Lost escrita por Beatriz


Capítulo 27
Pelo menos uma vez a coisa certa


Notas iniciais do capítulo

- AHHHHHHHHHH que. Vontade. De. Chorar. Mds. Eu. Terminei. Algo. Mesmo que vocês tenham me abandonado, ou sumido, ou sei lá. EU TERMINEI ALGO. Isso é emocionante. Espero que tenham gostado, mas mesmo que não tenham... Isso é inacreditável pra mim, sério. Por favor, pelo amor, comentem qualquer porcaria. Eu amo vocês que leram isso até o final, ok?! Pra caramba! Tão curtinho. Tão rápido. Céus! E ouçam com Give me love porque putz ç.ç Beijos, até sei lá, amo vocês



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Por um segundo, me pareceu que meu coração parara de bater. Eu queria parecer indiferente a toda a situação. Mas como? A minha mão que estava posicionada para tocar ficou parada no ar. Adam voltou a bater no meu ombro e ela caiu no piano, fazendo com que um barulho agudo e desafinado saísse do piano. Como fugir dessa situação antes de tudo desmoronar?

– Está tudo bem, Emma? – perguntou Adam. Eu não consegui balançar a cabeça afirmativamente. Ao menos não menti.

Peguei desesperadamente algumas partituras, sabe-se lá por que, e corri dali para dentro do lugar. Estava em uma sala com alguns brinquedos velhos espalhados pelo chão. Encostei-me na parede. Estava ofegando e não faço ideia do por quê. Meus olhos ardiam. Vi que Brian entrou no cômodo e isso me deixou irritada. Fingi que não o tinha visto. Ele meio que fez o mesmo. E parecíamos dois estranhos.

Meus olhos doíam. Parecia que muitas e muitas lágrimas queriam sair, elas apertavam minha garganta. Mas não saíam, por mais que eu quisesse. Porque nada mais importava.

Meus olhos não queriam encontrar os dele e vice-versa. Eu suspirei pesarosamente.

– Deveria ir. – Minha garganta estava me matando. – A sua namorada não precisa da sua ajuda para resolver as coisas?

Ficou em silêncio por um tempo. Podia sentir seu cérebro trabalhando em uma resposta.

– Namorada? – perguntou. Abafou uma risada, apesar de nada ali me parecer divertido. – Quer dizer a Ellie, minha prima?

– Aquela que me emprestou as roupas? – Poxa, por que falar do passado mesmo? Que merda.

– Tipo isso.

– De qualquer forma, deve estar te esperando. Aliás, por que vieram aqui mesmo...?

– Ela tem quase trinta anos, por mais que não pareça. E ela é casada, mas não pode ter filhos... E me pediu para trazê-la.

– Claro. – Não estava com inspiração para essa conversa.

– Dando aulas de piano? – Só confirmei com a cabeça. Essa conversa casual estava sendo ridícula.

– Por falar nisso, se não se importa... – Eu estava quase chorando porque a aparição dele aqui foi uma droga e não queria que ele me visse tão desesperada. Estava passando pela porta, mas sua mão me segurou. Não firme, como uma ordem. Suavemente, como um pedido.

– Emma. – Por que ele amava simplesmente falar meu nome dessa maneira? Como se isso quisesse dizer algo...

Seus olhos eram tristes. Tantas vezes triste. Por que ele gosta de perfurar meu coração dessa forma? Eu peguei aquele bilhete e entreguei para ele. Estava muito amassado. Ele olhou e soube o que era. Balançou a cabeça.

– Ainda? – perguntei.

– Como “ainda”? – questionou. – Nunca acaba. – Me encarou seriamente. – Por acaso acabou para você?

– Nunca.

Eu estava a uma distância perigosa dele. Suspirei e comecei a rir. Eu não sei do que ria. Se era loucura, se era ironia – sabe-se lá por que seria, desespero... Mas eu estava rindo. Ele começou a rir também. Era rir para não chorar, porque já havia melancolia demais na minha vida tosca.

– Eu realmente sou a pessoa mais idiota que você já conheceu. É afirmativo – disse, sorrindo.

– Sem dúvidas – confirmou. – Mas a idiotice é necessária.

– O que isso quer dizer? – perguntei, confusa, me encostando na parede.

– Sobre a idiotice...?

– Sobre tudo.

– Você nunca deveria sair da minha vida.

– Não.

– Porque ela é uma completa droga...

– Idem.

– Faz mais de um ano – disse com o olhar vago.

– Muito tempo.

– Não deveríamos estender esse diálogo.

– Eu tenho que dar aula...

– E eu tinha que ir ajudar minha prima. – Ergui uma sobrancelha. – Sem essa de racionalizar ao menos uma vez. Se permita errar certamente uma vez.

– Você é maluco. Mas... certo... E pare, pare de me olhar assim. – Começamos a rir freneticamente até que cambaleei para frente e me apoiei nele.

– Sem mais delongas.

– Porque a espera é angustiante.

Nossos narizes se tocavam. Sem fugas. Sem bancar a Cinderela. Sem desespero. Sem pensar. Sem cérebro, apenas coração. E nossas bocas juntas. E suas mãos em minha cintura. E eu abraçada a seu pescoço. Nossos corpos próximos demais. Algo calmo, porém apaixonante. Algo do tipo “Esperei mais de um ano por isso”. Intensamente. Sua mão acariciava a minha bochecha. Não gostaria que outras pessoas tocassem em minha bochecha, mas era ele. Estava encostada na parede e sorria enquanto nos beijávamos. Tropecei em uma porcaria de brinquedo e caí em cima de mais destes, machucando minhas costas.

– Brianzinho? – alguém perguntou do lado de fora. Parecia ser a tal prima dele. – Onde está e o que faz?

Eu ainda estava deitada em cima das prováveis pecinhas de lego e nós dois começamos a rir de forma idiota. Rimos muito, até ofeguei. Então ela disse algo como “Mmmmm” e que era melhor voltar. Ele me ajudou a levantar. Eu gostava do jeito que nossos dedos se entrelaçavam. Eu gostava do jeito como eu me encaixava em seus braços. E também de como nossas bocas juntas eram tão harmoniosas. E que não precisávamos de palavras, nem discursos ou explicações. Porque era tão forte que nosso coração dizia entre suas batidas o que precisava ser dito. Dizia, gritava, berrava. E deveria estar escrito em minha testa que eu o amava e que tudo tinha sido uma droga durante esse tempo.

Nós ficamos ali por um tempo indeterminado. Porque relógios me pareciam coisas absurdas enquanto eu estava perto dele. Quem se importa com o tempo? E eu acho que Adam deve estar melhor assim, feliz por mim. Porque depois de todas as drogas que aconteceram, essa era a única coisa que eu iria desejar: Brian. Ele era a anestesia para a minha dor. As palavras não existem mais. Já disse o quanto nossos dedos juntos são perfeitos?

Quando fomos para fora, olhares suspeitos nos cercavam. Eu fiquei meio hesitante e queria dizer que não era o que pensavam, não. Mas e daí sobre o que pensavam? Passei as mãos por meus cabelos e sorri com todas as minhas forças. Nossas mãos estavam juntas e nunca deveriam se separar. Adam era um amor de pessoa e me deu um olhar solidário. Ellie sorriu feliz por seu primo. Estaria ele na mesma depressão que eu? Quando fui em direção ao piano Adam me abraçou.

– Melhor agora – afirmou dando tapinhas em minhas costas. – Você é legal demais para ficar triste daquele jeito.

Meus olhos já estavam marejados. Que droga, Adam! Claro que não... Ingenuidade! Eu, legal...

Estávamos lá fora e ventava gelado. Eu brincava com o cachecol. Ele passava a mão no rosto com a barba por fazer. E finais felizes não existiriam. Minha vida não estaria completa porque meus pais haviam morrido e eu nunca os tivera. Mas eu aposto que eles estariam felizes por mim, porque consegui um terço disso que chamam de “final feliz”. Porque ao menos eu não estou sozinha. E há alguém para não me deixar congelar nos dias frios. E muitas coisas aconteceram, muitos altos e baixos. Agora tudo estava no alto.

Tentar ser racional às vezes era mais idiota ainda. O coração é muito inteligente, não o subestime. E, olhe bem, tudo o que acontece tem que acontecer... Mesmo que muitas vezes não aceitemos isso. Mesmo que não pareça haver motivos para tal coisa. Mas tem que acontecer.

– Nunca mais.

Aquilo poderia não fazer sentido para quem quer que ouvisse, mas sei que Brian entenderia. Nunca mais me deixe fazer coisas tão estúpidas. Que nunca mais nos separemos. Eu não sei dizer se ficaríamos juntos por uma eternidade, se algo não ocorreria e nos separaria. Mas eu tinha certeza, e ele também, dos nossos sentimentos. Pela primeira vez na minha vida tinha certeza de algo. O destino é imprevisível, mas no que depender de nós, nunca mais.

Porque finalmente eu me encontrei.


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