Como Treinar o seu Dragão Interior escrita por Kethy
Notas iniciais do capítulo
Já vai acabar... Tô triste. :'(
Soluço tinha corrido para muito longe, só parou quando se deu conta de estar de frente para um penhasco.
Aquelas emoções que sentiu durante a briga com o pai foram tão fortes que, mesmo contendo-se, ele já estava meio transformado; a camisa com alguns rasgos por causa das escamas, as garras bem a mostra, as asas passando pelo colete, os dentes machucando seus lábios e a altura já era bem maior do que antes.
Soluço sentou-se na beirada e fechou seus olhos, tentando encontrar conforto nas lembranças de sua mãe. Encontrou as imagens do primeiro brinquedo que ganhou: um dragão feito de lã. Soluço ficou com um medinho no começo, mas depois simpatizou com o bichinho, principalmente porque era um ótimo ouvinte.
Isso conseguiu acalma-lo, quando abriu seus olhos já estava normal de novo, a não ser pelas roupas mais largas. Soluço também percebeu que tinha lágrimas escorrendo pelo rosto, porém um sorriso.
— Eu queria que você estivesse aqui... – Sussurrou ao vento como se quisesse enviar uma carta.
— Valka não está... Será que eu sirvo? – Era a voz de uma mulher.
Soluço se virou e ficou praticamente encantado com a beleza dela, sem nem saber o que responder. Ele se levantou por impulso e recebeu um abraço daquela moça.
— Muito prazer... Eu sou a Jaguadarte. – Ela apertou a mão de Soluço que finalmente se recuperou.
— Eu conheço você?
— Não... Mas eu sou uma amiga... Posso ajudar você.
— Como?
— Você e sua... Namorada tem um plano, certo? Querem expor esse segredo para que todos saibam da verdade, certo?
— Sim, mas... Agora é tarde.
— Não é tarde... – Jaguadarte levantou o queixo do garoto e o aproximou mais perto de si, parecia que queria beija-lo. – Eu sou muito convincente... Posso manipular os responsáveis pelo torneio, faze-los acharem que você é o campeão e garantir que você faça seu teste mais cedo.
— O-o que... O que você ganha com isso...? – Já era! ele também estava caindo nos truques daquele demónio.
— Paz... É tudo que quero: a paz... Deixe-me ajudar você... – Ela dizia se aproximando quase tocando sua boca. Se eu estivesse lá, você não iria querer estar. – Temos um acordo?
— S-sim... – Soluço engoliu seco, já sob o controle dela.
— Vamos selar, então... – Um selinho meio lento. Um hábito dela pelos acordos que fazia.
Também é um costume entre os dragões, mas eu falo disso depois.
***
Olavo saiu pela janela, - ninguém o conhecia, então podia gerar algum problema. – e eu fui pela porta de casa. Assim que abri deparei com o meu pai gravemente ferido sendo carregado pela minha mãe não muito melhor que ele.
— Mãe! Pai! – Ajudei minha mãe a carrega-lo até o sofá. Depois disso ela se jogou do lado dele, tremula e bem pálida.
— Jaguadarte...! – Ela repetia umas cem vezes por segundo. Fiquei com medo, nunca nada fez minha mãe ficar assim. – Jaguadarte...!
— Eu sei, mãe. – Tentei conforta-la e parecer calma. – Eu prometo que vamos resolver isso. Vou ter que sair agora, eu não quero te deixar sozinha, mas eu tenho que fazê-lo, tá bom? – Beijei seu rosto e fui correndo procurar o Soluço.
Era muito pior vendo do lado de fora... Todos estavam na mesma situação que meus pais: quem não estava ferido estava delirando. Minha vontade foi de voltar pro meu quarto e ficar lá até um milagre aparecer, mas fui adiante gritando o nome do Soluço.
Nem adiantaria muito perguntar a alguém sobre ele, a maioria estava com tanta dor que deviam ter perdido a noção da realidade.
Foi a pior de todas as experiências da minha vida, me senti tão impotente e tinha tanto medo que cheguei a chorar, tive que ir para um canto isolado até me recompor.
— Maldita Jaguadarte! — Dei um murro numa parede e cuspi querendo limpar minha boca daquele nome. – Sua vadia!
Fiquei daquele jeito durante um tempo, até que vi Stóico também procurando pelo filho. Fui até ele na esperança dele saber onde Soluço estava, e pensando na possibilidade de contar tudo.
— Senhor! Graças a Sif você está bem... Você sabe para onde o Soluço foi?
— Não, e se você o vir me avise. Ele estava muito estranho, mas eu queria dizer que talvez ele tenha razão. Assim que os ferimentos dos outros melhorarem, iniciarei uma busca por um novo lar. O mais longe possível.
Contive-me para não abraça-lo, uma ótima decisão. E já era tarde.
— Vai ser melhor... Eu vou procura-lo.
Assim que sai de perto do líder, me senti um pouco melhor. O problema da Jaguadarte eu, Soluço e Olavo podíamos resolver mais tarde com a ajuda certa; mas encontrar um novo lar seria melhor para todos nós.
Pensei que Soluço podia estar na floresta, já que ele gosta. Fui à direção daquele desfiladeiro do treinamento, torcendo para ele estar pelo menos perto. Até que senti um cheiro forte que me fez sentir tonta; cabalei para lado e cai nos braços de uma mulher. Ela me segurou como se fosse alguma dança, a moça ria sedutora e doce, porém com arrogância. Ela acariciou meu rosto como se quisesse me minar. Eu só via alguns borrões, mas dava para ver que ela era muito bonita.
— Não vai estragar meus planos... Milady... – Desmaiei nos braços dela. Aliás, eu apaguei. Não me lembro de mais nada...
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SIF – Esposa de Thor, mãe de Uller e Thurd. Deusa da excelência e da habilidade em combate.