Revenge escrita por TniaSvcd, SophiaHart


Capítulo 3
Capitulo 2 - Mixed Feelings


Notas iniciais do capítulo

Oi :)
Mais um capítulo para vocês, espero que gostem ^^



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Retirei-a da moldura, cortando-me no dedo.

– Porra. - Resmunguei levando o dedo à boca para estancar o sangue.

Coloquei a fotografia no bolso, pousei a moldura partida na mesa de entrada, até então vazia e continuei pela casa a recordar momentos passados na mesma uma última vez, caminhando com cuidado para não tropeçar nos corpos.

Engraçado como antes, pouco me importava em estar aqui ou não, e agora, com eles mortos, gostaria de voltar a tê-los todos aqui a chatear-me.

Avancei em direção à sala, onde ainda se encontrava no sofá um dos livros que tinha andado a ler. Apesar de tudo à volta estar um caus, aquele livro continuava exactamente no mesmo sítio onde eu o deixara na noite passada.

Peguei nele com cuidado,na espectativa de encontrar algo, uma misera pista que me ajudasse. Mas nada. Apenas um livro. Se pelo menos alguém ali estivesse vivo, mesmo que inconsciente, eu poderia entrar na sua mente e perceber pelo menos parte do que se passou. Mas não havia ninguém. Estava sozinha, mais uma vez.

Caminhei em direção à cozinha.

Estes gestos eram como o meu pequeno castigo, a tortura para a minha alma. Para me recordar de mais um falhanço meu, em proteger a coisa mais parecida com família que tive em toda a minha vida.

Tinha de sair dali o mais depressa possível, mas primeiro havia algumas coisas que ainda tinha de fazer ali.

Assim que cheguei a cozinha procurei recolher todos os mantimentos possíveis.

Procurei pelo gás que liga ao fogão e chutei a garrafa até que furasse.

Subi as escadas e entrei no meu quarto. Os últimos raios de sol entravam pela janela deixando todo o meu quarto de um laranja belo. Olhei pela janela uma última vez, ia ter saudades daquele sítio.

Mais uma vez, senti vontade de vacilar, enroscar-me a um canto e chorar. Em vez disso, preferi desligar tudo o que me era emoções ...

Peguei em alguma roupa minha e do Ty e em coisas que puderia precisar, meti tudo numa mochila e desci as escadas, como se aquele sítio fosse tão insignificante como qualquer outro.

Ao chegar à entrada, já pronta para sair e nunca mais olhar para trás, olho de relance para a mesa de entrada. Ia jurar que estava vazia... mas em cima dela estava uma pequena caixa preta, com vários botões de lado...

Peguei nele com cuidado, primindo o botão, start.

Lembro-me de ter visto um igual há uns anos atrás. Era um gravador de voz. Sim, de certeza que é isso.

"Olá, Sophie, esse é o teu nome, não é? Em que é os teus queridos paizinhos estavam a pensar... Ah, como eu me lembro deles... Conheçia a tua mãe tão bem! Sabes, por vezes conheces as pessoas a tua vida toda e nunca as conheces bem. Mas eu conhecia bem a tua mãe. Nem irias acreditar como consegues conhecer bem alguem quando elas estão no leito da sua morte e quando tu és aquela com as suas vidas nas mãos.

Gostaste da tua pequena prenda? Apenas para relembrar os velhos momentos.

Lembras-te de mim? Provavelmente não, pequena Sophie. Mas eu lembro-me de ti! Tão pequena e indefesa. E mesmo quando me preparava para te matar, alguém te apanhou e fugiu contigo. Mas não te preocupes... Posso ainda não te ter matado, mas quado nos reencontrarmos, prometo que te farei sofrer tanto como fiz aos teus papás, isto é, mesmo antes de os matar."

Se havia algo mais no gravador não sei, pois a minha mão fechou-se com força à volta dele enquanto eu era tomada pela raiva.

Pequenos pedaços pretos caíram da minha mão causando um barulho irritante ao tocar no chão.

– Vou apanhar-te. – Rosnei baixinho. – Nem que seja a última coisa que faça nesta maldita vida.

Dito isto, peguei nas minhas coisas e sai a correr, acendendo o meu esqueiro.

Atirei-o contra a casa e entrei na floresta a correr, enquanto a minha casa, a minha quase felicidade, ardia lentamente.

Por momentos parei, voltei-me e fiquei a observá-la.

Consegui ouvir o crepitar das estruturas de madeira, enquanto, lentamente, cediam sobre si mesmas. As chamas saiam pelas janelas, portas e pelo telhado, do qual já nada restava. A luz vermelha iluminava a noite, fria e escura. A lua tinha sido tapada por uma nuvem de cinzas que, apesar da minha distância, me fazia arder os olhos, dando-me uma incontrolável vontade de chorar.

Pensando melhor, talvez não fosse apenas o fumo negro que me fazia arder os olhos, lágrimas teimosas, lágrimas essas, que não poderiam descer livremente pelo meu rosto, nunca mais, também me queimavam os olhos lentamente. Um pequeno sinal do que se passava dentro de mim naquele momento. Isto era demasiado forte para conter dentro de mim.

Voltei a correr, sem vontade de voltar para trás, queria ficar muito pequena, tão pequena que ninguém me pudesse ver, ninguém pudesse ver que eu sofria, que apesar de tudo e de todos os meus esforços, eu senti-a dor.

Tanta dor que pensei que explodiria em mil pedacinhos.

Lentamente, deixei todas as minhas emoções voltarem a entrar dentro de mim. Já não aguentava mais.

Enquanto corria, tropecei na raiz de uma árvore e cai no chão.

Encolhi-me no chão enquanto chorava baixinho, uma última vez, prometi a mim mesma, depois, tudo dentro de mim morreria. Tinha de ser ou não conseguiria salvar a última pessoa no mundo com quem eu me importava.

Chorei durante uma hora, o que me pareceu uma eternidade, matei rapidamente um animal e fui para casa.

Limpei os olhos e respirei fundo atravessando a sala com rapidez.

– Ty?

–Já vou!-Disse ele.

Atirei o alce para o meio da sala, sacundido a roupa lentamente. Tinha de parecer normal, pensei.

Ele desceu as escadas a correr. Vestia uma roupa diferente e grande demais para lhe poder pertencer. Tinha os olhos vermelhos e inchados e evitava ao máximo olhar para mim.

Avancei para a frente dele, peguei-lhe no queixo e levantei-lhe o rosto.

– Estiveste a chorar. - Observei.

–Não estive nada!-Disse ele afastando a minha mão com cuidado e tentando mudar de assunto.-O que é isso?

Suspirei afastando-me.

– Aqui está roupa para ti. - Disse estendendo-lhe a mochila. - E ali o teu jantar.

–Vamos comer aquilo assim?-perguntou ele preplexo.

– Não, tu vais comer aquilo, eu vou caçar daqui a bocado. - Expliquei o mais calmamente possivel.

–Como é que esperas que eu coma o veado?!

– Com os dentes. - Respondi

– Que engraçadinha, boneca. - Ele aproximou-se do grande animal morto e tocou-lhe com o dedo. - Está cru!

–Esperavas que ele nascesse cozido?!

– Não, mas...

Eu estava só a brincar, mas ele parecia mesmo mal. Isto tudo ainda devia ser pior para ele do que para mim. Tinha de lhe dar um desconto...

–Anda lá, eu ajudo-te.-Disse eu com um sorriso, agarrando-lhe a mão e puxando-o para a cozinha.

Empurrei-o levemente para que se sentasse numa das cadeiras da grande cozinha e fui buscar o veado. Pousei-o em cima do balcão e usei as mãos para lhe arrancar as pernas, fazendo pequenos esguichos de sangue saltarem.

–Tira-me uma panela ou assim daí de baixo...

– Murmurei passando os lábios pela mão cheia de sangue.

Ele fez o que eu lhe disse, procurando por entre os moveis cheios de pó.

–Como pensas fazer isto?-disse, passando-me um frigideira.

– Não tenho ideia. - Resmunguei e arranquei a cabeça do veado com força. - Mas tens de comer não é?

–Deixa, não tenho assim tanta fome...

Virei o meu olhar negro para ele.

– Desde de quando é que TU não tens fome?

–Desde hoje, ok?

– Hum... - Respondi simplesmente e procurei por algo que pudesse deitar fogo.

–Que estás a fazer? Eu já disse que não tenho fome!

– Por acaso, em algum momento, te perguntei se tinhas fome?

–Por favor, Soph... Não faças nada. Eu não quero comer... Só preciso de assentar as ideias...

Aproximei-me dele e procurei-lhe o isqueiro nos bolsos, ignorando completamente o pedido.

–Que estás a fazer?!

– Perdi o meu isqueiro, preciso de teu. - Murmurei. - Depois, enquanto comes, vamos conversar.

–Como troquei de roupa não o tenho aqui. E não quero ouvir sermões sobre isso... Vou-me deitar. Preciso de estar sozinho...

Deixei-o ir, mas ele que não pensasse que não ia comer.

Subi as escadas para ver se havia algum livro de culinária ali em casa.

Entrei numa grande biblioteca e percorri as grandes estantes na minha velocidade.

Assim que encontrei um, fui para a cozinha e tentei assar as pernas do veado e fiz algum arroz que tinha trazido da casa dos Quileutes.

–Como é que eles conseguem comer isto?!

Preferia a carne crua, ainda com sangue se preferência, mas enfim... Depois de as pernas estarem assadas subi para procurar o Tyler.

Segui o cheiro dele até a um quarto e bati à porta.

–Ty, posso entrar?

– Não! - Disse com a voz rouca pelo choro. Abri um pouco a porta determinada a entrar. - Soph, não entres!

–Ty... Calma, sou só eu... E trouxe-te alguma comida!-Disse-lhe, sentando-me na cama, junto a ele.-Ouve, não há mal nenhum em chorar. Muito menos por causa disto...-Devia começar a ouvir os meus próprios conselhos...- Anda cá. - Sussurrei abrindo os braços com carinho.

Ele espreitou por debaixo dos cobertores e olhou para mim com aqueles olhos de cachorrinho e fez um pequeno sorriso.

–Agora tratas-me como uma rapariga?!

–Sim... Não sejas parvo e anda cá... Olha que eu já estou a arrepender-me...

Ele sentou-se e abraçou-me com força. Apesar do tamanho dele ser três vezes o meu, neste momento parecia muito, muito mais pequeno e indefeso.

Ele chorava compulsivamente no meu ombro, enquanto eu lhe acariciava a cabeça.

–Vai tudo ficar bem... Vais ver que sim... Pronto, pronto... Chora o que quiseres... Eu estou aqui para ti... Mas tambem tens de comer...- "Vai ficar tudo bem" era das piores mentiras que já contara na minha vida. Como podia ficar tudo bem com o Sam morto? Mais cedo ou mais tarde vou ter de lhe contar...

Eles sentou-se e comeu tudo o que lhe tinha preparado em menos de um minuto. Depois disso deitou a cabeça no meu colo e ficou um silêncio tumular no quarto.

Comecei a passar os dedos pelo cabelo dele, desfazendo pequenos nós nos fios negros.

– Como te sentes? - Perguntei.

Ele olhou para cima, directamente nos meus olhos e respondeu com a coisa mais parecida com um sorriso que ele conseguia fazer naquele momento:

–Bem, não se vê logo! Porque não vamos os dois para a disco?

Suspirei. É preciso paciência...

–Pronto. Já vi que não precisas mais de mim aqui... Vou andando...-Disse, levantando-me.

–Não, espera!-Ele pegou-me na mão.- Fica comigo, por favor. - Pediu com os olhos muito abertos.

Não consegui conter um sorriso.

–Sempre.

Voltei a sentar-me ao seu lado, deixando-o que a sua cabeça repouse nas minhas pernas, novamente.

Durante minutos ficamos ali os dois, em silencio, envolvidos nos nossos pensamentos. Tinhamo-nos um ao outro, apenas e só, e tínhamos todo o tempo do mundo.

Daqui para a frente, o meu objetivo seria protegê-lo e conseguir a minha vingança, fazer aquele de olhos vermelhos pagar...

–Soph...-murmurou ele.

– Falei olhando para ele.

–Achas mesmo que os vamos encontrar?

– Encontrar quem? - Perguntei baixo.

–Os meus pais...

– Ty... - Comecei mas calei-me sem saber como começar, não tinha forças para o magoar ainda mais.

–Tu achas que eles já estão mortos, não é?

– Eu não acho...

–Então? Porque disseste aquilo?

– Ty... - Respirei fundo. - Eu tenho a certeza que o teu pai não está vivo. - Sussurrei.

–Porquê? Porque dizes isso?-Disse ele, quase aos gritos, levantando-se. As lagrimas escorriam-lhe pela cara, desta vez com mais força. Não percebi se eram lágrimas de raiva ou tristeza, mas provavelmente ambas. Devia ter estado calada... Não ter dito nada...

Levantei-me também agarando-lhe os ombros.

– Senta-te Tyler.

–Porquê? Porque me fizeste isto? Sophie, por favor, conta-me tudo o que sabes. Eu mereço saber...- Não queria ter usado os meus poderes para o fazer esquecer tudo o que disse, tal como o fiz agora mesmo para ele se acalmar, mas não tive outra escolha.

Ajoelhei-me a frente dele, com lágrimas nos olhos, peguei-lhe numa das mãos morenas.

– Tyler...perdoa-me por favor. - Pedi. - Mas neste momento, eu não consigo ser forte pelos dois, não suporto a ideia que amanhã olhes para mim e te apercebas que eu sou a culpada de tudo. - Sussurrei e levantei-me beijando-lhe a testa.-.Esquece.

Tranquei as memórias a sete chaves, num recanto do seu cérebro.

– Não sei, Ty...honestamente, não sei. - Murmurei e sentia-me como se o estivesse a matar aos poucos.

–Porque estás aqui comigo, Soph?

– É o meu dever cuidar de ti. - Respondi sem olhar para ele.

–Porquê?

– O teu pai cuidou de mim este tempo todo, é o minimo que posso fazer.

– Eu não preciso de uma babysitter... Mas obrigado Soph... Significa muito para mim ter aqui alguém... Especialmente quando esse alguém és tu.- Disse com o mais belo dos sorrisos, fazendo-me corar.

– Eu...Devias descansar. - Disse sem graça. - Eu vou...vou...fazer algo...

–Não, espera. Fica aqui comigo só mais um pouco.

– Mas é para tentares dormir. - Mandei.

– Está bem, podes deitar-te aqui ao meu lado?

Senti a minha cara ficar de repente muito quente e provavelmente fiquei tão vermelha que até ele deve ter notado como estava atrapalhada.

– Só para dormir!- disse ele rindo-se.

–Lembra-te que eu mordo, literalmente... Por isso não abuses.

Ele chegou-se para o lado abrindo os cobertores.

– Não faço que não desejes, boneca.

–Estúpido... Só vou porque estás mal e não quero que te aconteça nada...

–Pois... Arranja as desculpas que quiseres...

Desta vez fiquei vermelha de raiva e quis bater-lhe muito.

–Esquece, não estou para aturar isto...

–Espera, Sophie. Não faço mais piadas... Por favor...

Era inútil negar que ele não tinha poder sobre mim...

– Nem mais uma, ouviste bem? - Resmunguei.

–Sim, boneca.

–E NÃO ME CHAMES BONECA!!!

A minha explosão repentina fez com que ele se encolhesse na cama.

– Não me ataques o cérebro!

Parei, repentinamente

–Desculpa, Ty.- Falei com carinho.

E deitei-me ao seu lado.

– Não foi de propósito, sabes disso certo? - Perguntei preocupada. - Como estás? Magoei-te muito?

–Não... só há uma coisa que és capaz de destruir, mas não é a cabeça.- Disse ele evitando os meus olhos...

Levantei a sobrancelha sem entender o que ele tinha dito, seria uma maneira de ele dizer que eu já o tinha magoada muito antes? Será que não lhe mexi bem na memória?

Ele dobrou o braço atrás da cabeça e fechou os olhos. Deixando-me sozinha a pensar nas suas palavras.

Analisei-o atentamente, resistindo á tentação de espreitar os seus pensamentos e, ao mesmo tempo, a tentar adivinhá-los.

Inconscientemente, comecei a passar-lhe a mão pela sua cara.

– Eu vou cuidar de ti, Ty. - Prometi.

Ele abriu ligeiramente os olhos e sorriu, sem dizer nada.

Cheguei-me mais a ele e beijei-lhe a testa, sentindo o contraste da temperatura do corpo dele para a minha.

Depois deitei-me, com as nossas caras muito próximas, a sentir a respiração dele para ter a certeza que estava vivo.

Ele pousou a mão dele atrás da minha cabeça, agarrando-a delicadamente.

Abri os olhos, que acabara de fechar, imediatamente com intuito do afastar rapidamente, mas parei, olhando para dentro daqueles olhos castanhos escuros.

Ele olhava para mim com ternura, o que me fez sentir como se pudesse ficar ali todo o tempo do mundo e ao mesmo tempo culpada por lhe ter mentido. Como lhe poderia ter mentido....

–Ty...

–Shh... Não precisas de dizer nada...-sussurrou ele.

Mordi o lábio, uma mania minha para quando estava nervosa ou não sabia o que dizer.

–Não precisas de dizer nada...-repetiu como se lesse os meus pensamentos.

– Isto não é boa ideia. - Falei afastando-me com vontade de correr dali para fora.

–Não estamos a fazer nada...-disse ele, tristemente.

– Nem vamos fazer. - Afastei as mãos deles de perto de mim e levantei-me. - Eu tenho de montar vigia.

–Ninguém nos vai atacar aqui... e se alguém vier, tu ouves a quilómetros de distancia.- Disse ele também se levantando e vindo ter comigo.

– Se estiver concentrada, o que não vai acontecer se adormecer. – Menti.

–Ambos sabemos que isso não acontece...

– Eu... - Que raiva porque é que ele tem de me conhecer tão bem? Não pode simplesmente deitar-se, fechar os olhos e dormir?

–Soph...-Disse ele já a minha frente com as mãos nos meus ombros. - Fica por favor...

– Eu fico, deita-te e descansa.

–Estás a mentir... Assim que eu adormecer, tu sais por essa porta fora e vais montar vigia... Fica... A sério... Não estamos nem vamos fazer nada. Esta casa provoca-te muitas emoções, e eu juro que entendo isso. E é por isso mesmo que eu não te vou deixar passar a noite sozinha no sítio onde tu mais sofreste. Agora, por favor, para de ser teimosa e vem-te deitar, que tudo vai ficar bem.

Afastei-lhe o cabelo negro, que lhe caía para os olhos, do rosto.

– Tens que cortar o cabelo. - Falei.

Ele riu-se.

–E tu tens de dormir. - Disse com um sorriso.

– Não preciso de dormir tanto como tu. - Falei baixo. - Há coisas mais importantes que eu tenho de fazer...

–Tipo...?

– Coisas minhas, Tyler.

–Tipo...?

– Vai dormir.

–Não, não sem ti.

– Deita-te pelo menos. - Mandei.

–Mas vens para aqui?-Perguntou ele.

Bufei.

– Vem para aqui.. - Disse ele fazendo beicinho e olhando-me com olhos de cachorrinho perdido.

– É melhor não...

– Dá-me pelo menos 3 boas razões para não vires para aqui...

– Porque...eu tenho de nos proteger...?

–Eu disse BOAS mas mesmo assim faltam 2...

Respirei fundo, resistindo novamente a tentação de força-lo a fazer o que eu queria.

– Comigo ali não vais dormir. - Murmurei.

–Porquê?

– Eu conheço-te melhor do que ninguém, não vai acontecer.

–Porquê?

– Vai descansar, por favor. - Pedi.

–Não vou até me explicares o que queres dizer com isso e vieres para aqui.

Bufei irritada.

– Quero dizer que vais estar sempre a mandar gracinhas e eu simplesmente não consigo estar quieta neste momento. - Disse por fim.

–Eu não vou mandar isso a que tu chamas gracinhas nem vou fazer nada... Só queria estar contigo e ter a certeza que estás bem porque hoje foi um dia dificil para nós os dois e temos de nos apoiar um ao outro...

– Eu vou estar sempre aqui para ti.

–E eu aqui para ti! Para tudo o que precisares.- Disse-me com um grande sorriso.

Olhei para ele desconcertada com aquele sorriso.

– Eu...ahn...então vai deitar-te, não vou a lado nenhum.

– Vais sim... Vens para aqui. - Disse ele, sorrindo e pegando-me ao colo.

– Tyler Uley, larga-me imediatamente antes que eu te frite o cérebro! - Falei alto.

Ele riu-se e pousou-me em cima da cama, cobrindo-me de seguida com os cobertores e aconchegando-me.

–Aqui tem, princesa!-Disse ele com um dos sorrisos mais fofos que eu já vi.

– Princesa? O que aconteceu ao boneca? - Questionei sentando-me.

–Ganhou uma croa e um sapatinho de cristal...-Disse continuando a sorrir e dando a volta a cama para se sentar ao meu lado.

Puxei-o pela camisola para que se deitasse, estava cada vez mais confusa...

– Não vou voltar a dizer para te deitares. - Ameacei baixo.

–Mas quem estava a dizer isso era eu...

– Deita-te e dorme. - Mandei.

Ele caiu em cima da cama fazendo-me saltar.

– Fica comigo, aqui. - Voltou a pedir puxando-me de encontro a ele.

Os braços quentes dele envolveram-me o corpo, podia facilmente livrar-me deles mas não queria... O corpo dele estava tão quente como os braços e o batimento do seu coração lembrava-me uma canção de embalar.

– Vês como eu não mordo? - Disse baixo.

Limitei-me a sorrir e a fechar os olhos.

– Isso princesa. - Sussurrou e pousou o queixo na minha cabeça, aconchegando-me contra ele.

Será que isto está certo? Depois de tudo o que fiz... Ou o que não fiz?

Por um momento na minha vida, aproveitei um pouco de felicidade e carinho, ficando nos seus braços.Fiquei a ouvir o som ritmado do seu coração.

Aquele momento era perfeito e podia ficar presa nele para sempre.

Lentamente, ele adormeceu, deixando-me sozinha com todo o tempo para me torturar mentalmente.

Como não consegui dormir, virei-me para ele e comecei a acariciar a sua cara.

Ele estremeceu e abriu os olhos. E assim que olhou para mim, sorriu.

– Ahn...desculpa...não te queria acordar. Precisas de alguma coisa?-disse com a cara muito próxima da dele.

–Sim...

– O quê?-olhava-o nos eles, a tentar decifrar o que lhe ia na alma.

Ele olhava-me com uns olhos de ternura e pousou uma mão na minha cintura e outra na parte de trás da minha cabeça.

– De ti!

Ele puxou-me de encontro a si e deu-me um beijo, longo e profundo, sem que eu conseguisse resistir, deixando-me levar pelo momento.

Parecia errado, demasiado errado, com todas aquelas mentiras mas o calor do seu corpo mantinha-me presa a ele.

Sentia a pressão dos seus lábios, quentes, nos meus... A culpa voltou a assolar o meu coração com força.

Não podia, não devia...

– Ty... - Murmurei afastando-me.

–Shhh...-Limitou-se a dizer pondo um dedo em frente aos meus lábios.

Sentia-me tão confusa e tão culpada... Mas ele era tão querido para mim. Até na maneira de ele beijar era querido....

– Tu...nós...não podemos...não é correto. - Murmurei contra o dedo dele.

– Isso não importa, não agora. - Disse e voltou a colar os lábios aos meus.


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Notas finais do capítulo

Esperamos que tenham gostado deste capítulo, postaremos o mais brevemente possível o próximo :)
Deixem os vossos comentários e/ou recomendações para nos alegrar o coração =)



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