Naquele verão escrita por Cyn


Capítulo 10
Comité




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Comité

Acordei com uma dor de cabeça da merda.

A noite de ontem era um borrão mas sabia que tinha dito as verdades, disso eu lembrava-me bem. E, incrivelmente, estava mais livre. Talvez apenas um pouco, mas estava.

Levantei-me meia a cair e fui até á casa de banho. Tomei um duche rápido e vesti uns calções castanhos, um top vermelho e uma camisa de manga corta aos quadrados vermelhos e castanhos, pus uns óculos de sol pretos e calcei umas botas castanhas e penteei o cabelo.

No andar de baixo Travis estava encostado ao balcão com uma caneca na mão.

– Bom dia.

Acenei mas nada disse.

– Eles já foram andando para o comité e eu fiquei de te levar.

Tirei um copo do armário e enchi-o de água. Tomei a água e virei-me para ele.

–Ok.

Ele sorriu com simpatia no olhar.

– Dor de cabeça?

– Bué.

Ele riu e abanou a cabeça.

Isso apenas o deixava mais bonito. Porque pensei isso?

– Imagino. Bora.

Chegámos ao comité depressa. Assim que saímos do carro vi meu pai e meus irmãos com Robe e Louise numa barraca de prémios. Havia uma mesa enorme cheia de comida e outras mesas de jardim espalhadas á volta. Muitas barracas estavam organizadas á volta do parque e de diferentes actividades.

Olhei para o meu pai para ver se havia algum traço de raiva mas ele ria e falava normalmente com Robe.

– Estás bem? – Perguntou Travis parando ao meu lado.

– Ele está bem.

– Eu não te perguntei sobre o teu pai, perguntei sobre ti. Estás bem?

Olhei-o e dei um pequeno sorriso.

– Claro.

Ele sorriu tirando-me o fôlego e começou a andar.

– Hmm…Travis?

Ele parou e olhou-me.

– Sim?

Olhei para o lado com o repentino calor que se apoderou da minha cara.

– Desculpa… por ter batido em ti no primeiro dia com a porta do carro.

Ele riu e esfregou a cabeça.

– Sim. Eu provavelmente merecia.

Eu ri e abanei a cabeça.

– Bora.

Andei até ele e fomos juntos até às nossas famílias.

– Ei. – Cumprimentou.

– Olá. – Disse-me Louise.

– Ei. – Esfreguei-lhe a cabeça despenteando-a.

– Ei Sam? Chega aqui. – Fui até Robe que me virou em direcção a uma barraca.- O que achas de tiro ao arco?

– É preciso apontaria para isso.

Louise riu e Travis sorriu para mim. Não olhei para os meus irmãos ou até meu pai porque tinha dito coisas a mais ontem.

–E o que me dizes a uma partida?

Olhei em volta e avistei Jai e Mikey com outro na barraca das bebidas.

– Talvez mais tarde. Tenho… coisas combinadas.

– Bom, sendo assim está bem. Mas fica combinado?

– Combinado.

Sorri para Louise uma vez antes de ir até Jai. Ele olhou para mim e sorriu.

– Sempre vieste.

– Eu disse que vinha.

Pôs um braço ao redor dos meus ombros e levou-me até ao grupo.

– És outra vez dele? Tenho de me despachar da próxima vez. – Disse Mikey quando me viu.

Revirei os olhos mas sorri.

– Então, malta é a Sam. – Apresentou Jai.

– Esta miúda ontem bateu o meu record. – Disse Mikey pondo um braço na minha cintura.

– Parabéns. É bem feito para ele pensar antes de andar para ai a gabar-se, já agora sou o Gabe.

– Nádia. – Disse a rapariga que Gabe tinha ao redor dos braços.

– Pandora. – Disse outra.

– Rock.

– Queres alguma coisa? – Perguntou-me Jai.

– Claro.

Mikey deu-me um copo.

– O que é? – Perguntei olhando para o líquido vermelho.

– Prova e se o conseguires beber todo eu digo-te.

Dei de ombros e bebi tudo num gole. O cheiro era muito forte e o sabor ainda mais.

Nádia e Pandora bateram palmas.

– É isso mesmo, miúda. Mostra que também temos carácter. – Encorajou Pandora.

– Sim, senhora. Ei Mike parece que arranjaste uma adversária á altura. – Disse Rock.

– Arranjei não arranjei? – Disse voltando a por o braço na minha cintura e puxando-me para si.

– Calma ai, calma ai. Ela está comigo.- Avisou Jai tirando o braço de Mikey de mim.

Mikey revirou os olhos e deitou as mãos ao ar.

– Deus todo-poderoso, porque me fazes isto?

Nós rimos e começamos a andar para uma mesa de piquenique.

– Então o que era? – Perguntei a Mikey.

Ele sentou-se ao meu lado com outros dois copos.

– Martini, cerveja, Whisky e gasosa.

– E como é que ficou vermelho?

Ele deu de ombros.

– É só um corante para os pais pensarem que é sumo.

Eu ri.

– Temos que saber disfarçar. – Disse Nádia.

– Muitos deles saem daqui com uma osga que nem sabem como. – Disse Jai.

Abanei a cabeça e sorri.

Esta malta é cá das minhas.

– Imagino.

– Então Sam, mudaste-te para cá?- Perguntou Gabe.

– Não. Estou apenas de férias.

– Quem me dera a mim estar só cá estar de férias .– Bufou Pandora.

– Onde vives? – Perguntou Nádia.

– Sidney.

– Uau. Lá deves apanhar umas grandes bebedeiras. – Disse Mikey.

– Bués.- Admiti.

– Temos que lá ir fazer uma visitinha. Ouvi dizer que lá as festas são do outro mundo. – Disse Jai.

– Nós depois de amanhã combinámos de ir a Denver e passar lá o dia, topas? – Perguntou Mikey.

– Topo.

– Perfeito. – Jai deu-me um beijo no pescoço e descansou lá a cabeça. – Cheiras muito bem sabias? – Sussurrou-me.

– Obrigado.

– Arranjem um quarto.- Uma rapariga da minha idade de longos cabelos loiros olhavam para nós com nojo.

Jai beijou-me ainda mais deixando um rasto de beijos pelo meu pescoço e eu ria com as cocegas.

– Estás mal muda-te. – Disse Gabe começando a beijar Nádia também.

– Ei, ó Jai não queres partilhar? – Perguntou Mikey.

Empurrei-o com força suficiente para ele cair no chão. Ele deixou-se estar estendido no chão a rir e a olhar para mim.

– Vocês são muito nojentos.

Jai suspirou e levantou-se.

– O que queres Rebeka?

Dois rapazes, incluindo Travis aproximaram-se com mais duas raparigas.

Rock levantou-se assim como Gabe e ficaram lado a lado de Jai.

– Parece que vai haver reunião. – Disse Pandora sorrindo e levantando-se.

– Já vimos. – Disse-me Nádia juntando-se a eles.

– Vai haver bomba. – Murmurou-me Mikey voltando a sentar-se ao meu lado.

– Algum problema? – Perguntou um rapaz.

– Nenhum. Aqui a Beka é que não sabe fazer mais nada se não se intrometer onde não é chamada. – Disse Jai calmamente.

Encostei-me a Mikey.

– Isto vai durar? – Perguntei-lhe.

– Yeap.

Suspirei e voltei-me para eles.

– Vocês é que estais a usar o parque como um centro de strippers. – Acusou Rebeka.

Pandora irritou-se e ficou á frente dela.

– Olha lá sua pita, quem é que estás a chamar de strippers?

– A ti ou vês aqui mais alguém?

– Vejo uma grandessíssima vadia, isso conta?

Eu e Mikey rimos fazendo vários pares de olhos virarem-se para nós.

–Desculpe, desculpem, podem… continuar.- Disse olhando cada um.

–Eu cada vez mais gosto desta miúda.- Riu Mikey pondo um braço nos meus ombros.

– Eu já te digo quem é a vadia. – Rebeka ia a agarrar-lhe nos cabelos mas Travis puxou-a para trás.

– Pára Beka!

– Mas Travis, ela chamou-me de vadia. A mim! – Disse fazendo beicinho.

Conforme ela se estava a fazer a ele eu já a odiava. Pandora tinha razão. Ela era uma vadia.

–Estou a gostar do espectáculo.- Sussurrei a Mikey.

–Sim, era bom termos umas pipocas para acompanhar.

Rimos um para o outro e voltá-mo-nos para o espectáculo de novo.

– Bem tu começas-te.

– Travis!

Todos nós rimos e eu levei as mãos às têmporas com a dor de cabeça que me bateu.

– Dor de cabeça? – Perguntou-me Mikey.

– Ya.

– Tenho a solução ideal.- Deu-me um copo. – Não falha.

Dei de ombros.

– Mal não faz.

Peguei no copo e levei-o á boca mas ele fugiu-me antes de conseguir beber alguma coisa.

– Ei!

Travis pôs o copo na mesa e tirou-me do banco pela cintura.

– Travis!

– Nós vamos embora.

– Não vou a lado nenhum.

– Á vens sim senhora. Já não te chegou ontem? – Pegou-me na mão e empurrou-me.

– Alto lá.- Mikey pôs-se á frente dele. - Ela só vai se quiser.

– Não. Ela vai agora.

Ele tentou passar á volta mas Mikey impediu-o.

– Acho que tu não me ouviste bem.

Travis riu e fingiu que ia para trás mas acabou por dar-lhe um murro. Mikey caiu para trás a sangrar.

– Trav…

– Podemos ir agora?- Perguntou a Mikey.

–Mikey, está bem?- Quando ele apenas gemeu virei-me para Travis.- Estás louco?

Revirando os olhos pôs um braço ao meu redor e puxou-me.

– Travis pára!

Ele suspirou e parou frustrado.

– Estás louco.

Ele arregalou os olhos.

– Eu é que estou louco? Tu ias aceitar uma bebida de um desconhecido.

– E então? – Cruzei os braços sobre o peito.

– Então que não sabes o que aquilo contém.

Suspirei e revirei os olhos.

– É apenas uma bebida. E eu conheci Mikey ontem na festa.

– Que festa?

– Ele deu uma festa ontem. Jai convidou-me.

– Foi ele que te foi buscar?

O cinzento dos seus olhos era duro como pedra. Aquilo chegava a meter medo.

– Sim.

– Onde o conheces-te?

– Para quê o interrogatório?

– Responde-me Sam.

– Na praia! Agora se já está tudo perguntado, vou andando.

Comecei a virar-me mas ele parou-me.

– Não vais nada.

– Não és meu pai Travis.

– Mas o teu pai pediu-me para cuidar de ti e eu vou.

– O que vais fazer trancar-me no carro?

– Se for preciso.

Estou tão farta de certas pessoas.

Bufei e mordi o lábio inferior.

– Ok. Como querias.

Em vez de ir para trás dirigi-me para o estacionamento.

– Onde vais?

– Para casa.

Ele correu atrás de mim.

– Sam…

– Adeus.

Deixei-o e contornei os carros saindo do estacionamento.

Porque diabos todos querem mandar em mim?

Já não sou uma criancinha, bolas.

Mas parece que sou a única que vê isso.


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