Pego mais uma caixa e vou andando apressada para dentro do prédio. Entro no elevador com Jace e ele aperta o numero 8. Deixo a caixa no chão e sorrio para ele.

–Essas caixas estão acabando com minhas costas.

–Que fraquinha- ele fala e olha para as duas caixas que ele está levando de uma vez.

Ao chegar ao andar que agora irei morar, pegamos as caixas e saímos. A porta está aberta e Luke sai de lá com um sorriso no rosto, indo pegar outra caixa.

–Vai caber todas as caixas de vocês aqui?- Jace pergunta colocando as caixas sobre uma mesa. Olho em volta e vejo a completa bagunça que esse lugar está. O apartamento não é nada pequeno, mas diminui bastante com nossa bagunça.

–Sim, nós não vamos ficar com tudo, era só para esvaziar a casa. Minha mãe vai vender todos os móveis que estão em casa e algumas outras coisas dentro dessas caixas.

–O que estão fazendo parados aqui?- minha mãe entra- Desçam já!

–Sim senhora- eu e Jace dizemos em uníssono.

Xx

Sento no chão frio no jardim da frente do prédio, encostada na parede. Jace passa um braço por minha cintura e eu repouso a cabeça em seu ombro. Solto um bocejo e cruzo os braços para me proteger do frio.

–O natal está chegando... –ele diz. Solto um “aham” e afundo mais a cabeça na curva de seu pescoço. Seus braços se movem e ele me abraça, lançando uma onda de calor sobre mim- Queria que fizéssemos algo.

–Vou para a casa dos meus avos todo natal. Tédio máster. Às vezes fico vendo série pelo celular ou lendo.

–Eu não faço nada, mas queria fazer alguma coisa com você ao invés de ficarmos separados e infelizes.

–Ok, o que planeja fazer?- um sorriso surge em meu rosto.

–Não tenho certeza, mas te aviso antes, pode deixar- ele encosta o queixo no topo da minha cabeça- E você irá aceitar?

–Depende, vamos ver.

Xx

O tempo voou. As aulas acabaram e fechei com notas boas. Agora faltavam apenas três dias para o natal e eu e Jace já tínhamos ideia do que fazer, apesar de eu estar completamente nervosa e ansiosa com isso.

–E então? O que eu compro para Isabelle?- Simon pergunta e eu dou risada. Divirto-me quando ele pede dicas de namoro ou coisa assim para mim.

–Não sei, não sou eu quem está namorando ela.

–Ah, Clary, me ajuda!

–Muito bem, conhecendo ela pelo que conheço, não vai querer nada clichê ou comum. Evite chocolate, flores, perfumes, jóias. Roupa é um erro fatal.

–Não vou dar um jogo para ela, muito menos uma HQ.

–Olha só, você evoluiu!- ele revira os olhos, reprimindo um sorriso e eu rio. Vejo uma loja de sorvete de iogurte do outro lado da rua e o arrasto para lá correndo antes que os carros comecem a andar novamente.

–Clary, não vou dar sorvete de iogurte com frutas para ela- faço uma careta para ele e entro na loja, olhando o menu sem hesitação. –Clary, preciso de uma ajuda.

–Não antes de eu comprar essa belezinha aqui- digo olhando para o sorvete da criança ao meu lado. Peço um grande, com morango, kiwi e manga. Simon pede um médio com banana e laranja – Ok, agora vou te ajudar.

–O que você vai dar para o Jace?

–Não sei, vou decidir depois- quando levo a colher para minha boca, tenho uma ideia- Faça uma música.

–Ah, isso eu já faço- ele encosta-se à cadeira, obviamente não entendeu o que eu falei.

–Faça uma música para Izzy!

–O que?

–Ela vai adorar, eu sei disso- fecho meus olhos e faço a cara mais convencida que consigo.

–Vou tentar, mas caso eu não consiga...

–Então apele para uma jóia. Mas não aquelas que quebram depois de uma semana de uso, algo bonito e que dure. Diga coisas doces para ela e caso a musica não venha a sua cabeça a tempo de compor, escreva uma carta para dar com a jóia.

–Tudo bem.

–Mas se empenhe na música!- ele ri da minha cara e minha boca cheia de iogurte com fruta.

Xx

Minhas mãos tremem conforme eu reviso minha mala pela décima terceira vez. Luke e minha mãe já estão dormindo. Fecho a mala e olho a tela do celular por alguns minutos até que recebo uma mensagem de Jace. Desça.

Pego a mala e a coloco nos ombros e pego a bolsa da câmera. Passo a mão pelos cabelos e deixo o celular sobre a cama. Saio da casa com o máximo de silencio e calma possível, ainda nervosa.

Chego ao portão e saio correndo, dando um abraço de urso em Jace, que sorri e retribui. Olho para o carro que está atrás dele e ele não demora abrir a porta para mim. Entro e jogo a mochila no banco de trás.

–Então, preparada para onze horas de viajem baby?

–Claro!

Ele dá partida e olho para o céu. Só chegaremos em nosso destino as onze da manhã, considerando que agora é meia noite.

Fico quieta a maior parte dos próximos vinte minutos e isso incomoda Jace, que pega minha mão e olha para mim com preocupação.

–Quer voltar? Sabe que não é obrigada a fazer isso, certo?

–Eu sei, mas eu quero. Só estou com sono mesmo- minto. Não quero voltar, mas estou me sentindo culpada ao mesmo tempo. Não sou acostumada a fazer esse tipo de loucura, diferente dele.

–Vou tornar essa a melhor viajem possível para que você fique feliz- sorrio e lhe dou um beijo na bochecha.

Durante horas conversamos sobre diversas coisas, opiniões em assuntos fúteis e coisas um pouco mais sérias, sobre gostos e desgostos, história de família vergonhosa e engraçada, sobre música, filmes, serie e livros. Senti-me mais próxima de Jace e descobri muitas coisas sobre ele.

Coloco um cd que eu trouxe de Radical Face, mas durmo na segunda música. Quando volto a abrir os olhos, o céu ainda está escuro. Coço meus olhos e viro minha cabeça para Jace.

–Que horas são?

–Cinco, logo o sol aparece- suspiro e vejo que ele parece cansado.

–Não quer parar um pouco e descansar?

–Não preciso, estou bem- ele olha para mim e vê meu olhar desconfiado, soltando uma risadinha- Já viajei por mais tempo sem descansar, estamos no meio do caminho.

O sol não demora a nascer e eu preparo minha câmera para tirar fotos. Jace para o carro no acostamento quando tiro duas fotos e saímos do carro. Tiro várias fotos enquanto o sol nasce, até que já tenha fotos o suficiente, então voltamos para a estrada.

Durante certo tempo Jace me ensina como dirigir e eu ouço com atenção. No fim das contas, ele diz que me ensinará com paciência.

Paramos em um posto e ele abastece o carro enquanto eu vou comprar algumas coisas para comermos. Pego dois pacotes e salgadinho, refrigerante e alguns lanches que vendem lá, além dos meus Red Vines.

Volto para o carro e é a vez de Jace colocar o cd e ele escolhe Deep Purple. Abrimos as janelas e enquanto ele canta alto e exageradamente, rio e tento comer, mantendo sua mão longe do salgadinho.

Finalmente, depois de horas, o carro passa por uma placa que indica o nome da cidade e eu sorrio, olhando para Jace. Ele ajeita seus óculos escuros e olha para mim com um sorriso travesso e malicioso.

–Bem vinda a Hilton Head baby.

–-

Passem na minha nova fic: Don't Wanna Fall In Love