Laços de Sangue e Fúria escrita por BadWolf


Capítulo 1
Don Watson


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal!
Voltei!

Espero que tenham sentido minha falta.Aqui vamos para a terceira fanfic (nem acredito que passou tão rápido, parece que foi ontem que comecei a postar nesse site) e espero que vocês gostem dessa.
Dessa vez, não postarei tão rápido como fiz em "À Sombra da Justiça", porque ando muito ocupada. Aliás, só tinha planos para postar essa história (que está inacabada, é a primeira vez que faço essa "loucura") no ano que vem (!!!), mas decidi ir postando aos poucos.

Bom, esse é um prólogo que eu decidi não chamar assim, mas é um prólogo.

Como costumeiro, prestem atenção, não só neste mas nos outros capítulos. Podem haver pistas importantíssimas... #FaloNada

Não quero dizer muito porque o título já deve deixar uma pequena ponta de interrogação...

Boa leitura!



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Em algum lugar no Texas, Estados Unidos.

15 de Maio de 1894.

(Meses atrás...)


Diane estava colocando chá em duas xícaras. Era fim de tarde, e embora ela achasse tudo uma grande bobagem, seu pai, Donald Watson (a quem todos chamavam de Don, ou Tio Don) fazia questão de manter a tradição de uma terra longínqua, da qual ela jamais se sentiu pertencer. Não naquele local árido, quente, que ela poderia contar nos dedos as chuvas durante meses. Ainda assim, ela jamais sentiu qualquer desejo em conhecer a sombria e taciturna Londres, que seu pai lhe contava nas histórias. Histórias estas, ela lembrava, que justamente lhe faziam dormir.

Afinal, qual era a graça de morar em um local onde o sol quase não aparecia, rodeado de nuvens e prédios imensos? É bem verdade que ela se sentia uma caipirona, vestindo suas botas e usando uma trança, mas isso pouco importava. Ela se lembrava de um dia em sua infância, quando fez uma viagem de trem à Dallas, de seus prédios imensos e monumentais. Tudo muito bonito, mas... Não era como no Rancho de seu pai, onde ela poderia montar à cavalo, sair pelas colinas, ver o sol se pôr sem ter muito o que pensar no amanhã. A gente da cidade grande, ela lembrava, é apressada, desatenta, distante. Era difícil imaginar algo assim em uma cidadezinha tão pequena quanto Santa Fé, a que ficava mais perto do Rancho, onde todos se conheciam e se cumprimentavam, não naquele turbilhão de gente que esbarrava em você e sequer pedia desculpas.

Mas apesar disso, seu pai Don insistia em manter as tradições da cidade. Quase abominava o café – justamente uma bebida que ela gostava – e pagava fortunas em chá. Por causa de suas manias britânicas, alguns rancheiros vizinhos faziam vistas grossas à ele, especialmente os que descendiam daqueles que lutaram em rebeliões, ou mesmo pela Revolução Americana e o chamava de “bebedor de chá”. Don rebatia, chamando-os de “ Yankees selvagens”, mas depois se desculpava, afinal sua filha também era uma Yankee. Diane ponderava que o chá, talvez, fosse mais que um apego à velhos costumes, mas também uma forma de colocar civilidade naquela casa.

O chá de camomila fumegava na xícara, enquanto Diane consultava o relógio. Às cinco em ponto, o chá deveria ser servido, sem exceção. Ela tentava entender o porquê dessa pontualidade idiota, mas acreditava que jamais entenderia. Afinal, ela era uma americana, não uma maldita inglesa de almofadinha. Jamais colocara os pés na Inglaterra, sequer em Londres, e ela pensava o que as demais moças de sua idade achariam dela, com seus cabelos revoltos, olhos selvagens e pele morena pelo sol a qual ficava exposta todos os dias. Ouvira falar que Londres era uma cidade monocromática sem vida, e que a sensação era a mesma de se respirar o ar saído da lareira. Pois se era assim, quão terrível deveria ser viver nesse lugar!

Ainda bem que, embora nostálgico, seu pai Don não se mostrava nem um pouco disposto a voltar a sua terra natal. Afinal, ele tinha abandonado tudo para tentar uma nova vida em uma ex-colônia. Não conseguira muita coisa, mas uma vida plena e livre das amarras que impunham sua família. Na Inglaterra, ele precisava se matar de trabalhar em uma fábrica ou firma para conseguir algo como um quartinho sem janela e pão e chá na mesa. Ali, na América, ele tinha seus próprios empregados, uma casa boa e poderia fazer o que bem entendesse, de espingarda na mão e sem dar maores satisfações. Naqueles hectares, ele era a Lei.

–Papai! Venha, ou irá esfriar! – pediu Diane. – O que foi, papai?

Ela perguntou-se, ao ver seu pai chorando a beira da lareira. Diane suspirou, um tanto irritada. Já fazia uma vaga idéia do que estava acontecendo.

–São dele, não são? – ela perguntou, com raiva na voz. – Papai, quantas vezes eu te disse...

Don tinha em uma das mãos revistas. Eram edições do “Strand”, com ilustrações de seu sobrinho. – Olha só, ele não é bonito?

–Isso é um maldito desenho, papai!

–Olhe o linguajar, menina. – advertiu o homem. – E além do mais, ele ainda é meu sobrinho! Era apenas um menino mal sem bigodes quando toda a confusão de nossa família aconteceu!

–Isso o isenta agora? Sua família nem mesmo deve saber que eu existo! Por quê ele permanece a mandar essas revistas, e não manda uma carta, perguntando sobre você? Parece que quer tripudiar, chama-lo de fracassado...

–Talvez John sinta... Não sei, um receio de tocar no assunto. Afinal, fora o pai dele quem mais rejeitara minha escolha em vir pra cá.

–Sim, e foi o pai dele que tomou todos os seus bens na herança.

–Você fala como se meu irmão Henry e meu sobrinho John fossem fidalgos riquíssimos... Esqueceu que seu avô pegara todas as suas posses e investira em minas esgotadas? Ficamos ricos e pobres da noite para o dia por causa daquele senhor... Sneizmann...

–Ah, papai... Por favor, a história do judeu golpista, de novo não... – murmurava Diane, porque sabia bem o que ele iria começar.

–Ora, eu estaria pobre de um jeito ou de outro. Você seria a mesma moça pobre também, minha filha, muito embora eu ainda esteja guardando um dinheirinho para o seu dote...

A moça ficou tímida. – Arthur disse que não precisa de um dote para se casar comigo.

O velho Don tinha um ar divertido.

–Todo casal precisa de dinheiro para começar a vida, minha filha. Não quero que você passe pela mesma situação que sua mãe, quando escolheu um pé-rapado como eu. E eu gosto de Arthur, também. Vejo um belo futuro a vocês. – ele disse, colocando sua mão sobre o rosto de Diane, que sorriu em troca.

–O que é isso?

No mesmo instante, Don virou-se para a janela. Ao fazer isso, foi acertado por um tiro, no peito, muito preciso. Diane, que estava com sua xícara de chá na mão, deixou a xícara cair no chão e foi acudir o seu pai, cujo sangue já escorria por todo o peito.

–Papai? O que está havendo?

–E-Eu não sei... E-Eu acho que são eles...

A menina assentiu. Só poderia ter sido coisa de Jacob Kifler, o fazendeiro vizinho. Seu pai andava tendo desentendimentos com ele por conta das fronteiras das terras. Isso tudo porque a América mais parecia ser uma terra sem lei, covil de selvagens, onde tudo era permitido e prevalecia a Lei do mais forte.

–Fu-Fuja... – balbuciava Don. – A carta... A carta de John... Londres... Vá procura-lo... – dizia o velho Don, com dificuldade.

De repente, Diane começou a ouvir batidas fortes na porta. Ela não sabia se permanecia chorando, observando seu pai agonizante, ou se seguia seus instintos de sobrevivência. Sem pensar, ela correra para a gaveta, pegando um revólver e dinheiro. Segurando as baias do vestido, ela saiu pelas portas dos fundos, onde sabia que havia um cavalo pronto para montar. Olhou brevemente para trás, onde pôde ouvir seu pai, provavelmente sucumbindo à morte, no mais profundo de sua mente, gritando.

Fuja Diane! Fuja! Procure por seu primo, Dr. John Watson, em Londres!

A jovem corria, levantando as abas de seu vestido, se aproximando cada vez mais do cavalo, que naquele momento parecia distante. Em uma de suas mãos, jazia o envelope da carta que seu pai tinha acabado de receber. Seu desejo de viver era tão forte que a jovem corria para a liberdade, sem saber que estava na mira de um atirador.

Três tiros foram disparados.


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Notas finais do capítulo

Opa! Já começamos bem!!!!

Sempre quis começar com tiroteio no Velho Oeste!!!

É, americano adora uma pistola, rs.

E o que acharam da Diane Watson? Promete, não?

Gostaria de agradecer a receptividade dos leitores de "Shalom" e "À Sombra da Justiça". Foram seus comentários e retornos, das mais diversas formas, que me motivaram a continuar a escrever. Espero sentir a mesma coisa nessa.Obrigada pela atenção, e forte abraço!

E reviews, sempre bem-vindos!



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