Não Podemos Saber Tudo escrita por Caçadora das Estrelas


Capítulo 23
Amor Ameaçador


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, tenho pouca coisa pra dizer sobre esse capítulo porque acho que ele já fala por si só. Apenas quero avisar que talvez vocês se choquem um pouco mas meu único objetivo é mostrar uma realidade, sem nenhum tipo de deboche, escrevi de forma séria e com plena noção do significado desse tipo assunto. Espero que entendam o que eu quis passar e que isso abra um pouco os olhos de vocês.



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– Bem, conhecemos Verena há alguns anos atrás, ela sempre adorou ficar por aí visitando todas as ilhas que apareciam em seu caminho, e acabou na nossa. Até ela, nunca tinha tido amigos de verdade, se não contar meu irmão, é claro, sempre fomos muito grudados. Mas eu era muito tímida, não lidava bem com as outras pessoas, assim como meu irmão. As outras crianças tinham impressões erradas sobre nós, por sermos filhos do líder.
Mas mudamos muito depois de conhecer Verena, ela começou a conversar conosco sobre assuntos interessantes, era animada, corajosa, tinha a mente aberta e um bilhão de ideias mirabolantes na cabeça, era o tipo de criança arteira que não sossegava um segundo.
Desde então nunca nos separamos, ela ficava um pouco em Osman Lambert, nós a visitávamos e ficávamos na Ilha dos Dragões com ela e sua mãe.
Aprontávamos todo o tipo de coisa, não parávamos de arranjar encrenca, era muito divertido. Um dia, estávamos em nossa ilha, e outro viking chegou para ficar, juntamente com seu filho, Erick. O pai dele era uma criatura completamente asquerosa, um completo estúpido! Um caçador de dragões que não tinha amor a nada! Mas Erick não era como ele, pelo menos, não parecia ser... - mais uma lágrima escorreu no meu rosto, sequei-a rapidamente para que Alvina não a notasse. - Enfim, Erick entrou para nosso grupo, era querido, amável, e bem bonito, me... Me apaixonei por ele, era muito gentil comigo, sempre estava sorrindo, então ele me pediu em namoro e... - me interrompi, notando a expressão no rosto de Alvina, ela parecia aborrecida, seu rosto estava um tanto sombrio, cabisbaixo, senti uma pontada horrível no coração.
– Alvina, tá tudo bem? - perguntei, buscando seu olhar.
– Ah, sim, sim, tá sim... Pode continuar.
– Ok. Bem, eu aceitei, namoramos, nos dávamos bem, quase nunca brigávamos, mas ele começou a ficar estranho, a se afastar, sentia ciúmes de tudo e todos, desconfiava de qualquer coisa, ficou agressivo e inseguro, e aquilo começou a me preocupar. Eu... eu fui conversar com ele, perguntar o que estava acontecendo... Erick disse que não havia nada de errado, mas mesmo assim ficou irritado comigo, então eu insisti... Ele... Ele ficou furioso comigo... - o choro ficou entalado em minha garganta, comecei a soluçar desesperadamente.
– Tudo bem, ei, desculpa, não precisa falar... - Alvina falou baixinho, colocou a mão sobre minhas costas.
– Não, não, eu preciso falar pra alguém... - hesitei em revelar aquilo, nunca tinha contado pra ninguém, nem mesmo pra Verena, mas não aguentava mais, precisava tirar aquilo dos meus ombros, me sufocava todos os dias da minha vida... - A noite... A noite em que perguntei a Erick o que estava acontecendo... Em que ele se irritou comigo... Foi... Foi a primeira vez que ele me bateu... Um tapa, muito forte... No meu rosto... Me... Me derrubou no chão... - Eu não conseguia mais falar, às lágrimas não permitiam, aquela lembrança era a mais horrível e vergonhosa de todas que eu tinha, mas contá-la a alguém fazia eu me sentir leve, renovada, tentei aliviar os soluços e continuei:
– Naquele momento eu nem senti a dor, ela veio mais tarde, eu só sentia o choque, o ódio nos olhos do meu namorado, um ódio que eu nunca havia visto em ninguém, nem mesmo no pai dele. Queria terminar, instantaneamente, mas fiquei com medo, nunca estive tão apavorada... Me... Me senti uma estúpida... Uma estúpida por ter me aproximado dele... Eu só me levantei e fugi, sai correndo e chorando, lembro que meu rosto estava vermelho, latejava. No dia seguinte, Erick veio pedir desculpas, disse que aquilo nunca mais aconteceria, que havia sido apenas um impulso.
Sinceramente, não acreditei, mas temi que, se não o perdoasse, ele ficasse ainda mais furioso comigo, e me batesse mais, então fingi que havia perdoado-o e agi como se nada daquilo tivesse acontecido. Uma semana depois, Erick bateu em um garoto na ilha, chegou a quebrar a perna dele, acusou-o de dar em cima de mim, aquele menino nunca havia sequer falado comigo. Pedi para ele parar, disse que ele tinha se enganado e... E ele me agrediu novamente, dessa vez, além do tapa no rosto, e me socou no estômago, de novo me lançando no chão.
Mais uma vez fiquei apavorada... Eu... Eu prometi a mim mesma que terminaria com ele no dia seguinte, que pediria ajuda, contaria pra alguém, mas não tive coragem. Ele prosseguiu me agredindo, até um dia, a ilha foi atacada pelo exército de Drago, Erick levou uma flechada e caiu no mar. Eu deveria ter me sentido aliviada, mas eu fiquei completamente destruída, até acusei Verena de ser culpada por sua morte... Eu... Eu era ingênua, completamente imbecil, mesmo sendo surrada por Erick continuava amando-o, fingia que não havia acontecido, por muito tempo, apaguei essas lembranças da minha mente, me iludi demais, ficava me convencendo de que ele era alguém bom, gentil... Fui muito burra. - Comecei a chorar de novo, dessa vez ainda mais desesperadamente, aquilo era doloroso demais. Senti braços finos me envolverem em um abraço morno.
– Eu sinto muito. - Alvina sussurrou em meu ouvido. - Sinto muito por você ter passado por isso, é horrível demais! Deuses, como um ser humano pode ser capaz disso?! - Mais um forte soluço escapou da minha garganta. A pequena mãozinha da garota começou a acariciar meu cabelo.
– Ei, shiu, já passou, você está bem agora... - soltei um suspiro, a voz dela foi me acalmando aos poucos, até meus olhos secarem.
– Nunca tinha contado isso pra ninguém. - confessei.
– Nem pra Verena? - ela peguntou. Fiz que não com a cabeça, Alvina sorriu.
– Bem, fico honrada por você ter confiado esse segredo a mim.
– Quer ouvir o resto?
– Não precisa contar, Brenna.
– Você quer ou não?
– Olha, eu sou uma garota bastante curiosa... - ela respondeu arregalando os olhos, eu soltei uma risada e continuei:
– Há pouco tempo atrás Erick reapareceu, ele não estava morto realmente, mas havia assassinado seu tio, Drago, para tomar seu lugar.
– Esse mundo é realmente um lugar bem pequeno... - ela comentou.
– Pois é. Erick atacou nossa ilha, mas conseguimos virar o jogo e o exilamos em uma ilha muito distante, fiz questão de ir junto na viagem, só para ter o prazer de vê-lo sendo esquecido, a última coisa que ele queria na vida...
– Nada menos do que ele mereceu...
– Não.
– Que bom. - ela abriu um sorriso maldoso nos lábios.

***

Nosso grupo já havia se separado, Baldão chamou Soluço e Bocão para resolver algum problema relacionado a um rebanho perdido ou algo assim, Brenna e Alvina também se afastaram conversando bastante, as perdi de vista. Então segui conversando com Naldo e Verena por um tempo, andamos pela ilha e resolvi mostrar alguns lugares desconhecidos para os dois, já que não tínhamos nenhuma ocupação no momento.
Demos quase toda a volta em Berk e retornamos até a frente do Grande Salão, onde me deparei com uma situação que me chocou. Soluço e Eret brigavam, meu namorado parecia estar ameaçando-o, ele avançava na direção do outro garoto, que recuava com a testa franzida.
– Eu acho bom você parar de ficar secando minha namorada, Eret! Você pensa que eu não noto? - Soluço berrava, eu me assustei.
– Cara, tá maluco? Eu mal falo com ela, não fiz nada... - Eret tentava se defender.
– Fica esperto! Eu não sou cego, acho bom você ficar na sua e parar com isso! Desde que você chegou aqui notei isso, devia ter desconfiado de você desde o início!
– O que deu em você? - Eret perguntou, Soluço o empurrou e ele caiu no chão.
– Soluço, para! O que aconteceu? - me meti na sua frente, seus olhos brilhavam de forma estranha.
– Não se meta nisso, Astrid! - ele ergueu a mão, eu fiquei sem reação, sua mão começou a vir em direção ao meu rosto, mas ela foi contida por Naldo que segurou o braço de Soluço segundos antes de ele atingir minha face.
– Soluço, para com isso agora! - Naldo berrou. Eu estava paralisada, não conseguia nem pensar direito.
– Você enlouqueceu? Olha o que está fazendo! - Verena exclamou para o irmão que se soltou da mão de Naldo e fez menção de partir para cima da garota. O namorado dela novamente se colocou na frente de Soluço.
– Não toque nela! - Naldo exclamou.
– Não enche! - Soluço o empurrou para o lado com facilidade e seguiu em direção a Verena que não se movia, eu finalmente consegui sair do lugar, corri e me coloquei entre os dois.
– Para, Soluço, por favor! - implorei. Novamente vi a mão de meu namorado vindo na minha direção, mas dessa vez ninguém ali conseguiria contê-lo a tempo.


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Notas finais do capítulo

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