Molly escrita por sayuri1468


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

para ouvir https://www.youtube.com/watch?v=ebSYPnllFx8&feature=kp (obrigadaa amandaaa *-*)



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Quem a conhecesse apenas de primeira vista, veria uma garota tímida, sem jeito para lidar com as pessoas. Muito competente e compenetrada em seu trabalho. Mas apenas isso. Talvez, se alguém se desse ao trabalho de conversar com ela para conhecê-la melhor, veria que é uma garota inteligente e decidida, apesar de sua timidez. Mas só aqueles que a conheciam realmente, só aqueles que realmente se deram a chance de conhecê-la verdadeiramente, saberiam a garota forte, esforçada e determinada que ela é, disposta a fazer qualquer coisa que estivesse ao seu alcance para ajudar aqueles a quem ama.

E ele conhecia esse lado dela!

Não por mérito seu, digamos. Afinal, sua capacidade de observar somente o que está evidente em primeiro plano, o levou a julgá-la como uma garota inteligente, porém boba. Ele não conseguia ver nada além de uma garota tímida e sem graça.

Porém, com o tempo, ele conseguiu ver que ela não tinha nada de boba. Era uma moça decidida apesar de sua frágil aparência. E ele duvidou de suas certezas a partir daquele dia, e Molly Hopper passou a ser um grande enigma pra ele. O que mais ela estaria escondendo?

Então, naquele dia, ele se surpreendeu de uma forma que jamais achou que se surpreenderia.

– Você parece triste, quando pensa que ele não pode vê-lo!

Como ela conseguia? Como ela podia ver aquilo que nem seu companheiro e melhor amigo conseguiu? Mas Molly não parou suas surpresas por ai!

– Se precisar de qualquer coisa, se tiver qualquer coisa que você precise, você pode usar a mim!

Apesar de tudo, de todo o desprezo e brincadeiras maldosas que dirigia à garota, ela era ainda capaz de oferecer a sua ajuda, a sua total ajuda?! Como?

Sua resposta saiu gaguejada. Sempre achou que John tinha um coração nobre, mas Molly o superava! Como alguém poderia ser tão verdadeiramente bom? Sabia que apesar dos sentimentos que Molly nutria por ele, ninguém faria algo sem esperar uma vantagem, e a única coisa que aquela pequena legista queria, era ajuda-lo, era poder ser útil a ele em momentos de dificuldade! Ele nunca havia se deparado com isso, ele nunca havia percebido isso, mas naquele dia ele viu o quanto Molly Hopper era valiosa.

Foi quando passou a observá-la mais.

Após recorrer a ela e pedir sua ajuda, ele passou um tempo escondido na casa dela. Tentou ser o mesmo, mas não pode. Via como Molly ajudava seus vizinhos, cuidava do seu gato e dele próprio e não pode deixar de se perguntar o motivo daquilo. Por que Molly ajudava tanta gente? Mesmo pessoas que, ele notou, só se aproveitavam da boa vontade da garota.

– Por que não deveria?

Foi a singela resposta que ela deu após ele a confrontar. E sorriu. Ela sempre sorria. Mesmo quando acordava triste, ela sempre encontrava motivos pra sorrir. Fosse em uma brincadeira com Toby, fosse na página de um livro ou porque o tempo estava agradável, independente se fazia sol ou chuva.

Por um instante, Sherlock pensou que poderia ser apenas uma coisa forçada. Algo que a garota fazia para esconder seus verdadeiros sentimentos. Mas suas deduções o decepcionaram mais uma vez, elas sempre o decepcionavam quando se tratava de Molly. A legista era assim, incapaz de nutrir rancor, desejar vingança ou remoer lembranças. Quando estava brava, ela apenas demonstrava isso, sem falar através de enigmas ou charadas, e quando estava feliz, ela demonstrava com a mesma pureza. O detetive tinha certeza de que nunca havia conhecido alguém como ela antes, e de repente, uma admiração profunda por Molly Hopper nasceu. Mais do que admiração, ele tinha certeza de que ele iria fazer o possível para protegê-la, como se fosse uma pequena pérola que poderia quebrar com facilidade.

E então, Molly o surpreendeu novamente.

Sempre que achava que a legista poderia precisar de sua ajuda, a garota se virava muito bem. Em seu curto período no apartamento de Molly, quando um novo vizinho veio brigar com a garota por conta dos barulhos de violino que ele fazia durante a noite, Molly foi muito categórica e firme. Apesar de sua timidez, não se deixou intimidar nem por um segundo.

– Ele estava certo por reclamar, Sherlock, mas não devia ter sido tão rude comigo! Em todo o caso, não o incomode mais, sim?!

Ela lhe pediu assim que fechou a porta, após praticamente destruir todos os argumentos que o rapaz lhe deu. Sherlock olhou tudo boquiaberto. Molly não era uma pequena e frágil pérola, era um diamante. Ele suspirou sem saber exatamente o motivo.

Molly era a primeira pessoa que encontrou que não precisava dele, que não queria absolutamente nada dele. Não queria usar sua inteligência, sua proteção, seus serviços, nada. Ela apenas desfrutava a companhia dele, como se ele fosse uma pessoa comum. Ela tinha admiração por quem ele era, isso é verdade, mas não havia sido a admiração que a tinha feito ajuda-lo, hospedá-lo e cuidar dele. Era ele, apenas ele, e isso o comoveu. Nunca havia acontecido antes, e seu coração, de alguma forma, derreteu.

Ele percebeu que um novo sentimento, que ele jamais havia experimentado antes, nascia dentro dele. Ele nunca se enganava com as pessoas, mas se enganou grotescamente em relação aquela legista com quem dividia o laboratório na St. Bart’s. E por mais que se enganar normalmente o irritasse, ele estava feliz e extremamente satisfeito. Uma sensação que ele nunca havia experimentado antes.

Foi quando ele notou uma pequena inversão nos papéis. Ele sempre percebeu que Molly se preocupava com o que ele achava dela, mas agora, ele também se preocupava com o que Molly pensava a respeito dele. Sabia que a garota o admirava, mas não o colocava em um pedestal. Ela sabia que apesar de todo seu discurso, ele era apenas humano, como todos os outros humanos comuns. Ele sabia que não podia impressioná-la facilmente, como normalmente fazia com as pessoas. Molly o admirava não somente por sua inteligência, mas pelo seu caráter.

Foi por isso que seu coração tremeu quando John ligou para ela naquela manhã.

Ele não se mexeu, ele não falou nada, e se pudesse, teria pulado do carro. Ele havia prometido que não teria uma recaída, quando Molly o socorrera pela primeira vez, quando quase teve uma overdose. Claro que naquela época ele não levaria essa promessa em consideração, mas agora era diferente. Agora ele não queria que Molly se decepcionasse com ele, ele não queria que ela deixasse de gostar dele.

Levou os tapas com resignação, sabia que os merecia, e se pudesse, ele mesmo teria se batido quando viu os olhos de decepção da legista. Ficou irritado consigo mesmo e saiu bravo do local. Pelo menos teve uma vantagem nisso: descobriu que Molly estava mais uma vez solteira. Por que isso o deixava feliz, ele não saberia dizer, mas um sorriso se formou no seu rosto enquanto voltava para a Baker Street.

Agora, ele estava parado na porta do prédio dela. Sempre acabava indo parar lá quando precisava aliviar sua mente. Dificilmente entrava, apenas ficar parado na porta do prédio e ver a janela do apartamento de Molly acessa já era o suficiente para acalmá-lo. Vê-la, mesmo que de longe, já fazia sua mente voltar ao normal. Quando foi que Molly Hopper havia se tornado tão necessária para sua sanidade? Não importava afinal, ela era, e isso sim era o que contava!

Como queria que ela o convidasse para aquele café de novo!

Sorriu do próprio pensamento. Em meio à paz que estava sentindo, pode ver Molly aparecendo na janela. Os cabelos soltos, provavelmente a garota já estava indo se deitar. Ela os penteava enquanto sorria. Ela estava sempre sorrindo – lembrou bobamente o detetive. Viu Toby subindo a janela e viu a garota largar a escova para pegá-lo e depositá-lo no chão, enquanto falava com ele. Palavras de ternura, ele deduziu lembrando-se de como Molly costumava tratar seu gato.

As luzes da janela se apagaram, e Sherlock soube que aquele era o momento para sua retirada.

Não pode resistir, seus instintos falavam mais alto.

Duma bem, Molly Hopper!

SH

Sorriu. Sentia-se leve como uma pluma, e por um instante, até pensou que poderia voar.

E não foi que naquele momento, Molly Hopper o surpreendera mais uma vez.

Suba para um café da próxima vez!

MH

Riu. Já não se importava mais em estar errado quando se tratava da legista. Recolocou o celular no bolso e prometeu a si mesmo que amanhã a noite subiria para o café tão desejado. Não conseguia se lembrar o motivo de achar que Molly Hopper era uma garota sem-graça. Ela era absurdamente extraordinária! Não existia no mundo alguém tão deliciosamente paradoxal quanto ela.

Eu acho que eu amo você!

SH

Escreveu, mas não enviou. Era para ele, e não para ela. Amanhã contaria pessoalmente, agora, ele precisava voltar para a casa voando na nuvem que Molly lhe dera. Da nuvem que ele sabia que jamais iria cair, pois por mais que ele soubesse ser apenas uma persona na grande Londres, Molly era real, e ele estava absolutamente entregue a essa realidade.


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