Tandem Felix escrita por Paula Freitas


Capítulo 7
Diffidentiae


Notas iniciais do capítulo

Confiar ou desconfiar... Eis a questão!



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– Aberta? Quem abriu? – Perguntou Niko ainda dentro do carro olhando para o restaurante, quando Félix deu um soco de leve contra o volante.

– Droga! Niko! Só pode ter sido aquela assistente que você inventou de deixar as chaves ontem! Só pode! Mas, eu te avisei, aliás, eu te aviso sempre pra não confiar tão fácil em qualquer um! Mas, você me ouve? Não!

– Ai Félix... Quer parar de me assustar!

– Que assustar o quê, carneirinho?! Eu devo ter roubado as trinta moedas de Judas pra você ser tão inocente assim! Tá na cara que essa mulher é falsa, que não merece confiança e você vai e entrega a chave pra ela no primeiro dia de trabalho! Sabe o que deve estar acontecendo agora? Ela deve estar lá dentro roubando até os hashis!

– Que exagero, Félix! Por que pensar que ela pode ser uma ladra?! Caramba...

– Não, pode ser pior, ela pode ser uma sequestradora, uma assassina...

– Ai Félix, por favor, para com essa paranoia! Eu já disse que pra mim a Jéssica é alguém em que se pode confiar... Bom, ela pareceu meio misteriosa às vezes, mas, parece uma boa pessoa...

– Parece uma boa pessoa... Você que é bonzinho demais Niko, e acha que todo mundo é também!

– Não é assim, Félix, também não sou tão ingênuo a ponto de não perceber a maldade que existe nesse mundo, mas, se quer saber, a pior maldade está na cabeça de cada um!

– Ah... Isso é uma indireta? Agora minha cabeça é que é cheia de maldades, é isso?!

– Eu nunca falei isso, Félix! Você sabe muito bem que pra mim você sempre foi a melhor pessoa do mundo!

Félix baixou o olhar envergonhado. – Sei... Eu sei que você sempre me viu com bons olhos, mas... Você sabe muito bem tudo que eu já fiz carneirinho, e sabe que eu farejo a falsidade nas pessoas como um cão farejador!

– Eu sei, amor, eu lembro inclusive que você estava certo o tempo todo naquela época da louca da Amarylis aprontando comigo... Mas, olha, só tem um jeito de nós sabermos por que o restaurante está aberto... Ir lá e ver o que está acontecendo!

– Ah! Ótima ideia! – Falou em tom sarcástico. – Mas, vai um só, porque o outro tem que ficar aqui pra chamar a polícia caso o outro leve um tiro...

– Félix! Por favor, não fala isso nem brincando! Vem, desce do carro! – Niko quase ordenou e Félix desceu do carro com ele.

– Tá bom... Mas, não vai logo entrando assim... Vamos averiguar...

– Vai dar uma de Sherlock Holmes, querido?! – Perguntou Niko brincando.

– Ah ah, não, nem de James Bond... Isso não é hora de ser engraçadinho né, carneirinho?! Vem...

Félix pegou em sua mão e foi na frente. Niko percebeu que, apesar do exagero, Félix o estava protegendo. A expressão desconfiada de Félix a sua frente não combinava nada com seu sorriso apaixonado por ver seu homem tão protetor.

Ao entrarem, uma surpresa: já havia alguns clientes, o restaurante estava funcionando normalmente.

– Mas... O que está havendo aqui?! – Se perguntou Félix.

O garçom servia uma mesa enquanto Jéssica servia outra e, quando viu os patrões foi até eles.

– Olá, bom dia, seu Niko! Bom dia, seu Félix!

Félix nada respondeu, ainda estava surpreso, mas Niko logo a cumprimentou.

– Bom dia, Jéssica! Foi você quem abriu o restaurante?

– Sim, seu Niko, como eu e o Carlos já havíamos chegado e o senhor estava demorando, e eu estava com a chave, bom, eu pensei, vamos abrir na hora certa e quando o patrão chegar...

– Nossa! Fez muito bem, Jéssica! Parabéns! Muito obrigado, viu! – Vendo que Félix ainda estava um tanto surpreso, tocou em seu braço e comentou: - Você viu Félix?! Não acha que ela fez muito bem em tomar essa atitude de abrir o restaurante?!

– Fez... – Respondeu ainda desconfiado. – Fez muito bem! Bem até demais!

– Ai Félix... – Tocou de novo em seu braço. – Enfim, você está provando ser uma ótima profissional, Jéssica! Olha, não pense que eu me atraso sempre assim não, tá! É que... Hoje foi uma exceção, mas sempre quando eu preciso me atrasar ou me ausentar eu aviso aos meus funcionários...

– Tudo bem, seu Niko! Não precisa explicar não...

– Bom, mais uma vez obrigado! Vai continuar seu trabalho, que eu vou me aprontar pra começar o dia também... – Ela voltou ao balcão enquanto eles se despediam. – Bem, meu amor, já que está tudo bem, eu vou trabalhar, tchau! Até mais tarde!

– Tchau, carneirinho! À noite eu venho com os meninos! E... Vem cá... – Falou baixinho. – Lembre-se de pedir a chave a ela de volta!

– Mas, Félix, você ainda está desconfiado dela? Se não fosse ela ter aberto o restaurante na hora certa, estes clientes não estariam aqui...

– Não me importa! Eu prefiro perder todos os clientes e todo o dinheiro que perder você!

– Nossa, Félix, porque está dizendo isso? Tá me deixando nervoso!

Enquanto conversavam, Jéssica recebeu uma ligação e saiu para falar no celular do lado de fora.

– Não, não é pra ficar... Mas, é que... – Félix a olhou ligeiro quando saía. – Carneirinho, eu não sei, mas, se cuida tá! Por favor!

– Amor, não fica cheio de minhocas nessa cabecinha...

– Niko, não é minha cabeça, é meu coração que tá dizendo... Cuidado! Eu ainda acho que tem alguma coisa estranha com essa mulher!

– Tá bom, Félix! Eu fico atento! Não se preocupa tanto, meu amor!

– Tá... Tchau! – Deu-lhe um selinho. – Te amo!

Niko adorava essas demonstrações de amor repentinas. – Também te amo!

Félix lhe deu um beijo na testa e foi indo em direção à porta.

Ao atravessar o balcão o loiro notou que o marido ainda o olhava e mandou um beijo, sorrindo. Félix também lhe mandou um beijo e finalmente saiu. Ao sair, ouviu a voz de Jéssica que falava no celular na esquina do restaurante. Ela estava de costas e parecia discutir com alguém do outro lado da linha, mas da porta não dava para ouvir bem o que ela falava. Félix ficou curioso e teve uma ideia: deu a volta no restaurante depressa e se escondeu no outro lado de onde poderia ouvir sua conversa.

–... Mas, eu já disse que vou te pagar... – Falava Jéssica nervosa ao telefone. – Para de me pressionar... ... Eu sei, eu sei que já faz tempo, mas, por isso mesmo, porque você não me deixa trabalhar em paz e quando eu receber o salário eu te dou... ... O quê?!... Nem pense nisso... – Félix olhou rapidamente e viu que ela estava com os olhos vermelhos e quase chorando. – Espera até o final do mês... Mas... Por que não?!... ... Você sabe muito bem que eu não quero mais... ... Ah! Tá, tá, eu vou ver, mas não me liga mais, pode ser?!... Desculpa, mas, é pedir demais que você me deixe quieta?!... – Ela suspirou profundamente. – Ok! Me deixa pensar no que vou fazer, mas... Já disse pra não me pressionar!... O quê?! Eu já disse que não quero mais essa porcaria!... – Ela parou e Félix olhou de novo, vendo-a com uma expressão assustada. – Não fala assim... Por favor, não fala sobre ele... Eu levo, eu levo tá! Agora me deixa trabalhar!... É depois das dez... Tchau! – Desligou.

Rapidamente, Félix se retirou dali. Deu a volta pelo mesmo lado que antes e voltou à frente do restaurante onde estava o carro. Antes que entrasse no carro a viu voltando e ela, quando ia entrar de novo no restaurante, olhou para trás e o viu. Ele não disfarçou, pelo contrário, a encarou sério. Ela, então, desviou o olhar ainda parecendo nervosa e entrou no restaurante.

Quando ia sair no carro, Félix olhou lá para dentro e pediu consigo mesmo:

– Se cuida, meu carneirinho! Fica atento, por favor! Fica bem!

.

.

À noite, no restaurante, Niko conferia o caixa logo após ter passado o horário de maior movimento. Como todos os dias naquele horário, perto do fim do expediente, ele pegou o dinheiro e levou para o pequeno escritório ao lado da despensa, que por sua vez ficava dentro da cozinha. No escritório, apenas uma mesa onde guardava documentos referentes ao restaurante e um cofre embutido na parede. Neste, Niko guardava a maior parte do dinheiro que entrava durante a semana até o dia de Félix contabilizar tudo e depositar no banco. Félix só fazia isso uma vez por semana, nas quartas-feiras. Como era sábado, já havia um bom dinheiro no cofre. Nisso Niko era prudente. Quando ia ao escritório guardar tudo, ia sozinho, e os funcionários não tinham acesso àquele lugar a não ser que fosse numa emergência.

Niko terminava de fechar o cofre quando bateram na porta.

– Seu Niko! Tem um rapaz aqui procurando pelo senhor!

– Ah, sim Jéssica, já vou! – Ele fechou o cofre e abriu a porta para sair. – Quem é que tá me chamando?

– É um rapaz que acabou de chegar, perguntou pelo senhor e está sentado lá no balcão...

– Deixa eu ver... – Quando foi sair abriu a porta o suficiente para ela ver de relance que havia um cofre ali. Fechou em seguida e se dirigiu à porta da cozinha para ver quem o chamava no balcão.

– Ah! Jonathan! – Foi até ele, dar-lhe um abraço. – E seu pai? Pensei que viessem juntos!

– Não, Niko, eu preferi vir direto pra cá porque estou morrendo de fome! Mas, já liguei pra o meu pai no caminho, ele disse que estão acabando de se arrumar pra vir!

– Ah tá! Quer que eu te prepare alguma coisa enquanto eles não chegam?

– Ah... Acho que sim, Niko! Eu quero! Sei que meu pai vai reclamar de eu não ter esperado eles pra começar, mas a viagem foi longa e eu preciso comer urgentemente!

Ambos riram. – Ai Jonathan... Tá bom, eu vou preparar aquelas ovas de salmão que você e o Félix gostam... Espera só um minutinho! – Chamou. – Jéssica!

– Sim, seu Niko!

– Olha... – Pegou um molho de chaves do bolso e mostrou uma delas, dizendo: - Com essa chave aqui, tranca aquela porta do escritório, a que eu estava agora, que eu vou preparar um prato agora!

– Tá bem, seu Niko!

Ela voltou à cozinha levando as chaves.

– Não sabia que vocês tinham contratado uma assistente, Niko!

– É, a Jéssica é nova! Hoje é o segundo dia dela aqui!

– Mas, você já confia assim pra entregar as chaves? É que vocês guardam todo o dinheiro do restaurante no escritório lá atrás, né?!

– Pois é, Jonathan... Nem me fale dessas chaves, que seu pai também... Bom, sabe como ele é desconfiado né?! Enfim, eu estou com trabalho demais desde que inauguramos esse restaurante e ontem, já que tínhamos acabado de contratar uma nova e boa assistente eu achei que seria uma boa ideia já dar mais responsabilidades a ela... Deixei a chave do restaurante com a Jéssica pra ela fechar pra eu poder ir pra casa mais cedo, mas você deve imaginar que o Félix não gostou nada disso! Ele está com o pé atrás com ela, diz que tem uma má impressão, um mau pressentimento e, olha, eu fico até com medo às vezes, porque seu pai tem uma intuição incrível! Mas, por outro lado, eu a achei uma pessoa tão fácil de confiar...

– É, Niko, se meu pai diz que sentiu um mau pressentimento é bom não confiar tanto assim nela, pelo menos, não tão rápido né?! Tá bom que o senhor Khoury é um tantinho exagerado, mas...

– Quem que é um tantinho exagerado?! – Perguntou Félix que chegara sem que eles percebessem.

– Pai! – Jonathan virou para abraçá-lo.

– Oi, filho! Mas, será que eu dancei pole-dance nas bodas de Canaã pra chegar e te ouvir dizendo que sou um exagerado?!

– Ah pai... – Jonathan riu. – Mas, você é!

– Será possível?! Criatura... Eu não vou discutir porque estou de muito bom humor hoje! – Félix realmente parecia feliz. Niko também.

– Amor, e os meninos? – Perguntou Niko.

– Estão no carro, carneirinho! O Jayme está com a cara enfiada naquele Playstation portátil e claro, o Fabrício fica só assistindo! Eles vêm quando ele acabar! Mas, eu disse que se não entrarem em cinco minutos é game-over!

Jonathan riu. – Quem diria senhor Félix está aprendendo as gírias dos gamers!

– Jonathan, game-over já existe há décadas, tá! E não sou tão velho assim... E pra seu governo eu já joguei muito com o Jayme e o Fabrício...

– É... – Jonathan baixou o olhar. – Você só nunca jogou comigo...

No mesmo instante Félix ficou com um semblante triste, mas não soube o que dizer.

– É... J-Jonathan... E-eu...

Jonathan começou a rir. – Não fica grilado, pai! Tô brincando!

– Ah... Ah ah... Gracinha! Não faz mais isso, Jonathan, nossa... Até desanimei...

– Ah pai! – Jonathan o abraçou de novo rindo. – Você está ficando muito sensível! Não está, Niko?

– Oh, e como, Jonathan! Eu que sei... – Ambos se olharam sorrindo.

– Olha aqui, não sou sensível coisa nenhuma! E você Jonathan, prepare-se para uma partida de vídeo game ainda hoje!

– Não! Você vai jogar comigo?! Não acredito!

– Vou sim, e vou ganhar! – Ajeitou a sobrancelha. – Você vai ver tudo que eu aprendi, filho! Ah, claro, depois de você conversar com o Jayme!

– Ah é... Ele queria me perguntar alguma coisa, mas não disse o que era...

– Ah Jonathan... – Respondeu Niko. – O Jayme está passando por uma fase meio difícil, sabe... Acho que ele está vivendo coisas que ele não entende muito bem e tem vergonha de perguntar pra gente e aí encontrou você como referência...

– Referência?

– É! Sabe... – Os três se aproximaram mais e Niko comentou em voz baixa: - Eu acho que o Jayme está gostando de uma menina, uma colega dele, mas ele não sabe como falar sobre isso com a gente... Talvez, ache que a gente não vá entender, e você entende por que né?!

Jonathan que sempre fora maduro e compreensivo, logo entendeu. – Ah sim... Claro... E o Jayme deve querer falar disso comigo... Tudo bem, então, eu pergunto pra ele o que tá acontecendo e se precisar a gente tem uma conversinha...

– Obrigado Jonathan, você é ótimo! Eu só espero que o Jayme fale depois com a gente também, porque precisamos! Não é, Félix?!

– Ah, é... É, carneirinho... Embora eu ainda esteja inseguro quanto a isso de conversinha com adolescente... Só de pensar... Ai, socorro...

Nesse momento, Jéssica se aproximou e deixou o molho de chaves que Niko usava no balcão perto dele. – Aqui, seu Niko! – Disse antes de sair. Niko viu e pegou guardando de volta no bolso.

– Ei, ei, carneirinho! O que ela estava fazendo com essas chaves?

– Ah eu... – Niko sabia que Félix podia começar uma discussão ali mesmo caso dissesse que ele a havia mandado trancar justo o escritório. – Eu estava na despensa quando o Jonathan chegou e eu vim pra cá e deixei a porta aberta, aí pedi pra ela fechar!

Jonathan olhou pra Niko estranhando, pois lembrava muito bem que ele havia dito para ela fechar a porta do escritório, não da despensa. Niko viu seu olhar e fez um gesto pedindo para ele não dizer nada. Jonathan consentiu e manteve silêncio.

– Bom... Eu vou preparar o salmão... Vão para a mesa reservada, não há ninguém e esta hora acredito que não venha mais nenhum cliente pra lá!

Eles foram e Niko voltou para a cozinha. Pôs a mão no bolso sem nenhum motivo, mas tocou no molho de chaves e a mentira que havia contado para Félix lhe veio à cabeça na forma de preocupação. Teria seu marido razão para estar tão inquieto?! Foi o que pensou e se dirigiu à porta do escritório. Pegou as chaves, contou, sentiu um alívio por estarem todas lá, abriu a porta e observou. Não havia nada fora do lugar, estava tudo como ele deixou. Sentiu-se aliviado e ao mesmo tempo com vontade de se desculpar com Jéssica por ter duvidado dela por um instante, mas era melhor deixar assim ou poderia magoá-la. Foi, então, preparar de uma vez o jantar da sua família.

Enquanto isso, Jayme e Fabrício entravam no restaurante. Correram ao ver o irmão.

– Jonathan! Oi! – Jayme foi primeiro abraçá-lo.

– Oi, maninho! Tudo beleza?

– Tudo! – Se cumprimentaram. Em seguida, Fabrício pulou em seu colo.

– Jonathan!

– Oi, irmãozinho fofucho! Vem cá, deixa eu ver se você ainda tem cócegas...

– Não! Não tenho... – Mas, se esquivava das mãos do irmão.

– Eu acho que tem... Me ajuda a descobrir se ele tem cócegas, Jayme!

Fabrício dava gargalhadas com os irmãos brincando com ele. Félix olhava para os três filhos com a felicidade estampada em seus olhos e em seu rosto com um sorriso que teimava em aparecer sem que ele fizesse esforço algum. Ele sabia que fazia a maior cara de bobo olhando para os filhos, mas ao longo dos anos ao lado de seu carneirinho havia aprendido que aquela cara de bobo era a cara de um homem feliz. Homem que se sentia completo e realizado com aquela família linda, com os quatro homens da sua vida, seus três filhos ali, e seu companheiro, amante, amigo e anjo da guarda, que já chegava com o jantar.

Antes de sentar-se com eles, Niko pediu a assistente:

– Jéssica, fica mais um pouco pra atender os clientes que ainda estão aqui, quando estes saírem você pode ir, que eu vou fechar o restaurante pra ficar com minha família!

– Sim, seu Niko, mas todos já foram atendidos, só resta pedirem as contas agora...

– Ótimo, melhor ainda, assim acaba mais rápido! Quando pagarem, põe no caixa...

– Mas... O senhor já tirou o dinheiro do caixa hoje não foi?!

– Foi, mas não tem problema! Esse que entrar agora já fica pra juntar com o de amanhã...

– Ah... Sim!

– Pronto, vai lá, continua seu trabalho! Os daquela mesa já querem pedir a conta... – Ele apontou e ela foi.

Assim seguiu a noite e logo o resto dos clientes já haviam ido embora. Niko, Félix e os filhos permaneciam jantando e conversando na mesa reservada. Jéssica havia acabado de receber a conta do último cliente que acabara de sair e se aproximou da mesa deles.

– Seu Niko... Bom, eu já acabei tudo por aqui, já vou!

– Tá bem, Jéssica, pode ir! Obrigado!

Félix viu que ela ainda estava com o último pagamento nas mãos e ficou observando seus passos. Ela foi até o caixa, guardou o dinheiro, porém demorou um pouco além do necessário. Da mesa mesmo, Félix interrogou:

– Algum problema aí, Jéssica?

Isso chamou a atenção de Niko e dos meninos e todos viraram para ela. Ela os olhou, respirou, e respondeu: - Não, não seu Félix! Problema nenhum! – Nessa hora, Félix notou que ela fechou o caixa. Depois pegou sua bolsa e saiu de detrás do balcão, se aproximando outra vez deles.

– É... Boa noite!

Niko simpático falou. – Ah, Jéssica, deixa eu te apresentar nossos filhos! Olha... – Pôs a mão no ombro de Jonathan. - Esse rapaz aqui que estava me chamando naquela hora é o Jonathan, filho do Félix, meu enteado! Esse bagunceiro aqui... – Que já estava em seu colo. – É o Fabrício, meu bebê, e esse lindão... – Pôs a mão na cabeça de Jayme. – É o Jayme!

Ela olhou cada um e especialmente quando Niko apresentava os dois últimos, pareceu estranhamente emocionada.

– Que família linda, seu Niko! Seus filhos são muito lindos de verdade!

– Ah, obrigado! – Como pai coruja, Niko ficou todo orgulhoso. – Agradeçam a ela, meninos!

Fabrício ficou envergonhado, mas Jayme agradeceu e sorriu. – Obrigado!

Ela também sorriu. – De nada! Mas, são lindos mesmo... Como você é simpático! E esse pequenininho... – Voltou-se para Fabrício. – Como é fofo! Bom, boa noite a todos!

– Boa noite! – Responderam Niko e Jonathan com toda simpatia. Félix, porém, respondeu seco e a acompanhou com o olhar.

Assim que ela saiu, só ficaram eles no restaurante. Niko ia levantar para fechar a porta, mas Félix foi primeiro.

– Deixa que eu fecho, carneirinho! Aproveito pra fazer outra coisa!

– Tá...

– Que é, pai? Quer ir ao banheiro? – Perguntou Jonathan brincando. Os outros riram.

– Não, não quero tá, criatura! É outra necessidade...

Félix fechou as portas do restaurante e se dirigiu ao caixa. Abriu e observou. Logo chamou:

– Niko... Vem aqui!

– Por que, Félix?

– Vem!

...

.

.

...


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Notas finais do capítulo

Continua...