Circus escrita por Black


Capítulo 2
Arrepio


Notas iniciais do capítulo

Hello, bom depois de dez dias (sim, eu contei) estou de volta u.u
O capítulo não está tão grande, mas foi o melhor que consegui.

Agradeço a todas as leitoras que deixaram reviews. Amei, espero que gostem do capítulo e me digam o que acham da capa da fanfic, sim?



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Poderia mentir dizendo que a noite fora maravilhosa, mas mentir não era de seu fetiche e a noite não tinha sido das melhores para Perséfone, talvez fosse à cama grande e fria demais, ou o fato de não saber se era dia ou noite estando no Mundo Inferior, mas ao fundo sabia, não era nem isso nem aquilo. Tudo se concentrava no puro e simples fato de que tinha sido arrancada de casa.

Olhar ao redor não ajudava, as paredes eram de um tom negro, se igualando os moveis e a roupa de cama, todas as cores ali lembravam Hades, sem exceção. Até o clima se comparava a ele, frio, gélido e era esse frio, esse gelo que consumiam sua esperança. Chorar não adiantaria, pelas histórias que já tinha escutado a respeito do deus dos mortos, chorar ou implorar de nada adiantavam com ele.

Fugir também estava fora de cogitação, não conhecia onde estava e muito menos no que estava pisando, fugir era como atirar no escuro sem olhar. Uma total perda de tempo e consequentemente só serviria para inflamar a raiva do deus. O que pouco lhe confortava era saber que sua mãe, Deméter, jamais desistiria de encontrá-la.

Batidas na porta chamaram a sua atenção, franziu o cenho. Quem iria quere vê-la? Em passos pequenos foi até a porta e a abriu lentamente. Parado do outro lado estava Hades, seu manto negro e amedrontador estavam sobre seus ombros, igual Perséfone se lembrava, o rosto estava fechado e os olhos negros não expressavam nenhuma emoção.

– Sim? – forçou-se a perguntar.

Hades soltou um suspiro quando a viu abrir a porta, durante a noite tinha divagado em sua mente se tinha ou não sido muito duro com Perséfone, e é claro que ela estaria com medo e consequentemente tinha muitas perguntas a lhe fazer. Perguntas essas que ele sabia que tinha que responder, mas não queria.

Ficar se perguntando se havia a tratado muito duramente. Não deveria se importar com esse tipo de coisa, mas importava. Vê-la se encolher assim que o percebeu na porta fazia sua garganta fechar, ela o temia e mesmo que quisesse disfarçar isso não conseguia. A respiração irregular, o coração batendo com mais força dentro do peito, os dedos que tremiam levemente e até os olhos que se enchiam de água a denunciavam.

Hades se sentia um monstro estando na presença da deusa, não duvidava das histórias mirabolantes que deviam ter lhe contado a seu respeito, do quão impiedoso era, que matava a sangue frio e por isso ficava isolado do resto da família. Mal sabia Perséfone que seu próprio pai era um demônio tão mal quanto o próprio Hades.

Zeus podia até ser visto como justo e às vezes bondoso por almas ingênuas, mas Hades e Poseidon conheciam muito bem o irmão. Tão impiedoso como Cronos, Zeus aquele que governava os céus e que era homenageado por ninfas e pelos próprios humanos.

Hades detestava essa fachada de bom moço que Zeus tinha, mas isso não era assunto seu. O assunto que dizia respeito a sua pessoa no momento era Perséfone.

– Você não desceu para o café – disse encarando-a.

Aquela afirmação pegou-a de surpresa, não havia descido porque não sentia fome. O frio não permitia que nem saísse da cama e comer estava fora de cogitação, por hora pelo menos. Mas, Perséfone não esperava que Hades fosse até seu quarto para lhe questionar porque não havia ido comer.

– Eu estava sem fome – respondeu se preparando para fechar a porta.

– Vai morrer desse jeito – falou sarcástico.

– O que quer Hades? – perguntou ignorando a brincadeira do Deus.

– Quero que me obedeça, Perséfone. Enquanto estiver aqui vai fazer o que eu mandar – disse categórico – E se eu mandar você descer para o café, você desce.

Contrariando todos os avisos que seu cérebro lhe mandava, Perséfone contraiu os lábios pensando em uma resposta muito mal criada para dar ao deus. Quem ele pensa que é? Meu dono?

– Troque de roupa, tenho que te apresentar algumas pessoas – mandou.

Hades não esperou pela confirmação da deusa, simplesmente se virou e refez o caminho por onde veio. Sabia que ela o estaria odiando no momento, viu um lampejo de raiva passar pelos olhos castanhos de Perséfone. Mesmo com sua falta de altura ela era valente, percebeu isso assim que ela pisou em sua sala do trono.

Bufando e xingando mentalmente Hades de todos os nomes ruins que conhecia, Perséfone deu meia volta, fechando a porta sem nenhuma delicadeza e se sentou na penteadeira. Olhou seu reflexo no espelho, os olhos ainda mudavam de cor, em tons de marrom, azul e violeta. Mas, o brilho que existia no meio de sua íris não estava mais lá, os olhos agora eram opacos, como se uma neblina tivesse se apossado deles.

Os cabelos continuavam caindo em cascatas pelos ombros, terminando alguns centímetros abaixo da cintura. Pôs-se de pé, só agora se dará conta de que não tinha nada razoavelmente quente para vestir. Talvez Afrodite possa me ajudar com algumas roupas. Pensou a Deusa, para depois se entristecer, Afrodite estava no Olimpo e ela no Mundo Inferior. A loira provavelmente estava se encontrando com Ares as escondidas, enquanto sua pessoa estava quase congelando.

Uma lágrima solitária rolou pela bochecha de Perséfone, ela sentia falta de Afrodite, apesar de fazê-la de Barbie de vez em quando. Sentia falta de Apolo, apesar das constantes brigas dele com Ártemis, era um bom irmão. Sentia até falta de Ares, que sempre a diminuía perto dos outros deuses.

Quando deu por si já tinha voltado a chorar, um choro baixo que apenas se alguém estivesse muito próximo de si poderia ouvir. Soluços baixos escapavam de sua garganta e os cílios pesavam pelas lágrimas que agora rolavam livremente.

– Uma moça tão bonita não deveria chorar.

Olhando em volta Perséfone percebeu que não estava mais sozinha, havia um garoto que não deveria ter mais que usa própria idade. Ele a olhava com um misto de divertimento e curiosidade, intrincados em um par de olhos muito azuis, quase transparentes. Marcas negras intrincavam seus braços, dedos e parte do pescoço. Olhando corretamente Perséfone percebeu que não eram marcas, e sim tatuagens.

O garoto deve ter percebido que a deusa o encarrava por mais tempo que o necessário e sorriu zombeteiro, ajustou a postura e estendeu as mãos para a sua pessoa.

– Sou Thanatos. O anjo da morte.

Thanatos não sabia se ria ou se encarava a deusa com seriedade. Provavelmente ela deveria achar que o anjo da morte deveria ser uma caveira raquítica com uma foice velha de campo. Reles olimpianos que inventam histórias toscas sobre aqueles do “andar de baixo”, por que perguntar a origem de alguém, enquanto se pode inventar uma blasfêmia a seu respeito?

Cruzando o quarto em poucos passos o moreno se aproximou da deusa, de perto ela era ainda mais bonita do que conseguirá ver uma vez. Sorte tinha Hipnos, seu querido e bastardo irmão gêmeo, que podia apreciar não só essas, mas outras diversidades mortais e olimpianas livremente.

– Hades não é o melhor dos anfitriões quando o caso é esperar. Se eu fosse você, já estaria lá embaixo – sugeriu.

– Eu não...não tenho nada muito quente para descer – sussurrou abaixando o olhar.

Sabia que não deveria abaixar a cabeça para ninguém, os deuses não deviam fazer isso. Mas, ela era Perséfone, pequena deusa filha de Deméter e Zeus. Aquela que mais parecia uma ratinha e que poderia se partir a qualquer instante, era frágil e delicada, não porque queria ser, mas porque tinha de ser.

– Não seja por isso. – falou Thanatos tirando sua jaqueta e a colocando sobre os ombros da morena. – Acho que agora vai ficar quente.

– Não posso aceitar – protestou Perséfone.

– Relaxe, eu já me acostumei com o frio daqui. Pode ficar – garantiu.

Contrariando uma das muitas regras de sua mãe, sobre falar com estranhos ou aceitar algo dos mesmos, Perséfone seguiu pelos corredores. Sentia os olhos de Thanatos em suas costas e o som de seus coturnos se chocando no chão atrás de si, mas não o olhou, suas bochechas já estavam demasiadamente vermelhas e isso ele não precisava ver.

Decidiu que contar os corredores por qual iriam passar, poderia ser uma boa distração. Perséfone ainda estava à frente, mas quando chegou na primeira bifurcação parou, ela não sabia continuar. Escutou um risinho fraco de deboche antes de Thanatos passar a sua frente.

– Venha, eu te mostro. – ele disse.

Thanatos sabia que não deveria ter rido da deusa, mas ele também era um deus menor, assim como ela. Não via necessidade em trata-la com todo aquele requinte e educação que Hades exigia, ela nem deveria ter mais que 23 anos, ou pelo menos era isso que a sua idade aparentava. Não iria perguntar a idade de uma dama, sua mãe Nix o ensinará que isso era muita falta de respeito.

Enquanto iam se aproximando da sala, Perséfone pode escutar a voz grossa de Hades. Ele parecia conversar com outras duas pessoas, das quais a voz ela desconhecia totalmente. Thanatos ia à frente e não pareceu se intimidar com o olhar que Hades lhe lançou, pelo contrário, o anjo da morte parecia acostumado a ser olhado com um misto de repreensão por todos.

– Família – Thanatos ironizou com um aceno de cabeça.

O silêncio que se instalou na mesa quando Perséfone chegou foi crucial, pode sentir todos os olhares encima de si, principalmente o de Hades. Notou que o deus não estava sozinho a mesa, havia um loiro com ele.

Hipnos se levantou e fez a menção de ir ajudar a morena a se sentar. Apesar de ser gêmeo de Thanatos ambos eram completamente diferentes, a começar pelos cabelos, Hipnos era loiro e Thanatos possuía cabelos negros. Enquanto o anjo da morte era dotado de músculos e tatuagens, juntamente com um par de olhos azuis, o deus dos sonhos tinha olhos negros e poucos músculos no corpo.

Totalmente diferentes um do outro.

– Eu sou Hipnos. – saldou beijando a mão da deusa.

Perséfone não teve tento para pensar em uma resposta plausível para o rapaz, logo o som de algo sendo quebrada feriu o silêncio que se instalara no local. Hades havia quebrado uma taça, Hades estava com a mão sangrando e Hades fitava sua pessoa com os olhos negros em brasas. E aquela foi a primeira vez, que Perséfone teve medo da morte.


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Notas finais do capítulo

Thanatos e Hipnos são meus lindos.

As espertas terão percebido que minha capa de Nyah são os personagens de Circus, e que no meu perfil está um spoiler da fanfic.

Bom, aguardo os reviews e até logo.



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