Bárbara chega ao hospital junto de Giovanna após serem avisadas por Valentina.

Henrique vê sua mãe na recepção do hospital e lhe pede desculpas. Ambos vão embora e Henrique se despede de seu novo melhor amigo.

– Sabe, valeu por meu ajudar com o lance das mãos e tal.

– Você teria feito o mesmo por mim Henrique. – afirma Jonathan.

– Bem, de manhã eu vou ir com minha mãe até a Echo’s House, quero iniciar um tratamento adequado ao meu problema. Quero que você esteja lá comigo e com ela. Pode ser? – pergunta Henrique.

– Claro, eu estarei lá. – confirma Jonathan. – Agora vá para casa e descanse amigo.

– Farei isso. – diz Henrique dando um abraço em Jonathan que retribui o afeto.

...

Na manhã seguinte, Henrique e Bárbara vão até a Echo’s House. Fora do portão do sanatório, Jonathan espera o amigo.

Eles entram e veem pessoas completamente insanas caminhando livremente aos corredores da casa. Jonathan avista uma pessoa próxima a uma árvore, porém apoiada a uma sacada.

O rapaz passa a observá-la de longe e vê uma semelhança gigantesca com Valentina. No mesmo instante ele lembra-se do que o velho disse sobre a gêmea, porém ao voltar a si, ele a perde de vista e volta a concentrar-se em Henrique e sua mãe que conversam com a orientadora.

– Ele vai ficar bem instalado aqui e a senhora poderá vê-lo sempre que desejar. – afirma à orientadora.

– Eu sei que você quer fazer isso meu filho, mas não acha melhor fazer o tratamento em casa? – pergunta Bárbara olhando para Henrique.

– Mãe, eu acho que não será eficaz eu estando em casa durante o tratamento. – responde o menino colocando suas mãos sobre as mãos de sua mãe.

– Está bem, mas se precisar de algo não hesite em me chamar. – ordena a mulher assinando os papeis sobre a mesa da orientadora que se levanta rapidamente.

Após alguns minutos nas instalações da casa, Henrique se despede do amigo e da mãe.

– Fica bem, não faça nada que não queira e se precisar de alguma coisa, me liga. – pede a mãe abraçando o garoto.

– Está bem mãe, não se preocupe comigo. – afirma o rapaz.

– Henrique, não se preocupe você vai ficar bem e logo vai voltar para os seus amigos. – afirma Jonathan dando-lhe um abraço apertado.

– Eu sei que tenho ótimas pessoas me esperando quando o tratamento acabar. – confirma Henrique retribuindo o abraço.

Jonathan e Bárbara esperam Henrique entrar no quarto e quando estão saindo do sanatório, Jonathan vê novamente o a menina semelhante à Valentina.

Ele tenta se aproximar, mas o segurança, não permite. Então ao sair no quintal da casa ele vê a menina virando-se para ele e o encara.

O rosto da menina é o mesmo rosto de sua amiga. O susto que ele tem é tão grande que ele fica paralisado por alguns segundos.

Ele novamente lembra-se do velho na floresta e no mesmo minuto o vê ao lado da garota dentro do sanatório.

Ele embarca no carro de Bárbara e ambos voltam para a cidade.

...

À tarde naquele mesmo dia, um sábado como todos os outros na cidade de Westphalen.

Os jovens se encontraram Coffee Break, uma cafeteria no centro da cidade, ponto de encontro da maioria dos adolescentes em Westphalen.

– Foi assim, eu estava saindo de lá quando a menina me encarou e do lado dela aquele velho esquisito da floresta. Ela era você Valentina. – afirmou Jonathan.

– Isso é impossível. Eu saberia se tivesse uma irmã. – negou Valentina assustada.

– Se sua mãe foi embora quando você era um bebê, ela pode muito bem ter levado sua irmã com ela e deixado você com seu pai. – argumenta Débora.

– Eu terei que falar com a minha mãe. – alega Valentina. – Ela é a única que poderá confirmar essa história.

– E dizer o porquê da sua irmã gêmea estar em um hospício. – completa Gabriella.

...

Mais tarde, Valentina encontra-se com sua mãe e sua avó em casa.

– Mãe, posso lhe fazer uma pergunta bem fácil? – questiona Valentina. – Por que você não me falou que eu tinha uma irmã gêmea?

Esther se senta na poltrona e olha diretamente nos olhos de sua filha e em seguida encara sua mãe.

– Quem te contou isso? – pergunta Esther.

– Quando se vai a um sanatório se despedir de um amigo, você não espera encontrar uma pessoa que é o seu reflexo lá. – confronta Valentina.

– Querida é complicado. – argumenta Esther.

– Então descomplica, porque se eu tenho uma irmã gêmea eu tenho o direito de saber. – insiste a garota encarando sua mãe.

– Quando vocês nasceram, eu fui embora e abandonei seu pai, mas levei Victória comigo. – iniciou Esther. – Eu senti que precisava levar um pedaço daquela família “perfeita” comigo, então levei sua irmã.

– E por que eu nunca a conheci? – questionou Valentina.

– Porque seu pai deve ter achado que era melhor que vocês não se conhecerem. – responde Helena.

– E por que ela está no manicômio? – pergunta a garota.

– Aos 13 anos, sua irmã começou a ficar agressiva, ela maltratava qualquer ser vivo que visse a sua frente. Ate que aconteceu algo terrível. – diz Esther.

– O quê? – insiste a menina aflita e curiosa.

– Ela estava com a babá, e tentou mata-la enforcando-a com uma corda de pular. – afirma Esther abaixando a cabeça e esfregando os olhos.

– Ai meu Deus! – exclama Valentina.

– No mesmo dia eu a levei para a Echo’s House e a deixei lá até então. – encerra Esther. – O meu medo é que ela saia de lá agora que eu voltei para Westphalen e faça alguma coisa com você e sua avó.

– Eu sinto muito. – desculpa-se Valentina levantando do sofá e indo em direção as escadas, rumo a seu quarto.

Ao abrir a porta do quarto, Valentina se depara com a janela aberta. Ela vai até lá fechá-la, quando se vira encontra alguém em seu quarto e a porta trancada.

– Olá irmãzinha! – exclama Victória. – Eu ouvi a minha bela e trágica historia de vida. Você gostou digna de uma adaptação cinematográfica.

Valentina fica paralisada frente a sua irmã como se estivesse diante a um espelho mostrando apenas o seu interior.

[...]