Revenge escrita por TniaSvcd, SophiaHart


Capítulo 5
I've run all my life from the truth


Notas iniciais do capítulo

Pedimos imensa desculpa pela demora a postar este capítulo. A verdade é que ele está escrito há já bastante tempo, mas infelizmente nenhuma das duas tem tido vida para dedicar a esta historiazinha.
Sem mais demoras, o vosso tão aguardado capítulo. Mais explicações em baixo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/515544/chapter/5

O Tyler puxou-me para fora rapidamente, como se me quisesse proteger de alguma coisa.

–Soph. -Disse, olhando-me nos olhos.

– Ahn...? Diz. - Falei tentando focar-me apenas nele.

–Que se passa?

– Nada, é melhor irmos. - Falei olhando lá para dentro.

–Irmos onde?

– Para casa...

–Mas disseste que querias falar comigo.

– E falamos a caminho de casa. - Disse e fixei o olhar nele. - Opões-te ao roubo de carros?

–Depende. Nem por isso. Porquê?

– Dá-me dois minutos e já volto. - Disse correndo para o stand ali perto.

–Vamos roubar um carro?! Finalmente! Posso ao menos escolhê-lo?

– Finalmente?! - Questionei. - E não, não podes, sem ofensa mas sou mais rápida sozinha.

–Mas deixa-me escolher por favor!

– Diz-me a marca. - Mandei impacientemente.

–Lamborguini!!!!!

– Vou ver o que se pode fazer. - Falei afastando-me rapidamente

–Uuuhuuu!!!!! -Ouvi ao longe. O Ty salvava e rodopiava como uma crianca de 5 anos.

Revirei os olhos. Ok, tinha de me concentrar. Tinha um carro para roubar...

Concentrei-me em desligar a mente de toda a gente, enquanto entrava rapidamente.

Corri por todos os carros a procura do bendito carro que o Ty pediu.

Aquele stand vendia de tudo e foi dificil encontrar o maldito carro. Mas finalmente lá estava ele.

Era preto, o que era um bónus para mim. Abri a porta e fiz ligação direta saindo a toda a velocidade do stand.

Virei o voltante em direção ao vidro mais proximo e carreguei a fundo no acelerador, indo em direção ao vidro a toda a velocidade. Isto era uma coisa que eu sempre quis tentar.

Só carreguei no travão quando cheguei perto do Tyler.

– Entra. - Mandei, Abrindo a janela do carro.

– Já estou a ir. - Disse correndo para o outro lado e entrando. - Isto é um espetáculo! Posso conduzir? -Perguntou ele.

– Não. - Respondi voltando a acelerar.

– Oh mas porquê? Ele é tao lindo. - Disse fazendo beicinho.

–Exatamente por ser lindo que não te deixo conduzi-lo.

– Por favor, por favoor?

–Não, Tyler!

– Chata.

–Criancinha.

Ele manteve-se calado e virou o rosto para a janela, com os braços cruzados à frente do peito.

Voltei a focar a minha atenção na condução.

A experiencia na loja tinha sido bastante confusa, nunca vivera assim as memórias das pessoas na forma humana.

– Disseste que querias falar comigo. - Falou o Tyler baixo e ainda sem olhar para mim.

–Pois disse.

– E o que queres?

–Ty,...

– Já te disse para falares. - Disse rudemente.

–Muitas coisas se passaram nestes últimos dias...

–Já percebi.

–O que é que percebeste?-Perguntei surpreendida, desviando os olhos da estrada.

Ele suspirou ainda sem olhar para mim e sem intenções de o fazer tão cedo.

–Isto e aquilo.

–Ah?

Ele encolheu os ombros.

– Continua.

–Não, continua tu!

– Tu é que querias falar, por isso, fala. - Disse.

–Mas tu é que supostamente sabes de algo que eu ia dizer, por isso...

– Só disse que sei de algumas coisas, nada mais...

–O que sabes?

Ele virou o rosto para mim, fintando-me com os grandes olhos pretos.

Eu desviei rapidamente o olhar, mais uma vez incomodada.

– Sei que alguém massacrou as pessoas da nossa aldeia, que esse alguém anda atrás de nós... Sei que te preocupas comigo.

Suspirei aliviada. Afinal ele não sabia de muito mais... Contudo a frase dele pareceu incompleta... Como se ele quisesse dizer mais alguma coisa.

–Sinto um mas a caminho...

– Mas nada. - Disse. - Tua vez de falares.

–Okay...

Fiz uma pequena pausa para pensar no que dizer.

– Como é que tu estás? - Disse com um pouco de hesitação.

–Bem. Porque perguntas?

– Por tudo o que aconteceu nos últimos dias.

– Não quero falar sobre isso, Soph. - Disse rapidamente.

–Exatamente! Muita coisa se passou nos ultimos dias e tu não falas sobre isso. Dizes que não queres falar mas ages como se nada se tivesse passado.

– Tu também não falas sobre isso. - Lembrou.

–Não sou eu que ando aos saltos por roubar um carro, ou que me ando a empantorrar de hamburgers ou sem fazer nada o dia todo quando os teus pais estão desaparecidos em vez de os procurar.

– Talvez porque isso aconteceu ontem e todo o dia de hoje estive mais preocupado contigo! Por estares constantemente a fugir de mim como se eu tivesse uma doença super contagiosa que não queres apanhar. - Disse chateado com com um pouco de tristeza na voz. - E quanto ao carro...eu tenho de pelo menos tentar não pensar...
–Eu não fujo de ti...- "Fujo dos teus lábios que parecem ter um iman." Pensei eu.- Mas temos muito que fazer... E talvez tenha sido um pouco injusta... mas quero que fales comigo sempre que precisares e que não tentes parecer sempre normal quando não estás. Pelo menos não comigo.

– Tu não fazes isso, porque haveria de fazer?

–Porque eu sou uma vampira, pelo menos parte... Eu mordo, eu mato. Se eu ficasse triste por cada vez que matei alguém, quer dizer, alguma coisa... Eu passava a minha eterna vida infeliz e depressiva... Isso ou morria à fome...

– Nunca mataste ninguém. - Contrapôs. - Os animais não contam, eu por exemplo, como-os todos os dias para sobreviver. Também os estou a matar.

–É diferente...- Ups....

– É como? - Questionou, olhando para mim.

–Eu sou vampira... Tenho instinto assassino...

– E eu sou um lobo.

–Okay...

Ele observou-me com muita atenção, como se procurasse algum sinal da mentira existente nesta conversa.

–Okay... E qual é o plano?-Disse olhando-me ainda desconfiado.

Voltei a focar o olhar na estrada que começava a chegar ao fim.

– Já te disse que para já é que tu descanses.

–E tu?

– Eu vou ficar lá...

–A fazer o que?

– A descansar talvez...

–Talvez?

Estacionei o carro a frente da grande casa castanha.

– Preocupa-te contigo.

–Mas eu também me preocupo contigo, o que queres que te faça?

– Não quero nada, Ty. - Desliguei o carro e abri a minha porta. - Preciso de um banho, ficas bem durante uns minutos sozinho?

–E se eu também quiser tomar banho?

– Vais para outra casa de banho, simples. - Falei.

Ele olhava para mim com um olhar maldoso e só então me apercebi do que ele queria dizer com aquilo.

–Eww, Ty!-Disse dando-lhe uma chapada no braço.-Não sejas porco. E vai dormir! Isso deve ser da falta de sono!

– Calma boneca, eu sei que tens força. - Reclamou passando a mão pelo braço, ainda com aquele sorriso a brindar-lhe os lábios.

–Eu não estou para te aturar...-Disse subindo as escadas sem olhar para ele.

– Hey! Estava a brincar, Soph! - Ele correu atrás de mim, agarrando-me o braço e virando-me para ele.
– Eu estou um pouquinho farta das tuas brincadeiras. - Suspirei. - Larga-me, estou demasiado cansada para discutir contigo.
Magoado ele largou-me eu corri para cima, dirigindo-me a um quarto qualquer e entrando.
Senti-me imediatamente mal. O que estaria a acontecer-me? Estava a transformar-me num monstro frio e oco por dentro?

Tapei o ralo da banheira e juntei alguns sais de banho à água.

Esperei que a banheira enche-se e despi-me, entrando de seguida.

A água estava quente e a espuma fazia parecer que estava a entar numa nuvem. Permiti que a água quente em contacto com o meu corpo relaxasse o meu corpo, lentamente. Aos poucos, deixei o meu corpo escorregar, entrando naquela massa de espuma e ficando totalmente dentro de água, deixando-me completamente coberta em água e espuma. Fechei os olhos e deixei a minha mente esvaziar-se. Devagar, selecionei cada pensamento que entrava na minha cabeça, apagando temporariamente todos aqueles em que não queria pensar naquele momento e deixando ficar apenas aqueles em que teria de me focar. Como na minha vingança e em salvar a mãe do Tyler...

Eis o que sei que me ajudará:

1º Descobrir o que é que o tal de Jamie sabe e em que é que me pode ser útil. Seja ele quem for, sei que está algures num bar, provavelmente no beco junto ao McDonald's. E eu tenho de lá ir, se possível sem o Tyler atrás de mim e a fazer perguntas idiotas... Ou a julgar-me quando eu o tiver matar depois de recolher todas as informações que possa daquele homem.

Meu Deus o Ty...quando ele descobrir nunca mais olha para mim como se eu fosse uma pessoa... Mas eu farei os possiveis para o manter a salvo, salvar a sua mãe e vingar a minha família, nem que isso implique matar todos os que interferirem no meu caminho, mesmo que o Ty me odeie para o resto da vida.

Eh...eu tenho a certeza que é isso que devo fazer...

Agora, a vingança...

Comecei a fazer uma lista de coisas que poderia precisar para as minhas saídas de estudo.

Vou precisar de um isqueiro, de uma faca (não vá eu ter de cortar os dedos a alguém), uma pistola talvez também seja útil, e acho é tudo!

Inexplicavelmente eu não conseguia deixar de pensar no que o Ty pensaria se soubesse de todo o meu plano... Ou como irá reagir quando eu lhe contar que o pai dele está morto e que eu sempre soube...

Doía-me o coração só de imaginar a expressão de ódio dele. Ou a maneira dolorosa como os seus olhos escuros olhariam para mim, acusando-me silênciosamentre de ser uma assassina e uma grande mentirosa.

Abri os olhos para afastar aquela imagem da minha mente. Subitamente, esqueci-me que estava dentro de água e assim que senti a espuma nos meus olhos sai rapidamente.

– Ah! Porra! Idiota! - Praguejei.

Os meus olhos ardiam-me e sai a correr da banheira dirigindo-me ao lavatório, passei o rosto por água fria, esfregando bem os olhos.

Contudo, eles continuavam a arder.

– Ah que Merda. - Resmunguei.

– Soph? - Ouvi uma voz chamar-me ao de longe seguida por batidas na porta.

–Estás bem?

– Estou! Mantém-te do lado de fora! - Mandel rapidamente, voltando a esfregar os olhos com água.

–Mas que se passou?

– Nada.. Deixa-me em paz!

O barulho dos passos dele ecoaram alto nos meus ouvidos enquanto ele se afastava. Provavelmente tinha sido muito dura com ele mas eu tinha a porcaria dos olhos a arder!

Comecei a tentar abri-los devagarinho, quem sabe, talvez passasse?

Felizmente as propriedades sobrenaturais do meu corpo agiram as manchas desfocadas na minha visão e aquele incomodo arder desapareceu.

Sequei-me com uma pequena toalha branca que encontrei no armário e procurei pela minha roupa, chegando a conclusão que não a separa do saco que entregara ao Ty.

Abri um pouco a porta.

–Tyyy!-chamei- Chega aqui!

– Chega tu aqui, o caminho é o mesmo!

–Mas eu preciso de uma coisa.

– Vai busca-la. - Respondeu.

–Eu estou nua, seu idiota! E preciso que me tragas a minha roupa que está no saco que eu te dei, ok?- Explodi de raiva

– Nua, boneca? Estou a ir!

–Traz a roupa!

Fechei a porta com força esperando que aquele idiota fizesse o que lhe pedi. Conseguia ouvi-lo a correr pelas escadas e atropeçar a cada 5 segundos, mas ele lá chegou e trouxe-me o saco.

–Ty, eu vou abrir a porta. Mas tu vais agir como uma pessoa normal, certo?

– Define pessoa normal.

Suspirei.

–Ok, vamos fazer assim. Tu deixas a saca a porta e vais para fora de casa até eu te chamar, ok?

– Nem penses. E que tal tu abres a porta, eu entrego-te o saco e tu vestes-te?

–Tu vais espreitar.

– Não era a primeira vez que te via sem roupa. - Contrapôs.

–Hey! Isso é mentira!- Disse muito ofendida.

– É? E hoje de manhã? - Ele estava a tentar chatear-me so pode...

–Quando?!

– Para um vampira a tua memória não é muito boa. Quando estavas a minha procura boneca.

–Não foi nada!

Ele riu.

– Podes abrir a porta e pegar no saco? Estou a ficar cansado de estar aqui.

– Ok. Mas se fazes alguma coisa, eu parto o teu pescoço.

– Que violência boneca.

–Estou a falar a sério!

– Está bem, pega no saco. - Mandou, puxando a porta.

– Está bem, pega no saco. - Mandou, girando a maçaneta e empurrando a porta.

Espreitei devagar e agarrei no saco, olhando diretamente nos olhos dele para ter a certeza de que ele não olhava para mais lado nenhum.

– Obrigado. - Disse fechando a porta rapidamente.

Ele começou a rir-se do outro lado da porta.

– Isso é tudo medo de mim? - Perguntou

–Medo do quê?-Resmunguei

– Não sei diz-me tu.

–Não! Diz-me tu por alminha de quem é que eu haveria de ter medo de ti?

– Eu tambem gostava de ter a resposta a essa pergunta. - Respondeu, e caminhou para longe.

–Ty! Volta aqui!

– Precisas de ajuda é?

–Não! Quero saber porque achas isso.

– Depois, agora veste-te...

–Eu estou a vestir-me! Quero saber! Porque é que achas que eu tenho medo de ti?

–Tens medo de mim porque tens medo que acabes por gostar mesmo de mim.

O meu corpo parou com o choque das palavras dele. "tens medo que acabes por gostar mesmo de mim", era mesmo isso?

Ouvi os passos dele que se afastavam a pouco e pouco e poucas vezes me senti tão vazia e egoísta.

Abanei a cabeça tentando afastar aquela sensação nada agradavel.

Eu só o estava a proteger de uma desilusão... E a tentar proteger-me a mim mesma...

Com esse pensamento, que me confortava um pouco, terminei de enfiar a roupa preta no meu corpo. O meu cabelo emaranhado caía-me em madeixas fragrantes no meu rosto. Penteei-o da melhor maneira possivel com os meus dedos.

Da próxima vez que fosse às compras tinha de me lembrar de comprar produtos básicos.

Suspirei e abri a porta da casa de banho, saindo.

–Ty!- chamei.

– Sala. - Respondeu.

Dirigi-me lentamente para a sala. Não tinha vontade nenhuma de voltar a encara-lo, mas como de costume a minha curiosidade era sempre maior. Não fazia a mínima ideia de como haveria de iniciar a conversa, ou mesmo de como a continuar, mas isto tinha de ser esclarecido.

Ao descer as escadas dei com ele deitado no grande sofá branco a comer como se nada fosse.

–O que estás a comer?

– Comida.

Aproximei-me dele. Baixei-me ao seu lado e olhei-o nos olhos. Por momentos ele parou de comer e também lhou para mim do mesmo modo.

Um arrepio percorreu a minha espinha e eu agarrei as minhas mãos para as impedir de tremer e o meu coração bateu mais depressa. Queria falar mas parecia que tinha um nó na garganta. Inspirei profundamente, fiz um sorriso sínico e fiz um gesto com a mão para ele se mexer.

–Chega para lá.

Ele sorriu e afastou-se para eu me puder sentar

–Que se passa?- disse com um sorriso presunsoso.

– Não posso sentar-me ao lado do meu quase irmão a descansar um pouco depois destes últimos dias?

–Quase irmão?!

Sorri de lado e roubei-lhe um hambúrguer.

– Sim...

–Porquê?

– Cresceste comigo. - Suspirei e trinquei o hamburguer. - Só trouxeste isto?

–Só podes estar a gozar...

–Com que parte?

–Com as duas!

Olhei para ele cansada, o meu discurso já nem era coerente.

– Eu só acho que podias ter trazido bebidas.

–Para quê?! Para ficares bêbeda, fazeres coisas que depois te arrependes e agir como se nada se tivesse passado?! Pelo menos as últimas duas coisas não precisas de bebida para as fazeres por isso até poupamos.

– Estava a falar de sumo idiota! - Atirei-lhe o hamburguer e sem fome. - E não é com atitudes dessas de mudas a minha opinião!

–Tua opinião sobre o quê?

– Sobre ti! - Gritei e cruzei os braços a frente do peito. -Ah! Queres saber? Vai dormir que o teu mal é sono.

Ele olhou para mim de um modo que nunca me olhara antes e eu juro que se o olhar matasse, eu provavelmente estaria morta. Foi inevitável encolher-me sobre aquele olhar.

Por fim ele desviou o olhar de mim e focou-o mum ponto qualquer na parede. Por algum tempo ficamos em silencio. Eu queria dizer algo, mas não esconteva as palavras "corretas".

Por fim eu baixei a cabeça e fixei-me nas pontas dos meus dedos. No fundo eu sabia que ele tinha razão, eu estava sempre a fugir dos meus problemas...

E sinceramente ainda não entendi porque ajo assim perto dele... É mais forte do que eu...

Olhei por entre as pestanas para ele, analisando-o.

– Ty? - Chamei baixinho.

Ele moveu os olhos lentamente na minha direção... Ouço-o fungar como se estivesse a conter as lágrimas. Sem pensar duas vezes abracei-o de lado com força, o meu coração partiu-se, odiava ve-lo triste principalmente sendo eu a culpada. Ele encostou a cabeça ao meu ombro, apesar de ser muito maior do que eu.

– Por favor, não fiques assim...

Ele não estava a chorar. Limitava-se a abraçar-me.

– Diz alguma coisa...

–Não há nada para dizer...

– Estás triste. - Observei

–Shh... Não estragues isto também...

Eu calei-me ficando muito quieta.

Um arrepio percorreu-me novamente a espinha e aposto que se pudesse ver a minha cara agora, eu estaria completamente vermelha... mas desta vez não de raiva...Não queria estragar nada com ele, mas não queria que houvesse nada. Queria ficar aqui para sempre... Assim... E esquecer que tenho uma humana para resgatar... E uma dúzia de pessoas para matar... Também queria que ele falasse e não fosse com raiva e magoa. Mas se isto é o melhor que posso ter então que assim seja...

Passei os dedos pelo cabelo preto dele com carinho. E pousei a minha cabeça também no ombro dele.

Fechei os olhos e guardei todos os detalhes deste momento. O calor do corpo dele, as batidas do seu coração e a macies do cabelo dele. A força dos seus braços em torno do meu corpo, a suavidade da sua cara no meu pescoço, o som da sua respiração e o seu perfume.

O que estaria ele a pensar?

Provavelmente no quão bipolar eu me estou a tornar.

Ou será que está a tentar guardar o máximo possível deste momento, tal como eu?

Com um bocadinho de concentração levantei apenas um pouquinho véu dos pensamentos dele. Havia tanto a passar-lhe pela mente que ao principio fiquei um pouco perdida. Qual das direções devia seguir?

Optei pela mais superficial onde só conseguia captar um "Ela cheira tão bem..." antes de ele se mexer e eu me assustar, saltando imediatamente para fora.

Olhei espantada para ele.

–Que se passa?- perguntei.

– Nada.

–Então porque te mexeste?

–Foi só uma sensação estranha. - Suspirou.

–Okay...

Os braços dele estreitaram-se a minha volta quase como se me quisesse impedir de fugir.

–Sabes, eu não vou a lado nenhum... Excepto que se me continuares a apertar assim vou provavelmente partir alguma costela.-disse rindo baixinho.

Ele largou-me imediatamente, afastando-se e olhando para as mãos.

–Mas eu nunca disse que me importava.-disse com um sorriso.

Ele sorriu também e voltou a aproximar-se, abraçando-me do mesmo modo.

–Está bem assim, boneca?

–Perfeito.

E eu sorri novamente.

Havia uma parte do meu cérebro que me avisava que estava a entrar em terreno perigoso, no entanto, havia a outra parte que dizia para eu apenas aproveitar.

Novamente, duas partes de mim entraram em conflito. Que estava eu a fazer? Eu não podia gostar dele. O amor torna-nos fracos...certo?

Senti o meu estômago a contrair-se como se eu fosse vomitar a qualquer momento.

Era tão fraca! Sucumbir aos encantos dele era fácil difícil seria afasta-lo por ser o certo. Eu não era boa para ele, o Tyler merecia alguém melhor, verdadeiramente capaz de gostar dele.

Para além disso, merecia alguém que fosse honesto com ele e que o estivesse sempre lá para ele e sempre dispoto a protegê-lo.

Coloquei as mãos no peito dele e afastei-o com força.

–Mas que raio?! Porque fizeste isso?

– Desculpa...mas...eu... - Levantei-me e afastei-me do sofá.

– Soph? Não faças isso. - Pediu com os olhos suplicantes.

– Não faço o quê Tyler? Já fiz a borrada toda! - Disse um pouco mais alto do que o habitual.

Infiltrei os dedos no meu cabelo e puxei-o com força. Era tão estupida!

–Hei, hei, hei, hei.- disse baixinho aproximando-se de mim de braços abertos- Não fizeste nada... Está tudo bem.

Ele colocou as mãos debaixo do meu maxilar e levantou-a ligeiramente.

– Tyler... - Murmurei fintando os olhos dele.

–Shh-Sussurou colocando um dedo em frente aos meus lábios.

– Tu não entendes. - Virei o rosto para o lado de modo a fugid as mãos dele.

–Eu entendo mais do que dou a entender- Disse com um sorriso presunçoso enquanto movia as sobrancelhas de uma maneira estranha, o que me fez rir um pouco.

– Não...não podes. Deviamos tratar-nos apenas como irmãos. - Disse frisando o apenas.

Que eu saiba os irmãos também se abraçam...

– Não daquele modo. Não com aqueles pensamentos.

–Que pensamentos?

O meu rosto ficou vermelho.

– Han...eu ouvi...ahn...estas a pensar alto... Desculpa. - Disse embraçada inventado a primeira coisa que me veio a cabeça.

–Sabes que eu...

–Que não pensas... Pois... A maior parte das vezes não mas...

–Ahahah, que piadinha... Ia dizer que eu não estava a pensar nada de mal...

– Define nada de mal.

–A sério, Soph! Estou farto disto! Farto das nossas discussões estúpidas! Farto que me vejas como um irmãozinho desprezível de quem és obrigada a tomar conta! Farto de que não importa o que faça que nunca serei bom o suficiente para ti! Farto disto tudo!-disse quase aos berros.

–O problema é que és bom demais para mim!-Berrei eu.

Ele dirigui-se às escada e começou a subir.

–Vou descançar. Pensa no que eu disse e falamos amanhã.

E dito isto subiu as escadas.

Quando ele desapareceu o meu coração apertou-se tanto no peito que por momentos deixei de sentir o corpo e caí ao chão.

Encolhi-me numa bola para manter todas as partes do meu corpo juntas. Porque é que doía tanto? Porque é que eu não conseguia fechar-me aquilo e erguee um dos meus muros impenetráveis ao lado dele?

–T-tttt...Ty-sussurrei.

Mas ninguém veio e eu fiquei ali, sozinha no chão.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Esperamos que tenham gostado!
Queriamos agradecer à stefany que nos inspirou, com o seu comentário, a postar esta história, que já acreditávamos morta. Na falta de melhor palavra, singimo-nos à mais modesta: obrigada.
Face a um futuro incerto podemos apenas prometer-vos que daremos o melhor para não vos desiludir



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Revenge" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.