Holocausto canibal escrita por Box of dreams


Capítulo 3
Estridente


Notas iniciais do capítulo

Oi! Aqui estou com a primeira cena de ação da fic. Espero que gostem e deixem suas opiniões, por favor :D



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/517469/chapter/3

– Vai, Charlie. Você consegue! - Katarina me encorajou com tapinhas nas costas.

Respirei fundo, o que foi meio difícil com o colete demasiadamente grande pesando nos meus ombros. Mirei o alvo. Atirei.

Dois metros do local desejado.

– Olha, até que foi bom. - Ela tentou me convencer, mas torci o nariz (não sei se pelo cheiro do colete, uma mistura de suor velho com chantilly, ou pelo meu descontentamento) e me virei para olhá-la.

Katarina era uma das meninas legais da escola, e um dos quesitos para alguém ser muito legal onde eu estudava era falar com os impopulares antisociais como eu. Mas ela parecia fazer isso por gostar, não para conseguir tal denominação, o que me deixava à vontade com ela.

Estávamos na festa de fechamento de ano que os alunos da minha sala sempre organizavam, e todos sem exceção eram convidados. O local acertado havia sido uma casa de diversão onde haviam jogos de estratégia, mira e afins, o que me deixou apreensiva já que eu era uma negação em tais coisas.

Katarina tinha longos cabelos castanhos brilhosos, macios e cheirosos, olhos cor de mel e feições leves, mas não incomuns, o que a tornava relativamente bonita, mas não excessivamente.

– Não tenta me iludir. - Disse, e Katarina sorriu.

– Espera, faz assim. - Ela veio por trás e pegou nos meus braços, estendendo-os e me fazendo segurar a arma com as duas mãos. - Agora fecha um olho.

Fiz o que ela disse e ficou mais fácil mirar.

– Isso aqui é uma simulação de tiro de verdade. Significa que ao atirar, a intensidade em que a bala foi lançada vai fazer com que a arma tente lançar-se contra você. Então segura firme. - Segurei o mais firme possível. - Agora atira.

Atirei e minha bala foi diretamente no centro. Ponto pra mim.

****

Ao sair correndo da casa, dei de cara com um daqueles animais tentando pegar minha mãe, estirada no chão debaixo da macieira. Minha mão foi automaticamente no coldre que pegara de dentro da casa, mas tateei o vazio. Como ninguém me permitia atirar, não havia arma alguma comigo, o que me fez entrar em desespero.

Corri em direção à minha mãe, mas o tiro de Louise foi mais rápido e certeiro, estourando o crânio duro e perfurando rapidamente a camada de dura máter, aracnoide e pia máter que protegiam a massa cinzenta, expelida para a blusa meiga de Selina Hammilton.

Ela se levantou rapidamente e tirou o zumbi de cima de si com urgência. Retirou a arma do coldre

– Tem mais! - Exclamou, apontando para vultos lerdos que despontavam do fundo da colina. Me precipitei para ela. - Não, Charlie. Entre, vamos logo!

– Mas mãe, eu...

– Charlie, vá agora! É perigoso demais. Tranque as portas.

Saí pisando forte antes de entrar em casa. Eu não podia ajudar com nada que envolvesse matar zumbis, o que não havia me incomodado antes, pois afinal eles um dia haviam sido gente. Mas eu queria ajudar naquele momento. O que estava em risco eram vidas, e vidas que importavam para mim. Aqueles que eram ameaças estavam mortos. Não era problema atirar neles, então.

Procurei Germano, mas então percebi que ele estava lá fora e parei bruscamente. Ele estava desarmado.

Não hesitei em correr até o quarto e pegar a pistola que estava dentro da gaveta; corri novamente para fora. Todos estavam ocupados demais em me perceber. Olhei em volta e não vi meu primo, então corri até o lago.

Ele estava ali, rodeado. Fiquei estática e contei mentalmente: eram cinco deles. Germano jogou-se como um animal em cima de um, tentando detê-lo, mas foi uma tentativa inútil. Estava lento e molhado, cansado de nadar.

Mirei a arma em um deles, lembrando das dicas de Katarina, e atirei. Bateu no braço e a arma ricocheteou em meu queixo. Senti que um corte grande se abria, mas ignorei a dor e tentei novamente. Abati o bicho, mas estava ocupada demais para comemorar.

Não consegui matar mais um antes que meu pai chegasse e acabasse com todos, me olhando atônito após o ocorrido. O encarei com gratidão, mas corri até Germano e me joguei em seus braços, que não reagiram na hora, mas me rodearam logo depois.

– Você está me devendo uma - Sorri para ele, aliviada. - Macaco albino.

Não deu tempo de sentir mais alívio depois que meu pai me puxou para o lado após de verificar como estava meu primo.

– Ai! - Exclamei, me largando depois que paramos. Ele nem estava apertando forte, mas quis exclamar para que me largasse. - O que houve?

Papai passou as mão pelos cabelos assim como eu sempre fazia quando estava preocupada. Então me encarou, dando um sorriso sem felicidade alguma, e pôs uma mecha dos meus cabelos atrás de minha orelha com sua mão grande.

– Você cresceu tanto. - Ele sorriu. - Se soubesse o quanto estou arrependido por ter te deixado...

Fiquei calada. Não sabia o que dizer. Ele pareceu perceber e continuou.

– O fato é: hoje eu não poderia ter chegado pra salvar seu amigo. Ou até mesmo você. Eu poderia estar combatendo qualquer outro zumbi, e nem quero pensar nas consequências disso. Por esse motivo, acho que está na hora de aprender como lidar e como atirar em situações de emergência como essa que você viveu. - Desandou à falar, me livrando de ter que dizer algo sobre a sua fala anterior. - Porém, sua mãe não permite. Por isso preciso que seja segredo.

– Conte comigo para isso. Não falarei nada. - Assenti, solene. Eu achava aquilo uma ideia perfeita. Era bom saber que pelo menos alguém - mesmo que esse alguém fosse meu pai - achava que eu podia lutar como qualquer outra pessoa. - Mas quando seria?

– Me encontre atrás da casa hoje à noite. - E sorriu. - Vamos entrar antes que sua mãe te veja, sapinho.

Fiquei estática. Ele devia me chamar assim antes, pois com a menção desse apelido senti uma nostalgia incomparável. Entretanto, o segui até a casa determinada.

As coisas estavam fáceis demais para nós, e algo me dizia que logo nossa pequena bolha de paz iria estourar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então? Não sejam fantasmas.
Ansiosos pro jogo? Eu sim *-* beijoos



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Holocausto canibal" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.