Eu tenho sorte.

Sei que sorte pode parecer algo subjetivo. Talvez o seja. Mas não vejo de que outra forma possa me descrever.

Sabe, eu moro num castelo. Há uma grande muralha que nos protege do que há lá fora, povoados com bárbaros e rebeldes, há um castelo majestoso que sempre pude chamar de lar, há uma família que posso chamar de minha.

Não que ela, de fato, seja minha. É uma história longa e complicada, e apesar disso, é a única que jamais terei. E sim, estou me referindo a tanto à família, quanto à história.

Se tem algo que aprendi com esses dezesseis anos - e não foi muito - é que devemos ser gratos pelo que recebemos.

Eu sou grata. Ao menos eu quero ser. Afinal, o que conta é a intenção, suponho.

Eu sou sortuda.

Eu posso ser.

Eu quero ser.