Lost escrita por Beatriz


Capítulo 6
Surpresa!


Notas iniciais do capítulo

- Bom, esse capítulo vai ser mais, sei lá, ameno. Afinal é... Bom, eu não vou dizer o que é haha. Mas nesse vai ser mais relax, bom, um pouco. Leia com On top of the world (IMAGINE DRAGONS) uhul, e espero que gostem. Comentem! :)



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Na noite passada estávamos eu e Brian tentando engolir uma tentativa fracassada de macarrão com queijo. Ele deixou cozinhar demais e ficou mole, uma verdadeira gororoba, mas à essa altura, era a única alternativa.

Eu sabia que ele tentava fugir do assunto, e eu também. Mas era inevitável. Completamente. Eu não podia me trancafiar ali e fingir que não tinha alguma tia psicótica querendo me matar. Quando ia abrir a boca para falar algo, ele me interrompeu:

– Ainda tento achar que é um trote - comentou. Eu dei uma risada sem graça, sem nenhuma alegria na voz.

– Acho que seu otimismo passa dos limites, querido. - E o meu "querido" foi repleto de ironia. - Se fosse um trote bobo... - aliás, quem iria passa-lo?! - Não iriam se empenhar tanto, por exemplo, descobrindo aonde estou e me deixando isso aqui. Se liga, Brian!

– Tá legal, calma aí irritadinha... - Ele tinha um sorriso idiota no canto do rosto. - E se ela quer te... - Ele não teve coragem de dizer "matar". - Acha que ela te mataria aqui? Porque se for... Precisaríamos sair e...

– Ah, você mora em um apartamento, cara. Acha mesmo que alguém conseguiria matar uma pessoa aqui, sem que um vizinho notasse algo estranho e chamasse a polícia ou coisa parecida? Não é muito fácil matar alguém discretamente em um apartamento, e eu acho que ela pretenderia fugir como... como... - Eu não podia continuar a falar isso. Eu sinto que as lágrimas que não vieram naquele dia desceriam agora se não me controlasse.

– Tá. Então continuamos aqui? - Assenti com a cabeça. - E se eu, ou você, ou sei lá, precisar sair? É a oportunidade perfeita. Te sequestrar, levar você para o meio do nada...

– Relaxa, cara - falei, tentando parecer calma. - Tomaremos cuidado. Quer dizer, ela é ou tem um espião pra me achar em qualquer lugar que eu vá?

– Ela já te achou aqui - retrucou.

– Tá, tá, cala a boca agora. - Ele arqueou uma sobrancelha, aparentemente surpreso, mas com aquele risinho idiota que não se apagava de seus lábios. - Meu Deus!

– Que é? - resmungou. Me levantei furiosa e já ia seguir para o quarto quando virei estrategicamente, os braços cruzados e tentando parecer brava. O encarei e depois sussurrei:

– Você cozinha muito mal.

...

Já havia se passado bastante tempo que eu estava ali. Já já a paisagem ficaria extremamente branca. Me cobri melhor, tremendo, temendo sair para fora. O céu estava tão branco, tão cegante. Que dia era hoje? Eu nunca mesmo tinha me preocupado em saber o dia nesse tempo todo? Como eu sou desligada, poxa vida... Toc-toc-toc. Me encolhi. Ah, que droga, ele de novo não. Não. Pensei em gritar "Vá embora" mas eu simplesmente fiquei quieta, e assim ele iria embora, pensando que eu ainda dormia.

– Sei que está acordada - ele berrou. - Te ouvi murmurando... Acorda logo, vai!

– O que você quer?!

– Pelo menos hoje tenta esquecer toda essa história e seja simpática, vai. - Eu ia rosnar "Então não me acha simpática?", mas deixei para lá. Me levantei da cama com dificuldade e procurei algo para vestir.

– E o que é que tem hoje? - perguntei, confusa.

– Hm... - murmurou. - Saia daí e saberá!

Peguei um suéter vinho e um jeans. Calcei os tênis velhos e tentei deixar meus cabelos menos assustadores. Eles estavam hoje bastante incontroláveis, por isso os prendi em um coque. Girei a chave e abri a porta. Brian não estava mais na porta. Andei lentamente, procurando-o e quando ia entrar na cozinha ouvi um grito.

"SURPRESA!"

– Ah, caramba, que droga - urrei, recuperando o fôlego. Notei um bolo em cima da mesa e minha cara provavelmente fez um sinal de interrogação do tipo "Ei, o que está havendo?"– Por que surpresa?! - Ainda estava meio irritada.

– Porque hoje é dia 13 de dezembro, ora - respondeu, fingindo estar indignado. Reparei em uma menina loira no canto da cozinha, com um sorriso tímido nos lábios e olhando de mim para Brian, como em um jogo de ping-pong. Tentei raciocinar um pouco. Dia 13 de dezembro... Dia 13...? - Seu aniversário. - Ele tentou não ser grosso por causa da tal amnésia. - Mas você não se lembrava do seu aniversário nem quando estava com a memória boa.

– E quem... - Fiz um gesto com a cabeça para a menina no canto, sem tentar parecer áspera.

– Liv. Olivia Smith. Ela era aquela sua amiga, lembra? Eu tinha te falado... - Ela sorriu fracamente de novo, e ouvi um suspiro.

– Ahm... er... Oi, Em - cumprimentou-me. Eu me sentei e sorri para ela.

– Oi, Liv. - Eu me esforçava para tentar fazer com aquilo parecesse menos estranho, mas era bastante complicado. - Então... éramos amigas. - Ela juntou as sobrancelhas ao ouvir o "éramos". - Somos, hm... Ahm... - Mas eu estava mentindo, não estava? Eu não a conhecia mais.

– É, éramos sim. Eu fui embora quando tinha treze anos mas às vezes eu te visitava. Eu era a sua única amiga e você também era a minha única amiga de verdade. - Ela suspirou. Senti pesar naquele ato dela. - Soube que sofreu um acidente. E que sua memória, ela... Se perdeu. Eu sinto muito. Você nem deve se lembrar de mim... Eu não sei porque estou aqui, mas Brian me chamou, e é seu aniversário... Ai, caramba. Parabéns! - Ela tirou da bolsa um pacotinho do médio embrulhado em papel amarelo. - Pra você... Já era seu. É um presente bobo... Você me deu quando fui adotada. Talvez te ajude a lembrar de algo. - Ela me estendeu o pacote.

– Obrigada - respondi, piscando. Reparei que Wood olhava torto. Provavelmente pensava "Que fingimento é esse, hein, doce de pessoa?" Abri o pacote e vi um caderno velho com capa de couro e uma etiqueta escrito "Em's drawing". Comecei a folhear uma evolução de desenhos. Desde quando tinha cinco anos até quando tinha treze... Já desenhava bastante bem com treze.

– Você era a pessoa mais talentosa daquele lugar, Emma, sério - argumentou Liv. - Quando compraram uns computadores para lá, você começou a pesquisar e pesquisar... E de repente aprendeu sozinha a tocar piano. E aquele piano não era tocado à anos... Então você começou a praticar, sozinha, todo o seu tempo livre. Você era uma menina de muito talento mesmo, só era um pouco fechada. - Ouvi a risada irônica de Brian e virei para encara-lo.

– É que - ele fez pausa para continuar a rir. - Você era fechada e quieta, bem irritadinha e talentosa. Olivia era alegrinha e falava muito. - Ainda rindo, se virou para Olivia. - Desculpa, mas você falava demais, cara. E gostava de dançar igual uma piradinha, mas era muito querida.

– É - ela concordou também rindo. - Eu não nego que eu era a maior piradinha daquele lugar.

– Mas era bem doce. E por isso vocês se completavam, eram amigas, mesmo sendo tão diferentes... - complementou Brian. - Mas então, e o bolo?

– Hm, bolo... - Suspirei. - Não foi você quem fez não, né? - Ele negou. - Então, o que estamos esperando?

Aquela manhã/tarde foi a melhor que tive durante todos os dias passados dos quais me recordo bem. Com Olivia ali, tias doidas não existiam. Eram apenas papos aleatórios e mais e mais nostalgia. Ela era uma fofa, realmente. E o bolo? Graças a Deus não foi Brian que o fez. E por isso ele estava tão gostoso. Descobri que bolo de chocolate com nozes era o meu favorito. Como é que ele adivinhou...? Ai, ai.

Quando Olivia teve de partir Brian começou a vasculhar alguma coisa em um armarinho que tinha na sala. Enfim achou uma caixinha pequena e veio com ela até mim, sorrindo. Ele me entregou e eu olhei confusa para ele. Ah, duh, um presente. Abri. Tinha um iPod ali dentro. Hm... aquilo me parecia tão, tão caro.

– Pra que isso, cara? - perguntei, devolvendo o presente, mas ele não o pegou. - Eu esperava uma lembrancinha. Isso deve ter custado meio caro. Toma.

– Não - respondeu firmemente. - Você gosta de música... Bom, é, gosta, não? Ouça aí. Faz tempo que não se distrai. Eu posso te dar umas dicas de música pra ouvir se não se lembrar...

– Brian - insisti, em vão, claro. Então guardei o presente, meio sem graça. - Obrigada. Não... não só por isso. Por tudo. - Aquilo estava começando a ficar realmente meloso e eu pensei que resquícios daquela lasanha de dias atrás queria voltar. Por fim ele quebrou o silêncio. Um alívio percorreu meu corpo. Obrigada por me tirar disso!

– Eu ainda não consigo levar a sério... Bilhetes? Que assassina fica mandando bilhetinhos para suas futuras vítimas? É um tanto patético. - Eu não acredito que ele tinha que tocar logo nesse assunto, justo quando meu dia sem pensar nisso estava sendo tão bem-sucedido. Apenas lancei-lhe um olhar de repreensão que com certeza não foi bem compreendido e saí de supetão, entrando no quarto e batendo a porta com força.


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