Dramione - Like Fire And Rain escrita por Clary


Capítulo 1
Único.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, um passarinho me contou que estavam com saudades das minhas shortfics, bem, cá estou. Boa leitura!



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Ela estava sentada a mesa, observando seus amigos dançarem. Ron já tinha perdido a conta de quantas vezes a convidara, ela sempre recusava, dizendo não estar se sentindo bem.

Por fim, ele se cansou e foi dançar com a Brown, o mais intrigante é que Hermione não se importou. Queria entender o que havia de errado com ela, todos esses anos e quando finalmente consegue, despreza. Não sabia exatamente o que eram, já que ele nunca comentara namoro, então se sentia desimpedida. Girou a taça de Firewhisky entre os dedos, dando um gole. A bebida desceu queimando pela sua garganta enquanto ela fazia uma careta disfarçada. Nada contra, mas ela detestava beber. Porém, no momento, a garrafa era sua única companhia.

Olhou para a pista, os casais pareciam tão... Felizes. O peso da guerra havia sumido de seus olhares, dando lugar ao alívio. Era uma coisa linda, se o Weasley e a Brown não tivessem acabado de sair, provavelmente dariam uma passadinha na sala precisa.

Então uma música lenta e romântica começou a tocar. Revirou os olhos. Sentia o peso daquele lugar caindo sob seus ombros, ela não queria segurá-lo. Observou enquanto Gina e Harry colavam suas testas e dividiam juras de amor, Luna e Neville dançando como se estivessem nas nuvens. Chega.

Levantou-se, ajeitou seu vestido e equilibrou-se nos saltos. Ao sair do Salão, deparou-se com um corredor frio e deserto. Andou lentamente até os jardins, ao contrário dos outros ela não pensava na guerra, não e escondia atrás dessa catástrofe para dizer que já tinha passado por maus bocados na vida, não se culpava por nada e também não se vangloriava. Ela deixava que sua memória tomasse conta da situação, não fazia sentido ficar lembrando se não seria útil. Era uma tristeza enorme lembrar a morte, e ultimamente ela evitava. Às vezes o sofrimento é apenas sofrimento. Isso não faz você mais forte. Ele não constrói o caráter, nem te ajuda a crescer. Só dói.

Parou no meio do jardim, sentindo-se perdida. Era tão diferente de todos e ao mesmo tempo tão igual, queria apenas achar um meio termo para definir a si mesma, sem se esconder atrás de livros, coisa que ela fazia muito bem. Queria ouvir uma música e saber que se identificou ali por que de fato se conhece.

Sim, com certeza, pessoas caladas tem muito barulho dentro de si. Hermione tinha uma bateria de samba dentro de si, era incrível como sempre estava no meio termo, não conseguia ter certeza de nada nessa vida.

Em todo lugar o homem culpa a natureza e o destino, embora seu destino seja nada mais que o eco de seu caráter e suas paixões, seus erros e fraquezas. Ela, enraivecida, pedia para pararem de culpar o destino quando o verdadeiro culpado nada mais seria que você e suas atitudes inconsequentes.

Estava perdida meio ao céu lotado de estrelas, seus pensamentos espalhados naquela extensão negra e infinita, quando alguém sussurrou ao pé do seu ouvido:
- Noite bonita, Granger. Só não mais que você. – O loiro sussurrou, enquanto a castanha segurava-se para não se arrepiar com a respiração dele, rente a seu pescoço.

Aquilo era tortura.

Draco viu quando ela recusou-se a dançar com o Weasley, quando levou a taça aos lábios graciosamente, e quando veio para os jardins. Ele estava simplesmente hipnotizado pelos movimentos da Granger. Ela estava prendendo toda sua atenção naquele vestido vermelho sangue batendo no meio das coxas, seu cabelo agora ondulado caía um palmo abaixo dos ombros, seus lábios num tom carmim escuro fazia com que ele pensasse quais seriam as possibilidades de tomá-los para si sem conseguir um tapa de brinde. Fora assim da ultima vez, mas ele gostou do arder da mão dela na sua bochecha esquerda. Tanto que sentiu quando deveria segui-la. Não fazia ideia se ela lembrava do quarto ano, do baile, da estrela cadente, mas ele se lembrava. Uma guerra não seria desculpa para esquecer, já que a ultima coisa que ele faria era esquecer a Granger.

Ela sorriu de lado, provocando-o.
- Ah, Malfoy, por que isso me soa familiar? – ela disse, sem desviar o olhar do céu.

Ele parou ao seu lado.
- Como anda sua memória depois da guerra, Granger? – ele brincou, o olhos fixos numa constelação.

- Ah, muito boa, diferente de muita gente, eu não tenho que culpar um bruxo das Trevas desconhecido por ter me golpeado com um feitiço ou sei lá o que, que por acaso afetou meu cérebro.

Eles riram, ele não podia explicar como aquela risada era música para os ouvidos dele. Hermione lembrava-se da noite após do baile do Torneio Tribruxo, e das únicas coisas que tinha certeza na vida, era que naquela noite tinha se apaixonado por ele. Por que ela se apaixonara logo por esse babaca? Não conseguia tirar isso da cabeça, por que justo ele tinha que fazer seu coração acelerar? Ia acabar ficando louca e a culpa é de quem? Daquele filho da puta, pensava. Quando o conheceu, não planejou que isso ia acontecer. Para Hermione, ele seria só mais um dos montes de Sonserinos sangue-puro que a odiaria e se limitaria a ofendê-la sempre. O tipo que ela queria distância. Ele também tinha que ser tão perfeito aos olhos dela? Até os defeitos dele a deixavam apaixonada. Isso não estava certo. Isso tinha que passar. Ele tinha todo um jeito de fazê-la cair na dele, os olhos cinza tempestade que podiam desvendar todos os seus segredos, todo aquele jeito cafajeste de ser a intrigava, e Hermione Granger intrigada sempre corria atrás. Se amaldiçoava por sentir essas coisas, mas ele tem uma pegada de endoidecer. Só pela pegada que ele teve no primeiro encontro, numa noite idêntica a essa, ela já tinha se perdido nos olhos dele. Lembrava como se fosse hoje também da sua mão estalando na pele de bebê dele, e de como sorriu maléficamente ao pensar nisso. Mas não apaixonada. Apaixonada jamais, nem por ele e por nenhum outro babaca! Ela não me apaixonava. Essas borboletas eram um efeito temporário, logo elas morreriam. Ele parecia ser todo errado e ia acabar a machucando, ela não queria partir seu coração e nem ia. E não ia deixar aquele filho da puta com sorriso bonito a conquistar. Hoje, ela se via na mesma situação, ele aparecia e “puf” a virava e revirava do avesso. Eu consigo não me apegar. Eu consigo fazer isso, eu posso fazer isso. Mas, merda meu Deus, ele é tão perfeito pra ser só por uma noite, pensava.

Agora ele estava ali, arrependido de tudo o que havia feito na guerra. Como se isso realmente mudasse alguma coisa no que ela sentia. Com ele, entendia por que não se preocupava com Ron, não sentia ciúmes e coisa do tipo. Ao mesmo tempo que tentou matar os sentimentos dentro dela usando Ron, e eles só faziam borbulhar como agua em ebulição dentro dela toda vez que seus olhos se encontravam, seja no corredor, numa aula qualquer, no Grande Salão, qualquer lugar. Eram como fogo e chuva, como o Romeu e a Julieta atuais, impossíveis demais para darem certo.

Mal sabiam que já tinham dado.

- A sua estrela ainda está no mesmo lugar? – ele perguntou, enfiando as mãos nos bolsos enquanto ainda olhava para o alto.

- Estrelas não mudam de lugar. – ela brincou. – Elas sempre estão ali, caso você precise numa noite de inverno, em que a indecisão ataca.

Ele arqueou uma sombrancelha, tirando uma coisa do bolso.
- Objetos sempre estarão salvos, caso você os guarde. – ele mostrou o lenço negro que havia oferecido a ela naquela noite, que ela chorava como uma criancinha. Draco pensava em todas as suas noite de tormenta, nas quais agarrara aquele tecido e pensara no quanto o cheiro dela o acalmava.

Ali, neste exato momento, seus ombros encostavam um no outro, causando leves ondas de eletricidade entre o dois. Estavam tão próximos que ele podia sentir o cheiro de livros, lavanda e shampoo de camomila dela. Era como uma droga da qual ele estava louco para provar, sem medo de virar escravo dela.

Draco não tinha o que falar, ele se rendia a esse sentimento desde a primeira vez que seus olhos encontraram aqueles orbes cor de chocolate.

Hermione arqueou as sombrancelhas ao ver o lenço, levemente assustada por reconhecê-lo tão rápido.
- Você o guardou... – pensou alto.

- Eu poderia ter guardado o tapa também, mas nesse, infelizmente, a natureza deu um jeito rapidamente. – ele deu de ombros.

Hermione levantou os olhos para ele.
- Você era um tarado. – disse.

- Talvez eu ainda seja. – ele sorriu, cafajeste.

- Me esqueça, Malfoy. – ela implicou.

- Como se eu lembrasse, Granger. – ele rebateu.

- Não sou eu que guardo lencinhos. – ela jogou, saboreando a discussão.

- Eu, pelo menos, não fico olhando para uma estrela em especial quando me sinto perdido. – ele soltou uma risadinha irônica.

- O céu talvez seja tão enorme, que meu problema pareça pequeno. – Hermione pensou alto.

- Beleza, e como vão você e o Weasley? – ele desviou o assunto, nem tanto, já que os dois eram motivo da sina dela.

- Vão mal, obrigada. – a castanha respondeu, um misto de humor e raiva.

Draco riu.
- Obrigada pela sinceridade.

- As ordens. – ela deu de ombros.

- Sabe exatamente onde pode ir bem, obrigado. – ele jogou a indireta.

Hermione pensou ser a indireta mais direta de todos os tempos.
- Não, não sei. – riu – Onde?

De repente, ele ficou sério e eles se encararam.
- Aqui. – ele apontou para o próprio coração, fazendo Hermione baquear.

Ele tinha aquele jeito cafajeste, o sorriso irritante, um jeito de quem desacredita de todos a sua volta, que não está nem aí com a vida, mas ele tinha sentimentos. Por ela.

Hermione sorriu timidamente.
- Ainda?

Seus olhos se encontraram. Uma guerra, cinza no castanho.
- Sempre. – disse, decidido, sem desviar o olhar.

- Esse lugar é tão bonito. – Hermione disse, olhando ao redor – tão cheio de recordações.

Draco também olhou ao redor.
- Lugares bonitos tendem a ser apropriados para certos atos.

- Que ato? – sim, Hermione queria fazer Draco falar. O que ela não sabia era que o loiro estava adorando colocar tudo aquilo para fora de uma vez.

Ele respondeu com um sorriso alá Malfoy.
- O ato de borrar o seu batom. – disse, encarando os lábios carmim convidativos de Hermione.

Draco não esperou que ela raciocinasse, estava esperando essa deixa desde que a viu. Ele a puxou pela cintura e rapidamente encurralou-a em uma árvore, e ela se amaldiçoou por continuar no seu um metro de sessenta e sete ainda de salto alto, e ele ser tão mais alto e forte. Uma das mãos dele pousava, firme, na cintura da castanha, quanto a outra já tinha afundado nos cabelos dela, ele se perguntava que milagre ocorrera ali que os cachos volumosos haviam sumido desde o início do ano, mas enfim, ele não via nada errado naquilo.

Pelo contrário, a cada dia que passava para ele ela ficava mais bonita.

Hermione agarrou as passadeiras da calça dele, trazendo-o para mais perto. Uma das mãos passeava pelas costas dele, e isso a fazia pensar no quanto o Quadribol pode mudar um cara do quarto para o sétimo ano, santo seja, ele já era um homem. Mordeu o lábio inferior enquanto ele se aproximava, apenas para provocar. Observou enquanto ele esboçava um sorrisinho ao perceber a atitude dela, e tomou sua boca com ferocidade. Daí para frente, se lembrava com exatidão do dormitório dos monitores, já que ele era monitor, de quando ele a jogou na cama e a fez delirar. Draco nunca cogitou o fato de uma garota comandá-lo daquela forma, mas ele se rendia a Granger como um criminoso encurralado se rende a polícia.

Agora, aos dezenove anos, ela morava com o namorado e fazia faculdade bruxa, um dia ingressaria no Ministério, e se realmente queria dar um pontapé na sua vida, tinha que tomar uma atitude. Não ficaria ali, à mercê de um namoro imaginário. Não sabia ao certo o que tinha movido-a a sair correndo na manhã seguinte à noite do baile, na qual tinha dormido com Draco, apenas era uma garota de dezessete anos que o que tinha de inteligente para o conhecimento, tinha de burra para o amor. Draco era um fantasma que a assombrava todas as noites.

- Hermione... eu... – Ron começou, se encolhendo diante da decisão da garota.

Ela manteve os olhos fechados e acariciou as têmporas, demonstrando tamanha irritação.
- Por favor, apenas vá embora.

Ele caminhou lentamente até a porta, desistindo.
- Mas... Estamos noivos! O mundo bruxo sabe disso e torce pela nossa felicidade.. – começou, parando no batente.

Hermione o interrompeu, segurando a maçaneta.
- Que se dane, eu não te amo tanto quanto deveria, se é que devo. Me faça dois favores: conte a eles que eu estou pouco me fodendo para o que pensam, e não volte nunca mais. – ponderou.

Bateu a porta na cara dele. Pronto, terminei. Um final rápido, direto e justo para ambos. Ou nem tanto, pensou.

Desabou na cama, sorrindo. Uma vida inteira presa a um amor imaginário, agora estava livre. Um dia a gente acorda, os livros nos acordam, um anjo nos acorda, e somos avisados: não adianta mais olhar para trás e tentar deixar tudo como está por que você não quer machucar ninguém. É ir em frente ou nada!

Ela quis tanto ser feliz. Tanto. Chegava a ser arrogante. O trator da felicidade. Atropelou o mundo e ela mesma. Tanta coisa dentro do peito. Tanta vida. Tanta coisa que só afugenta a tudo e a todos. Ninguém dá conta do saco sem fundo de quem devora o mundo e ainda assim não basta. Ninguém dá conta, e quer saber? Nem ela dava. Chega. Não queria mais ser feliz. Nem triste. Nem nada. Quis muito mandar na vida. Agora, nem chega a ser mandada por ela. Ela simplesmente se recusava a repassar a história, seja ela qual for, pela milésima vez. Deixaria a vida ser como é. Desde que ela continuasse vivendo.

Para Ronald fora tudo tão rápido. Num piscar de olhos ela não precisava mais dos seus cuidados, dos seus mimos, do seu cheiro, do seu aconchego, da sua proteção. Num piscar de olhos ela não precisava mais de dele. Isso o fazia pensar, se é que pensava, como diria Hermione, onde foi que errou? A amava mesmo? Sentia-se... Leve pelo término?

No dia seguinte, Draco acordou atrasado para a aula, saiu chutando as coisas que estavam espalhadas pelo quarto, tomou uma ducha rápida, escovando os dentes enquanto corria para enfiar uma calça jeans, uma camisa branca qualquer, no caminho achou seus nike e os calçou rapidamente, pegou as chaves do carro no tapete, a mochila atrás do sofá e o livro de física encima do fogão.

Acho que preciso de uma faxineira, pensou. O que fazia-se indagar como ele ainda achava, quando seu melhor amigo Blaise tinha plena certeza.

Correu para o estacionamento achando sua Mercedes preta imediatamente, indo para escola feito um jato. Ignorou todas as garotas que se jogaram encima dele naquele dia. Estava atordoado, desde que a notícia do noivado da Granger e o Weasley eclodiu pelo mundo mágico, ele não fora mais o mesmo.

- Qual é a sua, cara? – Blaise perguntava, sentado no sofá dele após um dia exaustivo de aula – Desde essa notícia aí da Granger você vem sendo mais babaca que o normal. Você desperdiçou a chance com duas líderes de torcida gostosas essa semana. – ele dizia, como se fosse um absurdo.

- Você quer mesmo saber? – Draco perguntou, irritado.

- Quero!

Draco dispensava as máscaras de sentimentos ao falar dela.
- Pois bem, eu dei uns pegas na Granger no quarto ano, depois do baile. – ele achou melhor esconder a parte que ela esteve chorando e ele a consolou assim que percebeu a expressão do amigo só dele dizer aquilo. – Mas ela me deu um tapa que me doeu até a alma e saiu correndo como se eu fosse uma aberração. – continuou, frustrado.

Blaise começou a rir descontroladamente.
- Eta porra, você teve o coração partido pela Granger? – ele ria, ria, ria, Draco suspeitava de que fosse começar a chorar. Tanto ele quanto Blaise.

- Enfim, não é apenas isso – Blaise prestou atenção – No sétimo ano, teve aquele baile de não sei o que da guerra e tudo o mais, aconteceu meio que a mesma coisa, o Weasley foi trepar lá com a Brown e ela foi pros jardins, o mesmo lugar de antes. Naquela noite eu beijei ela de novo, e nós dormimos juntos.

Blaise arregalou os olhos.
- Puta merda, a coisa era pior que eu imaginava. Ela mudou pra caramba no sétimo ano, com todo respeito! – ele corrigiu, ao ver a carranca do amigo – Agora que ficou interessante, como foi?

O loiro desabou no sofá, suspirando ao lembrar aquela noite.
- Ela tomou as rédeas. – ele disse, sonhador.

Blaise chegou a berrar.
- A SABE-TUDO CABELO-DE-VASSOURA TOMOU AS RÉDEAS E TE DEIXOU TAO DOIDO QUE DOIS ANOS DEPOIS VOCÊ AINDA SUSPIRA? -- ele perguntou, incrédulo.

- Desculpa, mas não é apenas o fato de ela ser boa de cama. – Draco falou, apoiando os cotovelos nos joelhos e olhando para o amigo. – Ela desapareceu no dia seguinte, e eu nunca tive a coragem de procurá-la para tomar satisfações. Eu a amo, Blaise, desde que bati o olho naquele raio de garota no primeiro dia de aula em Hogwarts.

A expressão brincalhona de Blaise morreu, dando lugar a uma de incredulidade.
- E ela vai se casar. – Blaise disse – Com o Cenourinha.

Draco fechou os olhos.
- E ela vai se casar, com aquele traste. – repetiu, com raiva de si mesmo.

O moreno se levantou de uma vez.
- Pois agora você vai entrar no meu carro e vamos dirigir até a porta da Granger, e você vai repetir tudo isso para ela.

Draco encarou o amigo, incapaz de dizer alguma coisa.

Seu maior medo é que nada disso valha a pena. Estava apostando todas as suas fichas e principalmente torcendo para que tudo desse certo. Mas agora, queria que ela o mostrasse que a gente estava no mesmo time e que ele poderia contar com ela. Nem que seja para eles ganharem no finalzinho de um segundo tempo. Ou perder no comecinho do primeiro. Tanto faz, independente de qualquer alternativa, a sua metáfora vai ser sempre a mesma: Ao lado dela, ele nunca perde nada.

Mas isso era impossível, ela iria se casar, e pelo que ele bem sabia, talvez fosse apenas para esquecê-lo.

Uma coruja bicou a janela dele, carregando o pesado Profeta Diário. Blaise foi até a janela, abriu-a e acariciou a penugem do bichinho. Pegou o jornal e despachou-a. O moreno abriu o jornal e correu os olhos pela manchete, exibiu um sorriso satisfeito enquanto esboçava um plano na sua cabeça.

- Quais são as tragédias de hoje? – Draco perguntou, abrindo a geladeira a procura de duas Coca-Colas. Assim que encontrou as duas latas, arremessou uma para o amigo que a pegou no ar.

Blaise riu e empurrou o jornal para o loiro.
- Se você considerar isso uma tragédia, você é um cara de sorte. Ela terminou.

Draco olhava, maravilhado, para a notícia. Pela primeira vez na vida ele agradeceu nas entranhas de seu ser a Rita Skeeter, por ser uma futriqueira da vida alheia que acabara de lhe dar a melhor das notícias do mundo.

- Provavelmente tu sabe que ela estuda no Campus I da nossa faculdade, né?

Draco não levantou o olhar.
- Claro.

- Pronto? – Zabini perguntou.

Draco sorriu para ele, do mesmo jeito que sorriu para Hermione naquela noite. Até seu sorriso cafajeste tinha um jeito diferente quando estava com ela.
- Eu sempre estive. – respondeu.

Hermione estava atordoada e profundamente irritada. Tinha perdido as contas de quantos desocupados futriqueiros tinham vindo até ela perguntar o por que de ter jogado o Weasley para escanteio, tirando toda a paz que havia reinado no dia anterior.

Ela queria estuporar todos eles, em outras circunstancias mandá-los para o inferno.

Se embaralhava com os livros na sua mão, colocando-os no armário duzentos e cinquenta e sete do corredor A2 da faculdade. Não pode evitar pensar no paradeiro do dono dos olhos tempestade e de seu coração assim que bateu a porta na cara de Ronald, mas ao mesmo tempo lembrava da burrada que tinha feito, e pensava que ele devia rir ao se lembrar dela.

Se é que lembrava.

Bateu a porta do armário com força assim que se deu conta do quão burra tinha se tornado para algumas coisas.

- Calma, castanha... Esses raios de fofoca com seu nome lhe incomodam, Granger? – o loiro falou, com as mãos nos bolsos da calça, o sorriso conhecido moldando sua feição, recostado no armário ao lado do seu.

- Puta merda! – Hermione soltou ao mesmo tempo que tapou a boca e corou violentamente.

Ela quase caiu para trás quando o viu. Não percebeu quando a sineta tocou lembrando os alunos da próxima aula, nem quando o corredor ficou vazio, exceto pelos dois se encarando ali.

Draco riu.
- Eu tenho em mente que a você queria dizer “o que você está fazendo aqui?”, certo? – o loiro indagou, levantando uma sombrancelha.

Hermione aprumou o corpo, subitamente feliz por ter dado um jeito nos cabelos semana passada e estarem soltos e ondulados, um pouco mais curtos, estar com uma das suas roupas favoritas: um top cropped cinza de manga comprida caído no ombro direito e um saia alta levemente rodada preta, além do All Star cano médio simples. Se sentia bem, ousaria dizer completa com ele tão perto. Ele também estava tao lindo, a barba por fazer, o jeito desleixado de sempre, o cabelo bagunçado livre de gel... Achava melhor parar por aí.

- Certo. O que você está fazendo aqui? – perguntou ela, ainda abalada.

Draco repassou tudo que tinha pensado em dizer no carro, mas de repente, viu que nada valeria mais que a sua sinceridade.
- Digamos que certa manhã eu tenha acordado com o coração partido depois da melhor noite da minha vida com a garota que eu amava, e hoje eu soube que ela largou um traste através do Profeta Diário e das fofocas intermináveis de Rita Skeeter. E cá estou eu, ousando levar um fora ao perguntar se ela quer dormir comigo por toda eternidade, sem inventar de fugir na manhã seguinte.

Todo o peso da duvida nos ombros de Hermione se esvaíram depois dessa declaração, Draco sentiu uma onda de coragem ao perceber o sorriso de tirar o fôlego da sua castanha. Sim, agora ela pertencia a ele e a mais ninguém.

Hermione saltou encima dele, puxando-o pelo pescoço para um beijo urgente. Os dois sorriram meio ao beijo, o coração palpitando, o frio na barriga, a sensação de satisfação de Draco por finalmente ter ido atrás da sua felicidade. Os dois não e cabiam dentro de si, Draco pensava que eles caberiam um no outro direitinho, se é que vocês o entendem.

Pararam para respirar e colaram suas testas. A respiração dele roçando no nariz arrebitado dela. Por um segundo, que levou a um minuto, que levou à hora, logo a um dia, a uma semana, um mês, um ano e toda a eternidade, eles entenderam o quanto foram feitos um para o outro.

- Promete que não vai mais fugir? – Draco perguntou, apreensivo.

Hermione sorriu.
- Se for pra você me encontrar, pode ter certeza que eu vou fugir muitas vezes. – eles riram e o coração dele acelerou ao ouvir novamente a risada melodiosa dela.

Mas não precisava ser nem no fundo, do lado de fora mesmo, dentro, ou nos confins da Terra, ela sabia que nunca mais fugiria, e ele sabia que só precisaria tomar coragem para admitir que estava errado numa discussão sobre como educar as crianças.

Amar é um impossível

Sonserino e Grifinória

Fogo e chuva

Romeu e Julieta

Tire as lembranças da gaveta

Torne-as possíveis

Una-as numa bela história.

- Nayara Alves.


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Notas finais do capítulo

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