P.O.V Bella

Acordei extremamente cansada, me arrastei como uma morta viva para o banheiro e lavei o rosto, escovei os dentes, tudo muito devagar, abri o espelho e vi meus remédios lá, suspirei e peguei todos que teria que beber pela manhã “vamos ficar dopada então” eu pensei comigo mesma enquanto carregava os remédios para o andar de baixo , Charlie ainda não havia acordado, havia ficado me vigiando até as quatro e meia da manhã. Engoli rapidamente os compridos e voltei para meu quarto para me trocar.

Vesti uma camiseta cinza e um casaco da mesma cor, jeans pretos e calcei botas, o clima frio de Forks nunca me agradou no quesito vestimenta. Penteei meus cabelos, quando finalmente me encarei no espelho tive certa auto piedade, meus olhos tinha olheiras fundas e minha pele estava mais pálida do que de costume. Respirei fundo e desci para tomar café da manhã.

–Bom dia pai. –eu o saudei, acanhada. Depois das minhas crises eu tendia a ficar envergonhada com ele.

–Bom dia Bella. –ele disse olhando para mim depois voltando os olhos para seu jornal. Peguei uma maçã na geladeira e comecei a comer encostada no balcão.

–Então... Posso marcar sua consulta com o doutor Snow? –ele perguntou depois de um momento de silencio.

–Não precisa pai, eu estou tomando os remédios, depressão, para dormir e os calmantes. –eu informei, ele abaixou os olhos.

–Talvez precise de alguém com quem conversar, eu não tenho sido muito bom nisso com você. –ele disse baixinho.

–Tem sido sim pai, nesses quatro anos o senhor tem feito o melhor por mim. –eu sorri para ele.

–Tudo bem, mas me prometa que quando se tornar insuportável, vai procurar ajuda, minha ou do psiquiatra. –ele disse, eu sorri internamente. Estava insuportável desde o primeiro dia.

–Eu prometo! –eu disse sorrindo levemente, ele suspirou, e eu o ouvi dizer baixinho “por que eu sei que isso é mentira?”.

O resto do café da manhã foi silencioso, Charlie lavou a xícara dele e saiu para o serviço me desejando um bom dia, eu retribuo e fui pegar minha mochila no andar de cima. Tranquei a casa e entrei na minha picape, dirigi calmamente pelas ruas vazias de Forks.

Quando cheguei ao estacionamento, os olhares novamente estavam em cima dos Cullen, Ângela veio me cumprimentar no meu carro, ficamos encostadas na picape conversando. Ela me contou que Jessica Stanley estava uma fera comigo por eu ter sentado ao lado de Edward Cullen em biologia.

–Acho que vou almoçar sozinha hoje. –eu disse para ela que apenas assentiu, às vezes, quando meu estado de espirito estava ruim, eu ficava sozinha no almoço, e hoje eu não teria cabeça nem ânimo para enfrentar as alfinetadas e indiretas de Jessica.

–Posso me sentar com você se quiser Bella, fico calada o almoço todo, apenas para você não ficar sozinha. –ela ofereceu e eu sorri para sua bondade infinita.

–Não se preocupe Ang, eu basicamente só vou estudar para a prova de química hoje, e com a matraca Jessica será meio impossível. –e então começamos uma conversa fervorosa sobre a temida prova de química, eu na verdade não precisava estudar, era muito boa em química, dava aulas particulares a Jared e Jacob antes da transformação... Suspirei me lembrando da minha vida simples antes de ser loba. Consistia em acordar, estudar, ir para La Push e ficar com Jacob e os garotos até tarde.

As aulas passaram devagar, Jessica realmente estava me ignorando totalmente e eu me recolhi em toda minha insignificância e fui me sentar numa mesa afastada, vi Mike Newton tentado a me seguir, mas mandei um olhar feio para ele ficar no lugar dele, peguei uma coca, abri meu livro de química e fingia ler enquanto bebericava o refrigerante.

Meus olhos vagaram em direção a mesa dos Cullen, todos me encaravam, o que fez um tremor involuntário correr pela minha espinha, eles desviaram os olhos e eu vi os lábios de Edward se moverem rapidamente.

O sinal bateu, recolhi meus livros e coloquei-os na bolsa, Mike Newton me esperava nos corredores, eu quase revirei os olhos quando o vi, mas sorri forçadamente e o sorriso que ganhei em resposta podia facilmente chegar as orelhas.

–Por que não se sentou com a gente hoje? – ele perguntou enquanto andávamos pelos corredores.

–Precisava estudar para química, e revisei um pouquinho de biologia também. –eu disse falsamente.

–Você se senta com o Cullen não precisa estudar para biologia. –ele disse o nome do meu parceiro com asco.

–Preciso sim, eu e Edward somos uma dupla, temos que ter sintonia. –eu disse, usei o nome do sanguessuga para provocar e descer o carinha de bebê do pedestal. Ele riu sem graça.

Jessica mandou um olhar feio para Mike por estar falando comigo, eu apenas ignorei os dois humanos irritantes e prejudicados pelos hormônios. Entrei na sala, Edward Cullen já estava sentado na carteira, eu respirei fundo, depois do sonho de ontem seria impossível trata-lo melhor.

Sentei-me, e disse para mim mesma: Ele é melhor que os outros vampiros. Ele não mata ninguém. Eu comecei a pensar, ele me olhava intrigado, eu virei meu rosto para ele e dei um sorriso discreto.

–Olá. –eu disse o mais educada o possível.

–Hum... Oi. –ele disse igualmente cortês.

–Meu nome é Bella Swan, não fui muito educada da primeira vez que nos falamos. –eu disse forçando um sorriso ele avaliou meu rosto, e eu me senti corar.

–Sou Edward Cullen. – Ele disse por fim, observando minhas bochechas coradas, tremi internamente imaginando sua sede.

O professor começou a passar o exercício para nós fazermos, era simples, identificar as fases da mitose em lâminas de raiz de cebola, ele tinha feito o mesmo exercício no bimestre passado.

–Posso começar? –ele perguntou. Eu acenei com a cabeça e ele pegou a primeira lâmina e colocou no microscópio, analisou brevemente.

–Metáfase. –ele respondeu confiante e anotou na folha do exercício. “Vampiro arrogante e prepotente” eu o xinguei mentalmente mas sorri para ele.

–Posso fazer à próxima? –eu disse. No jogo do exibicionismo nós dois podemos jogar meu caro Edward.

–Claro. –Ele sorriu entendendo meu desafio.

–Intérfase. –eu disse confiante, ele sorriu e olhou no microscópio, e escreveu minha reposta no papel, eu sorri satisfeita.

No final nosso exercício não durou mais do que cinco minutos, e ele começou a me encarar, eu desviei os olhos, e senti-o continuar a me olhar fascinado.

–Você é daqui? –ele perguntou, senti uma tristeza profunda.

–Não. –eu suspirei.

–Mora aqui há quanto tempo? –ele perguntou. A tristeza aumentou e eu senti meus lagrimas se formando em meus olhos. Não eu não iria chorar, não na frente desse vampiro estupido e insignificante.

–Desde a morte da minha mãe, há quatro anos. – eu disse duramente fazendo com a expressão dele se agoniasse.

–Me desculpe. Imagino como deve ser doloroso falar sobre isso. Foi muito rude da minha parte. –ele disse, e eu acreditei o que era totalmente errado, minha mãe estava morta graças a um deles e eu não podia sentir piedade por ele.

–E você por que se mudou? –eu perguntei, tentando tirar o assunto de mim.

–Meu pai recebeu uma proposta deste hospital. Ele achou legal vir morar numa cidade menor. –ele disse sorrindo. Eu devolvi involuntariamente o sorriso.

–Você morava onde antes de vir para cá? –perguntei mexendo no meu cabelo.

–No Alaska. –ele disse segurando a respiração. Eu parei imediatamente. Estava mandando o meu cheiro em direção a ele, um tremor correu meu corpo, a fera dentro de mim rosnou.

–Legal. –eu disse sorrindo um pouco.

Ficamos o resto da aula em silêncio, às vezes ele comentava alguma coisa sobre a explicação do professor e às vezes eu fazia o mesmo. Estava satisfeita de manter uma hora de qualidade com ele, não podia comparar os Cullen aos vampiros assassinos e cruéis, para me manter nesse pensamento refletia sobre o doutor salvando vidas e lutando contra sua sede.

O sinal bateu e Edward se levantou e eu fiz o mesmo, recolhi minhas coisas e dei lugar para ele passar, ele sorriu educadamente e se despediu de mim, quando me virei Lauren estava me encarando seu olhar estava meio homicida, eu ergui uma sobrancelha não entendendo. Edward Cullen voltou a sala e me chamou.

–Bella pode me ajudar com esse exercício? –ele disse.

–Claro... Claro Edward. –eu disse desconcertada. Por ele ter me chamado.

–O que precisa? –perguntei descrente que ele realmente precisasse de algo.

–Nada. Só que a loira estava te olhando de maneira estranha. –ele disse sorrindo, eu sorri de volta e ele seguiu pelos corredores.

O quem estava dando em mim? O Cullen não me dava arrepios como a imagem de outros vampiros, a fera dentro de mim queria muito mata-lo, mas eu Bella, ao contrario queria o bem. Estava horrivelmente confusa, respirei fundo, e continue andando pelos corredores para chegar à outra sala. Estava distraída e bati em algo duro o e frio, gemi meus livros caíram e olhei para cima, vi os olhos infantis de Emmett Cullen

–Me desculpe, deixa que eu pego pra você. –Emmett disse recolhendo todos os meus livros e me entregando, deu-me um sorriso de criança e continuou andando na direção oposta.

Eu estava enlouquecendo, tinha que parar imediatamente com aqueles pensamentos, eles eram predadores e eu era a pessoa responsável por acabar com qualquer ameaça vinda da parte deles, qualquer tipo de relação que eu tivesse com ele seria meramente um disfarce.

Era disso que eu estava tentando me convencer.