How it ends escrita por Mardybum


Capítulo 8
Capitulo 8


Notas iniciais do capítulo

Oláááá meus caros leitoreees!! Foi difícil ter inspiração essa semana...mas hoje ela acabou voltando.
Novo capítulo pra vocês, espero que gostem!! bjos



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Estava no trigal, mas não tinha ideia de como havia chegado lá. O céu estava de um azul tão forte que a lembrava os olhos de uma pessoa que conhecia muito bem. De repente, tudo ficou escuro e ela sentiu suas mãos em seus olhos, tapando sua visão, em uma espécie de advinha quem é. Mas logo se virou e conseguiu vê-lo. Estava vestido com o casaco que a trazia lembranças daquele dia em que ele a surpreendeu com seus lábios e que nunca mais esqueceria. Seus olhos, que fixamente a observavam, estavam da mesma cor do céu tão límpido daquele dia. Sentiu seus braços a segurando num abraço, e escutou sua voz, que tanto conhecia e se sentia bem ao ouvir: "Ieu vô lhe protege sempre, minha querida. Ou melhor...meu amor".

*

Depois de ouvir isso, tudo sumiu e se encontrou em sua cama e sem os braços de Ferdinando para lhe proteger.

"Diacho!" - Murmurou Gina, após acordar. Queria continuar sonhando, mas tinha que se levantar, um novo dia e muito trabalho na lida estavam a sua espera. Desceu as escadas e encontrou sua mãe na cozinha, com a mesa de café pronta.

–Dia fia, até que enfim. -Disse Dona Tê.

Se sentou e perguntou:

–Dia. Mai cadê o pai e o Viramundo prá tomá café com nois?

–Seu pai já tá na lida mais o o Viramundo, ocê demorô por dimais pra levantá e a dona Juliana num quis te acordá, segundo ela ocê tava durmindo tãão bem fia. -Respondeu e só Gina sabia o porquê de ter dormido mais do que devia. - E o pai disse tumbém que num qué mais que ocê vá pra lida mais o Viramundo. - Continuou, surpreendendo Gina com essa última frase.

–Ara mai purque disso agora? - Disse, incomodada mas percebendo que Dona Tê interpretou sua insatisfação de modo errado, tratou de completar. - Nois semo muito amigo...

– Aaaah Gina minha fia, ocê num precisa fala isso pra mim não. Eu percebi que ocê tá mudada depois que esse moço Viramundo veio morá aqui cum nois. - Disse.

Gina pensava: "Mai será que ninguém entende que eu só gosto da companhia dele ara". A verdade era que preferia mil vezes a de Ferdinando, e ao pensar nisso, acabou se lembrando do sonho e sorrindo de leve.

–Viu, é só eu falá nisso que ocê aparece com essa cara fia. - Disse a mãe, esperançosa.

–Ara mai que cara? E que disse que eu fiquei assim por causa do Vira? - Disse Gina, pensando antes de completar, baixinho:– A verdade é que eu sinto farta de quando o dotô Ferdinando trabaiava aqui com nois...

–Mai fia, aquele num é moço procê! Um rapaz estudado, engenhero grônomo, fio do coroné como o dotô Ferdinando. Um moço como o Viramundo combinaria muito mais cocê fia. - Gina não podia acreditar no que tinha ouvido. Agora sua própria mãe achava Ferdinando bom demais pra ela. E talvez tivesse razão, pensava. Saiu da cozinha sem dizer mais alguma palavra e foi para a lida, sozinha.

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Ferdinando se levantou e logo tratou de sair de casa. Iria dar uma passada na venda do seu Giácomo e talvez ainda podia dar uma passada na casa de seu Pedro Falcão. Chegou lá e encontrou Milita, com uma cara um pouco triste para um dia tão bonito que estava fazendo. Também encontrou seu amigo, Dr. Renato.

–Dia Renato, dia Milita. - Cumprimentou

–Bom dia amigo Ferdinando, como vai? - Respondeu Renato

–Eu vou bem sim, hoje o dia tá muito bonito, aproveitei pra dar uma passada por aqui. -Respondeu. Mas logo percebeu que Milita não parecia estar muito bem e logo perguntou o porquê.

–Milita está assim porque aquele violeiro, o tal de Viramundo, veio aqui e terminou tudo com ela, estávamos conversando sobre isso agora mesmo, antes do amigo chegar. - Explicou Renato.

–Ara mai purque ele termino cocê Milita?– Perguntou Ferdinando, temendo a resposta mais do que tudo.

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Gina já estava cansada e se dirigiu a árvore que costumava descansar. Lá encontrou Viramundo, tocando uma música em sua viola.

–Ocê por cá Vira? Cadê o pai? - Perguntou, pois não havia visto Pedro Falcão o dia todo.

–Seu Pedro foi direto pra sua casa. Mai senta aqui. - Disse, indicando o seu lado e a ruiva se sentou.

–E ocê sabe purque agora ele falo isso de que eu num posso mais í pra lida co cê? - Perguntou, pois isso já estava a encafifando o dia inteiro.

–Mai ocê sabe qui ieu num sei. Ontem ele veio com umas conversa pra cima deu. - Respondeu o Violeiro.

–Mai que conversa?

–De quere sabe o que mai nois faiz junto aqui na lida mai eu expliquei logo que ieu lhe considero uma irmã Gina. -Explicou. Cansada de todos acharem que tinha algo com Viramundo, Gina desabafa:

–A mãe veio cum isso também hoje mai eu tumbém lhe considero como um irmão Vira. Eu gosto di quando ocê canta aqui na roça sabe.

–Ocê gosta do dotô Ferdinando num é? - Viramundo comenta e percebendo a reação de Gina, completa - Ocê num precisa minti pra mim. Eu percebo o jeito que ocê olha pra ele. - Gina confiava em Viramundo, então acabou confessando:

–Ieu num sei o que faze quando eu chego perto dele, ieu fico nervosa i perco o ar. I doi sabe, eu sinto farta daquele um como si ele fosse parte di mim. - Mas lembrando o que todos diziam sobre isso, completa, tristonha:– Mai eu sei o que ocê vai dize agora, o mermo qui a mãe disse, qui um "engenhero grônomo formado" qui nem ele é muito pra mim.

– Mai ieu nunca qui ia pensa numa coisa dessas Gina. Ocê vale mai que carqué moça formada posso lhe garanti. Num dá nem pra creditá qui a Dona Tê lhe falo uma besterage dessas. - Comentou Viramundo. - Ieu apoio, contanto qui ocê seje feliz Gina.

–Serio mermo? Ieu apoio ocê ficá ca Milita tumbém.

–Ara Gina, aquela uma ainda mexe comigo. Mai eu cabei terminando cum ela, a distancia afasta as vezes sabe? -Disse, mas logo mudou de assunto– Mai eu acho qui ocê devia i atrais do Dotô Ferdinando.

–Ocê tá mais é besta Viramundo? Ieu qui num vô atrais daquele um. - Disse a geniosa, como sempre, arrancando risos do violeiro e dela também.

Naquele dia, Gina percebeu então que existia muita diferença entre sua relação com Ferdinando e Viramundo. Por nunca ter se relacionado com homens antes surgiu uma dúvida, reforçada pelos comentários da professora Juliana e de Dona Tê. Mas naquele momento ela soube que o que sentia pelo violeiro era um bem querer como o que tinha por Juliana, um sentimento de amigo e que não era nada comparado aquilo que sentia pelo engenheiro agrônomo.

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Ferdinando esperava a resposta de Milita, já nervoso e quando a ouviu, parecia que iria morrer:

–Purque agora, doutô Ferdinando, o Vira tá de namoro cá fia do Pedro Falcão. A Gina.

Aquelas palavras se repetiam em sua mente e ele não podia acreditar no que tinha ouvido. Aquilo foi um choque para ele. Não podia estar acontecendo.

–Não pode ser, isso é bestera! - Dizia, tentando negar aquilo que tinha ouvido. - Eles não podem tá namorando!

De repente se sentia como Milita. Aquele dia, que o parecia estar tão bonito, tinha virado aterrorizante. Se sentia como se aquele violeiro o tivesse roubado uma parte de si. Uma parte que fazia de tudo para se convencer que ainda era dele. Que não podia o ter esquecido tão cedo. E que aquela história ainda não havia chegado ao fim.


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Notas finais do capítulo

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