P.O.V Lisa

Cheguei chegando a Vancouver, fomos pela primeira vez ao aquário (Nas férias nós ficamos com uns familiares ou dentro de casa arrumando coisas, pode não acreditar, mas mudar de país é complicado) e já somos expulsas! Graças a quem? A Elizabeth Anice Marie! Isso mesmo, depois de um bom tempo correndo, eu tropecei e eles me levaram para um escritório, onde chamaram meu pai e ele fez umas coisinhas para eu não ser detida por desacato. Sacanagem não? O problema foi que fiquei meio que de castigo, Cat e Michele não, apenas euzinha.

– Pena né Beth? – Disse Joey passando o braço pelos meus ombros. – Desse jeito você não poderá mais sair comigo.

– Em primeiro lugar: Eca/ Segundo: Tire seus braços daqui. – O empurrei. – E pela décima vez: Não. Me. Chame. De. Beth.

Cat fez o favor de contar nosso final de semana para o idiota máster, odeio esse garoto. E pior que isso! As pessoas acham que nós três somos um grupinho de amigos super fofo e tal! Só porquê todo intervalo, horário vagos que colidem, saídas... Estamos juntos. Eu detesto isso, não queria que ele ficasse junto da gente, mas a Catherine insiste em chamá-lo para tudo! Mas pode piorar moçada: Nossas aulas são unidas ás vezes, já que o professor viado dele fica juntando os trabalhos de fotografia com os meus! Eu ainda bato nesse cara.

– Pare de neura Lisa, o Joey é maneiro. – A loira o defendeu e ele passou o braço no ombro dela. – Loiros são gatos.

– Cat, casa comigo? A Beth não me dá uma chance. – Fez um bico.

– Quem sabe se você for menos meloso.

– Beth, volta para mim!

– Viu? Nos casamos a poucos segundos e já está pulando a cerca.

– Aquilo foi um sim? – Franziu o cenho.

– Talvez sim, talvez não...

Revirei os olhos para os dois e ri. Estou cercada por idiotas, mas pelo visto eles viram meus amigos / Acabou de admitir que o Joey é seu amigo / Fazer o que? O garoto não desgruda mais da gente / Você é um imã para pessoas loiras / Odeio garotos loiros, esse é um dos vários atributos do meu Jake, ele é moreno!

– Como vai seu namoro com a Angel? – Perguntei voltando a ler meu livro.

– Já disse: Não é um namoro, apenas pego ela quando estou entediado e ela passa algumas noites comigo. – Deu de ombros.

– Ótimo, estou com um playboy de merda. – Cat revirou os olhos, enojada. – Detesto esse machismo de “pegar”, como se nós mulheres fossemos objetos.

– Vocês duas são meus objetos favoritos. – Tentou se safar.

– Você percebeu o que acabou de falar? – Arqueei a sobrancelha e ele negou. – Unf, tonto.

Os dois começaram a conversar entre si, na verdade, Cat reclamava do machismo e ele tentava se defender, mas inteligência não é o forte dele.

– Quer saber? Desisto de vocês duas! – Cruzou os braços emburrado. – Tento ser um cara legal e me tratam assim, cansei de ser tratado como idiota.

– “Nós aceitamos o amor que achamos que merecemos.” – Falei sem tirar os olhos do livro que eu estava lendo, “As vantagens de ser invisível”.

– O... Que? Viu? Vocês fazem isso para eu parecer burro.

– Joey, amado e querido Joey... – A loira bateu nas costas dele, fazendo com que tivesse um pouco de esperança. – Não é nossa culpa se sua mente é do tamanho de um amendoim.

O sinal tocou mostrando que tínhamos que voltar a nossos estudos, vulgo tortura.

– Tchau garotas, vou para o lugar onde sou inteligente. – Beijou a bochecha de Cat e piscou para mim.

Ele saiu e ficamos nós duas lá.

– Algum dia poderemos cabular aula? – Perguntei esperançosa.

– Desculpe, mas Medicina é difícil. – E foi para seu bloco. – Te vejo na saída!

Dei um suspiro e segui o rumo de minha sala, queria dizer que iria me divertir, mas agora é aula de Filosofia.

...

– Coloquem seus trabalhos sobre a mesa e irei recolhê-los. – Avisou Liam fazendo uma cara gostosamente séria.

Se eu o odeio? Muito. Se ele fica de marcação comigo nas aulas? Fica. Se ele ainda é um dos caras mais gostosos, lindos, sexys, inteligentes que eu conheço? Sim. Se ele ainda não é tão bonito quando o meu Jake? Sim.

Tirei meu trabalho encadernado e todo bonitinho de minha bolsa e coloquei sobre a mesa, faço tudo certinho na aula de filosofia para não ter motivos para que ele reclame mais de mim. Parece que desde aquele dia, eu virei a aluna que ele mais detesta da escola inteira! Liam faz perguntas sacanas apenas para MIM, da nota baixa para MIM, reclama de MIM... E com os outros alunos ele é uma doçura de pessoa! E pior, ele fica mais bonito a cada dia! Que raiva!

– Seu trabalho, senhorita Elizabeth. – Falou fazendo cara feia para mim.

– Aqui está, Liam. – Sorri cínica para ele.

Ele foi recolhendo os trabalhos e passou mandou que lêssemos nossos livros, o otário em vez de passar matéria nos receita tal livro sobre tal filosofo e temos que ler. Até que o livro é legal e eu aprendi algumas coisas apenas lendo, mas mesmo assim ele deveria nos passar matéria! Exijo aprendizado nessa budega!

Enquanto lia, sem querer tirei os olhos das páginas e olhei para fora da janela. Comecei a pensar e ignorei tudo que estava ao meu redor.

Como será que o Jake está em N.Y? Estou morrendo de saudades dele e não consigo ficar um dia sem mandar pelo menos um e-mail ou mensagem, pode ser uma hora da manhã, mas eu preciso escrever para ele. Sinto falta de seus braços, seus olhos, seu sorriso brincalhão, suas piadas, seus beijos e até de nossas pequenas discussões. Em Nova Iorque nós tivemos algumas brigas sim, já ficamos um bom tempo sem nos falar, mas depois sempre voltávamos ao normal. Será que ele sente minha falta como eu sinto dele? Será que sua faculdade de Administração está complicada? Ele conheceu alguma garota? Tem novos amigos? Tem alguma piranha tentando roubá-lo de mim?! Ah, eu juro que acabo com essa vadia! / Alerta de ciúmes! Não era você que estava elogiando seu professor agora mesmo? / Mas eu nunca iria cogitar a idéia de gostar do Liam, ele é um traste! Somos inimigos declarados, mas eu não posso xingá-lo. / Hm, mas aposto que se ele não fosse chato... / Ainda assim não ficaria com ele, meu Jake é único e especial para mim. Não o trocaria nem pelo Theo James / Eu trocaria de boa! /Diz à garota que não tem ninguém e ta em uma seca desgraçada / Minha querida, sou apenas uma voz, e você que está há meses sem beijar sequer um garoto? / Ai, essa doeu. Foi golpe baixíssimo!

– Elizabeth, posso saber por que não está lendo seu livro? – Perguntou o moreno irritado.

– Sei lá, e você? Por que não está corrigindo os trabalhos? – O fulminei com o olhar.

– Se quer saber estou com sua nota bem aqui, se quiser ver.

Levantei de minha mesa e fui a sua direção. O trabalho valia dez pontos, era muito complicado e eu fiz com todo meu amor carinho e dedicação.

– Eu tirei um oito?! – Exclamei estupefata. – M-mas eu fiz tudo certinho! A bibliografia, as dez páginas, os exemplos, imagens... Por que eu não tirei dez?!

– Por que a capa é verde. – Disse neutro. – E eu odeio verde.

Abri a boca em um “o” perfeito de descrença e ele sorriu feliz com minha reação.

– Pode voltar a sua mesa, Elizabeth. – Avisou voltando a corrigir os trabalhos.

– Terá volta Liam, terá volta! – Ameacei antes de ir para minha mesa.

– Isso foi uma ameaça?

– Encare como quiser!