Elos de Fogo - Profecia da Bruxa escrita por Kuro_Hana


Capítulo 12
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Ela se debateu violentamente e arranhou os braços de seu agressor, tudo em vão, suas forças se perderam e seus braços magros deixaram de reagir pouco a pouco.

Mãos ásperas passaram por seu corpo mole tentando erguer seu vestidinho... Enquanto ele a punha em posição melhor ela sentiu sob o colchão um relevo conhecido...

As palavras de Ane voltaram à sua mente “Uma princesa de verdade sente até uma ervilha embaixo do colchão”, era uma prova de amizade... Uma única chance de liberdade que a própria Ane não teve...

O coração de Gretel batia descompassado e suor frio cobria seu rosto. Uma fraca claridade invadia a janela de seu quarto e lentamente o sol começava a subir pelo céu.

Sem sono ela trocou de roupa, aquele dia seria de trabalho pesado nos campos vazios, estava decidido que plantariam cereais, principalmente o trigo, a aveia e a cevada.

Quando chegou ao campo os trabalhos ainda não tinhas começado, sem perder tempo ela tirou as ferramentas do galpão. Lá era guardada uma máquina que sem dúvida era o orgulho do povo Ossi: o trator à vapor.

Um enorme aparelho que arrastava um enorme arado por onde passava, mas era usado raras vezes, já que exigia muita manutenção.

Ligá-lo de manhã seria quase que um crime, já que o barulho que ele fazia lembrava o de um trem. Com cuidado Gretel encheu o tanque de água até a marcação correta e abriu e fechou as válvulas para checar se os canos não estavam entupidos ou esburacados, se houvesse um cano entupido o tanque poderia explodir com a alta pressão.

O forno foi limpo para deixar espaço para a lenha nova ser posta. Não demorou muito e alguns trabalhadores começaram a chegar.

Com a ajuda dos que chegaram, Gretel engatou o enorme arado ao trator e ligaram-no.

O trator lentamente começou a mostrar sinais de vida, os mostradores indicavam que a pressão estava subindo, que a temperatura do forno estava aumentando e que ele estava quase pronto para exercer sua função.

Lady Gretel deixou que o motorista do trator assumisse seu cargo e se juntou ao grupo que retirava raízes e pedras depois que ele passava.

O trabalho se arrastou pela manhã e só pararam para almoçar, o resto do trabalho seria feito à tarde para que o sangue misturado com fertilizante não se esquentasse com o sol quente.

Dináh foi buscar a filha desesperada e as duas se encontraram no caminho:

–Precisa ir imediatamente para casa!

–O que está acontecendo para que faça tanto alarde? Por acaso nosso teto pega fogo?

A senhora puxou-a até a porta de casa:

–Aquela besta selvagem que chama de escravo está nos jogando maldições!

Irritada, mas não pelo que sua mãe pensava, ela abriu a porta e encontrou Lanios rezando no encontro das paredes, recitando baixo suas orações:

–Mãe, não posso entendê-la! Tem medo de bruxas e de Monocrenças agora?

–Pois se ele não está pedindo a desgraça de nossa família o que faz então?

Terminando de orar ele se levantou e tentou explicar o que fazia para a velha:

–Eu estava pedindo para que aqueles que foram mortos fiquem nas mãos do Deus e que Ele me ouça quando dele precisar.

–Ordene que ele não reze mais! – gritou a velha – esse lar é Policrença e Ossi e não deixaremos que um deus o profane!

Gretel fez com que ela se calasse maneando a cabeça:

–Deixe que louve seu deus em paz, o escravo é meu e em nada me incomoda que ele continue com sua fé.

–Devi-a pô-lo como cão aos seus pés! E não deixar que ele faça o que bem entende!

–“Lembens assidue eliciet canis ore cruorem”, cão que muito lambe tira sangue! Faça o favor de parar com tanta matraca e procure o que fazer minha velha mãe!!!

Duplamente ofendida a senhora se retirou resmungando, Lanios se aproximou para agradecer:

–Obrigado, sabe que não agüentaria ficar sem minha fé...

Ele olhou-a com os olhos brilhando de alegria:

–Não fiz nada que custasse muito pra mim, nessa tarde de hoje vai ajudar na preparação das plantações.

Sem demonstrar emoções ela acenou com a cabeça:

–Mas saiba que não passa de um escravo em minha casa, me pertence de corpo e alma.

Ele levantou os olhos e enfrentou o olhar frio que recebia:

–Meu corpo é seu porque o comprou, mas minha alma não é, nem será sua.

–Fazendo seu corpo sofrer posso acabar com qualquer sinal de que tenha alma.

–Mesmo assim não será sua.

Dessa vez Gretel se surpreendeu, fazia muitos anos que ninguém retrucava o que ela dizia:

–Faço-o desejar que sua alma seja minha para não sentir o tormento que lhe trarei.

Ele tentou responder, mas teve o ímpeto quebrado por um tapa:

–Vá para o lavatório – ela desembainhou a adaga e o levou até lá – sente-se na banqueta!

Com receio de levar um corte ele obedeceu, a bacia com a água de lavar as mãos foi virada de encontro com o rosto dele, Gretel guardou a adaga e passou a mão na navalha do pequeno armário que ficava ali:

–Precisa de um novo visual antes de sair hoje...

O ar que ela tinha era sombrio:

–O que quer?! Vai me matar?!

–Só te dar um toque especial.

Ela passou a navalha rente a raiz dos cabelos dele:

–É bom que fique quieto e não tente nada, não hesitaria se fosse matá-lo.

A lady estava raspando a cabeça dele, mesmo sem que ela tivesse experiência em barbearia, deixou o rosto e a cabeça dele livres de pelos:

–Por que fez isso?!

–Fiz porque quis. É bom que aprenda a ser bem obediente.

Lanios estava embasbacado, e ela o deixou sentado onde estava, tinham que almoçar bem se quisessem trabalhar depois.

Quando as quatro horas chegaram os dois saíram de casa, Lanios de cabeça baixa ia trás sem vontade de continuam andando.


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