Enquanto 80% da população adolescente feminina dos Estados Unidos da América passa cerca de 20 horas por dia em shoppings e festas vivendo sua vidinha seguindo um estilo de vida capitalista, eu,Thalia Grace, tenho o orgulho de dizer que faço parte dos 20% restantes que não ligam pra isso.

Sábado á noite, porém não um sábado qualquer. Meu pai, Zeus Grace, um dos maiores acionistas do Hemisfério Norte, convidou as pessoas mais importantes e ricas para uma festa formal. E eu estou nela neste momento contra a minha vontade.

"kd vc punk? to feliz pelo seu irmão e a pipes ou pelo leo e a reyna mas caso tnha se esquecido o percy naum ta aki e eu to de vela!!! -Annie"

Essa era a minha chance. Quer que eu apareça logo, Annabeth? Então, amiga, sugiro que feche a boca logo logo.

" to entrando nessa merda de festa... mas ao estilo thalia grace! - Thals"

Guardei o celular no meu sapato e passei pelas portas luxuosas do Salão de Inverno da minha casa. Tudo enfeitado de jóias cristalizadas que encobriam a maioria da decoração. Lustres, abajur, mesas, cadeiras, tudo cristalizado.

Todos os olhares foram em minha direção. Todos os presentes perplexos ao me analisar.

Eu usava um vestido preto com uma fina camada brilhosa e transparente de uma marca desconhecida. Uma trança lateral e glamourosa prendendo meus cabelos negros e rebeldes enfeitados com diversos grampos de pedras claras. Minha maquiagem marcava meus olhos azuis e eletrizantes assim como meus lábios avermelhados. Normal até aí, não? O toque final era dado quando percebiam que eu não estava usando sapatilhas ou saltos, e sim coturnos negros e sujos.

Um sorriso de deboche surgia em meus lábios e eu não queria escondê-lo enquanto caminhava em direção á mesa onde estavam meus amigos.

– Você está ferrada, maninha. - falou meu irmão, Jason, abraçando a namorada, Piper, que assentia com um sorriso divertido no rosto.

– Thals, você é doida. - Annie reclamava.

– Você vai me abandonar assim que o Jackson chegar, quero me divertir um pouco pelo menos.

– Brincando com fogo? - pergunta Reyna.

Mando um sorriso divertido novamente. Esse é o único jeito de me divertir.

(...)

Agora eu estou de vela.

Saio de fininho até estar fora daquela festa ridícula enquanto todos os meus amigos estão se comunicando através de sussurros, beijos e um estoque enjoativo de melosidade.

Me dirijo até um dos banquinhos de pedra em frente á um laguinho artificial atrás de todo o evento.

Um suspiro. Eu apenas admiro o lago sujo enquanto cantarolo mentalmente uma música qualquer.

– O que uma gata como você faz aqui sozinha? - pergunta uma voz masculina com a tentativa de ser sedutora. Não me viro para saber de quem se trata.

– Dando a chance para que um babaca qualquer, como você, tenha a oportunidade de falar tudo o que decorou em cantadas toscas.com.

– E quem te garante que eu decorei cantadas o dia todo para falar como garotas gostosas, como você?

– Pelo simples fato de começar a frase usando "gata" e terminar com "gostosa". - resmunguei.

O garoto invadiu minha visão. Todo o lugar estava devidamente iluminado como Zeus pedira. Cabelos loiros da cor da areia, pele bronzeada, lábios finos, olhos azuis, sorriso malicioso e uma cicatriz cobrindo do olhos esquerdo até o final de sua bochecha, um truque velho e manjado para atrair atenção feminina. Com toda certeza era gato, mas não cedo tão fácil assim.

– É nessa parte que você sussurra pra si mesma o quanto eu sou atraente. - ele diz abrindo um sorriso.

– E é nessa parte que você acaba de seu lindo sonho.

Sim, as palavras saíram cuspidas da minha boca e eu iria sair dali como uma cena clássica de filmes água-com-açúcar que eu tanto odeio. Mas a cena mudou e ele me agarrou pelo meu ombro exposto impedindo que eu desse o fora.

Ele se aproximou sua boca de meu ouvido aplicando ali um beijo no lóbulo da minha orelha e começou a cantarolar alguma música romântica que faria todas as adolescentes normais do mundo suspirar lhe enchendo de beijos e depois lhe dando seus orifícios anais.

Pobre garoto loiro. Eu nunca fui normal e dou o dedo para quem diz que eu sou doida complementando com um sorriso sarcástico. Resumo da situação: ele fez a ceninha clichê e eu ri da cara dele.

– Qual é o seu problema garota?! - ele perguntou frustrado.

– Eu não sou como as outras garotas, suas cantadas baratas não fazem o menor efeito em mim. Para me conquistar vai precisar de uma música melhor que Justin Bieber.

– Era Coldplay. - ele corrigiu.

– Eu não ligo!

– Mas eu ligo! - devolveu. Certo, agora eu estava chocada - Você sabe quantas cantadas eu usei agora pra tentar te conquistar? Eu poderia ter falado pra qualquer uma.

– Ótimo! Faça isso!

– Eu não quero fazer isso. Eu escolhi você por um motivo.

– Quer saber? Eu vou te dar um motivo pra cair fora. - comecei deixando bem claro que minha paciência já havia evaporado - Prazer, eu sou Thalia Grace e eu sou encrenca. Um beijo pode virar algo duradouro demais no futuro e se isso acontecer a sua vida vai ser uma vida por minha causa.

Ele abriu um sorriso pronto para me retrucar, mas eu o calei.

– Ainda não acabei. Tá vendo isso aqui no meu pé? Não são saltos fabricados para matar uma mulher pelo pé ou sapatilhas de princesas. Isso são coturnos, uma mensagem clara que eu não sou do tipo que liga para uma droga de opinião pública, ou para uma merda de cantada com música de Coldplay.

Arfei buscando por ar.

– Eu sou rebelde, tá me ouvindo? - continuei - Eu uso calças rasgadas, blusas de banda de rock e coturnos. Ouço rock no último volume e xingo qualquer um que tente me manipular. Eu sou uma encrenqueira e não vou mudar, portanto essa é a sua última chance para cair fora antes que eu dê um chute nesse seu "amiguinho de baixo".

O sorriso dele se alargou ainda mais. Ele continuava parado na minha frente.

– É pra começar de novo? - perguntou irônico - Sou Luke Castellan, filho de Hermes e blá blá blá. Resumindo, eu sou encrenca então me dê uma chance.

– O quê? - sussurrei pra mim mesma.

– Eu sou encrenca, então me dê uma chance. - repetiu.

– Prove.

Ele não me enrolou. Ele me puxou bruscamente pela cintura contra seu corpo. A primeira coisa que eu pensei foi o quão musculoso ele seria por baixo daquela roupa de mauricinho e a segunda coisa foi algo do tipo "por que eu pensei essa merda?". Ele invadia minha boca sem permissão, mas eu topei entrar no seu joguinho. Seus lábios desceram até meu pescoço e eu percebi que estava entrando em combustão com seus toques.

– Odeio clichês. - sussurrei enquanto ele espalhava beijos e mordidas em meu meu pescoço.

– Eu também, então aproveite. - respondeu.

A noite iria acabar. O clima entre nós dois iria sumir tão rápido quanto começou. Eu ia continuar sendo uma encrenqueira e ele também. Ele conseguiu a chance que queria.