Hell of Wonderland escrita por Capitã Sparrow


Capítulo 1
Abismo


Notas iniciais do capítulo

Oieee o/
Bem vindo vc, que se aventurou a ler essa fic ^^
Peço desculpa pelos erros, mas ainda sou apenas uma aspirante a escritora rsrs
Boa diversão!




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“Alice olhou para o mar que batia furioso contra as rochas. Sentia a brisa gelada balançando seus cabelos loiros. Fechou os olhos e apertou Mr. Habbit, seu coelhinho de pelúcia, contra o peito, jogando-se do penhasco. Cada vez mais a escuridão a envolvia, puxando-a para um abismo sem fim.”

***

Alice estava brincando com seu melhor amigo, Mr. Habbit, seu coelhinho branco, no bosque perto de sua casa. Fazia uma festa do chá com todos seus “amigos”.

Ela estava sentada em cima da toalha de piquenique e ensinava-os a brindar elegantemente.

- Erga a xícara Mr. Habbit e “tlinc” – ela fez o som com a boca enquanto brindava com Mr. Habbit.

O coelho estava apertado em um pequeno paletó que sua mãe fizera especialmente pra ele. A menina tinha roubado um dos relógios de bolso do pai e colocado no coelho, pra dar um ”ar mais respeitável”.

A menina brincou a tarde inteira acabou dormindo. Apenas acordou quando a lua já reinava alto no céu. A pequena garotinha estranhou seus pais não terem dado por sua falta.

Sentiu um cheiro forte de fumaça e quando olhou para trás viu uma luz avermelhada ao longe. Alice sabia o que a luz significava, mas não queria acreditar. Agarrou Mr. Habbit e correu o mais rápido que pode em direção a sua casa. Em meio ao desespero, a garotinha nem percebeu quando o relógio de seu pai caiu do paletó do coelho. Correu entre as roseiras que sua mãe cultivava já avistando sua casa coberta pelas chamas e fumaça escura. Seus olhos ardiam e a menina sentiu lágrimas quentes escorrendo pelo seu rosto.

- Mamãe! Papai! – a menina esperou as respostas que nunca chegaram.

Tudo que ela podia fazer era observar as chamas engolindo sua casa e quase tocarem o céu.

***

Alice acordou e viu um céu avermelhado. Rubro como sangue.

“Estranho... Onde estou?”

Ela se levantou e percebeu que estava numa sala redonda. Parecia velha e estava muito destruída. As paredes estavam podres e escuras, exceto por uma parte dela, que estava tingida de um vermelho forte. O vermelho era disforme e escorrido, como se alguém tivesse apenas jogado a lata de tinta sobre ela. O teto parecia ter sido branco, mas agora estava amarelado, mofado e com algo verde que lembrava musgo. Havia um buraco bem no centro, possibilitando que a menina enxergasse o céu vermelho sem estrelas.

Alice olhou ao redor e viu dezenas de portas, algumas eram de madeira e outras de ferro. Todas bem mais altas que ela e pareciam ter sido devoradas pelo fogo. Entre duas portas havia uma cortina roxa, um pouco queimada nas pontas e com alguns respingos do mesmo vermelho que tingia a parede.

Aquele lugar parecia estranhamente familiar.

Alice de falta do seu coelhinho e percebeu que Mr. Habbit não estava ali.

“Onde ele foi parar?”

Ela olhou para o piso a procura do coelho e notou que ele parecia um tabuleiro de xadrez. Algo naquele lugar despertava lembranças em Alice. Lembranças não muito boas...

A menina caminhou pela sala tentando abrir as portas. Todas estavam trancadas, com exceção de uma pequena porta escondida atrás da cortina. Alice se abaixou, mas a porta era tão pequenina que só conseguiu olhar através dela.

Viu um jardim com muitas rosas. Algumas eram pretas, mas a maioria delas era vermelha. E no centro uma grande árvore. Algo pendia dos galhos, mas Alice não conseguiu distinguir bem o que eram. Eram muito grandes para serem flores ou frutos. Ela apertou os olhos tentando enxergar melhor e se afastou da porta com um pulo ao notar que eram cabeças. Cabeças de crianças.

“Com certeza aqui é o inferno.”

A menina tentava lembrar como havia chegado ali, mas algo parecia bloquear suas memórias. Era como se sua última memória fosse apenas escuridão. Como se tivesse fechado os olhos e tivesse chegado ali.

Não queria acabar como as outras crianças. Fechou os olhos e respirou fundo. Uma, duas, três vezes. Reuniu a pouca coragem que lhe restara e abriu os olhos. Ficou decepcionada ao perceber que continuava na sala. Alice não lembrava como havia chegado ali, mas tinha certeza que queria voltar pra casa.

Ela sentiu um cheiro forte de carniça chegando perto e deu alguns passos pra trás batendo em uma pequena mesa de vidro.

“Essa mesa estava aqui antes?”

Uma pequena garrafa com um líquido azul marinho repousava sobre a mesa. A garrafa não possuía rótulos ou embalagens, apenas um pequeno bilhete pendurado por um fio de ouro. Nele podia-se ler “beba-me”.

Numa situação normal a menina nunca teria tomado algo tão suspeito, mas ao ouvir sons de algo se aproximando, virou o conteúdo em um só gole. O cheiro podre de carniça ficava mais forte a cada segundo e uma gargalhada ecoou entre as paredes da sala. Então tudo ficou escuro e a menina desmaiou.

Não saberia dizer quantos minutos ela permaneceu desacordada, mas não foram muitos. Uma criatura chegou a um metro da menina, fazendo-a acordar com seu forte cheiro de enxofre.

Alice tremia com a visão perturbadora. Gatos demoníacos com olhos amarelos e famintos, eles pareciam sorrir para ela. O pelo deles era negro, e todos pareciam estar apodrecendo vivos. Faltavam partes de pele mostrando a carne esverdeada com sangue coagulado.

Mostravam seus dentes podres com orgulho. Alguns pedaços de carne putrefata pendiam de suas bocas, e o sangue pingava no chão. Alice sentiu uma gota cair sobre si, tingindo seu cabelo de vermelho.

Só então a menina notou que havia encolhido. A mesa agora estava gigante, mas em contraste com os gatos, era minúscula. Um dos gatos falou algo que Alice não conseguiu entender. Parecia com algo que o padre costumava falar durante as missas...

Latim. Ela tinha certeza que era latim. O gato parou de falar e usou suas garras para palitar os dentes. Alguns fios negros caíram a alguns centímetros de Alice. E com horror a menina constatou que era cabelo. Cabelo humano.

Ela tinha certeza que ali era o inferno. E tinha medo de estar ali por merecer.

“Só as pessoas más vão para o inferno. As pessoas más e as pessoas que tiram a própria vida... Talvez... Talvez esse seja o lugar certo pra uma alma perdida como a minha.”

A menina fechou os olhos, e tentava ao máximo não respirar. Os gatos não tinham notado sua presença. Pareciam estar à procura de algo. Ela esperou que fossem embora para se dar ao luxo de respirar e deixar que seu coração batesse tranquilamente. Teve até medo que seus pensamentos delatassem sua posição.

Alguns minutos se passaram e a menina conseguiu se mover. Olhou novamente para a portinha que agora havia esticado. Era o único lugar onde a menina poderia ir. Sentindo seu sangue pulsar foi até ela. Olhou para trás uma ultima vez, constatando que não havia outro caminho. Então finalmente atravessou a porta, com muito medo e aflição.


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Notas finais do capítulo

E ai? Deixe aqui sua opinião sobre a fic ^^
Se vc gostar darei continuidade *w*

XOXO