Ajeito a saia de meu uniforme enquanto ando para fora do meu quarto. Izzy não é o tipo de garota que se atrasa, então ela já saiu do quarto há uns vinte minutos.

Abro a porta e saio do quarto. Enquanto caminho pelo corredor vazio, o único som que ouço são meus passos no carpete. Então meu celular vibra. Faço uma careta involuntariamente. Quase esqueço que estava com ele no bolso, novamente. Olho para os lados e tiro-o do bolso. Leio a mensagem, de um numero não registrado.

Venha até seu quarto. Você tem cinco minutos.

Uma pessoa com o mínimo de senso de lógica não iria obedecer a uma mensagem de numero não registrado, interromper sua ida à aula para ir checar se tem algo ou alguém te esperando. Tudo por uma estúpida mensagem.

Abro a porta e dou de cara com ninguém mais ninguém menos que Jace Wayland. Reviro os olhos.

–O que faz aqui? Estou ocupada.

–Se estivesse ocupada, por que estaria aqui um minuto depois que chamei?

–O que você quer?- desvio o assunto, impaciente. Cruzo meus braços e começo a bater meu pé, nervosa.

–Quero que você dê uma volta comigo.

–Acho que não entendeu que hoje é dia de aula.

–Quem se importa?- ele encosta à parede e cruza os braços, começa a olhar distraidamente seus dedos. –Você não gosta daqui, gosta? Esse lugar parece ser um porre, realmente.

–E-esse não é o ponto. Eu não posso ir.

–E por que não?- ele desencosta da parede e para bem na minha frente- É uma terça-feira totalmente monótona e você está preferido continuar aqui na escola? Vamos lá, é apenas por um tempinho.

Eu quero ir. Quero sair daqui e dar uma volta, em vez de começar o dia com aulas sobre etiqueta. E podemos voltar antes que outra aula... Não Clary, sua mãe teve um trabalho duro para lhe colocar nessa droga de escola, você vai andar de acordo com as regras, querendo ou não.

–Temos apenas trinta minutos, então- as palavras saem de minha boca naturalmente. Ele sorri e se vira para a janela.

Xx

Passando os portões eu imediatamente começo a rir. O Wayland me olha sem entender.

–O que é?

–Eu nunca me imaginei indo a um zoológico com um estranho.

–Não sou um estranho. Sou Jace Wayland e você sabe disso.

–Ai- coloco a mão na testa- Eu quis dizer que mal lhe conheço. Você pode ser um psicopata e eu estou aqui com você.

–Posso lhe garantir que não sou um psicopata. Pelo menos não mostrei sinais de ser um até agora.

Vamos andando pela larga rua onde só se transita pessoas. Vejo algumas crianças animadas com o uniforme da escola, algumas famílias tirando foto ou apontando alguns animais e casais melosos pra lá e pra cá.

–Por que viemos ao zoológico?

–Esperava ir onde?

–Ah, sei lá, mas você não tem cara de pessoa que freqüente zoológico em terça-feira.

–E você não tem cara de garotas que fogem da escola com caras desconhecidos que podem ser psicopatas.

–É, olhando por esse lado...

Andamos pelo zoológico, coisa que eu não fazia há muito tempo. Jace e eu não temos praticamente nada em comum, então não conversamos muito, apesar de eu ter falado por um tempo sobre Supernatural para ele. Depois de apenas vinte minutos, decidi que era hora de voltar à prisão de Clarion.

Entrei do mesmo modo que sai. Subir pela janela não é nada fácil quando se está de saia e meia calça. Eu geralmente uso um short por baixo, mas como estou de meia calça, decidi que não dessa vez.

Saio correndo do quarto quando o sinal bate e vou ajeitando meu cabelo e segurando o material. Então, vindo na direção oposta, vejo a garota que derrubei outro dia com mais uma. Ela olha para mim de cima a baixo e sorri.

–Ora, ora. Onde estava este tempo todo, gata borralheira?

–Sentiu minha falta?- provoco.

–Ah- ela faz uma cara feia, como se tivesse comido algo amargo demais e agita sua mão- Por mim, você sumiria, garota. Oh, querida Cam, perdoe-me por não dizer quem este ser é. Lembra-se da garota que mencionei? A estúpida que me derrubou?

–Claro Ali- a garota, Cam sorri e eu posso perceber que é tão víbora quanto à amiga dela. –Como seria o nome?

–Eu estou aqui, sabia?- pergunto franzindo o cenho. Elas fingem que não percebem.

–Ah, não sei o nome da criatura. Também não me interesso por isso- A garota que derrubei faz um aceno como se dispensasse o fato.

–Grande coisa, já que não sei seu nome também. Mas não me interessa, pois é irrelevante- consigo provocá-las a ponto das duas pararem de fingir que não estou ali e olharem para mim.

–Olha aqui garota- ela aponta para mim- Está falando com Aline Penhallow, entendeu? Acha que eu esqueci o que aconteceu na entrada da escola?

–Vocês estão me atrasando- digo revirando os olhos.

–Você ainda vai ver as consequências de ter se dirigido a mim daquela maneira, entendeu? Sabe quem ela é?- ela aponta para a garota que apelida de Cam. –Camille Belcourt. Você está se metendo com Cam e comigo, tem noção da encrenca garota?

–Tá, grande coisa, preciso ir pra aula.

Passo entre as garotas com um empurrão e vou em direção à sala de aula de História.

Sento-me e suspiro. Apoio meus cotovelos sobre a mesa e escondo meu rosto entre as mãos. Aquelas garotas realmente me tiraram do sério. Minha vontade é enterrar meu punho naquela cara cheia de maquiagem...

–Senhorita Fray?- levanto meu rosto e encontro minha professora de história, parada ao meu lado com um sorriso no rosto e postura perfeita- A senhora Imogen está chamando-a em sua sala.

–Tudo bem- digo me levantando.

Deixo minhas coisas no lugar e ando para fora da sala, tropeçando um pouco e batendo em algumas mesas, causando alguns murmúrios e risadinhas.

Apresso o passo na caminhada até a sala da diretora, nervosa com apenas a lembrança da frieza de sua voz e sua imagem. Mas apesar do temor, continuo meu caminho. Talvez ela queira falar sobre algo sem muita importância.

Bato na porta e ela me manda entrar. Abro a porta com cuidado e vejo a mulher de roupa cinza atrás da mesa. Uma mulher está sentada há sua frente e logo quando digo “licença”, ela se vira. Meu coração para no momento que vejo seu rosto.

–M-mãe?