New World escrita por Dawn_Love, Stefany01


Capítulo 2
Uma nova cidade


Notas iniciais do capítulo

Cap escrito por mim (Dawn_Love) e adaptado por Stefany_Zanoni (dona de Miko). Espero que gostem~



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Miko POV

Quando acordei ainda era cedo — por volta das 7 da manhã, imagino. Franzi o cenho ao reparar que não estava com minhas vestes de sempre, mas sim com um vestido branco, leve e rodado. Por baixo havia uma espécie de short de mesma cor, que era meio que... Colado. Dei de ombros e passei a analisar o quarto. Parecia de uma criança, mas uma que é bem arrumada, pelo jeito. Brinquedos guardados, vaso de flores, desenhos pelas paredes. Com as pernas um pouco bambas pelo tempo desmaiada, levantei-me, dirigindo-me à porta. Do lado de fora, uma placa dizia “Sapphire”, e na do lado, “Luna”, o que acho que significa que é outro quarto.

Enquanto caminhava pelos corredores, observei tudo a que tinha direito. Era feita de madeira — retirada de alguma árvore da região, talvez, pelo cheiro —, simples e aconchegante. Ao lado do quarto de Sapphire, no batente da porta, haviam cortes na madeira, próximos uns aos outros, medindo sua altura, e ao lado a data de quando haviam sido feitos. Flores por todos os cantos da casa dava um aroma agradável ao ambiente, mesmo que misturado ao da madeira.

Quando chegava no que parecia ser a sala, porém, tive de arquear uma sobrancelha. Havia um homem amarrado no chão. Ele dormia no corredor, com a coberta caindo — uma cena engraçada, levando em conta que ele era meio alto. Mas aí notei que ele devia ser quem eu tinha atacado ontem, e a culpa caiu sobre meus ombros, mesmo sabendo que não podia mudar o que aconteceu.

Soltei um suspiro leve, arrumei a coberta sobre o seu corpo, tentando lhe ajudar, quando ele despertou. Seus olhos fitaram os meus, e me encolhi de dor ao ver seu medo.

— Volte a dormir. — aconselhei, vendo-o desviar o olhar. Engoli um suspiro. — Ainda é cedo.

— O que você quer? — murmurou ainda sem me olhar, encolhendo-se.

— Para falar a verdade, nada. — o acalmei, sorrindo de leve. — Desculpe por ontem... estava fora de mim.

É o que acontece, às vezes, quando alguém resolve me tirar do sério, quis brincar.

— Quero morrer seu amigo, depois daquela. — ele comentou, o que eu levei como um pedido de trégua, e nos fez rir. Após o riso acalmar, saí com um aceno, deixando-o dormir.

Corri sem rumo, como o vento, sentindo a grama em meus pés, e o ar puro e fresco penetrando meus pulmões, enquanto também sacudia meu cabelo. E não pude deixar de notar que parecia a manhã de ontem. Mas, mesmo assim, permiti-me esquecer o que aconteceu por uns instantes ao encontrar um pequeno rio cristalino. Ajoelhei-me ao seu lado, e molhei o rosto. A água era gélida, e serviu para acalmar meus ânimos. Mais leve e refrescada, resolvi-me por tomar um banho, enquanto as aves cantavam suavemente nas árvores ao redor. Era como antes... Sem nenhuma culpa, leve e pura... Feliz. Mesmo sabendo que, no fundo, isso já era.

Voltei para a casa da Luna. No caminho, recolhi frutas, perguntando-me se seriam agradecimento o suficiente. Logo ao chegar, notei seu cheiro. Suave, como... Se for para dar um nome, eu diria que era cheiro de lua, mesmo que esse não seja um cheiro... Real. Junto ao cheiro, veio o barulho. Ou melhor, o silêncio. Procurando algo errado, encontrei uma moça. Ela lavava roupas manchadas de sangue... Que, sob um olhar atento, obtido pela aproximação, notei que eram minhas.

— Oh, você chegou. — ela me olhou. A cor como a lua que seu cheiro me lembrava. — Espere um pouco, logo vou preparar o café. — um sorrisinho doce nos lábios, seus olhos desceram ao meu vestido, onde havia guardado as frutas. Ah é. — Apesar de que você já deve ter comido. — e, como se nada houvesse se passado, voltou a lavar as roupas.

Arqueei uma sobrancelha.

— Não, esqueci de comer. — admiti rindo, sendo acompanhada por ela. — Trouxe para você... Para agradecer.

— Está tudo bem. — ela voltou a me olhar, sorrindo, antes de soltar as roupas no balde. Observei ela caminhar até a mim, os passos suaves quase não fazendo barulho. Estendeu as mãos, e lhe dividi as frutas. — Não precisava se preocupar. — acho que estou sendo tratada como uma criança... — Me chamo Luna, e você?

— Miko...

— Vamos lavar as frutas, Miko! — ela entrou correndo na casa e eu a segui. Ou talvez a criança seja ela.

Lavamos as frutas em um quase silêncio, pois ela cantarolava canções infantis, e ambas respirávamos alto o suficiente para eu ouvir. Ouvi algo cair em outro lugar da casa, e corri para ver. Pude ouvir a Luna atrás de mim, mas mesmo sem usar-me da velocidade animal, ainda cheguei um pouco antes. Isso, mais o fato da casa não ser grande, fez com que eu pegasse em flagra o homem do corredor, que tentava fugir.

— Volte aqui, mocinho! — mas foi a Luna quem o parou, puxando-o de volta pelo pescoço. Ri com a cena. As roupas antes pesadas do homem agora não passavam de uma calça cinza, além do mais, ele todo estava molhado e sem curativos. Creio que acabou de sair do banho.

— Qual seu nome? — perguntei, aproximando-me nervosa. Seu corpo estava exposto, e eu podia ver todos os machucados que eu havia causado. Os ferimentos não pareciam mais tão graves, mas ainda aparentavam doer. E o pior de tudo é que, mesmo com tudo isso, eu ainda perdi meu filhote!

— Dimitri, pantera. — respondeu emburrado.

— Gueparda. — corrigiu Luna, sorrindo, e eu tive de rir com a feição que Dimitri fez ao encará-la. — Você não vai escapar de mim até me levar à Sapphire! — logo continuou, fazendo os sorrisos serem trocados por feições sérias se encarando.

Respirei fundo e me mexi, um tanto incomodada.

— Quem é Sapphire? — perguntei, quebrando o silêncio.

— Minha pequena... ou algo assim. — respondeu Luna sem me olhar. Dimitri estava, certamente, confuso. — Ela foi levada ontem, antes de você aparecer. Creio que ele me confundiu com ela, afinal, ontem ele me chamou de Sapphire.

Então... ela também perdeu alguém importante.

— Sua pequena? — perguntou Dimitri, decepção escapando em sua voz. Aparentemente, já superou a confusão.

— Sim. Eu a encontrei há muito tempo. Desde então, cuido dela como se fosse minha irmã mais nova. — Luna explicou, e pelo modo como abaixou a cabeça, parecia segurar o choro.

— Entendo... — Dimitri suspirou, fazendo uma cara triste enquanto a olhava. Ele não parecia ser mau, apesar de tudo.

— Entende?! — Luna ergueu a voz, parecendo assustadoramente irritada. Em questão de segundos já estava gritando com a voz mais potente do que nunca havia ouvido. — Então por que tentou sequestrar ela?!

— Foram ORDENS! — ambos se encaravam em uma disputa de olhares. O ódio de Luna era incontrolável, mas a frieza de Dimitri era mais assustadora ainda, mesmo que breve.

Estava até legal ver isso, mas...

— De quem? — agora foi minha vez de perguntar. Ordens, hm? Talvez isso tenha algo a ver com meu bebê.

Ele se calou e o silêncio reinou. Luna suspirou e seguiu para a cozinha.

— Tanto lenga a lenga me deu fome! — ela parecia preocupada, se a tensão de seu corpo servisse de indicativo, mas mesmo assim tentava se mostrar firme.

— Bem, então vou trocar os curativos de Dimitri e já vou. — acrescentei sorrindo pra ela e pegando as bandagens.

— Ok! — ela gritou, já próxima a cozinha.

Ele se sentou no chão, e eu me ajoelhei em sua frente, limpando seus cortes.

— O que você perdeu... você sabe... — ele se arriou ao sentir o álcool em uma ferida. — Ontem, quando me atacou? — mordi o lábio inferior. Ele parecia preocupado, e em seus olhos era perceptível carinho. Esse garoto... Quero saber mais sobre ele.

— Meu filhote. — ele gemeu de dor quando troquei o álcool por remédios. — Não saiu de mim, mas eu o criei. — acrescentei, abrindo o pacote de bandagens. — Encontrei ele em uma de minhas corridas... Ele tinha perdido a família em uma queimada. Eu o adotei desde então. Ontem o perdi. — fui contando, sentindo uma vontade de chorar conforme avançava na história, mas mantive os olhos secos para terminar os curativos. — Saí para caçar, e, quando voltei, ele estava morto. Depois disso... Não me lembro de mais nada. Só sei que te machuquei.

Parei, em silêncio. Seus ferimentos estavam limpos e cobertos, já prontos de curativos, mas não tinha coragem de encará-lo nos olhos. Não agora, enquanto tentava regular a respiração para não acabar perdida em memórias. Uma mão na altura do meu rosto, porém, me acordou.

— Obrigado. — agradeceu. Eu sorri levemente e segurei sua mão, aceitando sua ajuda para levantar.

Seguimos à cozinha, mas eu acabei ficando para trás na lentidão com que eu observava as paredes, e quando cheguei, frutas voavam pelo cômodo.

— Péssima mira. — cantarolou ele, pegando as frutas e comendo uma.

Sentei-me na mesa, rindo de lado, e observando ambos se acalmarem. Dimitri sentou do meu lado e Luna do outro lado da mesa. Enfim tomamos o café, em meio a conversas e brincadeiras, como uma família. Luna arrumou as coisas para partir à jornada atrás de sua “pequena”, e me deixou sozinha conversando com Dimitri. Na maior parte do tempo, ele era gentil, mas sempre que citamos o nome de Sapphire, ele muda, inexplicavelmente.

— Vamos? — Luna chamou, nos assustando. Ela havia chegado por trás, com seus passos silenciosos, e numa casa tão cheia de seu cheiro, eu nem a havia notado. Por isso, acabei sendo pega pelo pulo que ela deu sobre nós.

— Antes, eu preciso de roupas. — neguei, apontando para minhas vestes. — Não vou começar uma jornada com roupas tão... Finas.

Ambos concordaram, e logo partíamos para minha casa.

Horas se passaram, já devia ser umas 3~4 horas da tarde. Não paramos para descansar um momento, e, como eu não podia correr por estar acompanhada, ainda não havíamos chegado.

— Onde você mora, afinal? — ofegou Dimitri com a voz fraca e cansada.

— Do outro lado da floresta. Por quê? — respondi sem me importar. Isso é, até ouvir o barulho de um corpo caindo. Virei-me para ver o que acontecera. — Por que vocês estão no chão?!

— Estou cansada! — choramingou Luna.

— É muito longe! — acrescentou Dimitri se sentando.

Suspirei e revirei os olhos para ele. Dei uma olhada rápida por sobre o ombro para o caminho que deveria seguir, e voltei a encará-los.

— Querem esperar aqui enquanto busco? É mais rápido se eu for correndo. — eles nem precisaram pensar antes de concordar.

Ri de leve antes de girar e correr. Não corri muito rápido, mas em poucos minutos já havia chegado, pois já estávamos no meio da floresta, e logo a porta de madeira me encarava. Precisei sacudir a cabeça antes de empurrá-la, e o cheiro que me atingiu foi familiar, mas estranho. Era o cheiro de sempre. O que eu nunca mais sentiria.

Ignorando isso tudo, peguei o que eu precisava. Minhas roupas mais confortáveis, que eu usava para caça — um vestido preto longo, até os tornozelos, muito aberto nas laterais —, e o short acabou vindo em boa hora, pois o vestido, apesar de longo, é ousado. Coloquei um cinto de pano marrom e tiras de couro da mesma cor nas panturrilhas.

Estava pronta, ou quase. Pensei em sair assim mesmo, mas eu acabei cedendo às vontades. Peguei uma pelúcia no chão, que estava com meu bebê quando o encontrei, e a guardei delicadamente em um lugar de fácil acesso. Meu tesouro. Farejei uma vez, guardando seu cheiro, enquanto o enfiava na bolsa. Voltei a vasculhar o quarto, e encontrei um velho livro de magia encontrado em uma de minhas corridas, que talvez pudesse ser útil, alguma hora. Ou pelo menos, interessante.

Guardei tudo que achava útil e parti, prestando atenção em cada detalhe da floresta. A corrida estava lenta o suficiente para me permitir ver uma espécie de besouro. Vê-lo me deu tontura, fazendo-me lembrar de imagens de ontem. Esse besouro estava no peito de Dimitri!

Peguei um frasco e prendi o besouro, com a intenção de estuda-lo mais tarde. Talvez acabe nos levando para quem queremos achar, afinal.

Corri de volta para onde deixara os dois, e me deparei com eles dormindo, sentados sob a sombra de uma árvore. Luna estava com a cabeça encostada no ombro de Dimitri, de uma maneira bem fofinha.

— Que lindo casal. — cantarolei em tom alto, acordando-os de propósito, procurando e erguendo uma vela de provocação.

— Hã? — perguntaram sonolentos e atordoados. Dei uma risada travessa e me sentei em frente a eles, encarando-os.

— Por que está segurando uma vela? Está de tarde ainda. — perguntou Luna, confusa, enquanto Dimitri tentava terminar de despertar.

Guardei a vela rindo. Inocentes, ainda.

— Trouxe presentes. — declarei abrindo a mochila. — Esse livro é pra você, — entreguei a Dimitri — e isso é para você. — entreguei para Luna um colar que ganhei de minha mãe. O pingente era delicadamente trabalhado, tendo o formato de um sol com o buraco no meio em forma de uma pequena pedra em formato de lua.

— Obrigada! — cantarolou Luna enquanto eu colocava a corrente em seu pescoço. Dimitri já folheava o livro animado.

Eu gostei de vê-los sorrindo, mas...

— Eu também encontrei isso. — chamei suas atenções, retirando o frasco da mochila. No mesmo momento, Luna se assustou. O frasco estava trincado e o besouro se debatia lá dentro, tentando fugir.

— O Dimitri tinha uma assim no peito ontem! — exclamou com olhos arregalados.

— Sim, Luna. Eu também lembro. Por isso trouxe. — concordei observando o inseto se debatendo.

— Tinha? — perguntou Dimitri erguendo os olhos por alguns segundos. Os olhos desinteressados e meio assombrados. — Não lembro disso. — voltou a ler.

Alguns instantes depois, ergueu o livro, com uma expressão triunfante.

— É esse? — perguntou apontando a foto.

— É! — respondemos juntas.

Peguei o livro de sua mão e comecei a ler em voz alta.

— Besouro de Íris. Espécie de besouro raro, feito somente com ajuda de magia. O “mestre” — fiz aspas no ar — do besouro passa uma ordem ao criá-lo. Qualquer um que for vitima desde inseto, que gruda em seu hospedeiro, obedecerá cegamente suas ordens. — fiz uma pausa, olhando os rostos curiosos dos dois. — Suas patas se soltam quando morto, penetrando a vítima. Isso faz com que a “ordem” fique no subconsciente da mesma, despertando ao ouvir alguém falar as palavras usadas na ordem. — de curiosas, suas expressões mudavam para assustadas. — Sua característica mais marcante é a marca que deixa em suas vítimas. — mostrei o desenho no livro. Estava meio borrado, mas dava para ver bem o suficiente.

— A marca de ontem! — afirmou Luna espantada.

— Olhem isso! — apontou Dimitri.

— Iris pode tomar posse do corpo de um ser somente seis vezes. — Luna leu com a voz chorosa, os olhos mais rápidos que os lábios. — A cada vez que isso ocorre, um olho se abre. Na sexta vez, o símbolo some e o besouro se torna o corpo do dono, e devora a...

— A alma da vítima. — completou Dimitri com a voz triste.

— Calma. — tentei animá-lo, tocando seu ombro, mas não pareceu dar muito certo. — Não vamos deixar isso acontecer, certo, Luna?

— Apesar de tudo, vou te ajudar com todas as minhas forças. — ela o abraçou e me puxou para junto.

Dimitri era adorável. Ele tentou fingir que não estava preocupado e começou a caminhar após o abraço, mas dava para ver o leve rubor em seu rosto que me fez sorrir. Garoto sortudo, ri mentalmente. Após estar uns passos a nossa frente, passamos a segui-lo, sem questionar.

— Onde estamos? — Dimitri perguntou. Como assim...?

— COMO ASSIM ONDE ESTAMOS?! — Luna gritou em desespero, totalmente pirando.

— Ué, não era você quem ‘tava guiando a gente? — perguntei piscando surpresa. Essa parte da floresta eu não conheço muito bem, apesar de já ter passado aqui algumas vezes.

— Não. Só estava caminhando... — ele olha ao redor. — Estamos perdidos!

— Oh, sério? Nem percebi! — ela dá um tapa na nuca de Dimitri, me tirando uma leve risada.

— Se não me engano, — chamei-lhes a atenção — já encontrei uma cidade pequena depois da floresta. Por que não tentamos ir para lá?

O sim de ambos foi rápido de vir. Caminhamos novamente, agora comigo como guia. Caminhamos pouco, pois a cidade era próxima dali, afinal.

E ela era linda. Logo na entrada já dava para ver um grande castelo ao fundo. Entramos, admirando a pequena cidade, com suas ruas de paralelepípedos e uma grande fonte ao centro com seres aparentemente... “humanos” dançando algo. Estavam sem roupas, somente um tecido em volta tapando suas vergonhas. A dança era leve, pelo movimento aparentemente feito.

— Nunca vi tais seres... — comentou Luna, analisando o nome da escultura. “Puros humanos”.

— Humanos? — Dimitri exclamou animado indo ao seu lado. — Não são os seres expulsos?

— Seres expulsos? — indagou confusa Luna, desviando o olhar da fonte para o garoto.

— Diz a lenda mais antiga desse mundo — fiz mistério — que, no início de tudo, todos eram um tipo só. Humanos. Estes seres acabavam com o planeta pouco a pouco. Quando, enfim, destruíram tudo, um Deus, cujo nome todos desconhecem, expulsou tal espécie e reconstruiu o planeta. Não se sabe se é verdade ou não, porém.

— Também conheço essa lenda. — Dimitri disse, olhando-me. — Porém, na versão que ouvi, os humanos foram expulsos antes de destruírem o planeta. Só havia guerras e mais guerras, então esse Deus que você falou se irritou e os lançou para outro planeta, limpando suas memórias. Foi como uma segunda chance, creio. Sobrou ainda poucos humanos aqui. Eram os menos... “pecadores”, mas os outros seres os caçaram.

— Existem muitas versões da lenda. Ninguém sabe qual é verdade ou não, ou se alguma delas é. Mas me admira que Luna não conhecesse. — acrescentei pensativa, inclinando a cabeça para olhar a garota.

— Papai nunca me contou sobre. Ele só falou para eu cuidar daqui, pois não teria outra chance. Nunca entendi o que, mas creio que tem algo a ver com essa lenda.

— Esse mundo esconde muitas surpresas e leva em suas terras muitos segredos. Gostaria de conhece-los, mas não creio que seja possível. — sorriu Dimitri, falando em um tom quase sonhador, com os olhos altos no céu.

Sorri para ele, e voltamos a caminhar pela cidade, procurando algo que poderia ser útil. Mas nem nós mesmos sabíamos o que queríamos achar. Luna, então, entrou em uma loja, e nós fomos atrás.

— Posso ajuda-los? — perguntou um rapaz atrás do balcão. E, que rapaz lindo...

— Claro! — Luna respondeu animada, deixando o garoto sem jeito. Dimitri estava encarando-os, claramente enciumado, de uma maneira engraçada. — Somos novos na cidade e estamos... ahn... Explorando-a.

— Entendo. Bem, pouco posso ajudar. Mas minha irmã pode apresentá-los a cidade. — explicou prestativo. — Hideko, venha aqui! — chamou virando-se. Logo outra pessoa apareceu. Seus olhos eram de um leve tom violeta, sua pele branca combinando perfeitamente com seus negros cabelos curtos.

— Fala irmão.

— Poderia guiar os novos viajantes da cidade?

— Pode ser. Estou sem nada para fazer mesmo.

Eles conversavam sem nos olhar, e eu já estava com uma sobrancelha arqueada pela falta de interesse... Dessa coisa.

— Hideko...? — chamou Luna parecendo curiosa. Ou atarantada, melhor dizendo.

— Sim?

— Tu é macho ou fêmea...?

— LUNA! — briguei rindo. — Desculpa minha amiga, ela é muito... Bem, pra frente, diria.

— Sou uma menina, se essa for a dúvida. — todos ficaram em silêncio se olhando. Luna então, se recuperando rapidamente, pegou a mão de Hideko e saiu animada.

Deixamos que elas fossem na frente.

— Vou começar pelo castelo. — caminhamos até lá. Não foi longe, afinal, a cidade era bem pequena. — Nesse castelo vive a família Huang. Ninguém sabe ao certo quem são eles ou o que são. Para falar a verdade, quem entra lá, não sai. — disse num tom de suspense.

— Devemos entrar depois? — convidei animada, pensando em todos os livros que poderiam existir lá dentro, e os lugares para explorar, e os cheiros para conhecer...

— É, estou curioso para saber quem são. — observou Dimitri.

— Vocês não estão entendendo. NINGUÉM saiu vivo. NINGUÉM! — ela nos olhou como se fossemos loucos. — Eles mandam e desmandam. Não só nessa cidade, como em outras próximas!

— Devem ser próximos dos humanos, né? — Luna com uma curiosidade interessante.

— Agora que você observou, esse é o único local que conheço onde há estátuas de humanos. Já corri muito com meu filhote, então conheço vários lugares.

— Não sei dizer. Essa cidade não me interessa, na verdade. Só moro aqui por causa da minha família.

— Entendo... Venha conosco! — ofereceu Luna, sem mais nem menos. — Estamos viajando. Em busca de vingança, mas você não precisa lutar nem nada!

— Pensarei na sua proposta. — ela sorriu alegre. — Bem, o que interessa vocês nesse lugar?

— COMIDA! — gritou Dimitri levantando a mão.

— BRINQUEDOS! — seguiu Luna.

— Livros, acho. — completei, por fim, rindo.

— Então vamos. — ela nos guiou. Conhecemos bem a cidade, até que enfim chegou a noite.

Resolvemos dormir na floresta novamente, pois estávamos sem dinheiro, mas, sorte a nossa, Hideko nos ofereceu para dormir em sua casa. E, sendo os caras-de-pau que nós somos... Aceitamos, claro. Um lugar quente para uma noite. Nada podia ser melhor.


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Notas finais do capítulo

http://i.minus.com/jA6lpouWbrVXB.PNG seria, mais ou menos o desenho do livro.
Bem, espero que tenham gostado e não esqueçam de comentar u.u (sim, eu sei que houve uma mudança enorme da escrita de um cap para o outro, mas bem, de agora pra frente, os caps serão no estilo desse. Ou vocês preferem o outro? Bem, contem-me nos comentários~)
Quaisquer duvidas ou sugestões, até mesmo uma besteirinha, é só me avisar