Rest in Peace escrita por Barcellos


Capítulo 5
Fatos em evidência


Notas iniciais do capítulo

Galera, não vou mais editar os capítulos porque não está "tendo muita audiência", por assim dizer, acho que as pessoas não estão preocupadas então não vou me preocupar também.



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13:55 - 24/09/2016 – Weekstreet – Praça Central.

– Vamos entrar no ar em 5... 4... 3... 2... 1...

– Olá, eu sou Emily Devis. Estou em Weekstreet acompanhando ao vivo o comunicado do prefeito Harry Brown e o diretor do Laboratório MOON em Weekstreet, Miguel Ferreira, sobre os incidentes de ataques e assassinatos misteriosos e o motivo que foram fechados as estradas principais.

“QUEREMOS RESPOSTA! QUEREMOS RESPOSTA! QUEREMOS RESPOSTA!”

– O povo grita na praça pedindo uma explicação. São cerca de 20 mil casos de infecções e ataques desconhecidos registrado nos hospitais da cidade. – disse a repórter para a câmera.

Emily Devis era uma jornalista consagrada. Em seus trinta e quatro anos de vida, a repórter que mais parecia uma musa de pele morena que reluzia ao sol e de longos cabelos que iam quase até a cintura e balançavam ritmados ao sopro gentil de uma suave brisa, já era uma repórter muito bem paga e vivia em Dumbroville, uma pequena e cidade pacata dos EUA, mas com tantos plantões e notícias para fazer, Emily acabou alugando uma pequena casa para viver em Weekstreet até que esses mistérios fossem completamente desvendados.

Joe Carter era o câmera preferido de Emily. Cabelos loiros, pele bronzeada, olhos pretos e magro, muito magro. Gostava muito de rock e de ler livros, principalmente de suspense. Começou a trabalhar com Emily em seus 30 anos, faz dois anos que trabalham juntos.

A praça estava um clima quente. Atrás famílias chorando por filhos que morreram, maridos que desapareceram e mulheres que se transformaram. Todos queriam a mesma coisa, resposta. Naquele palco, agora, entrava o prefeito. Flashes de câmeras por todo ângulo da praça fotografando aquele momento, jornalistas escrevendo em seus blocos, gravando com seus celulares, repórteres como Emily, gravando tudo aquilo.

– Olá povo de Weekstreet. É lamentável a situação da cidade. Ouvi nessa semana várias histórias e depoimentos sobre diversas coisas. Estou tris... – o prefeito não conseguia continuar, todos da praça gritavam pedindo uma explicação sem baboseiras.

“CHEGA DE PALHAÇADA! QUEREMOS RESPOSTA! CHEGA DE PALHAÇADA!”

– A estrada foi bloqueada para que não pudessem entrar mais dessas coisas na cidad... – ele foi interrompido.

– Então o senhor está dizendo que as criaturas vieram de fora? – era Emily.

– N-Sim. Exatamente. – ele gaguejou.

– E qual o motivo do Laboratório MOON estar naquele estado abandonado, aterrorizado com pichações e vidros quebrados? – ela perguntou novamente.

– I-isso vocês saberão com Pablo Smith, o representante do diretor do Laboratório em Weekstreet. Alguma dúvida que venha a eu esclarecer, Emily? – perguntou Harry.

– Sem mais dúvidas. – disse Emily encarando o prefeito sabendo que aquilo era uma mentira.

– Ótimo. Agora vocês receberão, com palmas, o diretor Pablo Smith que irá esclarecer muitas dúvidas. Obrigado pela atenção.

Um burburinho. Ninguém nunca tinha ouvido sobre esse tal de Pablo. Em uma parte da praça, moradores da cidade vaiaram-no. Em algumas partes surgiam dúvidas como “Pablo?”. Ao subir no palco testou o microfone instalado ali bem no meio, causando uma microfonia nada confortável.

– Olá cidadãos! Vocês devem estar curiosos sobre – ele foi interrompido por nada mais nada menos que Emily Devis.

– Qual o motivo do Laboratório MOON estar naquele estado abandonado, aterrorizado, deplorável, com pichações e vidros quebrados? – perguntou Emily.

– Do que você está falando? – disse Pablo fingindo não saber sobre o caso.

– Estou perguntando qual o motivo... – ele interrompe-a.

– Sim, sim é claro, eu ouvi. – ele ri – Acontece que não está nesse estado. Não mais. Já trocamos os vidros, pintamos novamente as paredes e tudo está normalizado. – disse ele.

– Você tem algo a dizer sobre os ataques? Tem alguma ligação com as empresas MOON? Porque a maioria dos ataques aconteceram próximo residências do laboratório? – ela disse encarando-o de forma raivosa.

– Isso tudo não passa de um coincidência. Mas alguma pergunta? – disse Pablo.

– Coincidência... Esse é seu argumento para tudo? – disse ela provocando-o.

– Ei, Emily, para você está estressando o cara! – sussurrou Joe.

– Tenho compromissos. Obrigado pela atenção e o carinho. – disse Pablo saindo do palco e entrando em uma das limusines ali estacionadas.

Todas as pessoas que estavam ali, com exceções dos jornalistas e repórteres, vaiaram o prefeito e o “diretor”. Não tinha um ali sequer que não desconfiava. Grande parte não havia acreditado em uma palavra dita vinda daqueles dois. Famílias saíram chorando da praça, lamentando a morte de seus parentes sem explicação alguma. Lá foi um tempo perdido.

Emily se virou para Joe após terminar a transmissão que não durou mais que cinco minutos e com um olhar, disse:

– Acho que já sei a reportagem da semana...

Joe olhou para ela e abanou a cabeça em um sinal de “não” e falou:

– Nem pense Emily, nem pense! Eu não vou de maneira alguma nem que a vaca tussa!

Ela lançou a ele um olhar desafiador.

14:31 – 22/09/2016 – Weekstreet – Laboratório MOON

– Não acredito que eu vim!

A mulher riu.

– Como vamos chegar lá dentro? Esse muro é muito alto. – disse Joe.

– Fala sério, escalamos isso em alguns minutos. – disse Emily.

– Em alguns minutos? Escalar? Tá doida é? Isso é muito alto e... – ele ia continuar mas Emily interrompeu.

– E precisamos dessa matéria. Vamos pegar o meu equipamento de rapel, deve estar na mala.

Emily era não só jornalista como também um atleta. Ela amava esportes, aprendeu rapel em uma reportagem. Emily tem inúmeras habilidades e talentos. Canta, dança, e sem contar que ela é advogada.

Demorou pouco mais de dez minutos para escalar o muro por completo em segurança. Como não tinha todos os equipamentos, a escalada não foi lá muito segura, radical de mais para Joe que apenas jogava videogame.

– Nunca mais na minha vida faço isso. Fiquei todo ralado! – disse Joe enquanto olhava os machucados na perna.

– Você devia mesmo era se preocupar com as filmagens. Vamos, abra a câmera. – ordenou Emily.

Estava tudo acabado e fora de ordem. Vários vidros quebrados de quase todos os andares, com exceção do segundo andar. Tinha alguns carros estacionados com os vidros quebrados e a lataria arranhada e amassada. O lugar estava deserto.

– Ele mentiu! – disse Joe olhando boquiaberta para o local.

– Vamos entrar. Pega a câmera e começa a filmar, detalhe por detalhe. – ordenou Emily.

– Mas por onde vamos entrar? – perguntou Joe.

– Ali por aquela janela quebrada. – sugeriu Emily.

– Maldita hora que escolhi ser câmera-man. – disse Joe.

Ao entrarem, Emily quase se corta em um caco de vidro. Eles andaram por 5 minutos, apenas no primeiro andar. Ouviu-se o tempo inteiro ruídos, suspiros e passos vindos, possivelmente, do segundo andar o que deixou os dois aterrorizados. Joe queria muito ir embora mas Emily tinha que ter aquela gravação nas mãos.

– Vamos, já filmei de mais, já dá para convencer as pessoas. – disse Joe com medo.

– É. Acho que já está bom, vamos. – disse Emily indo em direção de uma outra janela quebrado.

– Mas já? - disse uma voz masculina vinda de longe, de um canto escuro. – Não querem ficar para tomar uma xícara de café?

Emily e Joe viraram e congelaram. Era Pablo. Ele carregava na mão uma Beretta 92. Ele dava passos calmos e olhava fixamente para Emily e Joe.

– Mentiroso... – disse Emily tentando conter o medo.

– Criminosa. – rebateu Pablo. – Você acha que pode escalar com cordinhas e vim vasculhar tudo? Isso é invasão, sabia?

– Desculpa senhor Smith. Não precisamos arrumar confusão. – disse Joe tentando acalma-lo.

– Desculpas? Vocês filmaram meu estabelecimento, vieram aqui sem minha permissão e... me chamou de mentiroso? Vou chamar a polícia... o FBI, talvez. – disse Pablo pegando o celular e discando os números.

– Não precisa disso senhor, não precisa de FBI... – disse Joe.

– É verdade John. – ele erra no nome, talvez propositalmente. – Não precisa de FBI, nem de polícia. Já estava me esquecendo que eu tinha uma arma. Eu mesmo acabarei com vocês.

– Por favor... Não faça isso, senhor. – implorou Joe.

Pablo ri:

– Amo quando imploram e me chamam de “senhor” é a parte mais legal de quando vou matar alguém. – disse Pablo sorrindo friamente. – Enfim, esse é o fim de vocês. Esperem-me no inferno!

Pablo saca a arma. Joe deixa a câmera cair. Emily segura na mão de Joe e os dois fecham os olhos. Um barulho de tiro que era abafado devido ao silenciador da arma. Emily estava viva, abre os olhos. O tiro não tinha pegado em nenhum dos dois.

Uma figura surgiu por trás de Pablo antes que ele disparasse o tiro. Um homem alto e forte. Era Mike. Ele lutava contra Pablo tentando enforca-lo ou algo do tipo. Pablo deixa sua pistola cair e deslizar.

– Fujam! – disse Mike.

– Sai de cima de mim, idiota! – disse Pablo.

– Vamos Emily! – gritou Joe puxando seu braço.

A arma tinha deslizado bem para perto de onde estava Emily. Ela nunca havia disparado um tiro com uma arma de verdade em sua vida. Ela estava confusa no que fazer. Os passos e ruídos aumentaram.

Pablo golpeia Mike com um soco na cara e faz soltá-lo. Emily pega a arma rapidamente, recua alguns passos e aponta para Pablo que parou imediatamente.

– Fim da linha. – disse ela tentando ameaça-lo com sua voz tremula.

– Fala sério, você nunca atirou em sua vida. – disse ele.

Então ela dispara um tiro que passa próximo a cabeça de Pablo.

– O próximo vai ser em sua cabeça. – disse Emily.

– Atira então. – disse ele olhando fixamente para ela. Emily estava nervosa. – Vamos atira.ATIRA VADIA!

Joe que estava mais atrás, próximo à uma saída – uma janela quebrada – ao meio de caixas com barras de ferros, remédios e seringas vazias. Sem que percebesse uma criatura vestida com um uniforme de empresas de entregas, surge e morde Joe na coxa com muita força. Ele gritou.

– Joe! – se surpreendeu Emily.

Então Pablo aproveita o momento de distração, empurra Emily que é arremessada longe. Ele corre e derruba mais algumas caixas para impedir a passagem. Mike começa a ficar consciente de novo. Emily corre, pega uma barra de ferro e golpeia aquele homem. Deixou sair de sua boca um grito fino e aterrorizado percebendo que havia matado alguém.

AHHHRRRGGG! – gritou Joe.

– Calma, aguenta firme. – disse Emily desesperada.

– Cadê aquele filho da mãe? – perguntou Mike meio grogue.

– Quem é você? Estava louco? O que fazia aqui? Sabia que poderia morrer? – disse Emily

– Sou Mike. Não. Procurando mantimentos. Sim. – rebateu.

AWWWHHH! – gemeu Joe.

– Pode me ajudar com ele? – disse Emily.

– July! Pode vir! – gritou Mike.

Então, uma menina com um rostinho sujo e assustado com roupas rasgadas, sai de trás de um armário de ferro. Ela, July, carregava uma mochila nas costas e uma espingarda nas mãos. Seu rosto demonstrava medo e terror. Caminhou para onde estava seu pai.

– O que houve? – perguntou July.

– Um canibal mordeu esse rapaz. – respondeu Mike.

– Canibal? – estranhou Emily.

– É. Canibais. Eles devoram você e depois de algumas horas você perde a noção. Fica igual à eles, pensando apenas em uma coisa: encher a pança. – disse Mike.

– Aj... Ajuda... – gemia Joe.

Mike então pegou o homem com toda sua força e pediu para que Emily e July seguissem-no. Começou a caminhar sem destino algum e empurrando algumas portas, até que acha uma sala com uma cama hospitalar e estantes com remédios. Acomoda Joe com sua perna sangrando na cama e o homem apavorado pergunta.

– O que... Quem é você? Que... Quem são vocês?

– Eu sou Mike Clark e essa é minha filha, July Clark. Nós vamos te ajudar. – respondeu.

– Por... Porque aquele homem me atacou? – perguntou novamente.

– Ele não é um homem, não mais. – respondeu.

Emily então puxou Mike para o corredor, longe de Joe, enquanto July fazia um curativo com gazes que achou na prateleira e álcool para limpar o sangue;

– Precisamos encontrar algum remédio para ele. – disse Emily andando em direção de uma sala, mas Mike a puxa:

– Espere... Ele... Ele não vai sobreviver. – disse Mike cabisbaixo.

– O que? Como assim? – perguntou Emily.

– Não, ele não vai. As pessoas depois de um tempo ficam igual essas criaturas. Já vi muito deles se transformarem. – disse Mike referindo à família.

– Não... NÃO! Mentiroso! MENTIROSO! – disse ela batendo no peitoral dele.

– Eu sei como se sente. Mas se não matarmos agora, ele poderá matar um de nós. – disse Mike.

MATAR? COMO ASSIM MATAR?! ELE AINDA É UMA PESSOA. AINDA É UMA PESSOA! – disse Emily indignada.

Ela voltou correndo para a sala e Mike foi atrás.

– Pai ele... morreu. – disse July checando a respiração e os pulsos dele. – A mordida atingiu uma das artérias aortas e ele teve uma hemorragia.

Emily chora. Mike abraça-a e ela se aconchega em seu ombro. Não demorou muito mais que dois minutos e Joe começou com as tremedeiras. Estava se transformando. July saiu depressa do lado do rapaz e se juntou ao pai. Mike saca a pistola e aponta para a cabeça de Joe que estava agora se levantando, mas antes que puxasse o gatilho, Emily interferiu:

– Eu acho que... Eu nunca vou me desculpar... Não o mate, por favor! – implorou Emily.

– Então, vamos sair daqui antes que ele resolva nos atacar. – sugeriu Mike.

Concordaram. Saíram antes que Joe que na verdade não era mais Joe, tocasse os pés no chão. Fecharam a porta e com uma maca e alguns outros objetos pesados que achavam por ali, bloquearam a porta para que se tentasse sair, não conseguisse. Ficaram olhando um tempo para a porta até que ouviram uns arranhões. Joe tinha se transformado.

15:37 – 22/09/2016 – Tolopólis – Lugar Desconhecido

Tolopólis era uma cidade pequena. Pouco maior que Weekstreet. Era uma de milhares de cidades que tinha um grande centro dos Laboratórios MOON. Eles já ouviram falar sobre os incidentes que aconteciam em Weekstreet, porém, não tiveram registros. Não ainda.

Um celular toca.

– Chefe? – disse Pablo.

– O que você andou fazendo no laboratório de Weekstreet? – disse a voz no telefone.

– Cuidando de uma repórter idiota. – respondeu.

– E porque você deixou ela viva? – perguntou a voz.

– Deixei viva... Só por alguns minutos. – rebateu.

– Espero que você não deixe um, sequer um, daquele laboratório sair vivo. – disse a voz. – Ouviu?

– Entendi. Vou abrir a porta do andar de cima, não vai sobrar nada deles.

– Ótimo. – disse a voz. – Onde você está nesse momento?

– Na entrada do laboratório de Tolopólis. – respondeu Pablo. – Agora é a vez deles!


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