Eu não tenho ideia de como sair daqui. Estou perdida e isso é obvio. Pelo amor de Deus, a gente está em São Paulo! Eu nem sabia que essa merda de cidade possuía florestas tão densas assim.

Continuo andando por mais alguns quilômetros até encontrar uma estrada. Aleluia! Vou percorrendo todo o caminho até chegar a uma rodovia. As pessoas passam por mim e me olham enojadas. Duvido se elas estariam em condições melhores se tivessem passado por tudo que eu passei.

Até que enfim eu consigo achar um telefone publico e ligo a cobrar para minha casa. Como o esperado ninguém atende, meus pais devem estar trabalhando. Eu não lembro mais nenhum número de cabeça. Estou ferrada!

Continuo andando. Será que ninguém me reconhece? Eu paro em um bar e peço para usar o banheiro, o dono diz que custa um real. Eu viro e vou embora. Paro em outro lugar para pedir água e até isso eles me negam.

Eu estou sedenta e nem tenho ideia do como estou conseguindo andar. Eu devo estar em alguma cidade do interior. Eu me arrasto até a casa mais próxima que vejo e toco a campainha.

Meu corpo está tão fraco que não consigo mais me manter em pé e caio. Sinto uma dor alucinante na cabeça assim que toco o chão. Ao longe eu escuto uma mulher gritando socorro e tudo fica escuro. Pois é. Acho que estou sozinha mais uma vez com a escuridão.

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Acordo alguns minutos depois em um lugar completamente diferente. Onde eu estou? Não que eu tenha aberto meus olhos, mas as sensações que sinto até que são boas, quer dizer, só a de conforto.

Abro meus olhos devagar e me arrependo disso no mesmo instante. A dor que ataca minha cabeça é terrível. Tento me acostumar com ela e tento abrir meus olhos mais uma vez. Dessa vez eu não me surpreendo com a forte dor.

Estou em um quarto totalmente branco e chique e que tem um barulhinho de BIP irritante. Estou como uma agulha injetada no meu braço direito, além de possuir curativos por todo meu corpo. Vejo que o BIP é o batimento do meu coração. Olho para meu corpo e estou usando uma camisola de hospital branca. Tento tocar meus cabelos para ver a situação deles, mas me assusto ao ver que minha cabeça inteira está enfaixada.

Tento me levantar, mas caio de cara no chão e sinto um liquido escorrendo por minha cabeça. Logo depois sinto várias pessoas ao meu redor e ouço uma gritaria. Eu sou colocada em uma maca e sou levada dali. Para onde estou indo? Lágrimas saem dos meus olhos, estou cansada de não saber o que está acontecendo e de sentir apenas essa sensação horrível.

Pelo canto do olho vejo uma pessoa que nunca imaginaria. Lucas. Ele está desesperado, sua aparência se compara a alguém que vai desmoronar a qualquer momento. Ele também está chorando. Ele tenta me alcançar, mas alguns paramédicos seguram ele a força.

Em um momento eu estou em uma sala fechada e no outro só sinto o meu corpo se desligando. Não, por favor, de novo não.

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POV Lucas

De novo não. Por favor, por favor. Eu não sei para quem eu imploro. Acho que é para Deus, não que eu creia nele, mas nesse momento parece ser minha única esperança. Eu não suporto mais ver a Sabrina escorrendo por entre meus dedos e partindo mais uma vez. Não suporto, simplesmente, não suporto mais.