tomou o trono, então não é difícil de adivinhar quem planejou isso tudo.

– Meu pai não era uma pessoa exemplar, mas ele não era um cara errado - Francis fala, finalmente levantando os olhos para eles. - Tenho certeza que não teve culpa.

Seus olhos estão marejados, mas nenhuma lágrima cai.

– Henry pode ter todos os defeitos do mundo, mas nunca mandaria matar o meu pai, seu próprio irmão. Henry nunca quis o trono, o mundo todo sabe disso. Ele nunca quis essa responsabilidade.

Joffrey e Katerina ficam em silêncio. Ela não sabe como agir. Quando tentou se aproximar, Francis a afastou, e ela tinha medo de tentar de novo, porém tinha mais medo ainda de não tentar. Ela olhou para o pai e ele assentiu, se retirando da sala, deixando os dois a sós. Katerina então olhou para Francis e viu a primeira lágrima escorrer pela sua bochecha. Naquele momento ela caminhou até ele e o abraçou.

Francis não recuou e nem a afastou, apenas envolveu a cintura dela e chorou em silêncio. Sua respiração não estava descompassada, ele não soluçava ou fazia barulho algum. O seu choro é triste e silencioso e isso a parte mais o coração do que se ele estivesse berrando.

Ele tenta falar algo, mas não consegue. Katerina apoia a testa na dele.

– Eu sei - ela sussurra. - Eu sei que nunca vou compensar, mas eu estou aqui. E eu te amo. Vamos juntos para Altulle.

Ele abre os olhos.

– Kat... tem tantas coisas para você fazer aqui em Moscou...

– Você abriu mão do seu trono para me seguir e eu nunca serei capaz de agradecer o suficiente, mas agora é a minha vez de apoiá-lo, não importa para onde. Joffrey pode colocar Andrew no trono por conta própria.

– Mas... você está morta.

– Não se preocupe, vamos dar um jeito, mas de uma coisa eu tenho certeza: você não vai sozinho para Altulle.

+++

Dois dias depois

Francis encara o tio, sentado no trono. Não consegue imaginar imagem mais forçada. Henry tem seus trinta e poucos anos, mas parece mais jovem, bem mais jovem. E ao seu lado, Claire, sua esposa, a caçula dos Hallaya. Claire foi prometida à Henry desde que nasceu e por isso desde os dez anos vive em Altulle. Ela tem hoje em dias seus recém vinte e dois, talvez vinte e três anos, cabelo liso castanho claro e comprido, pele clara e olhos grandes cor de mel. A expressão sempre relaxada, mas nunca serena. É como se ela não desse a mínima para aquilo tudo. Francis conseguia imaginar o porquê: Henry havia engravidado uma das prostitutas do bordel dos Kionbach e a levou para o palácio, deu a ela um título e a instalou na Corte. Claire Hallaya tinha motivos para odiá-lo.

Porém ela estava muito imponente com a coroa. O cabelo castanho preso em cima para manter a coroa e solto mais atrás, o olhar marrom e congelante, o vestido vermelho e comprido. Vermelho sangue.

Katerina estava disfarçada na Corte. Ela chegou depois dele, com os cabelos ruivos pintados temporariamente de negros, assim como as sobrancelhas, para não chamar a atenção, lentes de contato negras e ela havia pegado um pó que deixava a sua pele mais escura sem ser artificial. Ela veio com uma carta de Joffrey, dizendo que não podia deixar a Rússia, mas que havia mandado uma Duquesa de confiança em seu lugar. Ela estava linda, mesmo com os cabelos e os olhos negros. Ela conversava animadamente com uma mulher. Ele passou por perto e a ouviu cumprimentar outra mulher:

– Nadia Starkov, Duquesa de São Petersburgo.

Francis pensou em como Katerina conseguia fazer um sotaque russo perfeito, então ele se dirigiu para o tio novamente.

– O que aconteceu? - pergunta, firme.

– Eu não faço a menor ideia. Seu pai me pediu para ir a uma reunião por ele em Allian, então eu fui. Quando voltei, o Conselho tinha decidido enforcá-lo.

– Pelo quê?

Henry olha para os lados, confirmando se não há ninguém por ali, então ele se inclina mais para a frente.

– Pelo incesto dos seus irmãos.

– O quê?

Francis não estava surpreso. Sabia sobre Hector e Alison, mas como todo mundo ficou sabendo? Seu pai teria surtado e contado para todos ou alguém viu? Não fazia ideia.

– Eles pegaram Hector e Alison assim que chegaram. Vão executá-los.

Francis sente o mundo desabar debaixo dos seus pés. Jamais deixaria aquilo acontecer aos irmãos. Ele retomaria o trono se fosse preciso.

– Não pense que não tentei entregar o trono para você, mas o Conselho disse que toda a linhagem de Jean-Pierre estava contaminada e devia ser exterminada, que a minha era havia começado e.... Deus nunca estive tão perdido. Eu odeio ser rei. Nunca quis is...

– Contaminada? Exterminada? - Francis questiona. - O que você quer di...

Então ele para. Ele entende. Olha para trás, consegue até ouvir os passos dos guardas até a porta da Sala do Trono.

– Você tem que fugir, Francis, antes que seja tarde demais. O enforcamento de Jean-Pierre foi um punimento, mas também uma armadilha para atrair você e seus irmãos. Fuja antes que seja tarde demais. Fuja antes que o Conselho pegue você e o enforque junto com seu pai e seus irmãos.


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Notas finais do capítulo

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