Tandem Felix escrita por Paula Freitas


Capítulo 15
Quod amor familias


Notas iniciais do capítulo

O amor entre a família Corona-Khoury é lindo de se ver...
...Mas, nem todas as famílias estão tão unidas...



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– Vamos Félix, vamos jantar que nossos filhos já devem estar nos esperando... – Falou Niko quando acabavam de se arrumar depois do banho de banheira.

Félix ia logo atrás dele e assim que Niko começou a abrir a porta ele segurou em sua mão, fechando de novo a porta a sua frente e encostando seu carneirinho contra ela.

– Félix... Precisamos ir...

– Eu sei... – Ficaram de frente um para o outro. – Só queria te dar mais um beijo antes de descermos!

Niko sorriu apaixonadamente e se beijaram.

– Amor, você está tão romântico esses dias que eu até estranho...

– Qual o problema de eu ser romântico?! Se quiser eu paro, pronto, parei...

– Não, não, não Félix... Eu gosto de você assim, gosto muito... – Beijou-o de novo.

Félix sorriu. – Eu sei que você gosta, por isso que eu faço essas coisas... Eu adoro te agradar, carneirinho!

Niko o encarava e após um suspiro, exclamou: - Ai Félix... Não tem como você não me agradar! Eu te amo demais e ter certeza do seu amor é o que me move, me guia, me mantém vivo...

Félix sorriu e com seu cinismo habitual comentou: - Já você é um romântico irremediável né, carneirinho?! Chega de tanta doçura, vou ficar diabético!

– Ai amor... Eu sou romântico mesmo, e daí?! Se quiser eu paro, pronto, parei...

– Não, não, não, meu carneirinho, eu gosto de você assim... – Ambos riram. – Quer saber... – Suspirou. – Eu gosto demais... Gosto de tudo que você é... De tudo que você faz... Desse seu jeitinho de ser... Até das suas burradas eu gosto... – Ambos sorriram quando Niko lhe deu um tapinha no braço. – Gosto de você inteiro... Sabia que você é muito lindo?!

Niko deu um sorriso tímido e respondeu: - São seus olhos...

Imediatamente Félix replicou. - Não! São os seus... – Os olhos de Niko brilharam e eles outra vez se beijaram. Os beijos dessa vez só não foram mais além porque os dois ouviram o filho mais novo chamar.

– Papi, papai, vem comer! Eu tô com fome!

– Já vai, filho! – Gritou Niko.

– Tá vendo como o Fabrício é... Escandaloso como você!

– Ah! Escandaloso eu? Olha quem fala... Félix, você é tão... Tão...

– Tão o quê, carneirinho?! – Perguntou sorrindo.

– Você é tão maravilhoso, Félix! – Sussurrou sorrindo.

– Eu sei! – Sussurrou de volta tocando em seu rosto. – Tenho que ser maravilhoso para estar à sua altura!

Niko deu um longo suspiro completamente apaixonado pelas coisas que Félix dizia. Não conseguiu falar mais nada, apenas o beijou e se deixou beijar. Deram um beijo demorado e profundo antes de finalmente abrirem a porta e descerem para jantar com a família.

Enquanto desciam, de mãos dadas, Niko só pensava no que faria para recompensar seu amado por toda essa surpreendente compreensão, dedicação, preocupação, paciência e romantismo.

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Durante o jantar, Jayme estava aéreo e Niko também. Os dois estavam sentados de um lado enquanto Félix e Jonathan do outro e Fabrício no meio. Ambos tinham um sorrisinho bobo que não conseguiam tirar do rosto. Niko estava assim pelos momentos preciosos que havia acabado de passar com o amor da sua vida, já Jayme, apenas o irmão mais velho sabia o motivo.

Félix, observando tudo, chamou a atenção de Jonathan, falando baixinho. – Psiu! Jonathan... O que será que deu neles, hein?! Olha a carinha de felicidade dos dois!

Jonathan riu e respondeu baixinho também. – Pai, com o Jayme eu sei o que foi... Agora com o Niko é você que tem que saber!

– Olha, criatura, eu devo ter servido bolinhos nas tábuas sagradas pra o senhor estar ficando tão engraçadinho quanto...

– Quanto você?

– Só pode...

Niko interrompeu: - Ai Félix, você falou bolinhos?

– Falei...

– Eu tinha esquecido! Esperem aí... Adriana, meu doce, me ajuda aqui... – Eles foram até a cozinha, pouco depois voltaram servindo bolinhos de arroz que Niko havia preparado à tarde.

– Olhem o que a gente fez!

– Hum... Que delícia, carneirinho!

– Papi, eu ajudei o papai a fazer!

– Foi, Félix! Ele foi meu assistente hoje antes de a gente ir brincar!

– Olha, bolinhos dos dois carneirinhos! Desse jeito vou engordar, gente!

– Ai pai... – Falou Jonathan. – Você se gaba de vestir o mesmo tamanho de roupa há vinte anos!

– E visto mesmo, tá! Mas, não pense que é fácil manter esse corpo lindo sendo casado com um chef tão talentoso! – Piscou pra Niko que lhe retribuiu com um sorriso.

Niko puxou a cadeira de Fabrício para mais perto dele. – Vem cá... Papai vai te ensinar a usar os hashis, vem! Com cuidado! – Começou a dar a comida para seu filho mais novo, o ensinando como pegar.

Félix se voltou de novo para Jonathan falando baixinho. – Olha Jonathan... – Mostrou como Niko e Jayme continuavam com a expressão de felicidade. – O carneirinho só falou por que se lembrou da comida, mas o Jayme parece que nem está na mesa!

Jonathan deu com os ombros. – Pai, eu já disse, a cara de felicidade do Niko é por sua conta...

– Criatura, com o Niko eu sei o que houve, sei muito bem... – Ajeitou a sobrancelha. – Mas, e o Jayme, porque está assim nas nuvens?

– Depois ele vai contar pra vocês! Por enquanto, é segredo de irmãos!

– Ah! Era só o que me faltava... Segredo de irmãos! Mas, é o apocalipse!

Niko ouviu e interrompeu outra vez. – Félix o que você tá reclamando aí?

– Eu? Eu nada, carneirinho! Imagina!

– Sei... Olha eu estava ouvindo, apesar de você achar que não!

– Estava?

Jonathan riu. – Pai, essa mesa não é igual aquela lá da casa da vó Pilar!

– É, tem razão... É muito menor...

– Pois é, Félix, eu ouvi, e nosso filho também, apesar de ele estar distraído, não é Jayme?!

– Hein?! Ah... É, é sim... – Respondeu Jayme.

– Tem certeza que ouviu tudo que a gente conversava Jayme? Você está comendo olhando pra um ponto no horizonte... Parece que viu passarinho verde, criatura!

Ele sorriu. – Ah pai... Não... Eu ouvi, ouvi sim!

– Então... Você e Jonathan estão de segredinhos agora?! Poderemos saber de alguma coisa ou não?

– É... Depois eu conto!

– Ok... Onde já se viu, me deixar curioso...

– Félix... – Niko interviu. – Deixa o Jayme! Quando ele quiser ele conversa com a gente! Agora, você, vem mais pra cá, vem...

Félix arrastou sua cadeira pra mais próximo dele e de Fabrício. – Pronto, vim! Pra quê?

– Não é você que tem mais classe aqui?! Então... Vem ensinar o Fabrício a usar os hashis!

– Ah, fala sério que é pra isso, carneirinho!

– É sério! – Pegou um pouco da comida e levou a boca de Félix. – Será possível que eu vou ter que dar o jantar na boca dos dois?!

– Não, não é preciso! – Sorriu. – Eu ensino ao Fabrício, e você dá pra mim, já que eu não posso comer se estiver ensinando a ele, né?! Você não quer que eu morra de fome!

Niko cruzou os braços, sorrindo. - Ai, como é exagerado! Mas, tudo bem, eu não faço objeção!

Eles começaram. Félix mostrava a Fabrício como pegar a comida, mas ele mesmo dava para ele. Niko comia ao mesmo tempo e enquanto o filho mastigava, dava a do marido na boca. Era o retrato de uma família linda e feliz: o filhinho no meio, os outros dois de cada lado, e os dois pais compartilhando um momento divertido durante o jantar.

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Horas depois do jantar, Niko, Félix e Jonathan conversavam na varanda. Jayme assistia a um filme na sala e Fabrício já tinha ido dormir. Porém, o pequeno acordou e desceu, indo para onde os pais e o irmão mais velho estavam.

– Meu filho, o que foi? Acordou por quê? – Perguntou Niko assim que o viu.

Fabrício esfregava os olhinhos como que com sono, mas estava com a expressão como quando desistiu de jogar bola com o pai no jardim mais cedo.

– Papai, não consigo dormir!

– Oh... – Logo levantou e o pegou, levando-o para sentar em seu colo. – Por que meu bebê? Que foi, hein? Teve um pesadelo?

– Não...

Félix estava ao lado deles. – E o que foi, Fabrício? Você tem sono pesado! Por que se acordou?

O pequeno olhava para os pais como se fosse começar a chorar a qualquer momento. Já estavam preocupados.

– Talvez ele queira que vocês vão contar uma história pra ele! – Comentou Jonathan.

– Você quer que a gente vá te contar uma historinha, Fabrício? – Perguntou Niko.

– Os dois? – Perguntou surpreso o pequeno que raramente tinha a presença dos dois pais lhe contando uma história ao mesmo tempo.

– É, filho, nós dois! Se você quiser que a gente vá, a gente vai! – Respondeu Félix.

Logo Fabrício deu um sorriso pulando para o colo de Félix. – Eu quero, papi!

– Ih... Agora não tem mais jeito, carneirinho! Vamos?

– Claro, vamos! – Levantaram carregando Fabrício.

Deram boa noite a Jonathan e antes de subirem, Niko viu Jayme no sofá e pediu: - Félix, sobe com o Fabrício que eu já vou já!

Os dois foram e Niko se aproximou de Jayme.

– Ei, filho... O filme já tá perto de acabar?

– Já, pai!

Niko viu o filme e estranhou. Perguntou: - Filho, você está vendo uma comédia romântica?!

– É... É que é um dos filmes preferidos da Angélica e... Ah, ela já disse tanto que era bom que eu quis conferir...

– Tá... – Mesmo assim continuou estranhando. – Bom, eu vou subir pra ler uma história pra o seu irmãozinho, mas seu pai e eu não vamos dormir agora, então, se você ainda quiser, sei lá, conversar depois que o filme acabar... Vai lá, tá bom?!

Jayme demorou um pouco para responder, pensou e acabou falando convicto: - Depois eu vou, pai!

– Ok! Vamos te esperar, viu?! – Sorriu. – Você tem algo pra perguntar ou pra falar pra gente?

Ele titubeou e desviou o olhar e escondeu um sorriso que apareceu por um instante em seu rosto.

– É... Tenho... Talvez...

– Vai quando quiser, tá?!

Ele confirmou com a cabeça e Niko, então, subiu.

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Algum tempo depois, Niko e Félix acabavam de contar a Fabrício uma historinha sobre dois príncipes que se apaixonavam um pelo outro. Um incomum e belo conto de fadas. Niko fazia a voz de um príncipe enquanto Félix fazia do outro. Os dois estavam na caminha de Fabrício, cada um de um lado e o pequeno entre eles. Ele se divertia, mas algo ainda o parecia incomodar para dormir.

– Já acabou a história, meu filho, o que mais você quer?

– Nada, papi!

– Fabrício, meu bebê, já tá tarde... Você não tá com sono?

– Tô, papai...

– Ah, pelas contas do rosário, só falta agora esse menino dessa idade estar com insônia, carneirinho!

– Não Félix, não deve ser isso... Será que ele tá com febre? – Pegou na testa, no pescoço. – Não, ele não tá quentinho! Mas, nunca se sabe, a Paloma me disse uma vez que as crianças às vezes ficam com febre mesmo sem que a gente sinta que a temperatura do corpo aumentou! Pega o termômetro, Félix!

– Você e os conselhos da minha irmãzinha! Tenho certeza que não é isso, carneirinho! Ele pode estar com uma dorzinha de barriga, só isso!

– Ah não... Será que foram os bolinhos que a gente fez?

– Imagina se sua comida ia dar dor de barriga no nosso mini-carneirinho, Niko, por favor... Criança tem dessas coisas... Olha, eu vou pegar o termômetro e você vai ver que ele não tem nada!

– Tá bom, vai... – Félix saiu do quarto e Niko pegou Fabrício no colo. – Vem, meu bebê... O que você tem, hein?!

O pequeno olhou pra ele e olhou para a porta pra ver se Félix vinha.

– Papai... – Fez como se fosse contar um segredo. – Eu não queria falar pra o papi...

– Falar o que, meu filho?

O pequeno contou algo baixinho ao pai.

Félix, no corredor, voltando para lá, jurou ter ouvido risadas do quarto de Fabrício, e pensou: - Eu disse que não era nada! Aposto que o mini-carneirinho só estava fazendo manha! – Porém, Niko lhe chamou:

– Félix! Corre aqui, rápido!

Ele foi para lá, entrou correndo, assustado, com o termômetro na mão. – O que foi? O Fabrício se sentiu mal?

Os dois, porém, estavam sorridentes. Niko sorriu ainda mais quando viu a preocupação com que Félix chegou.

– Calma, amor, não é nada! É que nosso filhote aqui estava preocupado à toa, tadinho! Ele tem uma coisa pra te mostrar!

Fabrício ficou de frente para o pai e abriu a boquinha, dizendo: - Olha, papi!

Félix fez sinal perguntando a Niko o que era e o loiro tocou nos dentes de baixo. Félix então tocou nos de Fabrício e descobriu o que incomodava o filho.

– Ah, Fabrício! Você está com um dentinho mole!

Niko os olhava com um sorriso largo. – Viu só, Félix?! Era só isso...

– Pelas barbas do profeta... Tá vendo, carneirinho?! Eu te disse que não era nada demais! Mas, por que tanto mistério por causa desse dentinho, Fabrício?

O pequeno voltou para o colo de Niko com uma carinha de bagunceiro. Félix levou as mãos à cintura. – O que ele aprontou, carneirinho?!

– Ai Félix... O Fabrício me contou que ontem, assim como em outros dias, ele te viu comendo uma barra de chocolate depois do jantar...

– A-ah... Sim... Bom, mas... Eu tenho uma explicação! Você sabe bem a sensação que o chocolate traz né?! E o que dizem que ele é... E, bem, na sua falta, já que você estava todo dia cansado demais, eu... Eu descontava no chocolate, pronto, falei! Mas, o que isso tem a ver?

– Pois é... Acontece que ontem, depois que ele te viu comendo o chocolate, esse danadinho viu onde que você guardou! Ele, simplesmente, foi à geladeira e pegou um pedaço! – Félix cruzou os braços olhando para Fabrício. – Mas, como o tablete estava duro quando ele mordeu sentiu o dentinho mole, e aí desistiu, mas ficou sem querer te contar! Ele pensou que tinha quebrado o dente com o chocolate, mas eu já expliquei pra ele que não tem nada a ver!

– Então foi isso... Ah eu devo ter posto achocolatado no lugar do vinho das bodas de Canaã pra ouvir uma coisa dessas! – Os três sentaram na cama. – Fabrício, meu filho, você está chegando numa idade que seus dentinhos vão começar a cair, é inevitável!

– E eu vou ficar sem dente?! – Perguntou assustado fazendo os pais darem uma gargalhada.

– Não, meu amor, seus dentinhos de leite vão cair pra nascerem dentes permanentes, como os meus e do seu papi! – Respondeu Niko.

Fabrício olhou bem para os dois sorrindo para ele. Os observou e comentou: - O meu vai ficar igual os do papai!

Niko o abraçou comemorando. – Eh! Isso aí! Viu, Félix, ele quer ficar com os dentes iguais aos meus! Ele acha meu sorriso lindo, tá! – Disse brincando.

Félix riu. – Ah carneirinho... Quem não acha?! – Continuou a brincadeira. – E eu nem ligo, tá?! Também tenho um sorriso maravilhoso!

– Tem sim...

– Além de que a genética não permitiria que ele tivesse um sorriso diferente do seu! E também... Teria sorriso mais lindo para ele puxar?

Niko lhe lançou um olhar apaixonado depois disso e suspirou, sem conseguir parar mais de sorrir. Estava na mais plena felicidade.

.

.

Em outro ponto da cidade, Danilo entrou de repente na casa de Jéssica batendo a porta forte como se estivesse aborrecido.

– Que susto! Como que você entra assim?!

– Ah cala essa boca!

Ela respirou fundo notando o quanto ele estava com raiva.

– Onde você estava? O que você tem?

– Onde eu tava não te interessa e o que tenho não te importa!

– Deixa de ser grosseiro! Só queria saber por que você tá com essa raiva toda, mas já vi que não vai me dizer, só vai ficar aí reclamando, batendo nas coisas como sempre, descontando em mim...

– Cala a boca, infeliz! Não quero ficar ouvindo sua voz, só vim pra descolar um rango, mas se não tiver eu vou embora...

– Tem, tem sim! Eu ia botar minha janta agora, quer que eu bote algo pra você?

– Claro, senão não tinha vindo né?!

Ela foi pôr a comida pra ele, calada. Quando começaram a comer ele já parecia um pouco mais calmo e então ela ousou perguntar:

– Você sumiu desde ontem... Á noite, quando disse que ia... Entrar no restaurante... O que houve?

– Eu fui!

– E...

Ele largou a colher no prato e deu um soco na mesa.

– Aquela droga de restaurante tava com o cofre quase vazio! Eu tenho certeza que foi aquele bosta do dono que quando entrou levou o dinheiro todo...

– Como assim?

– A gente ficou esperando ele sair e aí quando já ia o infeliz voltou e ficou lá dentro um tempo! Saiu logo, mas deve ter tirado a grana de lá antes da gente entrar... Se eu soubesse que eu ia ter o trabalho de ir lá pra fazer papel de besta pegando uma mixaria...

– O quê? Você não teria ido, por acaso?

– Eu teria ido sim! E quer saber? Eu teria entrado lá com ele lá dentro mesmo e se ele me enchesse o saco, olha o que eu tinha pra ele... – Disse mostrando a arma.

– Você é louco! Por que trouxe isso pra cá?!

– É minha, ora!

– Sabe que eu não gosto de armas!

– Medrosa! – Disse com um sorriso cínico, escondendo novamente a arma na cintura.

– Olha aqui, Danilo...

– É cobra, já te falei!

– Aff... Que seja... Olha aqui, cobra, eu não quero mais que você volte lá! Não já tirou o que queria?

– Você acha que a merreca que eu e os mano pegamos foi suficiente?! Aquilo não dá pra nada, minha filha! – Estalou os dedos na cara dela. – A gente precisa de muito mais! Nós vamo voltar!

– Voltar como? Pra quê? Dani... Cobra, você acha que meus patrões são idiotas? Eles devem ter ficado sabendo do assalto logo de manhã e eu nem apareci lá pra trabalhar, nem liguei! Eles devem desconfiar de mim!

– Tu não disse que aquele cozinheiro confiava em você?

– Ele sim, mas o outro não... O companheiro dele não gosta de mim, eu sei... E, além do mais, depois que vocês arrombaram as portas eles já devem ter feito alguma coisa, não acha?!

– O quê?

– Ai, cobra, devem ter chamado a polícia, devem ter tomado medidas de segurança, talvez ponham um alarme agora, sei lá...

– Tem razão... – Ele pensou e disse: - Você vai ficar ligada! Quando você voltar vai ver se eles mudaram alguma coisa... Vê se botaram alarme, câmera, essas coisas! Vê também se não mudaram o lugar onde guardam a grana!

– Você ainda quer que eu volte pra lá?! Depois do que você fez?! Com que cara eu vou olhar pra o seu Niko depois disso?!

Ele segurou em seu rosto com um sorriso cínico. – Com essa mesma carinha linda que você tem! Amanhã você vai pra ver se eles vão abrir, senão procura saber quando vai! – Ela balançou a cabeça e ele a segurou com mais força. – Olha, Jéssica, é bom que você lembre que tem uma dívida muito grande comigo, e não tô falando só do pó que já te vendi, você sabe muito bem o que eu fiz por você...

– Sei... – Seus olhos já lacrimejavam. – Sei também o que você não fez por mim! Você prometeu que ia encontrar meu filho e até hoje nada! – Gritou em sua cara.

Ele soltou seu rosto com força, empurrando-a. – Eu não consegui achar... Não faço ideia de onde se enfiou esse teu moleque! Tu sabe muito bem que eu tava quase encontrando, aí de repente ele sumiu de novo, não sei pra onde levaram... Mas, você sabe que se não obedecer minhas regras, quando eu achar esse fedelho, ele vai comer na minha mão...

Ela levantou jogando o prato em que ele comia para cima dele. – No meu filho você não toca! – Gritou desesperada. – Pode fazer qualquer coisa comigo, mas no meu filho você não põe um dedo... Ou então, eu perco meu medo de armas, e eu mesma te mato!

Ele levantou enfurecido, mas falou sarcástico: - É uma ameaça, Jéssica?!

– É! Eu aguento tudo de você, eu ainda gosto de você, não sei como, mas gosto... Mas, no dia que você achar meu filho, se fizer algum mal a ele, você não vai me reconhecer... Eu viro um bicho! Eu acabo com você! Eu acabo com sua vida!

– Ai... Que medo! – Exclamou com ironia.

– Deveria ter...

– Ah é?! E você que deveria ter vergonha na cara! Fica aí me ameaçando, mas não fui eu que deixei filho meu largado por aí...

– Cala a boca!

Mas, ele continuou: - Eu não tô nem aí pra esse moleque, não é meu mesmo! Mas no dia que tu me ameaçar de novo, eu que acabo com tua raça, tá me ouvindo?! – Foi indo em direção a porta. – Ah, e escreve o que eu tô dizendo... Eu ainda vou achá-lo, e se você não fizer o que eu mando, eu faço os dois viverem juntinhos pra sempre... No inferno!

Saiu, batendo a porta com força. Jéssica, não conseguiu comer mais. Sentou na cadeira de novo chorando descontroladamente, e dessa vez não tinha droga para levá-la a seu estado de paz ilusório e momentâneo.

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Notas finais do capítulo

No próximo: Jayme finalmente conversa com os pais e tira suas dúvidas...
Onde estará o filho de Jéssica?!...E ela conseguirá se livrar dos seus problemas?!...
Niko continuará tendo tempo para bons momentos com a família?!...

Continua...



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