Laços de Sangue e Fúria escrita por BadWolf


Capítulo 11
Um Jantar Inesperado


Notas iniciais do capítulo

Olá!!!!

Quem deseja saber como será a comemoração do aniversário de Sherlock Holmes (e quantos anos ele tem, não sei se vocês sabem disso), esse cap é ideal. E tem mistério vindo por aí!

Boa leitura!



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Londres, Inglaterra. 04 de Janeiro de 1895.




Estava próximo das dez da noite quando finalmente Holmes chegou ao seu doce refúgio: Baker Street. Com sua pequena mala na mão, ele suspirou antes de adentrar àquele lugar do qual não deveria ter saído para atender aos desejos de uma louca, ele pensou. Muito embora esta louca ainda estivesse ocupando seus pensamentos, estritamente por curiosidade. Ele ainda estava atônito com os últimos acontecimentos e com o quê Miss Violet Hunter tinha se tornado. Aquela doce moça que ele ajudou há tempos atrás agora não era muito melhor que mais da metade das mulheres que ele teve conhecimento. Uma pena, ele pensava. Antigamente, o mundo precisava de mais Violet Hunter e Irene Adler, mas agora o tempo lhe mostrava o quanto os seus pensamentos poderiam ser equivocados e que, no fundo, ninguém poderia servir de modelo á Humanidade. Nem mesmo ele e sua mente perspicaz.

Ao abrir a porta do 221-B, a voz surpreendida de Watson lhe puxou de seus vãs devaneios à realidade.

–Boa noite, Holmes! – disse seu amigo, atencioso como sempre.

–Boa noite, meu caro. – ele disse, virando discretamente seus olhos para o outro lado da sala, onde Esther estava sentada, aparentemente ocupada com um livro.

–Como foram os eventos em Manchester?

Holmes ainda usava um chapéu de caça, que só fazia uso em incursões no campo. Suas roupas também eram de aparência menos sóbria. Ao invés do terno negro usual, estava vestindo um terno verde musgo, o preferido de Esther e que poucas vezes ela o via usar, e que na opinião dela, dava-lhe uma aparência menos formal e sombria. Pena que não morassem mais no campo, em Montpellier.

–Intrigante, mas de conclusão ridiculamente simples, meu caro. Creio que nem valha um escrito seu. A jovem desaparecida do colégio estava este tempo todo escondida com um namoradinho. – disse Holmes, enquanto retirava o sobretudo e o terno, ficando apenas em mangas de camisa. – Por Deus, eu deixo Manchester sob neblina e friagem e encontro Londres quente desse jeito? – ele reclamou, enquanto passava a mão pela testa respingada de suor.

–Em cinco dias, o tempo mudou por todo o Reino, meu caro, à exceção de Londres. Dizem que a temperatura ainda demorará uma semana para amenizar aqui. É o que dizem os tais meteorológicos da Rainha.

Watson levantou-se, indo para o seu quarto, deixando Holmes às sós com Esther momentaneamente.

–Nunca pensei que um dia, a ciência seria capaz de adivinhar a temperatura. É realmente fantástico o avançar de nossos tempos. Boa noite, minha cara. – ele disse a última frase em cochicho a Esther, dando-lhe um beijo no pescoço, mas o suficiente para deixa-la ruborizada, além de um breve afago no ombro.

–Alguns vêem tal mudança com ceticismo. – disse Watson, já de volta. – Aliás, Holmes, hoje é seu aniversário...

Holmes, que abastecia seu cachimbo, fez um gesto de negativa.

–O que é um ano a mais de vida a alguém que já tem bastante, meu caro Watson? – disse Holmes.

–Quantos anos o senhor está fazendo, Mr. Holmes? – perguntou Esther, fingindo não saber.

–Quarenta e um. Já sou um velho. – ele piscou brevemente pra ela.

–Bobagem, meu caro. Diria até que está bem disposto, gozando de boa saúde. E ainda com idade para casar... – disse Watson.

–Watson... – pediu Holmes, mostrando-se desgostoso com a conversa.

–Tudo bem, não direi mais nada. Mas permita-se ao menos um jantar fora, hein?

Holmes olhou de soslaio. – Irei pensar.

–Sempre que diz isso, significa “não”! – resmungou Watson, levantando-se de sua poltrona. – Bem, de qualquer modo, vou me preparar para o jantar. Sophie achou de bom tom esperarmos por você, depois que recebemos seu telegrama. Se me dão licença.

Ambos acenaram. Quando ouviu-se a voz de Watson cantando “Wagner”, Esther aproximou-se de Holmes, beijando-o.

Senti sua falta.

Ele sorriu. – Eu também.

–Você parece cansado...

–O caso não foi nada fácil, Esther. Eu menti.

Esther suspirou, resignada. – Sabia...

–Só não quis preocupar Watson, e nem o quero escrevendo sobre isso. Envolve circunstâncias problemáticas. Não quero qualquer divulgação sobre ele.

–E quanto à essa Miss Hunter, hein?

Holmes percebeu ciúmes no tom de Esther. – Ciúmes?

–Por quê? Deveria ter?

Ele riu brevemente, e preferiu omitir. – Não. Ela está com outro homem. Casado.

–Casado?!

–Shiu! – ele pediu, ao perceber que ela erguera a voz, surpresa. – Sim, um homem casado. Marido de outra professora. Por isso, eu não quero o envolvimento de Watson. Não quero constrange-la com suas escolhas.

–Ele pensa que você gosta dela...

–Watson pensa que eu gosto de todas as mulheres. Adler, e especialmente qualquer uma que se chame Violet. Mal sabe ele que minha simpatia apenas se restringe ao fato de minha mãe também ter se chamado Violet.

Esther ficou surpresa com a revelação. Holmes sempre falava muito pouco sobre sua família, e ela não sabia mais do que todos. Que Holmes tinha um irmão, descendia de Vernet e sua família era de fidalgos. Pronto.

–“Ter se chamado”? Ela já se foi?

–Aí vem Watson... – disse Holmes, pela primeira vez feliz por perceber o canto ter cessado. Minutos depois, Watson já estava de volta à sala, enquanto Holmes lia o jornal e fingia ajeitar o vestido com interesse.

–Hum, espero que Mrs. Hudson tenha preparado seu guisado de frango hoje... E você, Holmes? – perguntou Watson.

–Qualquer coisa sólida me é o bastante. – disse Holmes, com indiferença.

–Você tem alguma comida preferida, Mr. Holmes? – perguntou Esther.

Holmes abandonou a leitura de seu jornal e apresentou um semblante sério, descrente com a intimidade da pergunta.

–Sim, e é algo que está fora dos alcances culinários de Mrs. Hudson. – ele disse, pontualmente.

Esther, porquê esta me perguntando isso? Você sabe que minha comida preferida é o Goulash...* (prato típico judaico, uma espécie de guisado de carne bovina)

–É mesmo, Holmes? Agora fiquei curioso... Qual é sua comida preferida? Nem mesmo eu, que moro há anos com você, sei disso.

Holmes sorriu com destreza. – Nada em especial. Algo que comi no tempo em que estive dado como morto, uma vez.

Watson resmungou. – “O Grande Hiato”... O período que você tanto se abstém em dizer... Sabia que tive reuniões com os editores do Strand? Todos ainda estão cobrando pela elucidação da sua volta... Estou recebendo propostas consideráveis para publicar.

–Por hora não, Watson. Por hora, não. – pediu Holmes, sem rodeios.

Watson suspirou. – Está bem, meu amigo, não irei discutir isso com você. Ah, vejo que Mrs. Hudson está subindo com o jantar. Boa noite, Mrs. Hudson. – disse Watson, sempre gentil, com a velha senhoria. – Como vai?

–Bem, doutor. – disse a senhoria, colocando a refeição, cujo aroma se espalhava pelo cômodo. No mesmo instante, Holmes sentiu uma sensação familiar.

Espere... Eu conheço esse aroma...

–Parece que nossa senhoria andou caprichando... – elogiou Watson. – O aroma já me encantou. O que é?

Mrs. Hudson olhou brevemente para Esther, e continuou.

–Uma receita nova. Aliás, todo o crédito dessa refeição deve ser dado à Mrs. Sigerson. Foi ela quem preparou o jantar desta noite. Como se chama mesmo, Mrs. Sigerson?

–Goulash. – disse Esther, triunfante, olhando brevemente para Holmes, que tentava esconder um sorriso, tal como de um menino surpreendido.

Ah, Esther... Você sempre me surpreende...

–Confesso que nunca ouvi falar dessa receita, mas ainda assim não deixa de ser deliciosa... – disse Mrs. Hudson. – Mrs. Sigerson tem um talento nato para a Cozinha, sempre me apresentando à pratos novos.

–Creio que deva ser mais uma das receitas estupendas de família que Sophie tinha na manga... Hum, se for tão boas quanto àquelas que ela preparava quando namorávamos...

O ar contente de Holmes rapidamente se desfez, diante do ciúme provocado pela observação fora de hora de Watson. E ele não foi o único. Mrs Hudson fez uma cara de péssimos amigos para Watson, que rapidamente se retratou.

–Desculpe, Sophie... Digo, Mrs. Sigerson. – ele se corrigiu.

–Er, que tal jantarmos? – pediu Holmes, tentando quebrar o clima.

–Olhe, Mrs. Sigerson, você fez milagres. Mr. Holmes parece também entusiasmado em provar deste prato.

–Bobagem, Mrs. Hudson. – negou Holmes, mantendo o personagem . – Simplesmente preciso restabelecer minhas energias, e minhas refeições naquele colégio de meninas foram... Deploráveis.

–Ele está louco para provar, isso sim. – cochichou Mrs. Hudson para Esther, para desagrado de Holmes.

–Eu ouvi isto, Mrs. Hudson.

–Talvez até faça mais vezes... – disse a senhoria, com um ar divertido, enquanto deixava os aposentos.

Com os três sentados à mesa, Watson estalou os dedos, com ansiedade. Holmes disfarçava com notável proeza, Esther percebeu, sua água na boca em se deliciar com seu prato preferido.

–Atacar! – disse Watson, com a mão sobre o cabo da tampa da travessa, sendo interrompido por uma observação de Watson.

–“Atacar”, Watson?! Que modos são estes à mesa, meu caro?

Watson olhou para Esther, que achou graça da situação.

–Arhm... Era uma expressão que usávamos no Exército...

–Mas não estamos em um quartel! “Atacar”, que coisa mais vulgar...

Watson ignorou o resmungo de Holmes e prosseguiu. Ao abrir a tampa da travessa, ao invés de se revelar a comida bastante apetitosa que os dois homens da mesa esperavam, algo muito desagradável acabou surgindo.

Um rato morto.

Esther deu um grito de pavor, tipicamente femininos, e os demais homens não puderam se abster de também gritarem com o susto. Afinal, ninguém esperava tamanha sabotagem.

–Que diabos é isso? – resmungou Watson, retirando o prato da mesa, enquanto Esther tremia de pavor. – Alguém deve ter posto este animal depois que Mrs. Hudson preparou, para nos atingir. Não se apavore, Sophie... Espere, eu vou jogar isto fora, meu bem. – disse Watson, com ternura, massageando o ombro de Esther, enquanto Holmes virava o rosto diante da cena. – Vou aproveitar e chamar Mrs. Hudson para nos explicar o que aconteceu.

Quando metade das escadas já tinham sido descidas por Watson, Holmes foi consolar Esther.

–Não fique assim, Esther... Tome, beba um pouco de água...

–Adonai, quem pôde ter feito isso conosco...

Holmes pegou na mão de Esther, brevemente.

–Bobagem, Esther. Não se deixe afetar por isso.

–Está me parecendo uma ameaça...

–Ameaça, minha cara?

–Sim! – retrucou Esther. – Esse era o jantar em comemoração ao seu aniversário...

Holmes beijou o topo de sua testa. – Não, não é uma ameaça, por isso mesmo... Quantas pessoas sabem de meu aniversário?

Esther parecia pensar a respeito. Holmes tinha razão. Nem mesmo ela sabia, com exatidão, sua data de aniversário, que dirá um estranho. Esse não era o tipo de informação que Watson comentava em seus contos no Strand. Talvez fosse só paranoia. Mas ainda assim, seus instintos lhe alertavam para o contrário. Mas como convencer um homem racional, movido ao convencimento apenas por provas e fatos concretos, do contrário?

–Um absurdo chegar a tal conclusão. Pode ter sido mera traquinagem de alguém...

–Sherlock...

Os dois se separaram, quando ouviram um par de passos caminhando pela escada. Era Watson, juntamente a uma horrorizada Mrs. Hudson.

–Watson me mostrou o que aconteceu... Céus, que nojo! Quem teria tamanha coragem em fazer isso?

–Sim, Mrs. Hudson, sabemos do absurdo da situação, mas preciso que seja objetiva. Por algum momento, a partir do término do preparo até que você tenha levado a travessa, você se distanciou da cozinha?

A senhoria parecia analisar. – Creio que sim, Mr. Holmes. Eu estava prestes a subir quando bateram à porta. Oh, meu Deus, agora tudo faz sentido...

–O que faz sentido, Mrs. Hudson?

–Era uma mulher. Perguntou se você estava. Eu disse que sim e perguntei se ela queria entrar, pois imaginei se tratar de uma cliente. Ela disse que não era necessário, e lhe desejou os “sinceros parabéns”. Estranhei um pouco, mas deixei pra lá e retornei à cozinha.

–Como era essa mulher?

–Não posso dizer muito. O rosto dela estava escondido por uma espécie de véu. Como não é a primeira vez que mulheres vestidas de tal maneira aparecem aqui, eu não estranhei, e até pensei se tratar de uma cliente. O que mais me chamou a atenção além disso foi o seu cabelo, um vermelho vivo, de tom chamativo, que escapava do véu.

O semblante de Holmes decaiu. – Oh, não...

–O que foi, Holmes? Você faz idéia de quem possa ter sido?

–Talvez... Não, Watson. Por favor, não me cobre explicações. Não quero afirmar nada sem antes ter certeza.

–Tudo bem, meu amigo. Tudo bem. Bem, parece que nosso jantar de aniversário foi estragado. É uma pena.

–Eu posso fazer um jantar para vocês... – disse Mrs. Hudson.

–Não se movimente para isso, Mrs. Hudson. – pediu Holmes. – Não queremos importuná-la, além de quê, já é tarde. Um sanduíche nos será suficiente.

Um punhado de sanduíches chegaram à mesa, sendo timidamente consumidos pelos ocupantes. Esther tinha perdido completamente o apetite e seu semblante ainda estava pálido. Holmes guardava toda sua preocupação, e ainda sentia-se culpado por provocar tal distúrbio. Se esse rato realmente era uma ameaça, certamente seria a ele.E o pior: ele sabia o principal suspeito disso. Ainda assim, não se deixaria levar pela suspeita. Iria averiguar com calma o tratante que fizera tal ato.

–Você quer um sanduíche, Sophie? – ofereceu Watson.

A resposta de Sophie foi uma ida imediata ao banheiro. Nem era necessário perguntar o que estava acontecendo.

–Céus... – murmurou Watson. – Se eu pudesse, eu arrancaria os olhos desse sujeito impertinente que fez tamanha molecagem.

Watson deu um soco na mesa, irritado, fazendo tremer as xícaras. Holmes assistia com ressalva sua reação. Era impressionante a dedicação e afeto que o médico ainda nutria por ela, mesmo depois do rompimento prematuro e repentino.

–Irei apurar quem fez isso, Watson. Não posso permitir que zombem de mim desta maneira.

Holmes retraiu-se por um momento, enquanto tomava um gole do chá. E se o rato morto não fosse uma mensagem a ele? E se era uma ameaça direta à Esther? Afinal, o Conde Ivanov ainda estava á solta. Embora não tivesse feito nenhum movimento aparente, ele ainda era um inimigo poderoso, repleto de contatos, dinheiro e poder.

De repente, Esther voltou à sala. Tinha o rosto tenso, ainda pálido. Tinha, obviamente, acabado de vomitar. Holmes não podia culpa-la. Afinal, não era todo dia que se via um rato morto boiando em uma sopa.

–Acho que nunca mais vou comer Goulash... – ela desabafou.

–Não diga isso, minha cara... Eu sei que não pudemos provar, mas aposto que era uma comida deliciosa. Você certamente terá outras oportunidades.

–Talvez. – ela disse, com a voz fraca. – Bem, senhores. Irei me recolher.

Watson protestou. – Mas você sequer comeu um sanduíche.

–Perdi o apetite. Boa noite, cavalheiros. – despediu-se Esther.

Quando a porta se bateu, Watson suspirou.

–Ela esta abalada, Holmes. Espero não ter que coloca-la outra vez em tal situação. Afinal, o fato de ela morar aqui conosco, estar em nossa convivência, a faz vulnerável às implicações de nossa associação.

–Sim, Watson, eu sei disto, e ainda assim, não pode isentá-la. Há que se reconhecer que ela tinha plena consciência com o quê poderia ter de conviver morando aqui, em Baker Street...

Ouve silêncio por algum momento. Holmes sabia que Watson, na verdade, estava hesitante.

–Você acha que ela se aceitou tamanho risco apenas para... Ficar perto de mim?

–Watson...

–Sério, Holmes. Eu gostaria, meu amigo, que você colocasse à serviço toda sua capacidade dedutiva para me dizer: será que eu posso ter esperança de que ela ainda nutre algo por mim?

Holmes riu. – Não sou bom em análises sentimentais, meu caro Watson. Sempre achei que isso fosse sua especialidade, e aliás, encontro-me surpreso em te ver a consultar-me sobre esse departamento.

Watson cruzou os braços, resignado. – Ora, eu apenas desejei a opinião de uma pessoa de fora. Como não posso contar com Mrs. Hudson, porque nossa senhoria certamente iria me repreender, pensei que poderia contar com o ponto de vista de meu amigo e sócio.

Enquanto acendia um cigarro, Holmes pensava no assunto.

–Emoção não é um tópico que eu domino. Mas se deseja tanto um ponto de vista... Isso, é claro, se você não se irritar com o que irei dizer...

Watson assentiu.

–Eu acho, meu amigo, que Sophie Sigerson ama seu marido, de verdade. E sim, ela tem sentimentos por você. Amizade, e nada além disso.

Watson pareceu machucado. – E-Ela deu sinal disso?

–É o que me parece.

O bom doutor fungou, decepcionado. – Mesmo assim... Eu não consigo esquecê-la. Tenho a sensação de que ela precisa de mim. Agora mesmo, que ela está enjoada e aquele desgraçado do Sigerson sequer está aqui para ajuda-la. Tal como na vez em que ficou grávida.

O assunto da gravidez de Esther sempre deixava Holmes abatido. A dor de ter sido, em parte, responsável pela perda dela por conta de uma desconfiança ridícula ainda doía, e lembrar o assunto era quase como enfiar o dedo em um ferimento de bala.

–Mas ao menos, posso me assegurar que ela não está grávida daquele calhorda. Não dessa vez.

–Porquê tens tal confiança?

Watson assegurou. – Porque ela já mora nesta casa há meses e até hoje aquele calhorda do marido dela não apareceu. E... Bem, não há como uma gravidez ser concebida à distância.

–O que lhe garante que ela não o encontra fora daqui? – disse Holmes, dando mais um gole em seu chá. – Ela pode evitar que vocês dois se encontrem, ou mesmo pode temer que você venha a denunciá-lo, pois ele ainda é um assassino procurado.

–Não, eu duvido muito. Esse homem é tão covarde que não deve retornar mais à Inglaterra tão cedo. Aliás, ele é dinamarquês, não?

–Norueguês, creio eu. Pelo sotaque.

–As pessoas daquela região parecem sempre falar do mesmo jeito. Claro, não exatamente, mas nunca soube distinguir. Só você mesmo, Holmes.

–Não é algo difícil de descobrir, Watson, basta um pouco de treino e convivência. Aliás, o estudo de sotaques daria um bom tema de monografia...

A conversa de ambos acabou desencadeando diversos assuntos.

No entanto, Watson percebeu que Holmes estava inquieto. O que lhe estaria lhe afligindo dessa maneira? Seria a traquinagem descabida que lhe fizeram em seu jantar de aniversário? Talvez fosse.

Quando Watson deu as costas, por um motivo qualquer, acabou constatando que seu melhor amigo já tinha ido embora. Certamente, um novo quebra-cabeças apareceu para si. Um quebra-cabeças de véu e que importunava pessoas com ratos em suas comidas.

Só o que ele pôde fazer foi se sentar, e como em muitas noites, esperar que seu amigo retornasse são e salvo, com nada mais além de uma boa história ou um caso interessante para resolver.


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Notas finais do capítulo

Eita, eita!!! parece que temos um caso em andamento!!! Isso aí, Holmes!!! Ninguém estraga meu jantar de aniversário dessa maneira e sai impune!! Arrebenta com eles (nesse caso, com ela)

Suspeitos?? Ou está óbvio demais quem foi?? Dei boas pistas... #OuNão

Espero que tenham gostado, e por favor, me deixem saber disso com reviews!!!

Um grande bj e até quarta.



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