Our Strange Duet escrita por Elvish Song


Capítulo 25
Nunca a Deixarei, Celine


Notas iniciais do capítulo

Celine se vê tomada de vergonha, e teme que seu amor a abandone. Erik a conforta e reafirma a eternidade de seu amor.



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POV Celine

Afinal, Celine despertou; seu corpo doía horrivelmente, mas a dor maior não era física. Ao se mover, percebeu que estava deitada sobre o peito de Erik, e levantou o rosto para fitá-lo; tentou sorrir um pouco, mas o lábio partido não permitiu.

– Olá, minha querida – ele se sentou, puxando-a para seu colo e a abraçando – Como está se sentindo?

– Não sei o que dói mais... Meu corpo ou minha alma. – ela tentou se conter, mas começou a chorar novamente. Sempre havia sido uma pessoa forte, mas o estupro destruíra suas defesas psicológicas: estava envergonhada, com dor, humilhada. Só em lembrar-se dos dois homens a fazer o que queriam com seu corpo, tinha vontade de cravar uma faca no próprio peito. Ruborizada, sentou-se na beira da cama. Até a noite anterior sua vida era perfeita, agora... Tudo o que havia conquistado poderia ruir.

Sem coragem para encarar seu marido, manteve os olhos fixos no chão, lutando contra as lágrimas que teimavam em escapar; dedos quentes e carinhosos deslizaram ao longo de suas costas, acompanhando a linha da coluna. Quando Celine teimou em não fitar-lhe o rosto, seu esposo desceu do leito e, ajoelhando-se diante dela, segurou o queixo delicado com suavidade para obrigá-la a encontrar seu olhar. Para ela, era impossível cruzar o olhar com Erik: sentia-se suja, indigna e desonrada. Fechando os olhos com força, perguntou:

– Você não está com raiva de mim? Não se sente traído? Não sente asco por meu corpo ter sido usado por outros homens? – Ela tinha medo de que seu esposo a rejeitasse. Muitos maridos já haviam abandonado as esposas por elas terem sido violadas; os homens gostavam de ter exclusividade sobre os corpos de suas companheiras.

Ainda de olhos fechados, ela sentiu Erik abraçá-la com força. Com a voz embargada, o Fantasma respondeu:

– Eu nunca poderia sentir raiva de você, meu amor. – Ela se agarrou a ele, escondendo o rosto no peito forte – Tampouco ficaria enojado por outra pessoa tê-la tocado. Tenho sim, ódio por quem tanto a machucou! – o abraço dele se intensificou – você é minha esposa, minha Estrela! Você é minha razão para viver! Como eu poderia me zangar? Você foi horrivelmente abusada, e quase a mataram! Que tipo de homem eu seria, se desprezasse minha amada por algo que foi feito contra sua vontade?

Ela sentiu seu coração se aliviar ao ouvir aquelas palavras, mas Erik não havia terminado de falar:

– Eu te amo, Celine. Não consigo nem mesmo imaginar uma vida sem você.

– ah, Erik! – ela o abraçou, escondendo o rosto em seu pescoço – Sinto-me tão suja! Tão indigna de você!

O Fantasma sorriu para ela, e disse:

– Nunca. Você é pura e perfeita – as mãos enluvadas acariciaram seu rosto – Mas entendo que sinta-se horrível, com tudo o que aconteceu. Acho que falar com Antoinette fará com que se sinta melhor: é outra mulher, mais velha e você confia nela. Quer que eu vá chamá-la?

– Não. Quero, sim, falar com Antoinette, mas prefiro ir até ela. – A moça se levantou com pernas trêmulas, apoiada no braço de Erik – Pode ajudar-me a tomar um banho? Acho que o calor ajudará com a dor. – Todo o seu corpo estava machucado, mas a dor entre as pernas era realmente forte, tornando difícil até mesmo andar.

Anuindo, seu Anjo a amparou até o banheiro, onde a ajudou a se despir e, tirando a própria roupa, entrou com ela na água.

– Vai se banhar também? – Celine fazia o possível para manter longe de sua mente as memórias de dor e pavor.

– É mais fácil para ajudá-la. Venha cá – Segurando sua mulher pela cintura, ele a fez flutuar de costas na água quente e funda da banheira enquanto fazia-a apoiar a cabeça em seu ombro. Massageou-lhe o corpo machucado com dedos suaves, relaxando-a e agradando-a. Satisfeita, a mulher se sentou no fundo da banheira enquanto seu marido ensaboava-lhe o corpo. Pensou em protestar, mas sabia que cuidar dela era o modo como o Fantasma lidava com a própria raiva e frustração: assim sendo, apenas se abandonou às mãos cuidadosas de seu Anjo.

Vestir-se mostrou-se uma tarefa difícil: as mordidas nos seios ardiam ao ser tocadas pelo tecido das roupas, e os hematomas das pernas e braços estavam muito doloridos. Acabou desistindo de vestir calça e camisa e, com a ajuda de Erik, envergou um vestido leve e solto, que não lhe pressionaria o corpo dolorido. Deixou os cabelos soltos, e colocou sobre o rosto uma meia-máscara feminina.

– Por que vai usar isso? – Perguntou o Fantasma.

– Uma máscara, no teatro, chama menos a atenção do que o hematoma em minha face. – Ela respondeu, movendo os lábios o mínimo possível.

– Cai bem em você – ele puxou a cortina que cobria um espelho e colocou-se ao seu lado – Veja só: somos iguais – a jovem reconheceu que ele tinha razão: com a máscara sobre o lado esquerdo (o mesmo das cicatrizes de açoite) e vestida de negro, ela e Erik pareciam um mesmo ser em suas formas feminina e masculina. – Eu nunca a deixarei, Celine. Nunca. Eu amo você.

Involuntariamente, um sorriso escapou dos lábios feridos de Celine: seu amado sabia como fazê-la sentir-se melhor. Ela o abraçou, deitou a cabeça em seu peito e fechou os olhos; gostava de ouvir o coração dele batendo, forte e regular. Dava-lhe uma sensação de calma, e a fazia sentir-se segura. Após alguns segundos abraçados, ela ergueu o rosto e o encarou:

– Vamos, querido.

Ela começou a caminhar, mas no instante seguinte Erik a havia erguido nos braços. Antes que pudesse protestar, porém, ele pousou os lábios nos seus, e disse em seguida:

– Suas pernas estão tremendo. Não adianta brigar: eu não vou deixar que ande.

Sem escolha, ela deu de ombros: por mais que não quisesse admitir, adorava quando seu marido a carregava no colo. Sentia-se a salvo e feliz, e não era diferente naquele momento. Pelo menos em seus braços, ela podia esquecer o que passara.


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Notas finais do capítulo

Celine e o Fantasma são mais iguais do que parecem. Mas em que aspecto?! Descubra nos próximos capítulos.