Sol e Lua escrita por Aislyn


Capítulo 2
Uma nova vida




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Depois de quase um mês, não se falava mais naquela invasão e a página havia sido virada. A preocupação continuava a ser Aizen Souzuke.

– Aiko-san... Ouvi falar muito bem de você! – A voz suave de Unohana e seu jeito meigo encantava a nova estudante da academia shinigami. A capitã fazia uma visita e isto havia movimentado os alunos. – Na verdade, este não é o costume daqui, mas quero conversar com você antecipadamente.

Aiko estava ofegante, acabara o treinamento diário e ainda segurava a toalha que usava para enxugar o suor.

– Unohana-taichou? – Perguntou surpresa. – Me disseram que a senhora queria falar comigo, mas, confesso não ter acreditado até então.

– É um prazer conhecê-la. – cumprimentou a taichou com uma breve reverência, Aiko retribuiu. – Então, Hanatarou me disse que você era gentil e educada. Fiquei sabendo também através dos professores de técnicas especiais que você consegue canalizar a sua reiatsu para a cura, – algo bastante raro com tão pouca experiência- isto é bom, apesar de saber que aqui vão querer muito mais de você.

– De certa forma, é verdade, taichou... Entrei na academia com o intuito de ajudar todos os que precisam de mim e descobri que possuo facilidade para isto.

– Fico feliz em saber disto! Peço que se esforce, pois em breve algumas provas vão acontecer e gostaria de tê-la em meu time tão logo consiga se formar. Sei que é algo muito precipitado de minha parte, nunca tivemos um aluno que se formou em menos de um ano.

Aiko não escondeu a felicidade, na verdade estava se esforçando muito, porém, ainda não estava bem na arte da espada, luta e kidou.

– Eu prometo, Unohana-taichou! Vou me esforçar e nas provas que virão, darei o máximo que puder. Primeiro tenho que ver se posso me inscrever, normalmente só os alunos de períodos mais avançados podem.

– Acredito que se é a sua vontade, não vão negar. Até breve... Ah! – Unohana procurou algo por entre o obi de seu shihakushou e entregou nas mãos de Aiko. – Hanatarou pediu que eu entregasse isto, disse que a pessoa que enviou falou algo a respeito deste objeto... É para lhe dar sorte no que escolheu. Infelizmente, meu oficial não quis dizer quem enviou, prometeu segredo e isto é sagrado para nós do Yonbantai.

Unohana foi embora, sabia que o poder de Aiko havia surpreendido muito mais do que comentou com a mesma. Acharam estranho uma garota de Rukongai ter manifestado tão rapidamente um poder que normalmente só era notado com rapidez em pessoas que descendiam de famílias de shinigamis.
Após um banho, Aiko sentou-se em um banco no vestiário e ficou olhando para seu prendedor de cabelo, novamente estava em suas mãos. Havia um detalhe que só percebera depois de quinze minutos acariciando o objeto. Ela sorriu, aproximou o prendedor dos olhos para que pudesse visualizar melhor uma pequena figura ali gravada.

– Parece uma flor de Sakura... Lembro de ter dito à Rukia-san que é a minha flor favorita e que gostaria de ter uma árvore destas um dia, em um quintal enorme. Foi uma gentileza ter pedido para que fosse devolvido! Logo vou agradecer.

Passaram-se duas semanas e novas provas eram marcadas, isto faria com que aqueles de períodos avançados que não conseguissem atingir boas notas fossem dispensados. Aluno algum que estivesse na academia há menos de um ano participava das provas, entretanto, Aiko conseguiu uma brecha. Em um único dia, todos os aspirantes teriam provas de Zanjutsu, Kidou, Hakuda e Hohou. No dia anterior, Aiko teve a sua primeira experiência em campo com falsos Hollows e também de explicações em Enterro da Alma. Não entraram em luta alguma, apenas observavam os senseis com atenção.
A jovem estava nervosa, as provas começariam em instantes e ela conseguia segurar uma katana, mas, não passava disto. Achava que deixaria a desejar na prova de Zanjutsu e para a sua sorte, a primeira prova era de Hakuda – combate corpo-a-corpo – e ela sabia se virar neste quesito.
Todos se enfrentavam diante dos olhares críticos dos mestres, Aiko aprendera facilmente a se defender e canalizar sua reiatsu e força física. Era rápida e já demonstrava técnicas de movimentação melhor do que a maioria ali que estavam há mais tempo que ela e nisto, somava pontos. Ao fim das primeiras provas, se saiu muito bem.

– Vocês têm quinze minutos de descanso... Alguns taichous e fukutaichous estarão aqui para visualizarem futuros membros para os seus times.

A voz de um dos senseis anunciou o que Aiko temia. Após um banho rápido, preparou-se psicologicamente para as duas últimas provas. Lembrou-se de colocar o prendedor em seu cabelo como enfeite, já que havia feito um rabo de cavalo e deixado bem preso no alto da cabeça.

“Preciso de sorte...”

A prova de Kidou começaria em três minutos... Os alunos estavam nervosos, pela porta, espiavam os presentes.

– Olhem! Ukitake-taichou está ali – apontou um dos jovens admirado. – Hisagi Shuuhei também, dizem que foi um dos membros mais brilhantes desta academia.

– Eu acho que aquele é o Hitsugaya-taichou... Eu soube pelo meu irmão que faz parte deste esquadrão que é um dos melhores e mais importantes times.

– Pois eu quero ir para a equipe de Zaraki Kenpachi! – Comentou outro com ar de superioridade. – Acredito que somente com a força se pode existir...

– A Unohana-taichou está aí também? – Perguntou Aiko sem jeito, não conseguia espirar pela porta.

– Está sim... Não me diga que gostaria de passar o resto da sua existência cuidando de doentes? – Indagou uma garota que Aiko sequer lembrava o nome. – É o último time para o qual pretendo ir. Na verdade, vou me esforçar para chamar a atenção do Kuchiki-taichou.

– Kuchiki-sama é um homem bastante exigente - disse Aiko para a outra. – Acho que fazer parte da equipe dele é um grande desafio.

– Você fala como se o conhecesse! – A garota virou as costas para Aiko. – Nem em sonho Kuchiki Byakuya falaria com alguém como você...

– Haruka-chan! Não fale como se você fosse superior aos outros... Nem todos aqui vieram do primeiro distrito, é verdade, mas isto não vale aqui na academia!

Aiko sorriu para o garoto que chamou a atenção da outra garota, porém, aquilo havia incomodado ela.

“Kuchiki-sama... Quem sabe aquilo não foi um sonho mesmo?”

Todos foram chamados, reverenciavam cada um dos ilustres convidados, assim como seus mestres da academia. O soutaichou, Yamamoto Genryuusai Shigekuni não estava presente, porém, seu fukutaichou, Sasakibe Choujirou, o representava como sempre. A primeira prova seria de Kidou e os alvos já estavam posicionados em meio ao salão. Aiko olhou discretamente para Byakuya, estava ali sentado junto aos outros atrás de uma mesa enorme, de braços cruzados, imponente. Ele não olhava para ninguém, somente para os alvos.
Faltava apenas um grupo de quatro pessoas antes de Aiko, eram três chances no total para destruir os alvos. Poderiam usar para destruir, o hadou Shakahou e o hadou Byakurai. Aiko tentava controlar a respiração, até então, não conseguia formar um hadou por completo, quanto mais, lançá-lo; Alguns colegas diziam que alguém como ela, comum e sem atrativos, não entraria para equipe alguma nem em dez anos. Sabia bem o que o poder da reiatsu podia fazer naquele caso, mas por hora, somente o conceito.

– Os últimos quatro queiram se aproximar.

Era a sua vez, estava na ponta direita, bem próxima ao campo de visão de Unohana, não queria desapontá-la de forma alguma. Suas mãos tremiam...

– Oh, dominador! A máscara de carne e sangue, todas as formas, bata suas asas! Aqueles que foram coroados com o nome "homem". Chama ardente e guerra turbulenta, separa os oceanos, se eleva e cai, caminha em frente em direção ao Sul! Hadou número trinta e um, Shakkahou!

Somente uma pequena luz vermelha surgiu em suas mãos, mas logo desapareceu. Um garoto apenas conseguira sucesso, destruindo o alvo. Os outros que restaram não conseguiram destruir seus alvos, contudo, ainda assim lançaram o hadou e aquilo deixava Aiko ainda mais nervosa. Ela olhou para Unohana, a taichou assentiu e seus olhos transmitiam a coragem que precisava. A segunda tentativa... Dois alvos destruídos, exceto o seu.
Era a sua última chance, tinha alguns segundos para concentrar-se. Seu coração disparou quando reparou que Byakuya olhava diretamente para ela, algo que não aconteceu com seus colegas. Talvez ele estivesse fazendo aquilo para manifestar o seu desprezo. Ela fechou os olhos, respirou e então abriu os olhos. Algo um pouco incomum chamou a sua atenção, poderia jurar estar vendo uma pétala de cerejeira flutuando ao seu redor. Antes de colocar-se na linha para iniciar a prova, certificou-se que o prendedor de cabelo estava ali. Enquanto posicionava-se, um flash invadiu a sua mente. Lembrou-se do quanto sofrera nas mãos do Bount e de tudo o que ocorreu até então. Estava ali para retribuir o que Byakuya fez por ela e também, para salvar outros seres, assim como fora salva. Não podia decepcionar Ukitake, que a levou em segredo para a academia e conseguiu a sua entrada.
Todos os que assistiam a prova surpreenderam-se com a reiatsu que surgiu repentinamente ao redor de Aiko. Não era tão impressionante no início, mas ainda assim surpreendente.

– Hadou número trinta e um, Shakkahou!

Os companheiros de Aiko estavam com os olhos arregalados, assim como os senseis. O alvo estava destruído bem no centro, porém, a parede que havia atrás dele também. Aiko não acreditou.

– Yatta! – Comemorou. – Eu consegui... Nem acredito!

Cada taichou começou a anotar algo em suas cadernetas, Hisagi e Ukitake cochicharam algo, Unohana riu e Zaraki Kepachi assentiu para ela com um sorriso sádico estampado no rosto. Somente Byakuya e Hitsugaya mantinham a seriedade. Sasakibe Choujirou estava fazendo anotações tranquilamente, observava cada um dos jovens aspirantes.
A prova final seria Zanjutsu. Aiko não conseguia pensar em machucar alguém, mas também, não conseguia pensar em uma forma de defender-se. Desta vez, eles teriam armas de verdade nas mãos. Suas habilidades em luta corpo-a-corpo e a capacidade de movimentar-se rapidamente não ajudariam muito, pois a avaliação era totalmente voltada para a forma de empunhar uma katana e utilizá-la com maestria.
Seu adversário seria Fukuoka Jin, o garoto que almejava fazer parte do esquadrão de Zaraki Kenpachi. Ele era alto, de grande compleição e intimidava Aiko com o olhar. Eles se cumprimentaram. Aiko posicionou-se assim que foram sinalizados, ambos tiravam a katana das bainhas – desta vez não eram de madeira. O primeiro choque entre as lâminas causou uma dor imensa na jovem, seus ossos pareciam ter quebrado, todo seu corpo doía. Ela teimava em segurar sua arma com as duas mãos e seus movimentos eram feios, inconseqüentes. A força de Jin impressionava, ele não a poupava, queria exibir-se para Zaraki a todo o custo. Por sorte, o salão era grande e ela conseguiu sair da linha de ataque do oponente usando sua rapidez, abaixando-se um pouco para descansar as pernas, estava ofegante. Jin correu para cima dela e a golpeou sem pensar, a lâmina acertou Aiko no ombro direito e também em seu tórax. Ela segurou o grito, a dor era intensa. Sua reiatsu voltou a manifestar-se, não podia perder, desejava intensamente passar naquele teste para salvar a todos que pudesse, sem distinção.

“Não vou perder... Preciso entrar para o Yonbantai e mostrar que posso salvar mil vidas com a minha força. Não sei porquê este desejo é tão forte, mas sinto como se fosse a minha missão!”

Num devaneio, Aiko viu-se diante de um rio cristalino. Estava com os pés descalços, a água do rio parecia chamá-la para as suas profundezas.

“Flua...” – Ouvia estas palavras ecoando em sua mente. – “Seja como a água, que ultrapassa qualquer obstáculo. Chama-me de Mizuki, a donzela das águas límpidas”

Jin não entendia porque Aiko estava parada, mesmo recebendo golpes em seu corpo, sofrendo pequenos cortes.

– Flua! – Todos os presentes levantaram-se, aquilo com certeza era incomum. A reiatsu de Aiko havia tomado grandes proporções para alguém tão inexperiente. – Mizuki!

Jin assustou-se, a katana de Aiko transformara-se em duas correntes de água que circundavam as suas mãos. Aquilo durara alguns instantes, logo, em ambas as mãos, um par de sai surgiam e Aiko os empunhou encarando Jin. Ele um pouco desconfiado, desferiu um golpe contra o peito dela que amparou o golpe com o sai direito, fazendo a lâmina dele ficar presa no tsuba de seu sai. A jovem sorriu para ele e com uma força descomunal, quebrou a lâmina de Jin. Com o outro sai, ela desferiu um golpe contra o peito do rapaz que não pode defender-se, porém, parou antes de machucá-lo. Já estava claro que a vitória era sua.

– Ippon! – Gritou o sensei responsável por Zanjutsu.

Byakuya levantou-se e deixou o recinto. As notas seriam anunciadas no dia seguinte, alguns se formariam após aquelas provas e seriam escolhidos para algum bantai do Gotei Juusan. Aiko estava radiante, cantarolava enquanto tomava um banho demorado, no entanto, parou quando ouviu duas vozes conhecidas – ainda teria um bom tempo para refletir o que havia acontecido naquele combate. Uma delas era a garota que a provocara antes, Shinohara Haruka.

– Eu estou falando que ele está no jardim!

– Haruka-chan, eu sei que está decepcionada pelo seu péssimo desempenho, mas isto não é motivo para ficar imaginando o Kuchiki-taichou por aí. De qualquer forma, você se sairá melhor após a recuperação, pelo menos não foi dispensada.

Aiko apressou-se, após secar-se, vestiu um uniforme limpo. Aproveitando que seus colegas estavam no refeitório, ela resolveu acreditar no palpite que teve assim que as duas garotas saíram do vestiário.

– Kuchiki-sama?

Aquela voz era exatamente o que Byakuya esperava ouvir, porém, não sabia bem como começar.

– Você foi bem nas provas... É quase impossível um aluno da academia demonstrar dominar o Shikai daquela forma. Não vou prolongar o assunto – falou ele olhando nos olhos dela. – Quero você no Rokubantai.

A proposta tomou Aiko de surpresa. Ela sentou-se embaixo de uma árvore para esconder-se do sol, estava um pouco cansada. Byakuya fez o mesmo e encostou-se no tronco da árvore, deixando a zanpakutou ao seu lado, sobre a grama. O dia estava perfeito, não havia nuvem alguma no céu azulado.

– Aposto que fazia isto quando esteve na academia – comentou Aiko bem humorada.

– Não estudei na academia – disse seriamente antes de cerrar os olhos e cruzar os braços.

– E como chegou a tal posto? – Questionou ela com interesse.

– Não importa.

Ela respeitou o silêncio do taichou e por alguns instantes, ficou observando-o. Parecia tão tranqüilo, nunca o imaginou sentado daquela forma, ainda mais ao seu lado.

– A minha resposta é não... – Aiko prosseguiu tranquilamente após cinco minutos pensando. – Vou para o Yonbantai, é para isto que me esforcei tanto e entrei na academia. Não sei o que aconteceu direito, mas tenho absoluta certeza de que aquele poder se manifestou para este propósito.

– Entendo – Byakuya pegou a zanpakutou e levantou-se. – Você deve saber bem qual é a melhor decisão... E, aos poucos vai descobrir a respeito do que aconteceu no dojô.

– Taichou... Perdoe-me! – Aiko levantou-se também, ia atrás dele rumo à entrada da academia, quando ouviu a voz de Haruka.

– Kuchiki-taichou! – A jovem estava diante de Byakuya. – Eu não quero que isto pareça desrespeito a sua pessoa, mas, eu ouvi a proposta que fez para esta garota... Não sei como o senhor a conheceu, tampouco me interessa – falou com afobação. – Só quero que saiba que estou disposta a ocupar o lugar que daria para ela em sua equipe.

– Somente o fato de ouvir a conversa alheia já se caracteriza como um grande desrespeito. Vocês novatos deveriam aprender a colocar-se em seus lugares na presença de um superior. Agora, saia daqui!

– Kuchiki-taichou! Isto não é justo. Ela é uma ninguém de um dos mais pobres distritos de Rukongai. Não a vi tratando-o como um taichou... Na verdade, Aiko fala como se o conhecesse. Isto sim é desrespeito, uma pessoa como ela demonstrando que já esteve na Casa Kuchiki e...

– Cale a boca! – Gritou Aiko. – Tenho orgulho de ser quem eu sou, estou aqui para ajudar os outros e não para alimentar o meu ego, assim como você. Tudo pode ser facilitado para alguém como você, eu sei, mas não é a mesma coisa. Cada degrau que eu subir será por méritos meus. Serei alguém no Yonbantai e logo, estarei em busca de objetivos ainda maiores. Esta é uma promessa que faço!

– Deixa de ser ridícua! Sua tola... – Disse Haruka com rancor. – Eu já entendi tudo. Sempre soube que o Kuchiki-taichou tinha um imã que atraia flageladas. Não sei por qual motivo pensei em ir para o Rokubantai.

– Haruka, não permito que fale assim de um taichou! – Falou Aiko retirando a sua zanpakutou da bainha. – Isto é imperdoável, uma falta com todos do Gotei Juusan!

– Myazaki Aiko... Não posso deixar com que isto aconteça, pode guardar a zanpakutou com tranqüilidade – começou Byakuya, estava calmo, apesar de tudo. – Estou farto de pessoas inconseqüentes há um bom tempo já e vou tomar providências para que esta jovem seja devidamente punida.

Hisagi Shuuhei apareceu ali no pátio e um pouco abismado com a cena, preferiu não se intrometer, porém...

– Hisagi... Faça com que esta garota seja expulsa da academia e presa. Em breve, enviarei um relatório detalhando os fatos.

O fukutaichou não questionou, apenas ficou curioso para saber o que ocorreu. Ele fez com que a garota baixasse a cabeça e saísse dali sem mais uma palavra.

– Mais uma vez peço desculpas, Kuchiki-sama. Aprenderei a medir as conseqüências de meus atos! – Desculpou-se Aiko, havia ficado um pouco chateada com o comentário dele e se colocou no grupo de inconseqüentes. – Na próxima vez em que nos encontrarmos, o senhor vai ver o quanto melhorei.

– Espere, Myazaki... – Chamou Byakuya ao ver que a garota ia embora e olhou nos olhos dela. – A sua atitude foi digna de um shinigami. Qualquer um que desrespeite alguém com um patamar acima deve ser punido, porém, não podemos resolver tudo com as nossas espadas aqui dentro. Uma luta entre shnigamis deve ser formal e com permissão... Logo aprenderá isto da melhor forma. Você não deve ser tão impulsiva e atacar de qualquer modo, mas também, não pode sempre ficar na defensiva assim como fez hoje na prova de Zanjutsu. Um dia, encontrará o equilíbrio.

– Kuchiki-sama... Sempre será um grande exemplo para mim. Vou seguir seus conselhos! Obrigada, mil vezes.

No dia seguinte, Aiko saiu do salão principal da academia pulando de alegria. Ficou com a primeira nota e ouviu comentários de seus mestres muito satisfatórios e estes também repassavam elogios feitos pelos taichous a ela. Estavam bastante impressionados com a zanpakutou de Aiko e seu controle sobre ela, como também a densidade e força de sua reiatsu.
Sentia-se feliz e realizada em saber também que seria a hachiseki do Yonbantai... Uma patente desta forma tão rápida, somente alguém da nobreza conquistava, mas, ela merecia.
Todos da equipe se reuniram no dia de dar boas vindas para os novos membros, isto aconteceu dois dias depois da formatura na academia. O esquadrão em peso a cumprimentava, mas com certeza, os cumprimentos mais inesquecíveis foram os de Unohana Retsu, Kotetsu Isane e Yamada Hanatarou. Ainda não havia terminado a sua conversa com Unohana.

– Foi bom saber que já na academia você soube contra quem e o quê estamos lutando, assim, fico mais tranqüila. Temos um grupo comandando pelo Hitsugaya-taichou no mundo real cuidando disto, porém, aqui todos os dias estamos em alerta. Isane-san irá mostrar para você como tudo funciona aqui no Centro Médico e lhe dará os instrumentos necessários para aprender novas técnicas. Você terá aulas todos os dias, como por exemplo, de curativos, transfusões de todos os tipos, – inclusive espirituais – sobre o uso de instrumentos, nutrição, manipulação de remédios e afins... Ah, e massagens! Sabia que elas podem curar vários males? Estamos aperfeiçoando tais técnicas. São aulas básicas e algumas bem rápidas.

– Entendi, taichou! Quero começar hoje mesmo, se possível – falou Aiko com empolgação.

– Assim que terminar alguns cursos, quero que me mostre o seu shikai. Você deve aprender a controlá-lo para usar sempre que precisar e não somente sob pressão. Agora, vá com a Isane-san e depois de conhecer tudo aqui, seu primeiro teste será o de curar os ferimentos leves de trabalhadores que estão reconstruindo alguns lugares de Seireitei que foram destruídos na última invasão. Você logo aprenderá formas mais rápidas de canalizar a sua energia para a cura.

– Hai! Unohana-taichou... – Aiko reverenciou. – Domo Arigatou!

Unohana sorriu e voltou a concentrar-se em seus papéis. Mais uma semana se passou, foi o tempo suficiente para Aiko assistir a todas as aulas básicas. Saia-se muito bem ajudando a curar os ferimentos de todos os que davam entrada no centro e já estava familiarizada com os instrumentos que carregava em sua bolsa. Queria especializar-se em transfusão e manipulação de substâncias, por isto, preferiu fazer todas as aulas extras possíveis a este respeito. Unohana estava satisfeita com os relatórios de Kotetsu Isane sobre os novos membros da equipe, principalmente com Aiko. Queria que ela logo estivesse apta para ir ao mundo real junto a Hanatarou e os outros mais graduados. Para isto, Unohana preferiu fazer um treino com Aiko pessoalmente. O pátio estava vazio por ordens da taichou e a jovem oficial já se encontrava lá, agora estava vestida como uma Shinigami, trajando o shihakushou. O diferencial do seu era um enorme laço cor de rosa que o prendia em sua cintura, amarrado por trás com as pontas caindo até os pés.

– Bem, Aiko-San... Quero que libere o seu shikai – pediu Unohana gentilmente. – Não se preocupe com o que possa acontecer e o tempo que pode levar.

Aiko assentiu e empunhou com cuidado a zanpakutou.

– Flua... – Iniciou com os olhos fechados. – Mizuki!

A jovem concentrou-se, sua reiatsu começava a se manifestar, contudo, não havia mudança alguma em sua zanpakutou.

– Deixe a mente limpa... Não ordene, peça com o coração que o seu shikai surja. A zanpakutou deve fazer parte de você, assim sendo, tente ouvi-la... Sei que a sua voz irá se manifestar. O mais importante você já sabe, que é o nome dela.

Aiko seguiu os conselhos de Unohana, esvaziou a sua mente e tentou chamar a zanpakutou pelo nome. Uma voz doce invadiu a sua cabeça, era a mesma que ouviu na academia.

– Aiko-San! Você deve ser como eu... Água... Livre para seguir o seu curso. Sou a fonte de toda e qualquer possibilidade. O ventre da mãe Terra e de todo o Universo. Posso dar e tomar a vida. Sou o símbolo da moderação. Somente eu posso esfriar ou aplacar a raiva gerada pelo fogo e as ilusões causadas pelo ar. Deixe-me fazer parte do teu ser e tudo você poderá! Agora, permita que eu flua através da tua força e com toda a tua energia.

– Flua, Mizuki!

Unohana ficou deslumbrada com a beleza que era a conjuração do Shikai de Aiko. Correntes de água cristalina surgiam, desta vez ao redor de seu corpo. Podia sentir uma energia pura em torno da jovem. Logo, a água acumulava-se na volta de suas mãos, formando novamente os sai.

– Perfeito, Aiko-San! Agora mantenha a concentração e com o controle de sua reiatsu, tente manter o shikai.

Unohana empunhou a sua zanpakutou e desferiu um golpe contra Aiko que defendeu cruzando os sai para formar uma defesa perfeita. Com força, empurrou a taichou para trás. Unohana Retsu guardou a sua zanpakutou, estava satisfeita após um treinamento de quase trinta minutos, somente investindo enquanto Aiko deveria aparar seus golpes de todas as formas.

– Isto é só por hoje – anunciou Unohana. – Agora é hora do nosso chá. Amanhã faremos o mesmo exercício, Aiko-san.


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