Meu namorado é uma superestrela escrita por Amora Azul


Capítulo 5
Quatro




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/514610/chapter/5

~Olá Bibs, minha leitora de longa jornada~

...

Assim que chego em casa, vou para a sala e vejo que o tapete está limpo. Acho que minha mãe limpou. Pego o telefone e ligo para ela, não consigo mais ficar sem saber o que aconteceu.

– Alô? – uma voz triste fala do outro lado.

– Oi mãe – digo ainda mais triste.

– Ah Sabrina, eu estava tão preocupada. Por que você saiu cedo sem, nem ao menos, me dar tchau? – ela pergunta com preocupação na voz.

– Eu precisava correr – digo apenas. Talvez minha mãe seja a única pessoa que não sabe que eu corro para relaxar. Ela pensa que é por diversão, eu acho.

– Você está bem?

– Sim – respondo a meia voz – o que aconteceu. Meu pai se machucou?

– Sim. Ele caiu e machucou o pé, por isso o sangue no tapete.

Eu suspiro aliviada. A briga deles não passou para a forma física.

– Eu tenho que ir, muita lição para fazer – explico.

– Te amo, princesa – ela diz.

– Também, tchau – e desligo o telefone.

Subo para meu quarto e começo a estudar. Muito dever de casa. Quando eu termino já está quase anoitecendo. Desço tomo um banho e escrevo um bilhete para minha mãe:

MÃE, NÃO ME ACORDE.

EU NÃO VOU JANTAR.

PRECISO DORMIR, ESTOU COM UMA DOR DE CABEÇA TERRÍVEL.

TE AMO,

Depois coloco ele na geladeira e vou deitar. Depois de uns 7 minutos eu caio em um sono profundo sem sonhos.

............................

A festa do meu tio é nesse final de semana, por isso neste exato momento eu estou usando um vestido de menininha e indo para a casa dele. São 15:00 horas e eu tento convencer a minha mãe de que é cedo demais.

– Mãe, nós vamos madrugar lá.

– Eu sei, mas eu tenho que ajudar sua tia – ela explica pela bilionésima vez. Reviro os olhos.

– Vamos pai – eu chamo ele.

Por incrível que pareça ele não está bêbado.

Nós finalmente chegamos, depois de uma longa caminhada e de muitos olhares em minha direção. Minha tia Irani nos recebe como sempre alegre. Eu já disse que a amo? Por isso, ela é minha madrinha de crisma.

– Oi tia – digo e lhe dou um beijo na face.

– Está bonita – ela diz.

– Obrigada – digo envergonhada.

Nós vamos para a cozinha, minha tia, minha mãe e eu.

– Sabe que eu sonhei com você hoje? – minha tia começa a falar.

– Ah é? E como foi o sonho? – pergunto curiosa.

A minha tia tem um dom. Ela sonha com coisas que realmente acontecem no futuro. Uma vez ela sonhou com muito sangue e desgraça. No outro dia, ela acordou e o quintal estava completamente sujo de sangue. Mais tarde, nós fomos descobrir que o sangue era de um ladrão, que se escondeu no quintal dela e ao pular o portão de lança se rasgou. Ele foi socorrido, mas no final morreu.

– Por favor, me diz que não foi um pesadelo – minha mãe diz.

– Não – minha tia a tranqüiliza.

Nós rimos um pouco. Eu estou meio que nervosa.

– Eu estava em casa e você chegou toda feliz – diz minha tia para minha mãe – daí, você falou que a Sabrina estava casada com um filho de um doutor do Mariapóles.

– Nossa – minha mãe exclama – ai sim hein. Filho de um doutor – ela brinca.

– Pára – digo com as bochechas queimadas de tanta vergonha.

Elas sorriem e continuam a brincar comigo, até que eu me levanto e saio dali. Como se isso fosse realmente acontecer. Eu convivo tanto com pessoas ricas e esnobes que criei certa repulsa por pessoas que têm muito dinheiro. Eu, definitivamente, não quero um cara rico para namorar. Só quero um que seja honesto e batalhador, assim, nós dois juntos podemos subir na vida, mas com o nosso esforço e não com herança de papai.

Vou até o quintal dos meus tios. Nos fundos, eles têm uma espécie de um pequeno pomar. Eu gosto de ficar lá, é quieto, solitário e faz parte da natureza. Já disse o quanto amo a mãe natureza? Não? Pois é, eu adoro a natureza, os pássaros cantando e comendo as frutas, as minhocas fertilizando, o céu azul e sem poluição (comum em cidades do interior paulista).

Dou um longo e demorado suspiro.

– Oi – ouço alguém falando baixinho, como se estivesse com medo de atrapalhar a paz.

Olho para trás e vejo um garoto muito bonito. Tem os cabelos castanhos e os olhos cor de mel, tem um corpo mediano – não que eu tenha reparado – e um sorriso de arrancar suspiros.

– Oi – respondo meio envergonhada.

– Você vem muito aqui? – pergunta em um tom casual.

– Ah, não muito. Só quando visito minha tia – afirmo sem graça.

– Quem é sua tia? – ele pergunta, olhando-me nos olhos.

Respira Sabrina, respira. Mas como é que faz mesmo?

– Irani – consigo finalmente falar.

– Não sabia que ela tinha sobrinhas tão lindas assim – ele afirma, dando uma piscadinha para mim.

Sim, é isso mesmo, uma piscadinha. Ele é lindo, mas eu ODEIO quando alguém me canta na cara dura. Eu odeio atenção e elogios. Eu viro-me para sair dali.

– Desculpe-me, não quis ofendê-la de forma alguma – ele tenta se desculpar em uma voz suplicante.

Eu viro e olho para ele, acho que estou meio carrancuda, porque ele recua um passo. Isso me faz rir. Droga! Belo momento para se rir, agora ele vai pensar que estou gostando de tudo aquilo. O que não é verdade.

– Foi um elogio – ele afirma, sorrindo.

Meu Deus, morri. Ele tem covinhas!!! Que vontade de apertar.

– Ah, eu é quem peço desculpas. É que, geralmente, tenho reações exageradas quando alguém me elogia. É que eu não gosto – afirmo a ultima parte um pouco baixo demais.

– Geralmente as pessoas gostam, principalmente as garotas da sua idade – ele afirma sorrindo de novo.

– É que eu sou de outro planeta – afirmo, dando de ombros.

Ele cai na gargalhada, sim, ele está rindo da minha piada sem graça. Ninguém costuma rir das minhas piadas, mas tudo bem. Eu me viro para ir embora de novo, mas, mais uma vez, ele não deixa.

– Aliás, qual é o seu nome?

– Sabrina – digo me virando de novo – e o seu?

– João Maria – ele diz.

Eu tomo cuidado para não rir, quem tem um nome desses? Poxa, ele deve ter no máximo 19 anos, não é velho. E quem tem um segundo nome de mulher, quando se é homem?

– Tudo bem, pode rir – ele diz e eu não me contenho, caio na gargalhada.

– Foi um prazer – digo e me retiro dali, antes que a crise passe e eu fique constrangida.

Assim que entro na casa de novo, me arrependo. Adivinha quem está lá? Isso mesmo o pai da tia Irani. Ele tem uns 80 anos e não para de falar e reclamar. Mas sabe que ele gosta de mim? Eu me sinto mal e tenho que lhe fazer companhia. Já viu né, que legal?!

– Oi senhor Luiz – digo o abraçando.

– Oi minha filha – e sorri gentil.

Sento-me com ele e passo basicamente o resto da minha tarde ali. Na verdade não é tão difícil conversar com ele. Porque ele fala e eu só balanço a cabeça, mais nada.

A casa já está lotada de pessoas e eu me mantenho o mais distante possível. Sabe como essas festas são uma droga, né? Todo mundo tem uma família grande e chata. E se não tiver é injustiça comigo.

Quando aquilo tudo acaba e eu dou graças a Deus por poder ir embora, o senhor Luiz vem se despedir de mim e não para mais de falar.

– Só mais uma coisa filha. Deus está me mandando dizer que você vai ter um futuro brilhante – meu sorriso sobe lá na testa – mas você vai se casar cedo – meu sorriso cai tão depressa que sinto a dor dos dentes trincando-se.

– Vou nada, vai demorar ainda – afirmo vermelha.

– Não adianta, já está escrito – ele diz e vai embora.

Por que eu tenho que ter uma família vidente? Uma tia que sonha com ações futuras e um “conhecido”- ele é pai da minha tia Irani, só que ela só é casada com meu tio, que é irmão da minha mãe, por isso não é meu avó- que é missionário de Deus.

Todos que estão ali em volta riem um pouco, mas todos nós sabemos que ele não brinca em serviço. Ele disse que uma prima minha iria conhecer um rapaz que estava no mau caminho e iria casar com ele. Adivinhem. Ela conheceu um usuário de drogas da pesada endireitou ele levando para a igreja, e agora com 19 anos está noiva.

Eu fico extremamente aliviada em saber que me casarei cedo com um filhinho de papai. Que legal minha vida né? Mundo para, por favor, eu quero descer.

Quando a casa já está quase vazia eu peço para ir embora. Minha mãe como sempre fala que já está indo, mas no final demora um ano.

– Jonathan vem aqui – ouço minha tia chamando alguém.

Eu já disse que adoro esse nome? Jonathan. É perfeito, se eu tiver um filho, o que pretendo nunca ter, ele vai se chamar Jonathan.

– Oi tia – responde uma voz.

Espera ai! Eu me viro é ele mesmo. Filho da mãe, o nome dele não é José Maria. Ele vê a cara que faço e começa a rir.

– Dessa vez quem ri sou eu – ele responde.

Minha mãe e minha tia ficam sem entender nada e eu começo a rir também.

– Acho que vocês já se conhecem – afirma minha tia.

– Sim, eu encontrei ela no jardim – afirma Jonathan.

– Mas eu não conheço ele – afirmo e minha tia olha-me confusa.

– Bem, então. Sabrina esse é o Jonathan ele é meu afilhado e Jonathan essa é a Sabrina minha afilhada.

– Ela também é sua afilhada?

– Sim, de crisma.

– Ah, eu sou de batismo – afirma ele.

– Vamos mãe? – pergunto, o ambiente ficou meio estranho.

– Vamos, só mais um minuto.

Eu bufo e saio dali. Não percebo que Jonathan me segue.

– Você é sobrinho dela?

– Não.

– Qual seu parentesco então?

– Eu sou primo do Lívio, mas a tia Irani me batizou ano passado – ele afirma.

Lívio é o marido da minha prima Fernanda, que é filha da tia Irani. E por incrível que pareça ele é podre de rico. Espero que o Jonathan não seja.

– Onde você mora? – pergunto para tentar descobrir.

– No centro.

– Onde especificamente – insisto.

– Chácara Itaim – ele afirma.

– Nunca ouvi falar – digo sincera.

– Essa é a intenção – ele diz rindo – e você mora onde?

– No outro bairro, nada demais – afirmo.

– Jonathan – alguém chama.

– Acho que tenho que ir embora. Foi um prazer te conhecer Sabrina – ele diz e me dá um beijo na bochecha. Que homem cheiroso, socorro!

– Tchau – sussurro.

– Seria um prazer te conhecer melhor – ele diz.

– É, seria.

– Qual seu número? – ele pergunta naturalmente.

Eu digo meio tropeçando e me engasgando nos números, mas finalmente consigo dizer tudo. E depois ele vai embora sorrindo, acho que estou com cara de idiota.

Quando ele já está no portão, meu celular começa a tocar. Eu atendo e ele se vira.

– Era só pra testar. Vai que você me passa o número errado – ouço ele dizer com uma voz rouca do outro lado da linha. Depois ele desliga e fecha o portão. Eu fico ali parada com o celular no ouvido.

– Vamos – ouço minha mãe dizer atrás de mim. Dou um pulo com o susto.

– Cla-claro – digo abobada. Credo Sabrina, o que é isso? Acorda.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então, o que acharam do Jonathan? Digam-me suas opiniões e suposições a respeito dele. ;DD
Beijos.