Crônica I escrita por ABNiterói


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Depois de uma discussão, uma amiga me desafiou a escrever alguma coisa em que um unicórnio entrasse pela janela e matasse todo mundo. Esse foi o resultado.



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Parecia um dia normal naquela cidade do interior de São Paulo. Um belo dia normal, na verdade. O sol nasceu forte e brilhante, nenhuma nuvem no céu, e uma brisa suave para amenizar o calor.

Às 7 horas e 10 minutos da manhã desse dia, diversos alunos se dirigiam a suas salas de aula em uma das escolas dessa cidade. Vamos nos focar no que seguia dentro da sala do terceiro ano do ensino médio. Milagrosamente, nenhum dos 54 alunos que estavam matriculados naquele ano faltou nesse dia.

Por ser relativamente cedo, a maior parte dos alunos ainda estava mais dormindo do que acordada. Era uma segunda-feira, o que tornava o dia ainda mais monótono para os alunos. As aulas prosseguiam, mas ao contrário da tendência geral, nesse dia ninguém ao menos tentou despertar. A culpa da letargia era conhecida por todos: filosofia.

Não que a filosofia em si seja um problema. O problema tinha mais haver com o professor que aplicava essa matéria. Mas não vamos entrar no mérito dessa questão agora, essa é outra estória.

Além do professor, que discursava na frente da sala, todos estavam em completo silêncio. Muitos dormiam – nas posições mais cômicas possíveis – e acabariam não presenciando o que aconteceria a seguir. Os que permaneciam acordados faziam qualquer coisa, menos prestar atenção ao que estava sendo ensinado. Alguns estudavam para outras matérias, outros desenhavam, ouviam musica, liam, e outros apenas divagavam.

Ninguém pode dizer exatamente o que aconteceu, como começou, ou de onde surgiu. Aparentemente do nada, um unicórnio apareceu. O animal possuía a mais branca pelagem já vista. Sua crina, lisa e comprida, era cinza e parecia ser composta por fios de prata. O rabo seguia o mesmo padrão da crina. Suas asas, tão brancas como o resto do corpo, eram grandes o suficiente para tocar as duas paredes da lateral da sala, e batiam levemente, tornando possível ao magnífico animal flutuar alguns pés acima do chão. Para completar, um chifre de prata longo e pontudo adornava o centro de sua testa.

Todas as 55 pessoas presentes, ou melhor, as que estavam acordadas, estavam completamente encantadas com a presença daquela criatura em sua frente. Nem piscavam, os pobres mortais. Não queriam perder nenhum segundo da presença do animal que os fazia se sentirem tão bem.

Apenas quatro alunos viram o exato momento em que o unicórnio piscou, e seus olhos tornaram-se vermelhos. O brilho avermelhado foi o suficiente para despertar os quatro. Se antes o animal lhes parecia divino, agora ele possuía uma aparência fantasmagórica e assassina.

Os quatro tiveram tempo apenas de se jogarem para baixo de suas carteiras antes que o unicórnio começasse a andar, e cada um que recebia o toque da ponta de seu chifre entrava em combustão instantânea, e explodia como uma bolha de sangue, manchando o chão e as paredes. A primeira vitima foi o professor, que permanecia parado como uma estatua.

Nem o banho de sangue fez com que os alunos acordassem do transe, para desespero dos quatro, que faziam o possível para não gritarem, se mexerem ou qualquer outra coisa que chamasse a atenção do bicho para eles.

Foi mais rápido do que podiam esperar. Em poucos minutos 51 pessoas haviam explodido em suas entranhas.

O garoto e as três meninas podiam jurar que o unicórnio piscou para eles, e como se nada houvesse acontecido, voou para fora da sala. Em um acordo mutuo e silencioso, nenhum dos adolescentes ousou fazer qualquer movimento, temendo que o animal voltasse para terminar o serviço.

Eles esperaram que alguém viesse em seu socorro, ou apenas para ver o que tinha acontecido. Ninguém apareceu. As horas passaram. O silêncio reinava. A não ser pelo sinal que os assustava a cada 50 minutos, parecia aos quatro que estavam estrelando um filme em uma escola mal assombrada.

Quando a fome apertou, os músculos doíam por passarem tanto tempo sem fazer nenhum movimento e o medo diminuiu, os quatro levantaram. Cuidando de cada movimento, os amigos abriram a porta e saíram da sala, apenas para encontrarem o resto da escola também coberta de sangue, e nenhuma vivalma. Percorreram toda a escola.

Ao saírem para a rua, a situação estava muito pior. Uma carnificina havia ocorrido ali. Carros haviam batido em outros carros e em construções, cobrindo áreas com o que antes eram paredes. Nenhum barulho, fora os passos daqueles quatro, era ouvido. Conforme desciam a avenida, viam mais e mais desastres. Um restaurante e alguns carros pegavam fogo. Alguns animais estavam duros no chão, mortos. Todas as pessoas haviam explodido. Ao acessarem a internet, nenhuma pessoa em qualquer lugar do mundo dava sinal de vida a mais de três horas. Eles estavam sozinhos.

Foi assim que Leonardo, Marie, Patrícia e Thamiris sobreviveram ao dia em que os unicórnios resolveram destruir o planeta Terra.


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Notas finais do capítulo

Algum comentrio?
Kisses



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