Coração de Gelo escrita por Elle Targaryen


Capítulo 3
Cold


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas.. desculpem pela demora.
Enjoy!



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Cold

Nevava sem parar. Todos os moradores se encontravam preocupados, correndo de um lado pro outro, retirando a neve que invadia suas casas e pressionando a família Charming por uma solução, já que a prefeita que não dava mais as caras e a xerife mal fazia seu trabalho. Todos temiam que Zelena não tivesse morrido e sim voltado com um plano de vingança dez vezes mais maligno que brincar com os sentimentos de todos e tentar voltar ao passado.

Storybrooke parecia, na visão de alguns, um campo de batalha, um campeonato vilões e heróis que jamais terminava; quando mal conseguiam derrotar um, outro aparecia ainda ameaçador. Seria aquele o destino de todos? Maldição em cima de maldição, vingança atrás de vingança e o tão esperado final feliz cada vez mais longe?Todos queriam respostas, soluções, alguém que lhes dissesse o que precisava ser feito, um caminho para seguir até a longínqua tranquilidade dos tempos da Floresta Encantada.

Ignorando tudo isso, Emma passava dias reclusos trancada no novo apartamento que dividia com Henry ou na delegacia fazendo apenas trabalhos internos, não queria ouvir sermão dos pais de como ela não estava fazendo absolutamente nada para descobrir o motivo de tanta neve e também não queria toda a população da cidade em cima dela, mas o que fazer quando se tem o fardo de ser a salvadora de uma historia de contos de fadas e as perguntas se dirigem todas para você como se a responsabilidade da paz e felicidade de todos fosse apenas sua? Storybrooke era sua casa. Aquele povo era seu povo, sua família, sua origem, mas Emma nunca pediu para ser a “Savior” e aquilo nunca lhe pareceu tão pesado, pois foi salvando uma vida que destruíra a chance de felicidade de outra.

Queria apenas fugir de todos naqueles dias, mas ficava cada vez mais impossível e, para completar o pacote “Reclame para Emma”, ainda tinha Killian. Há uma semana o pirata não saia de seus ouvidos, cobrando uma relação que para ela já não era possível dar continuidade, não agora enquanto tudo parecia desmoronar como uma avalanche de sentimentos inesperados, desconhecidos, até mesmo perturbadores. Não conseguia controlar o impulso de ir todos os dias até a mansão e olhar a janela de Regina durante pelo menos meia hora. Era como estar mais próxima dela, não sabia o motivo, mas queria estar mais próxima dela. Não conseguia controlar a culpa que se abatia sobre si, ou era isso que pensava. Estava pronta mais uma vez para fazer seu caminho diário até o numero 108 quando David entra na Delegacia:

–Emma, precisamos fazer alguma coisa. – Faz uma pausa enquanto olha para a filha que parecia não ter ouvido.

– Emma?! – Cutuca o ombro de Emma com ambas as mãos.

Sentada em sua poltrona de xerife a loira parecia completamente imersa em pensamentos distantes, como se vivesse outra dimensão em seus pensamentos.

–O quê? – Responde aérea.

–A neve, precisamos fazer algo, dizer alguma coisa às pessoas. Tem gente plantada aqui na porta da delegacia. Isso não te preocupa?

–Gold não está cuidando disso? Não está tentando descobrir a causa?

–Gold, Gold... – Repete o nome do homem de forma preocupada. – E você confia nele? Quem sabe não é ele quem está fazendo isso?

–Ok. Então vamos fazer algo! – Interrompe passando as mãos nos cabelos. Levanta-se da cadeira e veste a jaqueta vermelha: “Lá vai a “savior” para mais uma aventura”, pensa. Na verdade queria apenas se livrar das perguntas, malditas perguntas. Tudo parecia correr tão bem logo após a derrota de Zelena e do sucesso de retorno do passado, porque aquilo tinha de ter acontecido?

Caminha pelas ruas de Storybrooke enquanto pensa. Uma semana se passara e Regina não saia daquela casa. A única pessoa permitida a passar por sua proteção invisível era Henry. Visitava a mãe quase todos os dias e todos os dias dizia a mesma coisa quando a loira perguntava: “Ela está bem, tem até sorrido e sempre faz lasanha pra mim”. Claro que a morena tentava parecer bem para o filho, não era possível que se realmente estivesse tudo bem ela continuaria trancada daquele jeito. Mas, e se estivesse errada? E se Regina estivesse mesmo bem? Não teria de se preocupar, muito menos carregar essa culpa todos os dias. Não era apenas o frio que lhe doía.

Em sua cabeça passa a imagem de Regina ligada à vontade que tantas vezes já havia sentido de abraçá-la, de agradecê-la por salvar sua vida, por poder, mesmo que em falsas memórias, ter sido uma mãe pare Henry, por mostrar que ela poderia sim ser mãe. Emma nunca sentira ódio de Regina, nem mesmo alguma vez pensou que ela lhe tirou a família, porque não o fez, na sua cabeça seus pais a afastaram de seu convívio, não Regina. O que ela fora, e ainda é, é desafio desde o primeiro dia em que pisou naquela cidade: primeiro o desafio de mostrar a ela que podia ser mãe de Henry, que podia acreditar, que podia salvar, que podia ser forte o suficiente para ele, altruísta o bastante para dividi-lo, tolerante ao ponto de compreender a ligação de dez anos que unia os dois e justa por salvá-la tantas vezes, pois sempre a viu com a mãe de seu filho. O que poucos ali compreendiam mas Emma via com clareza: Regina nunca fora a rainha má.

Dispersa seus pensamentos quase congelados pela neve e apressa o passo até chegar ao antiquário.

Entra apressada sacudindo a neve das botas e esfregando as mãos.

O sino da porta ressoa por todo o cômodo parecendo incomodado com a rudeza.

–A que devo a honra, xerife? – Gold pergunta virando-se para a entrada da loja enquanto lustrava alguns globos de vidro.

–Uma semana, Gold. Já tem alguma resposta? – Pergunta impaciente se aproximando do balcão.

–Ainda estamos procurando, Swan. Feitiços, historias, maldições, tudo que tenha a ver com neve, gelo, coisas assim. Nada ainda. Tenha paciência. – Responde tranquilamente enquanto guarda uma das esferas num armário atrás de si.

–Paciência? A cidade inteira está me pressionando por respostas. Regina não sai daquela maldita casa e você vem me pedir paciência? – Pergunta levantando o tom de voz enquanto olha fixamente o homem a sua frente.

–A paciência muitas vezes é uma virtude, xerife. Deve realmente ser apreciada, como esses cristais. Sabe quanto tempo demora para um cristal desses ser lapidado assim, tão perfeito? – Pergunta mostrando uma das esferas. Dentro pequenos cristais tomavam toda a estrutura em pequenos desenhos imitando flocos de neve e pequenos arco-iris que brilhavam em todo o vidro; tão delicados a ponto de se duvidar que tivessem sido talhados à mãos humanas.

–Não tenho tempo para uma aula sobre lapidação de cristais. A cidade está um caos, se já não percebeu. Eu quero respostas, Gold!

–Então pergunte. – Diz pacientemente guardando outra esfera.

Emma respira fundo tentando manter a paciência.

–Essa neve, você tem alguma ideia do que pode causar isso? Não é normal nevar assim em Storybrooke. Seria Zelena de novo? Ela poderia ter algo a ver com isso?

–Zelena se foi, Swan. Não tem como ela estar ligada a isso, mas talvez algo que tenhas trazido do passado. – Responde ainda de costas.

–Como o quê? – Pergunta preocupada.

–Não faço ideia, querida – Finalmente vira-se e encara Emma que olhava pra ele com os olhos fixos tentando captar qualquer movimento nos músculos de sua face.

–Não acredito em você ou confio. – Diz sem tirar os olhos de Gold.

–E em quem você confia? – Pergunta de forma desafiadora olhando diretamente em seus olhos.

–Isso não vem ao caso. – Responde rapidamente quebrando o contato visual com o homem. – Avise-me quando souber de algo.

–Ok. Quanto a você, pode perguntar. – Diz pegando a ultima esfera de vidro para lustrar.

–Já perguntei. – Fala meio confusa.

–Tem certeza que é apenas isso? – Gold para o trabalho, descansa a flanela em cima do balcão e encara a loira.

O primeiro pensamento de Emma foi de negação. Mas a grande verdade que girava em sua cabeça todos aqueles dias era a necessidade genuína de perguntar sobre o coração. Precisava saber o motivo daquilo e quem melhor que Gold para lhe dizer? Por algum motivo sabia que se aliviaria com a resposta na mesma intensidade em que sentia medo da descoberta.

A loira pigarreia, respira fundo tentando resistir a fazer aquela pergunta, mas não consegue:

–Quando perguntei o motivo de Cora não conseguir arrancar meu coração você disse que era porque eu tenho magia, uma magia muito poderosa.

–Sim. – Gold confirma com tranquilidade.

–Mas..., Regina conseguiu.

–Conseguiu o que, querida? – Pergunta perdido em pensamentos voltando a lustrar a ultima esfera terapeuticamente.

–Tirar meu coração do meu peito?!

–Muito simples. – Responde colocando-a no armário junto das outras.

–E!?

–Porque você deixou – Fala enquanto fecha as pequenas portas de madeira.

–Como assim? – Pergunta confusa.

Gold olha para Emma como se a analisasse. A expressão da loira era da Emma descrente que havia chegado à Storybrooke sem fazer ideia do seu passado mágico.

–Crescer nesse mundo sem magia afetou sua cabeça, Swan.

–Isso é uma piada? – Pergunta irritada pronta para dar meia volta e sair daquele lugar.

–De forma alguma. – Caminha para fora do balcão apoiando-se em sua bengala enquanto continua: - Quando Cora tentou arrancar seu coração ele se defendeu. Foi algo instintivo. Você se sentiu ameaçada e se defendeu. Simples assim. Magia é emoção, Emma. Regina já deve ter te falado isso.

–Sim. – confirma.

–Então você não precisou usar magia dessa vez porque não se sentiu ameaçada.

–Espera..., ela tirou meu coração e eu não me senti ameaçada?!

Gold fica em silencio por um segundo avaliando a expressão surpresa da xerife e então confirma:

–Exato. E eu acabo de descobrir que a ‘Savior’ confia em alguém, não é?

–Por quê?–Suponho que essa resposta apenas você pode responder, Swan. Mas, tenho uma dica - Diz levantando o dedo no ar: - O tempo molda a vida para fazer os finais felizes mais bonitos, é preciso apenas percepção e paciência. – Fala profundamente como se lesse um provérbio bíblico e de repente corta a aura mágica de suas palavras com a rudeza de sempre: - É apenas um conselho, e é de graça. Agora, se me dá licença, preciso continuar a procura de suas respostas para toda essa neve. – Fala estendendo a mão livre para a porta enquanto Emma faz seu típico bico de quando é contrariada e sai.

Fica parada por alguns segundos do lado de fora do antiquário. Para onde ir? Para casa dos pais ajudar Mary com o pequeno Neal? Confessa que aquilo a divertia quando o assunto não era ela mesma e seu péssimo trabalho como xerife nos últimos dias. Era hilário ver como a mãe não sabia cuidar direito de um bebê. Emma teve de lhe ensinar a dar banho no garoto, trocar as fraldas e organizar seus horários, mas naquele momento não queria ir pra casa da mãe, nem queria voltar para a delegacia, David faria perguntas e ela não estava a fim de responder nada, faltava apenas mais uma hora para o fim do expediente, não faria mal ir para casa e continuar livre com seus pensamentos. Enquanto faz o caminho de volta observa a rua vazia de gente e coberta de neve. Aquilo já estava ficando absurdo demais. Mais uma semana e seriam completamente soterrados e ela não fazia ideia de por onde começar. Se ao menos Regina saísse daquela casa...

–Mãe! – Emma olha para trás. Henry corria em sua direção.

– Mãe espera!

–O que foi, garoto? – Pergunta bagunçando os cabelos castanhos do filho. Ele recupera o fôlego com as mãos nas pernas enquanto olha para a mãe, dizendo:

–Vim correndo porque sabia que isso seria importante. - Respira fundo: - Ela saiu de casa, está na prefeitura agora. – Fala ainda ofegante. – Talvez você possa falar com ela.

–É o que farei. Pode jantar na casa da sua avó hoje? – Pergunta.

O garoto confirma com a cabeça e Emma segue até a prefeitura.


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Notas finais do capítulo

Gente, obrigada pela paciência e espero que estejam gostando da fic. Abraços.