Naquele verão escrita por Cyn
Comité
Acordei com uma dor de cabeça da merda.
A noite de ontem era um borrão mas sabia que tinha dito as verdades, disso eu lembrava-me bem. E, incrivelmente, estava mais livre. Talvez apenas um pouco, mas estava.
Levantei-me meia a cair e fui até á casa de banho. Tomei um duche rápido e vesti uns calções castanhos, um top vermelho e uma camisa de manga corta aos quadrados vermelhos e castanhos, pus uns óculos de sol pretos e calcei umas botas castanhas e penteei o cabelo.
No andar de baixo Travis estava encostado ao balcão com uma caneca na mão.
– Bom dia.
Acenei mas nada disse.
– Eles já foram andando para o comité e eu fiquei de te levar.
Tirei um copo do armário e enchi-o de água. Tomei a água e virei-me para ele.
–Ok.
Ele sorriu com simpatia no olhar.
– Dor de cabeça?
– Bué.
Ele riu e abanou a cabeça.
Isso apenas o deixava mais bonito. Porque pensei isso?
– Imagino. Bora.
Chegámos ao comité depressa. Assim que saímos do carro vi meu pai e meus irmãos com Robe e Louise numa barraca de prémios. Havia uma mesa enorme cheia de comida e outras mesas de jardim espalhadas á volta. Muitas barracas estavam organizadas á volta do parque e de diferentes actividades.
Olhei para o meu pai para ver se havia algum traço de raiva mas ele ria e falava normalmente com Robe.
– Estás bem? – Perguntou Travis parando ao meu lado.
– Ele está bem.
– Eu não te perguntei sobre o teu pai, perguntei sobre ti. Estás bem?
Olhei-o e dei um pequeno sorriso.
– Claro.
Ele sorriu tirando-me o fôlego e começou a andar.
– Hmm…Travis?
Ele parou e olhou-me.
– Sim?
Olhei para o lado com o repentino calor que se apoderou da minha cara.
– Desculpa… por ter batido em ti no primeiro dia com a porta do carro.
Ele riu e esfregou a cabeça.
– Sim. Eu provavelmente merecia.
Eu ri e abanei a cabeça.
– Bora.
Andei até ele e fomos juntos até às nossas famílias.
– Ei. – Cumprimentou.
– Olá. – Disse-me Louise.
– Ei. – Esfreguei-lhe a cabeça despenteando-a.
– Ei Sam? Chega aqui. – Fui até Robe que me virou em direcção a uma barraca.- O que achas de tiro ao arco?
– É preciso apontaria para isso.
Louise riu e Travis sorriu para mim. Não olhei para os meus irmãos ou até meu pai porque tinha dito coisas a mais ontem.
–E o que me dizes a uma partida?
Olhei em volta e avistei Jai e Mikey com outro na barraca das bebidas.
– Talvez mais tarde. Tenho… coisas combinadas.
– Bom, sendo assim está bem. Mas fica combinado?
– Combinado.
Sorri para Louise uma vez antes de ir até Jai. Ele olhou para mim e sorriu.
– Sempre vieste.
– Eu disse que vinha.
Pôs um braço ao redor dos meus ombros e levou-me até ao grupo.
– És outra vez dele? Tenho de me despachar da próxima vez. – Disse Mikey quando me viu.
Revirei os olhos mas sorri.
– Então, malta é a Sam. – Apresentou Jai.
– Esta miúda ontem bateu o meu record. – Disse Mikey pondo um braço na minha cintura.
– Parabéns. É bem feito para ele pensar antes de andar para ai a gabar-se, já agora sou o Gabe.
– Nádia. – Disse a rapariga que Gabe tinha ao redor dos braços.
– Pandora. – Disse outra.
– Rock.
– Queres alguma coisa? – Perguntou-me Jai.
– Claro.
Mikey deu-me um copo.
– O que é? – Perguntei olhando para o líquido vermelho.
– Prova e se o conseguires beber todo eu digo-te.
Dei de ombros e bebi tudo num gole. O cheiro era muito forte e o sabor ainda mais.
Nádia e Pandora bateram palmas.
– É isso mesmo, miúda. Mostra que também temos carácter. – Encorajou Pandora.
– Sim, senhora. Ei Mike parece que arranjaste uma adversária á altura. – Disse Rock.
– Arranjei não arranjei? – Disse voltando a por o braço na minha cintura e puxando-me para si.
– Calma ai, calma ai. Ela está comigo.- Avisou Jai tirando o braço de Mikey de mim.
Mikey revirou os olhos e deitou as mãos ao ar.
– Deus todo-poderoso, porque me fazes isto?
Nós rimos e começamos a andar para uma mesa de piquenique.
– Então o que era? – Perguntei a Mikey.
Ele sentou-se ao meu lado com outros dois copos.
– Martini, cerveja, Whisky e gasosa.
– E como é que ficou vermelho?
Ele deu de ombros.
– É só um corante para os pais pensarem que é sumo.
Eu ri.
– Temos que saber disfarçar. – Disse Nádia.
– Muitos deles saem daqui com uma osga que nem sabem como. – Disse Jai.
Abanei a cabeça e sorri.
Esta malta é cá das minhas.
– Imagino.
– Então Sam, mudaste-te para cá?- Perguntou Gabe.
– Não. Estou apenas de férias.
– Quem me dera a mim estar só cá estar de férias .– Bufou Pandora.
– Onde vives? – Perguntou Nádia.
– Sidney.
– Uau. Lá deves apanhar umas grandes bebedeiras. – Disse Mikey.
– Bués.- Admiti.
– Temos que lá ir fazer uma visitinha. Ouvi dizer que lá as festas são do outro mundo. – Disse Jai.
– Nós depois de amanhã combinámos de ir a Denver e passar lá o dia, topas? – Perguntou Mikey.
– Topo.
– Perfeito. – Jai deu-me um beijo no pescoço e descansou lá a cabeça. – Cheiras muito bem sabias? – Sussurrou-me.
– Obrigado.
– Arranjem um quarto.- Uma rapariga da minha idade de longos cabelos loiros olhavam para nós com nojo.
Jai beijou-me ainda mais deixando um rasto de beijos pelo meu pescoço e eu ria com as cocegas.
– Estás mal muda-te. – Disse Gabe começando a beijar Nádia também.
– Ei, ó Jai não queres partilhar? – Perguntou Mikey.
Empurrei-o com força suficiente para ele cair no chão. Ele deixou-se estar estendido no chão a rir e a olhar para mim.
– Vocês são muito nojentos.
Jai suspirou e levantou-se.
– O que queres Rebeka?
Dois rapazes, incluindo Travis aproximaram-se com mais duas raparigas.
Rock levantou-se assim como Gabe e ficaram lado a lado de Jai.
– Parece que vai haver reunião. – Disse Pandora sorrindo e levantando-se.
– Já vimos. – Disse-me Nádia juntando-se a eles.
– Vai haver bomba. – Murmurou-me Mikey voltando a sentar-se ao meu lado.
– Algum problema? – Perguntou um rapaz.
– Nenhum. Aqui a Beka é que não sabe fazer mais nada se não se intrometer onde não é chamada. – Disse Jai calmamente.
Encostei-me a Mikey.
– Isto vai durar? – Perguntei-lhe.
– Yeap.
Suspirei e voltei-me para eles.
– Vocês é que estais a usar o parque como um centro de strippers. – Acusou Rebeka.
Pandora irritou-se e ficou á frente dela.
– Olha lá sua pita, quem é que estás a chamar de strippers?
– A ti ou vês aqui mais alguém?
– Vejo uma grandessíssima vadia, isso conta?
Eu e Mikey rimos fazendo vários pares de olhos virarem-se para nós.
–Desculpe, desculpem, podem… continuar.- Disse olhando cada um.
–Eu cada vez mais gosto desta miúda.- Riu Mikey pondo um braço nos meus ombros.
– Eu já te digo quem é a vadia. – Rebeka ia a agarrar-lhe nos cabelos mas Travis puxou-a para trás.
– Pára Beka!
– Mas Travis, ela chamou-me de vadia. A mim! – Disse fazendo beicinho.
Conforme ela se estava a fazer a ele eu já a odiava. Pandora tinha razão. Ela era uma vadia.
–Estou a gostar do espectáculo.- Sussurrei a Mikey.
–Sim, era bom termos umas pipocas para acompanhar.
Rimos um para o outro e voltá-mo-nos para o espectáculo de novo.
– Bem tu começas-te.
– Travis!
Todos nós rimos e eu levei as mãos às têmporas com a dor de cabeça que me bateu.
– Dor de cabeça? – Perguntou-me Mikey.
– Ya.
– Tenho a solução ideal.- Deu-me um copo. – Não falha.
Dei de ombros.
– Mal não faz.
Peguei no copo e levei-o á boca mas ele fugiu-me antes de conseguir beber alguma coisa.
– Ei!
Travis pôs o copo na mesa e tirou-me do banco pela cintura.
– Travis!
– Nós vamos embora.
– Não vou a lado nenhum.
– Á vens sim senhora. Já não te chegou ontem? – Pegou-me na mão e empurrou-me.
– Alto lá.- Mikey pôs-se á frente dele. - Ela só vai se quiser.
– Não. Ela vai agora.
Ele tentou passar á volta mas Mikey impediu-o.
– Acho que tu não me ouviste bem.
Travis riu e fingiu que ia para trás mas acabou por dar-lhe um murro. Mikey caiu para trás a sangrar.
– Trav…
– Podemos ir agora?- Perguntou a Mikey.
–Mikey, está bem?- Quando ele apenas gemeu virei-me para Travis.- Estás louco?
Revirando os olhos pôs um braço ao meu redor e puxou-me.
– Travis pára!
Ele suspirou e parou frustrado.
– Estás louco.
Ele arregalou os olhos.
– Eu é que estou louco? Tu ias aceitar uma bebida de um desconhecido.
– E então? – Cruzei os braços sobre o peito.
– Então que não sabes o que aquilo contém.
Suspirei e revirei os olhos.
– É apenas uma bebida. E eu conheci Mikey ontem na festa.
– Que festa?
– Ele deu uma festa ontem. Jai convidou-me.
– Foi ele que te foi buscar?
O cinzento dos seus olhos era duro como pedra. Aquilo chegava a meter medo.
– Sim.
– Onde o conheces-te?
– Para quê o interrogatório?
– Responde-me Sam.
– Na praia! Agora se já está tudo perguntado, vou andando.
Comecei a virar-me mas ele parou-me.
– Não vais nada.
– Não és meu pai Travis.
– Mas o teu pai pediu-me para cuidar de ti e eu vou.
– O que vais fazer trancar-me no carro?
– Se for preciso.
Estou tão farta de certas pessoas.
Bufei e mordi o lábio inferior.
– Ok. Como querias.
Em vez de ir para trás dirigi-me para o estacionamento.
– Onde vais?
– Para casa.
Ele correu atrás de mim.
– Sam…
– Adeus.
Deixei-o e contornei os carros saindo do estacionamento.
Porque diabos todos querem mandar em mim?
Já não sou uma criancinha, bolas.
Mas parece que sou a única que vê isso.
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