Anjo Travesso escrita por Vanessa


Capítulo 26
As Muitas Fases de James.


Notas iniciais do capítulo

PS: desculpem a demora.



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Ao longe pude ver que as coisas estavam como eu deixei na noite passada. A corrente falsa de cobertores e fronhas ainda estava pendurada pela janela de meu quarto, por sorte ninguém passava pelas ruas para ver aquilo.

Eu estava um pouco dolorida, por causa da noite passada. Porém, fiz esforços até que pude me afirmar corretamente na corrente, e ir escalando a parede de minha casa. Minhas mãos seguravam firmes enquanto meus pés faziam esforço para se manterem em equilíbrio na parede. Subi mais e mais e logo já estava no topo da janela, que continuava aberta. Coloquei uma perna, depois a outra. Fazendo carretas por conta da dor que me continha entre elas.

Quando por fim entrei por completo em meu quarto e pude me virar, quase que caio morta ao chão.

James estava sentado em minha cama, e me olhava atentamente com um sorriso irônico na cara, meus batimentos cardíacos se exaltaram ao vê-lo ali, eu estava completamente assustada, não queria acreditar naquilo.

Permaneci imóvel, então James resolveu levantar-se de minha cama e vir até mim. Parou à alguns metros e então me fitou.

–Achou mesmo que ninguém fosse sentir a sua falta?

Eu me segurei para não bater em sua cara, seus olhos estavam brilhando devia estar orgulhoso por acabar com a minha vida.

–Não vai me contar como foi sua noite com ele? –perguntou de repente.

–Como sabe que eu estava lá? –Consegui perguntar.

–Onde mais você iria? Ainda mais escondida dessa forma?

Revirei meus olhos e respirei fundo. Isso definitivamente não devia ter acontecido.

–Seus pais já estão acordados, suponho que você tome um banho rápido, e desça para o café.

–Meus pais? Mas já?

–Sua sorte Carrie, é que sua mãe decidiu não subir até seu quarto pessoalmente, então pediu se eu não poderia o fazer. –Parou por um instante. –Eu adoro acordar você pela manhã, porém desta vez me surpreendi quando percebi que você não dormiu em casa.

Continuou:

–Então, tive certeza que você correu para os braços daquele infeliz, quando vi esses cobertores em forma de corda. Você até que foi esperta Carrie, mas não o suficiente para mim.

Bufei de raiva, por que isso teve de acontecer? Meus pais nunca levantam tão cedo.

–Estava a tempo me esperando? –Perguntei.

–Tempo o bastante para dizer à seus pais que você estava se preparando para descer e que eu ficaria aqui até que você descesse.

Será mesmo que James não me entregaria à meus pais? Ele estava muito bonzinho para o meu gosto, melhor eu não acreditar muito nessa historia, afinal o que James mais quer é ver eu e Derek separados.

–De qualquer forma, muito obrigada James... Te devo essa.

–Não demore.

Então ele voltou a sentar em minha cama, e eu fui até o banheiro e me despi. Liguei o chuveiro e me coloquei embaixo dele, sentir a água morta invadir meu corpo depois da noite maravilhosa com Derek era como uma dose de morfina.

Fechei meus olhos, deixando a água cair sobre meu rosto, a imagem de Derek aparecia em minha mente a cada segundo. A imagem de seu corpo nu, o seu sorriso, seus beijos quentes, e seu corpo sobre o meu seriam coisas que eu jamais esqueceria.

Assim que as lembranças deram um tempo à minha mente, pude me lavar e sair do banho, afinal eu não podia demorar muito ou meus pais desconfiariam.

Peguei a toalha e me envolvi nela, abrindo a porta do banheiro e indo até meu quarto. James ainda estava sentado sobre minha cama, porém seus olhos foram até minhas pernas assim que eu entrei.

Ficou me observando, olhava minhas pernas nuas com delicadeza, o que me deixava extremamente envergonhada.

–Transou com ele? –James me surpreendeu com a pergunta.

Fiquei imóvel e senti meu rosto queimar, em seguida olhei para minhas pernas mas nada de errado havia com elas.

–Transou com ele? –Voltou a perguntar.

–Isso não é da sua conta! –Respondi.

James se levantou rapidamente da cama e veio até mim, me segurou pelo braço e fez com que eu olhasse fundo em seus olhos.

–Tá me machucando!

–Me responda, que eu lhe fiz uma pergunta. –Ordenou.

Seus olhos me deixavam com medo. E eu não sabia por que tinha que lhe contar coisas tão intimas minhas...

–Transou com ele ou não Carrie?

Sua voz se acalmou, porém sua respiração ainda estava ofegante. James estava tão perto de mim que sentia seu hálito confrontar minha boca. Eu não queria respondê-lo, só de pensar sua reação caso eu dissesse que sim me causava pânico. Porém, James estava com cara de quem não podia mais esperar por uma resposta, seus olhos deixavam bem claro que ele estava com raiva.

Por que afinal ele queria saber sobre isso? O que lhe importava saber de minha vida?

Tentei me soltar de seu aperto, mas ele me pressionava forte e não fui capaz de me afastar. James ficava extremamente lindo quando bravo. Mas o que? Eu realmente disse isso?

Pisquei os olhos várias vezes tentando afastar aquele pensamento. E por sorte, consegui. Voltei minha atenção à meu braço, e percebi que ele já estava ficando vermelho por conta da força que James o matinha para que eu ficasse o fitando de perto.

–Você não vai me soltar? –Quase gritei.

James riu ironicamente, e apertou ainda mais meu braço com a mão.

–AAAAII!!

–Estou esperando sua resposta, eu lhe fiz uma pergunta Carrie.

–Você ta me machucando porra!!!

Me debati ainda mais, porém em vão. Lembrei-me de que minha outra mão estava livre, então levantei-a com força e estapeei o rosto de James.

Porém ele continuava a me segurar.

–Arrisque mais um tapa e você verá. –Ameaçou-me.

Meu braço já estava ficando roxo, e a vontade de batê-lo novamente veio à tona, o que eu queria mesmo é que ele sentisse um belo soco em sua pele.

Mais eu não tive coragem, ele era ameaçador e assustador.

–Responda-me! –Gritou.

–Carrie, querida.... O que está acontecendo? –Minha mãe apareceu na porta e se deparou com a cena.

Salva pelo gongo!

James me soltou imediatamente, enquanto minha mãe nos olhava sem entender nada.

–Mamãe! –Suspirei.

–Não é nada do que você está pensando. –James quis se explicar. –Carrie só está muito atrasada e eu tive que brigar com ela para que ela colocasse logo suas roupas e descesse.

Fiquei o olhando com repugnância. Como ele pode ter tamanha cara de pau?

–Isso é verdade Carrie? –Perguntou minha mãe.

Por um momento eu pensei em dizer que era mentira, mas James me fez mudar de idéia quando sussurrou em meu ouvido.

–Lembre-se que eu sei onde você passou a noite.

Engoli em seco, então olhei para minha mãe com um sorriso falso na cara.

–É verdade mamãe. Eu já vou descer.

Mamãe sorriu calmamente e então desceu as escadas até a cozinha. O clima voltou a ficar quente naquele quarto. James me fitou e quase me engoliu com os olhos.

–Espero que não demore. –E foi saindo.

Olhei para meu braço, e ele parecia como se tivesse sido mutilado, formigava e estava super vermelho.

James parou na porta e virou-se até mim.

–A nossa conversa ainda não terminou.

Eu tive vontade de correr até ele e batê-lo com toda a minha força, porém ele já havia saindo dali. Bufei de raiva só de lembrar o acontecido. Minha convivência com ele estava cada vez pior, eu o odiava!

Arrumei-me rapidamente, e então desci as escadas e me deparei com meus pais tomando café da manhã. Sorri amigavelmente à eles enquanto me sentava na cadeira. Foi surpreendente minha mãe não ter notado a corrente improvisada sobre a janela de meu quarto, lembrei-me de que ela nunca dá muita atenção para as coisas, mas eu ainda prefiro acreditar que foi muita sorte.

James já havia se alimentado, estava sob a pia lavando sua xícara. Ele não parecia tão insuportável de costas, ainda mais com a sua grande bunda virada para nós. E poxa vida, como ela ficava bem naquela calça!

Puft! Afastei meus pensamentos e tive raiva de mim mesma por estar pensando aquilo.

Mamãe e meu pai conversaram coisas breves e então cada um seguiu para o trabalho, meu pai pegou suas coisas e se mandou enquanto mamãe recolheu a mesa e pôs-se a fazer os deveres de casa.

Eu a ajudei nas tarefas e então fui estudar em meu quarto.

{...}

Me arrumei rapidamente para finalmente voltar a escola, meus pais continuavam almoçando em silêncio e James estava no quarto dele se arrumado também. Ele teria que ficar na escola grudado aos meus pés como o combinado, até que ele se enturmasse e tivesse seus próprios amigos.

Sentia falta do meu uniforme e de todos os colegas da minha classe, exceto a Liza, claro!

Peguei minha mochila e coloquei-a em minhas costas, saindo de meu quarto e indo até o andar de baixo da minha casa. Cheguei lá e não havia ninguém. Meu pai já devia ter voltado ao trabalho e minha mãe devia ter ido descansar como sempre. James não estava por ali e eu fiquei pensando por que ele demorava tanto.

Eu já estava querendo soltar um grito quando escuto barulho de passos na escada, olhei rapidamente e vi James descendo com rapidez.

Ele estava realmente... diferente!

O uniforme da escola ficava muito bem nele. A gravata estava um pouco desarrumada mas ficava perfeita assim, seu cabelo voltado ligeiramente em um topete deixando sua aparência mais juvenil. Estava com a mochila em um ombro só, e usava um óculos escuros.

Quando ele se aproximou e parou na minha frente, pude sentir o forte cheiro de perfume que vinha dele, um perfume muito bom por sinal.

Ele retirou os óculos de seu rosto e piscou pra mim, eu estava sem palavras no momento.

–Tenho que causar uma boa impressão no meu primeiro dia, não acha? –Perguntou ele em tom divertido.

Eu ri.

–Tenho que lhe dizer, como boa amiga que sou, que você nem de perto causou uma boa impressão.

James gargalhou.

–Eu sei que está mentindo, já pode fechar sua boca querida.

Passou seus dedos por meu queixo e saiu.

Ele era.... insuportável.

Virei-me e então fui caminhado atrás dele, não pude deixar de avaliar digamos... sua comissão traseira... e OMG! Meu queixo voltou a cair vendo aquilo. A calça lhe caía muito bem, sua bunda estava traçada perfeitamente. E eu tive vontade de apertá-la como se fosse bumbum de neném.

Balancei minha cabeça mais uma vez, até que eu pudesse voltar a ser a Carrie de sempre.

Vi Lauren ao longe, segurando sua mochila xadrez. Sorri e ela veio ao meu encontro, me abraçando fortemente. Assim que se afastou, olhou com desdém para James, então ergueu sua sobrancelha.

Eu ri.

–Este é James, -Eu disse.- Um inquilino folgado que mora lá em casa.

Assim que ouviu isso, James parou e nos fitou.

–Muito engraçada Carrie.

Lauren riu ainda mais.

–Prazer James, sou Lauren. Amiga da Carrie.

–Prazer é todo meu. –Disse ele carinhosamente apertando Lauren em um abraço.

Piquei meus olhos várias vezes não querendo acreditar naquela cena.

–Você não teria perdido nada se não o tivesse conhecido. –Disse ironicamente.

Lauren gargalhou.

–Carrie ficaria muito feliz e grato se você calasse essa boca e parasse de falar merda! –Disse James em tom de brincadeira.

Por trás de uma brincadeira, sempre há um pouco de verdade.’ Pensei.

Conversamos sobre várias coisas eu e Lauren, James caminhava mais à frente em silêncio. Achei que ele estivesse nos ouvindo, mas ele havia colocado um fone de ouvidos e estava tão alto que eu podia ouvir múrmuros vindo deles.

Eu estava louca pra contar sobre minha primeira vez com Lauren, mas aquele não era o momento certo pra isso.

–então é sério que ele mora na sua casa? –Perguntou Lauren.

–Tão serio que eu não quis acreditar. –disse. – a mãe dele é uma grande amiga da minha mãe e precisava desse favor, claro que minha mãe não pode negar.

–Mas vocês não parece estarem se dando bem. –Disse ela.

–É uma história complicada Lauren, suponho que não há necessidade de você saber. Só do que precisa acreditar é que ele é completamente insuportável e desafiador quando quer.

Ela riu de canto enquanto o observava.

Veio até meu ouvido e murmurou:

–Ele tem um belo traseiro.

Nós rimos como se fossemos crianças e quando percebemos, já estávamos na entrada da escola. James parou no portão e retirou os fones do ouvido.

–Agora precisa de mim? –Perguntei a ele.

–Digamos que sim.

–Tudo bem, eu vou te mostrar onde ficam todas as salas em que temos aula. Falta alguns minutos para o começo das aulas por isso temos que fazer isso rápido.

Lauren foi até seu armário enquanto eu ia mostrando as salas para James. Todos ficavam nos olhando, deviam estar achando estranho eu estar caminhando com um aluno novo.

Quando o sinal bateu, já estávamos na frente da sala da primeira aula. A professora a abriu e então entramos e fomos cada um em nossos devidos lugares. Derek sempre se atrasa um pouco, por isso não me importei com sua demora.

Logo, mais alunos foram entrando. James sentou-se atrás de minha carteira depois de deixar o nome com a professora.

–Você não pode sentar aqui. –Disse.

–Por que não? –James perguntou.

–Este já é o lugar de alguém.

–Não vi o nome de ninguém escrito aqui. –James retrucou.

–O Derek quem senta aí. –Lauren deixou soltar.

Arregalei meus olhos e suspirei pra ela, que fez olhar de quem pedia desculpas.

–Então é aqui mesmo que eu vou ficar. –Disse James.

Quando eu ia responder algo. Alguém se parou ao lado da carteira.

Era Derek.

–O que você ta fazendo aqui? –Perguntou imediatamente.

–Estudando. Ou quase... –Disse James.

–Este é o meu lugar.

–Que pena, já está ocupado. Não ta vendo?

–PAREM VOCÊS! –Praticamente gritei. Mas foi em vão.

–Eu não vou sair daqui, vai perder seu tempo aí parado. –Continuou James.

–Você vai sair por bem, ou vai sair por mal. –Retrucou Derek.

Meu coração disparou. James levantou e fitou Derek nos olhos.

–Quer partir pra agressão irmão? O que ta esperando? –James.

A turma toda ficou em silêncio. E eu estava prestes a chorar com tudo aquilo.

–Derek! Vá sentar em outro lugar. –Ordenou a professora.

–Mas esse é o meu lugar!

–Ele é um aluno novo, devemos ser hospedeiros. –Disse ela.

James riu de provocação, enquanto Derek foi procurar outra certeira.

Meu coração apertou, aquilo era uma humilhação para Derek, fiquei o fitando até que a professora começou com a chamada, ele tinha um olhar triste e com raiva ao mesmo tempo, eu queria era correr até lá e abraçá-lo.

Mas não era possível.

Assim que a professora o chamou, James foi até a frente da classe e se apresentou.

–Oi, eu sou o James Sonic, e venho da cidade de Austin.

Dava pra ouvir os sussurros e suspiros vindos do canto da sala onde se concentram as garotas populares da turma, como Liza e sua turma, líderes de torcida e patricinhas.

James deu um pequeno sorriso pra professora e voltou a sentar-se.

Então, a aula finalmente começou.

{...}

No intervalo, James permanecia conversando com Lauren quando eu vi Derek se aproximar, fez sinal para que eu fosse até ele, e foi o que eu fiz.

–Como você ta? –Perguntei.

–Com raiva e você?

Eu sorri.

–Não fique assim. –Passei a mão por seu cabelo. –Não consigo parar de lembrar da nossa noite.

–Que bom que gostou. –Disse apenas.

–Derek o que foi?

–Não suporto te ver perto daquele cara.

–Haa meu bem, é só os primeiros dias até ele achar a sua gangue. –Tentei suavizar.

–Você ta sendo muito boazinha com ele.

–Derek deixa dessa, não há nada entre nós. Eu apenas tenho que ser gentil com ele, ou pelo menos tentar. Ele me pegou de surpresa essa manhã quando voltei...

–Ele tá te ameaçando com isso?

–achei que seria pior, mas eu realmente não posso o tratar tão mal agora que ele sabe sobre essas coisas, e eu espero que você me entenda.

Derek bufou.

Fechei meus olhos e suspirei.

–Eu preciso ir agora. –Falou ele.

–Pra onde?

–Pra qualquer lugar onde eu não posso mais o vê-lo.

Derek se afastou levando meu coração consigo. Eu nunca o vi daquele jeito, eu não conseguia descobrir o que ele estava sentindo, se era raiva, dor ou apenas tristeza. Infelizmente eu me senti impotente e apenas deixei-o ir.


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Notas finais do capítulo

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