– Por ora, acho que não há nada que possamos fazer além de pesquisar mais sobre o assunto. Ler sobre magia, sobre os Asgeir, os feitiços, acho que ajudará bastante se conseguirmos o máximo de informação o possível. - disse Verena.
– Verena está certa, é o que dá para fazer por enquanto. - concordei com ela.
– Podemos ir agora na biblioteca pesquisar. - sugeriu Brenna.
– Aham, por mais que seja dificil achar informações sobre esses assuntos, é possivel e necessário. - Verena afirmou.
– Eu posso ajudar se quiserem... - Alvina ofereceu, tímida.
– Claro! - concordou imediatamente a irmã de Naldo.
Todos se agruparam para ir até a biblioteca, certamente seria complicado encontrar dados úteis no meio daquele monte de livros velhos e empoeirados. Fiz mensão de segui-los, mas alguém segurou meu pulso.
– Espera um pouco, Astrid. - disse Soluço quando me virei para ele. - Preciso falar com você.
Confesso que senti um medo horrivel passar por todo o meu corpo, um medo que nunca havia sentido na vida e que nunca pensei que algum dia sentiria. Não queria passar pela mesma situação de mais cedo, não desejava nem de longe ver aquele descontrole novamente. Mas também precisava conversar, superar.
– Tudo bem. - eu topei, não sei ao certo se foi uma atitude esperta.
– Vocês não vem? - Verena exclamou, já um tanto distante.
– Podem ir, já alcançamos vocês! - gritei de volta.
– Ok. - ela respondeu simplesmente, sem nem ao menos fazer a sua típica expressão de malícia ao me ver a sós com seu irmão.
Soluço me chamou para sentar em uma pedra larga no canto do terreno e se sentou ao meu lado. Ficamos em silêncio por alguns segundos, eu não conseguia olhá-lo no olhos então apenas encarava o chão me sentindo desconfortável... era horrível...
– Astrid, eu... eu não pude pedir desculpas direito. Fiquei realmente chocado, estou me sentindo um monstro agora, nem... nem sei o que falar. Ai deuses! Me perdoa, por tudo que eu falei antes, por tudo que aconteceu agora. Não acho que desculpas vão resolver qualquer uma dessas coisas, mas não sei mais o que fazer! Não posso controlar isso agora, sou muito perigoso, para todos vocês! Astrid, por favor, acho que o melhor a ser feito por enquanto é você se afastar de mim.
Eu ergui a cabeça para ele, chocada, meu namorado não conseguia me encarar e tinha lágrimas nos olhos. Ele estava certo de certa forma, realmente, ele não podia controlar o que faria a seguir, podia acontecer a qualquer momento e era perigoso, mas eu não poderia cumprir o seu pedido. Segurei o rosto de Soluço com força entre minhas mãos, obrigando-o a olhar para mim.
– Soluço, escute, eu NÃO vou me afastar de você! Eu sou completamente incapaz disso, eu não sobreviveria. O melhor para mim agora e sempre é ter você bem aqui, ao meu lado. Não importa o que pode acontecer, nós acharemos uma solução! Nós sempre achamos! Eu não ligo, não ligo, não ligo! Você ainda é você, e eu te amo demais para me afastar em qualquer que seja a circunstância. Por favor, não me peça para fazer isso!
E como resposta, ele me beijou, de um jeito que nunca havia beijado antes, forte e ao mesmo tempo melancolico, desesperado e ao mesmo apaixonado. Retribuí com vontade e colei seu corpo no meu, abraçando-o o mais forte que podia. Nós dois tinhamos lágrimas escorrendo pelo rosto, e elas se misturavam de um jeito mágico.
Eram tantos problemas, tanto estresse, tanto perigo, e apesar de tudo, todo o meu amor era dele, em todos os momentos e eu sabia, também, que todo o amor dele era somente meu, eu senti isso com toda a certeza do mundo naquele beijo, eu esqueci tudo que havia ao meu redor, só me concentrei em meu namorado, esqueci as ameaças, os planos, os perigos, tudo, e eu precisava disso.
Soluço se afastou repentinamente fazendo-me sentir vazia e vulnerável, aquilo fez as lágrimas escorrerem com mais velocidade pelo meu rosto, estava perturbada demais, queria a segurança que ele costumava me passar, o aconchego, o conforto, todo o amor...
– Deuses, Astrid, eu te amo, eu te amo mais do que tudo! A última coisa que faria no mundo é me afastar de você, mas tem algo pior do que isso para mim, e seria que você se machucasse, ainda mais por minha causa! Sob esse feitiço, ou sei lá o que seja, eu sou um grande perigo pra você! Astrid, se você se machucasse pelas minhas mãos eu não conseguiria mais viver...
– Soluço, me escute! Isso não vai acontecer! Não vai acontecer! Enquanto não acharmos uma solução eu não permitirei que aconteça! Você não é perigoso pra mim, Erick é! Você me traz segurança, é meu protetor, meu tudo! Se ficar longe de mim é aí mesmo que vai me machucar, me machucar pra valer! Eu ficaria arrasada, como nunca fiquei na vida!
– Astrid, eu não posso correr esse risco... - eu o abracei novamente, com ainda mais força, minhas lágrimas molhavam sua roupa.
– Soluço, por favor, acredita em mim, se uma situação como essa ocorrer novamente eu consigo me proteger! Os outros também vão estar sempre ai para impedir que qualquer coisa aconteça! Por favor, não se afaste de mim por causa disso, já disse que não vou permitir que nada aconteça a nenhum de nós!
Ele se afastou novamente e segurou o meu rosto.
– Tudo bem, Astrid, vou ficar perto de você, como antes, mas se acontecer de novo, se eu fizer mensão de erguer a mão para você novamente, me afastarei, me afastarei até isso sumir e tudo voltar ao normal, ok?
– Mas Soluço, não precisa...
– Astrid, esse é o combinado! Você NÃO vai se ferir por minha causa, estamos entendidos?
– Tudo bem, Soluço. - ele abriu um meio sorriso pra mim.
– Agora vem cá. - ele me puxou pela cintura com força, e começou a beijar meu pescoço, meu corpo inteiro se arrepiou. Soluço acariciava delicadamente meu rosto, na minha cabeça, era impossível que aquela mão tão gentil e carinhosa tivesse sido capaz de quase espancar meu rosto. Porque quando ela toca minha face, é para fazer os melhores carinhos do mundo e me passar a melhor das sensações, é para me abraçar, me segurar, me manter firme e segura, aquela mão nunca me feriria!
– Astrid, não quero mesmo interromper, mas nós precisamos ir ajudar os outras para resolver isso logo!
– Aaaaaaaaaah não! Só mais um pouquinho. - ele soltou uma gargalhada gostosa.
– Vem, vamos, depois a gente continua. - Soluço soltou uma piscadinha, eu sorri.
– Afe, tudo bem, vou chegar primeiro! - disparei na frente dele.
– Ei! Isso não vale! - meu namorado correu atrás de mim e naquele momento nada do que havia acontecido naquela tarde antes disso existia, nenhuma agressão, nenhum ciúme, nem palavras cruéis, só meu amor por ele, e o amor dele por mim.