Reparação escrita por Luhni


Capítulo 33
Reencontros


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente!
Voltei! Espero que ainda queiram saber como essa história vai terminar, pois dessa vez eu voltei firme e forte para finalizar a fic.
Espero que gostem! Nos vemos nas notas finais!

Boa leitura!



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Minato sabia que alguma coisa tinha dado errada com o selo. Ele sentiu isso no hospital. Sabia que tinha que ajudar o filho, mas ficara surpreso ao encontrar Naruto tão fora de si. O corpo do filho iria sofrer com graves consequências, o que só fazia com que ele tivesse que agir rápido, ou todos morreriam pelas mãos de Naruto. Não importava que tivesse acabado de acordar depois de um coma de anos, ele daria a sua vida novamente, se isso significasse salvar Naruto e Kushina. Concentrou chakra nas mãos e fez o selos que aprisionariam a Kyuubi novamente. Ele havia feito há anos, quando o filho nasceu, um selo que aprisionava a fera Kyuubi dentro dele e também fez outros selos de segurança para evitar algo como aquilo. Parecia que tinha acordado no momento certo, afinal de contas.

            E foi pensando nisso que fez o jutsu para aprisionar o grande monstro que urrou de dor, enquanto a sua forma animalesca mudava drasticamente. A Kyuubi ainda tentou enfrentá-lo, mas a invocação ainda estava aprisionada no corpo de Naruto, então ele ainda tinha uma chance de mandá-la de volta e foi o que fez. Mesmo sentindo seu corpo reclamar por usar tanto chakra estando ainda debilitado, mesmo suas mãos queimando por tocar o manto da Kyuubi, ele não se importou e continuou usando o jutsu de selamento até ser possível ver o seu Naruto novamente. O corpo do filho caiu no chão, desacordado, parecia ter sofrido diversas queimaduras, sangue saia do seu braço, rosto, e provavelmente devia ter quebrado algo, mas ele estava vivo, e sabia que sobreviveria. A própria Kyuubi se encarregaria de deixá-lo vivo. Arfou pelo esforço e, um pouco cambaleante e com dor, foi em direção ao filho, enquanto observava Neji e Sasuke se aproximarem com dois corpos nos braços.

— Yondaime-sama! – Neji disse ao se aproximar de Minato com o corpo da prima mais velha junto de si, enquanto Sasuke verificava a situação do amigo.

— Estou bem – mas os dois duvidavam disso ao verem as mãos do Hokage – Naruto também deve ficar bem logo, mas é bom o levarmos para o hospital – e foi perceptível que ele sentiu uma pontada de dor após falar isso.

— Como pode estar acordado? – Sasuke foi quem fez a pergunta que pairava entre os dois shinobis.

— Foi apenas um pouco de sorte – e tentou abaixar-se para carregar o filho, mas foi impedido pelo Uchiha. Sasuke lhe passou o corpo menor de uma das filhas de Hiashi, Hanabi, por ser mais leve, e depois ele mesmo tratou de levantar Naruto.

— Depois de tudo o que vi hoje, não sei se acredito que temos algo como sorte. Mas fico feliz por estar de volta, precisaremos de todos os shinobis disponíveis – respondeu e Minato aquiesceu, compreendendo as palavras do Uchiha. Konoha havia sido devastada e ele não conseguia mensurar quantas vidas haviam sido perdidas.

— Vamos para o hospital, deixamos os feridos e conversamos melhor – disse para os dois que aquiesceram.

—*-

            Aquela área havia sido devastada. Haviam subestimado o poder da Kyuubi e do seu usuário, Uzumaki Naruto. Sobrevoou a área em busca de algum sinal de vida do corpo dele. Apesar de já ter ordenado que os outros recuassem, sabia que não sairia dali sem ele. Não sem Pain. Sem Yahiko. Encontrou o que parecia ser uma mão soterrada e desfez o jutsu em que asas de papel eram formadas em suas costas para fazer com que elas se transformassem em lâminas afiadas e pudesse retirar o corpo dos escombros.

            Ver Yahiko daquela forma novamente era doloroso para si. Depois de tantos anos, ver o corpo do seu amado daquela forma... completamente sem vida, ainda fazia o seu coração doer.

— Yahiko... – e acariciou o rosto sem vida a sua frente.

— Konan... — uma voz soou no comunicador, mas ela permaneceu onde estava – Está bem?

— ...Estou – disse ao respirar fundo, precisava se recompor.

Não minta...

— Qual a situação? Como você está? – rebateu com outra pergunta. Ele era a única pessoa que sabia exatamente como ela se sentia, mas no momento ela não queria conversar sobre isso com ele.

Fraco. Não imaginava que o jinchuuriki pudesse ser tão forte. – disse e Konan se preocupou. Para ele estar falando isso, então a situação era grave.

— Eu irei até você e... – tentou dizer, mas foi interrompida.

Não... eu quero que você faça outra coisa ao invés disso...

— Mas... – tentou dissuadi-lo, porém foi em vão e ele a cortou novamente.

Preciso que vá até Orochimaru...

— Orochimaru? Por que? – eles haviam se aliado ao Sannin das Cobras para conseguirem alcançar o objetivo deles.

            O trato era simples, eles colaborariam com o Sannin em sua ideia de invadir Konoha e, em contrapartida, teriam o caminho livre para pegarem as bijuus sem nenhum tipo de intervenção, até mesmo os auxiliaria nas outras nações. E ele cumpriu a promessa. Já tinham conseguido várias bijuus e Orochimaru nem ao menos ligava para onde ou como estavam lidando com isso.

Tenho a impressão que algo não está certo...

— Acha que ele nos traiu? – e foi inevitável não se recordar do mestre deles, Jiraya. Ele havia alertado para uma possível traição antes de morrer, para tomarem cuidado com os seus aliados. Konan mordeu os lábios, nervosa com a perspectiva.

Talvez...

— Certo, farei isso e depois me encontrarei com você – disse ao se levantar, mas hesitou por um momento ao ver o rosto de Yahiko ali.

Konan... — e ao não ter uma resposta, resolveu continuar – Você sabe que não adianta de nada. Yahiko está morto e nem mesmo eu posso revivê-lo, ou já teria feito.

— Eu sei... Nagato – e em seguida deu as costas para o corpo e saiu dali. Ela tinha uma missão a fazer.

—*- 

            Seus olhos doíam como o inferno e sentiu quando eles começaram a sangrar, mas ele não parou o mangekyou sharingan até perceber que aquele imenso chakra opressor havia sumido. Arfou de dor e cansaço, mas se recusou a sair dali, precisava vigiar os arredores, tinha receio de que mais algum inimigo aparecesse, mas nada ocorreu, apenas mais pessoas em busca de auxílio médico. Somente quando viu o Yondaime Hokage surgir junto de seu irmão e dos Hyuugas que ele conseguiu relaxar, ao mesmo tempo que refletia sobre a volta do ex-Hokage.

— U-Uchiha-sama – alguém o chamou e virou-se para ver uma enfermeira um pouco assustada. Provavelmente com receio de atrapalhá-lo de alguma maneira.

— Diga.

— S-Sakura-sama disse que o senhor precisa de cuidados mé...

— Estou bem, pode voltar a fazer o seu trabalho – interrompeu a jovem que ficou nervosa sem saber o que fazer.

— Bom... Sakura-sama disse que o senhor... diria isso, mas... seus olhos – apontou e recuou um passo, dando um sorriso nervoso, já sabia que ele não gostaria do que iria falar – Ela disse que só daria notícias das mulheres quando o senhor se tratasse também – e foi instintivo ele ativar novamente o sharingan, mesmo com dor, fazendo a jovem se encolher um pouco de medo.

            Itachi bufou ao ouvir aquilo, Sakura era realmente irritante, mas... não estava disposto a ir contra a médica. Suspirou pensando que a cunhada tinha um gênio difícil e mandão, mas gostava dela ser assim, pois ela também era persistente e sabia que daria o seu melhor para salvar a mulher e a filha dele. Aquiesceu, seguindo a enfermeira e decidido a encontrar com Sakura e seu irmão logo em seguida. Como Sasuke reagiria ao ver a mulher? Ele havia sido uma rocha durante todo aquele show de horrores que vivenciaram, nunca imaginou que o seu irmãozinho pudesse suportar tudo daquela forma, não depois de Sayumi, mas achava que aquilo não duraria muito tempo. 

—*-

            Ao adentrarem no hospital foi perceptível a lotação de pessoas por todos os lados. Enfermeiras corriam de um lado para o outro, marcando os pacientes, verificando ferimentos ou indicando salas para cada um ir. Os que estavam em estado mais grave eram levados em macas para outra parte do hospital, provavelmente para a sala de cirurgia. Também havia pessoas ali que pareciam estar em melhor estado e até tentavam ajudar como podiam. Crianças também eram vistas, algumas machucadas e outras somente assustadas com tudo, torcendo para que ali fosse um lugar seguro.

— Com licença, enfermeira – Minato chamou uma moça que logo correu ao ver o Hokage a chamando – Essas pessoas precisam de atendimento.

— H-Hai! – disse um pouco nervosa e logo se pôs a analisar Naruto, Hinata e Hanabi ali mesmo, no chão do hospital. Ninguém se pronunciou sobre aquilo. Provavelmente tudo estava lotado.

            A mulher analisou com calma e após verificar os sinais vitais de todos, virou-se para o Hokage e fez uma breve mesura.

— Naruto-sama não precisa de um atendimento urgente, apesar dos ferimentos, assim como a criança, mas estarei levando a outra Hyuuga para a sala de cirurgia imediatamente. Irei mandar alguém para fazer os primeiros socorros no Naruto-sama o mais breve possível, mas peço que tenha paciência. Por favor, não insista, Hokage-sama, estamos dando prioridade aos casos mais graves – disse de forma direta e Minato se surpreendeu pela fala da mulher.

— Claro, você é enfermeira aqui. Confio no seu julgamento – disse, e a mulher suspirou aliviada. Sasuke arqueou uma sobrancelha, o que será que havia ocorrido aqui para a mulher agir assim?

— Também irei pedir que alguém venha ajudar com os seus machucados, Hokage-sama – disse para Minato que tentou se fazer de forte, mas agradeceu, pois suas mãos ardiam como o inferno e suas forças pareciam estar sendo drenadas.

— Vocês podem me ajudar a levá-las? – a mulher indagou para Neji e Sasuke que aquiesceram. – As crianças desacordadas ou com algum ferimento grave estão na ala oeste, iremos fazer exames na menina quando ela estiver instalada. – e apontou na direção. Neji prontamente carregou a prima, indicando que a levaria.

— Eu levo a Hinata. Onde fica a sala de cirurgia? – Sasuke disse já com a Hyuuga nos braços.

— Temos quatro salas de cirurgia ativas. Por favor, leve-a para qualquer uma no próximo corredor – indicou e voltou-se para chamar mais alguém para ajudar Naruto e Minato.

            Sasuke não perdeu tempo. Depois poderia se informar melhor sobre como estavam as coisas no hospital. No momento, não podia perder tempo. Seguiu o corredor até chegar na primeira porta, mas a sala estava lotada e havia uma placa informando que uma cirurgia estava em andamento, seguiu para a próxima porta, mas a mesma coisa se repetiu e ele começou a se dar conta do problema que sofriam. Eram muitos pacientes e poucos médicos. Onde estaria Shizune e como ela conseguia organizar o hospital naquele caos, era um mistério para si.

            Viu uma enfermeira sair de uma das sala e repassou o que a enfermeira havia dito e logo a mulher gritou para que trouxessem uma maca. Quando posicionou a Hyuuga na maca, prepararam-se para entrar na sala e iniciar mais uma cirurgia, mas Sasuke chamou a enfermeira.

— Onde posso encontrar Shizune? Gostaria de saber se posso ajudar de alguma forma – disse, mas o rosto da enfermeira se fechou e ele soube que algo estava errado ali.

— Shizune-sama está ferida.

— Então quem está a frente do hospital? – Sasuke indagou.

— A sua esposa, Uchiha-sama.

            Ouvir que Sakura estava a frente do hospital fez Sasuke ter um misto de sentimentos. Ele não conseguiu distinguir tudo o que sentiu de uma única vez, pois foi uma avalanche de sentimentos que o inundaram, e pela primeira vez seu corpo parecia esmorecer, ao mesmo tempo em que se forçava a ficar de pé diante da notícia. O alívio tinha sido enorme por saber que ela estava viva e bem... por Kami, parecia que tinham retirado de si um peso enorme e ele respirava de novo desde que tudo aquilo começara. Mas logo veio a vontade arrebatadora de vê-la, de senti-la perto de si, abraçá-la e conferir se realmente estava bem, ao mesmo tempo em que sentia orgulho de ver o quanto ela estava sendo forte naquele momento, ajudando a todos que podia, tão determinada como sempre foi. Ainda tentou falar alguma coisa, mas a enfermeira o deixou ao receber um chamado de que precisavam da ajuda dela.

            Sasuke olhou aquele corredor se perguntando onde Sakura poderia estar. Ela estava ali, ao alcance das suas mãos, mas sabia que não podia vê-la agora, fechou a mão em punho. Sakura estava dando o seu melhor e ele também iria ajudar, não poderia ficar de braços cruzados ali apenas esperando para vê-la, foi por isso que resolveu sair do hospital e continuar sua busca por sobreviventes. Mas agora o seu coração parecia muito mais leve, pois ela estava bem. Céus, passou a mão no rosto, sentindo-o um pouco molhado, mas não se importou, somente agradecia a Kami, não havia a perdido também e aquilo era tudo que ele precisava saber para seguir em frente.

—*-

            Os olhos estavam pesados e parecia que alguma coisa havia a esmagado, pois seu corpo todo doía. Um barulho chato a incomodava, mas foi o bastante para entender que estava viva, provavelmente no hospital, mas ela não conseguia lembrar o motivo, até que tudo voltou tão rápido que ela ficou sem ar. Megumi! Sua filha! Desesperou-se e tentou se movimentar, sentindo uma dor absurda e alguma máquina que devia estar ligada em si começou a apitar sem parar. Logo viu alguém entrar correndo e segurando-a.

— Acalme-se, Hana! – a voz disse e Hana lutou em busca de ar, enquanto a médica continuava fazendo algum procedimento com chakra. Aos poucos, aquele chakra verde e quente começou a se espalhar dentro de si e respirar se tornou mais fácil – Você acordou antes da hora, acabou de passar por uma cirurgia, vou pedir que apliquem algo para que possa descansar mais.

— Não... – disse baixinho e arregalou os olhos ao finalmente reconhecer Sakura ali. – Sakura... – e logo seus olhos se encheram de lágrimas, feliz por saber que a cunhada tinha sobrevivido.

            Sakura sorriu brevemente, para acalmá-la, e voltou a emanar chakra para fechar a ferida que sido aberta novamente pelo desespero de Hana.

— Onde está Megumi? O que aconteceu? – indagou e Sakura a observou rapidamente, antes de voltar ao trabalho – Sakura!

— Calma! Senão vou ter que levá-la para a sala de cirurgia novamente! – mandou e Hana calou-se, apesar de ainda estar angustiada – Irei lhe responder, mas preciso me concentrar primeiro – disse de forma mais compreensiva.

            Hana aquiesceu e deixou a médica fazer os procedimentos necessários que duraram mais dez minutos. Ao terminar, Hana olhou para a médica que suspirou, mas logo sorriu.

— Conseguimos estabilizar Megumi, mas ainda precisaremos monitorá-la, então ela ficará em uma ala especial por um tempo. Mesmo assim... o prognóstico é que ela fique bem em breve – disse e Hana começou a chorar de felicidade enquanto Sakura se desesperava por ela estar se agitando novamente.

— Hana! – ouviram alguém falar e logo Itachi irrompeu a porta com uma enfermeira nervosa dizendo que ele não podia fazer aquilo – Hana! Você está bem? – perguntou afoito ao entrar no quarto e olhar a esposa com o rosto banhado em lágrimas – O que houve?

— I-Itachi... – murmurou Hana, tentando conter o choro, mas Itachi compreendeu de forma errada e logo pensou no pior e virou-se para Sakura.

— Megumi... ela...

— Megumi está bem, não precisa se desesperar – Sakura o interrompeu ao entender o pensamento do cunhado.

— Graças a Kami! – murmurou Itachi, aliviado, e depois se voltou para a esposa – Então, por que está chorando?

— D-De felicidade... – disse chorosa e Itachi sorriu, reprimindo a sua própria vontade de chorar. Elas estavam bem. Estavam bem e era tudo o que ele conseguia pensar enquanto abraçava a esposa.

— Bom, vamos deixar vocês um pouco a sós, mas Hana não pode se agitar muito, então não me façam voltar aqui – Sakura mandou e em seguida saiu com a enfermeira que contava que Itachi era um péssimo paciente.

—*-

            Tudo era comunicado a ela, sobre os casos graves, leves, quem operava e sobre os pacientes que chegavam. Portanto, logo soube de Naruto, Hinata e Hanabi. Ela fez questão de verificar todos os amigos e auxiliar na cirurgia da Hyuuga. Não sabia como ela tinha ficado tão ferida, mas agradecia por ela ser forte o suficiente e não ter parado de lutar. Agora era a vez de Sakura lutar também para ajudá-la a ficar junto deles. Foi uma cirurgia exaustiva, seu chakra caiu muito, mas ela somente parou quando tudo já parecia estável. Suspirou aliviada, e resolveu tomar um pouco de ar, mas novamente a chamaram.

— Qual o caso? – indagou enquanto se direcionava para mais uma cirurgia.

— Uma idosa. Foi encontrada entre os escombros. Múltiplas fraturas, provavelmente algum osso perfurou o pulmão e está com hemorragia interna. – Sakura ouvia atentamente o prognóstico, mas tinha que admitir que o quadro daquela senhora parecia muito complicado.

— Certo, é melhor chamar mais um médico para auxiliar, precisaremos de mais mãos e... – parou de falar ao ver quem era a paciente – ...Mika-san?

— A senhora conhece a paciente, doutora? – a enfermeira indagou e Sakura fechou as mãos em punho. Claro que conhecia... era a costureira dos Haruno’s há anos, aquela que fez o vestido de Sayumi, a gentil e alegre mulher que sempre desejou fazer o seu vestido de casamento um dia... a avó de Idate.

— Vamos começar agora mesmo, não podemos perder tempo! – Sakura disse e logo usava o seu chakra para avaliar as condições da paciente e começar a curar.

— Hai! Irei chamar mais algum iryo-nin para ajudá-la – e saiu às pressas da sala.

            Mas a enfermeira demorou quase uma hora para retornar com um médico que afirmava estar quase no seu limite, assim como ela. Então a ajuda maior veio de outros enfermeiros e médicos civis. Sakura não pode deixar de se perguntar o motivo de haver tão poucos médicos ninjas. A vila estava destruída e não havia pessoas suficientes para ajudar, a maioria dos shinobis não sabiam a arte da cura, pois a técnica para ser um iryo-nin exigia um controle de chakra praticamente perfeito, e os médicos shinobis – que haviam sobrevivido ao ataque – estavam todos exauridos com tantos feridos chegando juntos. Contabilizou na sua mente quantos iryo-nin estavam ali no hospital e chegou a um total de vinte. Somente vinte médicos shinobis se dividindo para milhares de pessoas. Suspirou e sentiu seu chakra falhar.

— Mika-san... aguente! – pediu à senhora enquanto se esforçava ao máximo para continuar com a operação.

—*-

            Mebuki olhava as crianças enquanto tentava coordenar as enfermeiras e acalmar os menores que estavam assustados. Viu Neji Hyuuga parado em frente a uma maca e notou que era a herdeira mais nova dos Hyuuga’s ali: Hanabi. Aproximou-se e colocou a mão no ombro do rapaz que parecia desolado por algum motivo. Neji estava tão perdido em pensamentos que nem ao menos notou a aproximação da matriarca dos Haruno’s.

— Haruno-sama – fez a mesura que lhe era ordenado ao estar na presença de alguém importante.

— Não precisa de formalidades, Hyuuga. Não agora – e apontou o local onde estavam. Ali, no meio daquele caos, não havia ninguém superior. Todos dividiam a mesma dor, a mesma sensação de perda pelo o que havia acontecido. – O que aconteceu com Hanabi?

— Ela foi sequestrada durante o ataque, quiseram roubar a Kekkei genkai dela – disse e Mebuki aquiesceu. Não bastou todo o sofrimento ainda queriam se aproveitar de um momento como esse para roubar os segredos do Byakugan e de tantas outras linhagens sanguíneas?

— Ainda bem que vocês conseguiram achá-la a tempo. Ela ficará bem, tenho certeza – e o rapaz aquiesceu, concordando, mas o olhar dele continuava vago, com uma tristeza tão grande que ela soube que algo mais o atormentava – Mas não é isso que o preocupa. O que houve?

— Não é nada, eu...

— Ora, Hyuuga, por favor... – Mebuki o interrompeu – Sei que não sou a melhor pessoa para você conversar sobre os seus problemas, mas não acho que tenha muitas escolhas no momento e quem sabe eu possa lhe ajudar – deu de ombros e não foi preciso muito para Neji finalmente falar o que lhe afligia.

— Tenten... eu não a encontrei ainda e... – mas interrompeu-se sem saber como expor seus sentimentos a alguém que mal conhecia. Ela estaria bem? Havia acontecido algo com ela?

            Quando disseram que ele teria uma missão, ele havia pedido para a noiva ficar no distrito, pediu que ele ajudasse a proteger o seu clã e mesmo que ela não tivesse gostado no início da ideia, concordou. Tinha alguns dias que ela não estava se sentindo muito bem, havia desmaiado duas vezes durante a semana e ele temia que sua noiva se machucasse durante uma luta. Era melhor que ela ficasse ou assim pensou até ver que o alvo, na verdade, era Konoha.

            Ele havia voltado para a vila e assim que chegou no distrito Hyuuga a procurou, mas estava um caos, várias mulheres e crianças estavam assustadas e alguns shinobis procuravam por Hanabi, foi quando soube do sequestro de sua prima mais nova e que Hinata havia ido atrás do possível sequestrador. Ele sabia que devia ir ajudar as primas, mesmo que seu coração pesasse e não parasse de pensar em Tenten. Ainda chegou a perguntar pela noiva, mas ninguém a havia visto e ele tinha que pressupor que ela não estaria sobre os escombros, sua mulher era forte, afinal. Ela estaria viva e foi com esse pensamento que se lançou atrás de Hanabi. Mas agora... agora ele estava perdido, os pensamentos sombrios o alcançavam e ele tinha vontade de sair dali ao mesmo tempo que o medo o dominava com o que ele encontraria.

— Ora, se é isso que o preocupa, pode se tranquilizar. Ela está aqui no hospital, foi atendida e agora se encontra em um leito no andar de cima – Mebuki disse e Neji arregalou os olhos.

— Tem c-certeza?

— Claro, Mitashi Tenten, não é? Ela ajudou a proteger o hospital, mas acabou ferida junto de Kurenai. Foi isso que contaram, pelo menos – Neji ficou tenso com a informação. Ferida? Ferida como? Queria mais informações, queria ver Tenten, mas... olhou para a prima.

— Não se preocupe, vá vê-la, eu fico aqui e tomo conta de Hanabi – Mebuki tentou tranquilizá-lo, mas não funcionou.

— Com todo o respeito, mas a senhora não seria capaz de protegê-la, caso... – mas calou-se ao ver o olhar que a matriarca Haruno lhe enviava.

— Posso não estar na minha melhor forma – e olhou rapidamente para a perna ferida – Mas pode ter certeza que não sou uma adversária fácil de derrotar – e alguma coisa em Neji gritou que ela estava certa. Se havia alguém considerado feroz em Konoha, essa era Haruno Mebuki. Mesmo sem saber jutsus, o olhar dela demonstrava a lutadora que era.

            Aquiesceu, sorrindo brevemente para ela e fazendo uma leve mesura. Primeiro, Sakura e agora a mãe, Mebuki. As Haruno’s realmente eram muito interessantes. Agradeceu e saiu dali para ver a esposa com a certeza de que Hanabi estava em boas mãos.

—*-

            Seus olhos estavam nublados pelas lágrimas e ela queria desabar ali. Estava cansada e arrasada depois dessa cirurgia. Sentia seu corpo tremer pela falta de chakra, mas ela dava um passo após o outro, tentando se firmar, tentando não demonstrar o quanto se sentia derrotada. Mika-san... não havia conseguido salvá-la. Não importava o quanto se esforçara, o corpo da pobre senhora não havia resistido... se ela tivesse mais chakra, se já tivesse dominado aquela técnica... talvez não estariam nessa situação.

— Sakura-sama! – ouviu uma enfermeira chamá-la atrás de si e tratou de passar a mão nos olhos para esconder o sofrimento que passava.

            Seu corpo parecia quebrar e sua cabeça latejava de dor, mas não podia fraquejar, ainda não...

— Diga – forçou a voz a tentar soar forte, mas a enfermeira deve ter estranhado, pois a encarava longamente – O que houve? – tentou mais uma vez e pareceu dar certo.

— A moça, Mitashi Tenten, acordou. A senhora disse que era para avisá-la quando ela acordasse. – e Sakura respirou fundo mais uma vez ao ver o que teria pela frente. Aquiesceu para a mulher e foi em direção ao quarto de Tenten.

            Ao chegar lá viu Neji junto da noiva e suspirou mais uma vez. Não conhecia direito a Mitashi, mas ela parecia alguém animada e forte, pelo menos esperava que fosse, pois a notícia que daria não seria fácil.

— Que bom que acordou – Sakura disse com uma tentativa de sorriso. A verdade era que cada passo parecia piorar a sua situação. Seus níveis de chakra estavam ficando perigosamente baixos.

— Sakura-san! – Tenten saudou a médica e Neji logo observou a Uchiha e notou que algo não estava certo com ela. Olhou para Tenten que tinha um sorriso alegre de agradecimento – Obrigada mais uma vez. Primeiro salvou meu noivo, e agora a mim.

— Não precisa me agradecer – Sakura disse baixinho – Eu vim ver como você está. Passou por uma cirurgia e perdeu muito sangue – iniciou o discurso, falando sobre os problemas enfrentados pela paciente.

— O que aconteceu para você ficar dessa forma? – Neji indagou à noiva que começou a explicar o que houve.

— Eu estava nas montanhas, havia aproveitado para ir visitar o meu pai quando tudo aconteceu – explicou brevemente.

            O pai de Tenten era um dos maiores forjadores de armas ninjas de Konoha, mas que preferia se manter isolado da cidade para fabricar suas armas. Foi por causa dele que Tenten resolveu se tornar uma ninja e mostrar a todos as grandes habilidades de seu pai com a forja. Ao ouvir isso, Neji nunca se sentiu tão grato pela personalidade antissocial do sogro. Graças a isso, Tenten não sofrera com o ataque.

— Ao ver o que tinha acontecido, peguei algumas armas ninjas com o meu pai e comecei a ajudar quem via pela frente, fui até o distrito Hyuuga e vi que Hanabi não estava ali – continuou a contar – Comecei a procurá-la, quando encontrei o inimigo. Ele atacava Shizune, então não pensei direito antes de atacá-lo. Por sorte, Kurenai também estava por perto e também apareceu. – foi quando Tenten notou que não tinha notícias da outra kunoichi – E Kurenai, como ela está?

— A Kurenai-san está bem, mas... – Sakura retomou a fala – Eu preciso conversar com você sobre o seu caso.

— Algum problema com a Tenten, Sakura-san? – Neji rapidamente interveio e o olhar sério da médica fez com que ele ficasse em alerta – O que houve? Ela vai precisar de alguma cirurgia? Houve alguma consequência? Diga logo! – bradou ao ver o silêncio da Uchiha.

— Neji! – Tenten repreendeu o noivo que continuava angustiado, mas desculpou-se com a médica – Tudo bem, Sakura-san, pode contar o que está acontecendo? – e observou com cuidado a médica que parecia prestes a desmoronar, apesar de lutar para parecer o contrário. Ela devia estar exausta.

— Tenten, o seu ferimento foi muito profundo na região do baixo ventre. Você perdeu muito sangue. Fizemos o procedimento para conter a hemorragia e conseguimos fazer uma transfusão de sangue para repor o que perdeu. Foi um procedimento demorado e nossa primeira ação foi estabilizá-la.

— Mas deu tudo certo, não é? – Tenten interrompeu, observando que ainda havia uma bolsa de sangue ligada ao seu braço.

            Sakura mordeu o lábio, frustrada por ter que dar aquela notícia, mas não tinha escolha. Tenten precisava saber o que aconteceu, precisava saber de tudo.

— Sim. Mas o ferimento vinha de uma área muito delicada e mais de um órgão havia sido atingido, tivemos que estancar todas as áreas, foi quando percebemos que... – Sakura engoliu a seco, e forçou-se a continuar – ... percebemos que a maior parte do ferimento havia atingido uma região delicada, o seu útero e, infelizmente... não conseguimos salvar o bebê. – finalizou observando o semblante surpreso de Tenten.

            Sakura não desviou o olhar da Mitashi que permanecia imóvel, sem saber se havia ouvido direito.

— O quê? – foi a única coisa que Neji conseguiu formular. Por um momento havia parado de respirar, o que aquela mulher estava dizendo?

— B-Bebê? – e imediatamente Tenten colocou as mãos na barriga, tentando absorver a informação – E-Eu e-estava... – e como se algo finalmente tivesse feito sentido dentro dela, recordou-se dos desmaios, dos enjoos e tudo fez sentido.

            Ela estava grávida! Grávida e havia perdido o seu bebê... o bebê dela e de Neji. Sem conseguir se segurar gritou de dor, enquanto as lágrimas caiam pelo seu rosto. O Hyuuga imediatamente abraçou a noiva, ainda sem conseguir processar direito a informação. Tenten estava grávida de um filho seu... e havia perdido. Fechou os olhos com força, sendo esmagado pela dor de perder o filho que nem ao menos sabia que estava sendo gerado.

— Calma, Tenten... por favor... – pediu à mulher que estava aos prantos.

— Precisa se acalmar, ainda está muito fraca! – Sakura também interveio, segurando a mulher que parecia se debater nos braços do noivo.

— C-Como posso me acalmar? E-Eu estava... estava grávida e... e nem sabia! E-Eu matei o nosso filho, Neji... Eu o matei! – berrava Tenten que era contida por Neji.

— Você não o matou! Não é sua culpa, Tenten! Não é! – Neji berrava para ela. Aos poucos Tenten parava de chorar, embalada pela voz de Neji. Sakura queria deixá-los a sós, mas ainda não podia.

— Não fique assim... ainda podemos ter a nossa família. Ainda vamos ter muitos filhos... por favor, não chore! – pedia Neji – Pergunte a Sakura! – e Sakura sentiu seu estômago se revirar por ter que dar mais uma notícia ruim ao casal.

— Sobre isso... – e a voz pesarosa da Uchiha chamou a atenção deles.

— Por favor, Sakura... me diga, eu ainda posso ter um filho? – o olhar desesperado de Tenten encarava a Uchiha que respirou fundo.

— O seu útero foi muito atingido, como eu disse... – tentou falar da forma mais calma possível – Foi muito difícil, mas conseguimos manter o órgão – e ela viu quando a Mitashi suspirou aliviada – Mas... as chances de uma nova gravidez são muito baixas, sinto muito. – disse de uma vez e novamente o silêncio se fez presente no quarto.

            Neji olhou para a esposa esperando uma nova explosão, Tenten não mais gritava, mas dos seus olhos ainda vertiam lágrimas e mais lágrimas. E o coração de Neji se apertou ao vê-la sofrer. Era estranho para ele aquele sentimento, sempre foi frio, sempre achava que sua vida havia sido decidida desde o momento em que nasceu na segunda família dos Hyuugas. Ele nunca teve perspectiva de formar uma família, sempre imaginou que morreria jovem, lutando pela vida de alguém da ramificação superior, até que conheceu Tenten. Ela mudou sua vida e o seu modo de enxergar as coisas, então vê-la sofrer doía em si.

— Tenten... tudo bem, não chore... podemos dar um jeito... – falava para acalmá-la.

— Neji... – abraçou o marido fortemente.

            Mesmo que ele nunca tivesse pensado em formar uma família, Tenten já era sua família. Não importava se ela não conseguisse lhe dar filhos, ele só queria vê-la feliz. Desde que ela estivesse bem, ele também estaria. Ela era o seu mundo.

            Sakura não conseguia mais ficar ali. Pediu licença e saiu para dar privacidade ao casal. Depois conversaria melhor com os dois. O casal nem ao menos reparou na saída da médica, tão imersos dentro da dor que sentiam. Tenten sentia-se vazia, ouvia o noivo, mas se sentia tão triste que ela se perguntava como podia sofrer por alguém que nem ao menos sabia da existência. E agora nem teria a possibilidade de formar uma família com Neji. Ele a odiaria. Havia feito o filho deles morrer. Havia tirado a chance de Neji ter um filho, alguém pra continuar a linhagem dele. E ela sabia que por ele ser um Hyuuga aquilo devia ser algo importante.

            Chorou baixinho, ainda sendo acalentada por ele, mas sabia que ia ser uma questão de tempo até ele entender as palavras de Sakura. Por enquanto ele ainda estava nervoso e estava preocupado consigo, mas depois... depois ele a odiaria, assim como ela já se odiava.

— Desculpe, Neji... – murmurou para ele que não entendeu o motivo daquilo – Desculpe...

— Você não precisa se desculpar... tudo bem... – e acariciou o rosto dela para tentar tranquilizá-la, mas Tenten continuava com aquele aspecto sofrido e desolado.

— Eu te amo... – ela disse e Neji beijou seu rosto enquanto murmurava palavras de amor e consolo. Mas ela sabia que devia libertá-lo enquanto podia, enquanto ainda não pertencia a família dele – Eu te amo tanto... que não posso permitir que fique comigo... – murmurou com voz embolada pelo choro e Neji paralisou com a fala da mulher.

— O quê? – não podia ter ouvido direito.

— Neji... – ela tentou falar, mas o Hyuuga a impediu, abraçando-a firmemente, mas sem machucá-la.

— Não ouse fazer isso! Não importa o que aconteça, eu não vou permitir que você me deixe, está me ouvindo? – e a encarou de forma séria – Eu te amo, Tenten! E você é a minha família, independente de filhos, é você quem eu quero para ficar ao meu lado!

— Mas Neji... sua família... – tentou dissuadi-lo, mas ele novamente a interrompeu:

— Não me importo com eles! É você quem eu amo, é você quem eu quero ao meu lado! – e Tenten arfou diante da fala do amado – E nós ainda temos uma chance, pode ser mínima, mas ela existe e, se mesmo assim não funcionar, eu não me importo! – Tenten negou com a cabeça

— Você fala isso agora, mas sei que depois irá querer ter filhos e...

— Podemos adotar, podemos criar animais ou tentar outros métodos, mas qualquer alternativa será com você ao meu lado! Só você... – e acariciou o rosto da mulher que não conseguia falar mais nada, apenas chorar com a declaração do noivo.

— V-Você realmente faria isso por mim? Seu clã não iria permitir...

— Não me importo... não me importo... – negou veementemente – Eu não era nada antes de você, não tinha propósito, sempre pensei que meu destino estava selado até te conhecer e me apaixonar por você... você me ensinou tanto e agora eu peço que você não deixe que o destino decida que não podemos ficar juntos, ou que não podemos ter uma família... porque eu vou lutar contra esse destino até a minha morte.

            Neji falava tão firme, mas era possível notar que ele fazia força para não desmoronar na sua frente de tão desesperado que estava. Ela era realmente horrível... mal ele soube que perdera um filho e ela pensava em abandoná-lo, mas não fazia isso por mal, ela apenas se sentia tão miserável naquele momento por ter sido descuidada e ter perdido o filho deles... o filho que ela nunca conheceria. No fundo, talvez, ela apenas quisesse ter alguma forma de se punir por isso, mas no seu desespero não pensara nos sentimentos de Neji, a única pessoa que não queria que sofresse mais.

            Quando eles se conheceram, Neji era uma rocha, pouco falava, pouco demonstrava, eles terem caído na mesma equipe foi um problema no início, na verdade eles formavam, junto com Rock Lee, uma equipe muito estranha. E foi o sensei, Maito Gai, e as missões que foram os aproximando. Tenten, então, começara a olhar o Hyuuga de forma diferente e foi a sua obstinação em conhecer melhor o prodígio do clã que a fez ver o que ele escondia, em conhecer o passado sofrido dele e a fez se apaixonar pela pessoa sensível e amável que Neji forçava em esconder em nome do dever e de um pseudo destino.

            Por causa disso, ouvir que ele lutaria contra o destino para ficar com ela, para formar uma família com ela, não importava como fosse, foi algo que ela nunca imaginava ouvir. Foi isso que fez ela recobrar a razão e, se fosse possível, amá-lo ainda mais. Ele a aceitava de qualquer jeito, assim como ela. E era tudo o que ela poderia pedir.

— Não importa o que destino diga, nós vamos ficar juntos e ter a nossa família, Neji – disse para ele, antes de voltar a chorar e ser amparada pelos braços dele, enquanto sentia as lágrimas dele caírem em seus cabelos.

—*-

            Sua cabeça latejou com força e soube que seu corpo não aguentaria por muito tempo. Era muito para ela lidar e seu excesso agora cobrava um preço. Não bastava Mika, agora seu coração também doía por Tenten e Neji. Começou a andar para fora do hospital, sem saber ao certo para onde ia. Ela só sabia que tinha uma necessidade de sair dali, precisava respirar um pouco, precisava... sentiu a vista escurecer e apoiou-se na parede do lado de fora do hospital. Suava e arfava pelo esforço físico e mental. Fechava os olhos e era possível ver todas as pessoas que atendera no dia, todo o sangue e sofrimento e o quanto ela lutou para salvar todas quanto possíveis. E também conseguia ver quantas ainda precisavam de ajuda, ainda precisavam dela. Deu mais um passo, mas novamente o mundo pareceu girar, não enxergava mais nada e seu corpo não mais respondia. Iria desmaiar ali. Iria desmaiar e ninguém saberia onde ela estaria. Droga, por que ela tinha que ser tão fraca?

            Fechou os olhos, esperando o baque, mas esse não chegou. Ao contrário do que pensava que aconteceria, alguém a segurava. Braços a seguravam e a acolhiam de uma forma tão boa e tão quente que ela somente se deixou levar. Reunindo o resto de força que tinha, observou dois orbes ônix a encarando preocupados e em seguida não viu mais nada.

—*-

            Sasuke segurou Sakura e acariciou o rosto da esposa, preocupado. Ela havia desmaiado de exaustão. Ele havia acabado de retornar ao hospital com mais alguns sobreviventes e tentava encontrar uma maneira de falar e encontrar com a esposa quando a viu andar pelo jardim do hospital parecendo prestes a demaiar. Ele só conseguiu correr na direção dela e evitar que ela desmaiasse e se machucasse com a queda. E agora ele estava ali, observando-a dormir serenamente em seus braços. Não havia avisado ninguém sobre o que aconteceu com a esposa. Ele sabia que ela havia se esforçado além da conta e seu corpo precisava apenas de um repouso, além disso... além disso, ele era egoísta o suficiente para querer ficar com Sakura em seus braços somente mais um pouco. Precisava senti-la, ouvir a respiração dela e ver que ela estava viva e que não havia a perdido como acontecera com sua mãe e tantos outros Uchiha’s. Ela, ali, era a prova que precisava, o corpo quente, aconchegado ao seu... ela estava viva. Estava viva.

            Abaixou a cabeça, encostando-a no rosto de Sakura, finalmente deixando seus temores saírem.

            Sakura sentia seu corpo acolhido por braços fortes, sendo embalada enquanto ouvia um pequeno barulho, como de alguém chorando baixinho. Mas quem seria? Forçou-se a abrir os olhos e por um momento não acreditou no que seus olhos mostravam. Estava delirando?

— S-Sasuke-kun... – falou baixinho, ainda sem acreditar no que via. Sasuke afastou-se um pouco para observar o rosto de Sakura e ela se surpreendeu ainda mais ao ver o rosto dele coberto de lágrimas. Só podia estar sonhando.

— Tadaima... – ele murmura segurando-a mais forte contra si. E somente nesse momento Sakura se dá conta de que era ele ali, de verdade, e não uma ilusão. E ele estava bem. Estava ali com ela.

— Sasuke-kun! – pulou em cima dele, como se suas forças tivessem sido recuperadas, abraçando-o e derrubando-o no processo, mas era retribuída de igual forma. Ele também a abraçava, sem se importar de ambos estarem jogados no chão do jardim do hospital. Sentiu o rosto ficar úmido e soube que estava chorando. – Okaeri... – falou com a voz embargada, sem conseguir soltá-lo.

            Ela havia sido forte todo aquele momento, havia feito de tudo para sobreviver e salvar aqueles que podia, estava no hospital há horas, tinha visto diversas pessoas morrerem sem poder fazer nada, sendo o mais forte que podia, tentando não transparecer nada. Mas agora... abraçando Sasuke, ela sentia que podia desmoronar um pouco, não precisava ser tão forte com ele, havia alguém para dividir o fardo, alguém que a acolheria sem precisar falar nada. Aquelas lágrimas eram de tristeza pela situação, mas também eram de alívio. Ele havia voltado bem, não perdera novamente alguém importante para si.

            Sasuke somente acariciava os fios rosas, deixando Sakura chorar. Ela precisava disso tanto quanto ele.

— Eu disse que voltaria – comentou ao ver que ela se acalmara e sorriu tristemente – Que bom que está bem... – e Sakura notou a forma como falara, percebendo que havia algo mais que ele não lhe contara.

— O que houve? – questionou, afastando-se dele, mas Sasuke a puxou para perto de si novamente.

— Ainda não... – murmurou contra os cabelos dela – Só mais um pouco. Me deixe ficar aqui. – e Sakura sentiu algo molhar seus cabelos.

            Sasuke estava chorando. Não era ilusão essa parte também. Quis indagá-lo, mas percebeu que, fosse o que fosse, Sasuke só queria dividir o que sentia com ela. Ele precisava disso tanto quanto ela. Ambos haviam passado por momentos terríveis e, mesmo que não soubessem ainda tudo o que aconteceu com o outro, ambos estavam ali, juntos e bem. Ambos continuariam juntos e enfrentariam juntos tudo o que o futuro os reservassem. Ambos aliviariam o coração ali. Ambos só precisavam chorar e lavar a alma, sabendo que lutariam mais tarde, mas agora só precisavam dos braços um do outro e do alívio que os tomava.


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Notas finais do capítulo

Finalmente o reencontro SasuSaku, né? Confesso que quando escrevi o rascunho desse capítulo há muito tempo, ele era completamente diferente, bem ao estilo mocinho encontra mocinha e rola um beijão, mas percebi, conforme ia escrevendo, que depois de tanta destruição, tanta morte... as coisas que aconteceram com os dois nesse intervalo de tempo separados não podiam ser ignoradas. Eles tinham uma carga emocional muito forte e ambos suportaram muito até finalmente se encontrarem, onde puderam se encontrar conforto e suporte nos braços um do outro. Sinceramente, achei mais bonito assim. Estar ao lado de alguém com quem podemos ser nós mesmo, não é a melhor coisa que se tem?

Sobre o resto do capítulo, bom, ainda teremos alguns reencontros para fazer, como Naruto com Minato e Hinata... mas preferi deixar para o próximo capítulo para não demorar mais do que já demorei. E, claro, vocês verão o que aconteceu com a Tsunade e o que esperar agora que estamos iniciando a 4ª Guerra Ninja! Mas não se preocupem pois não é algo que vá se alongar muito, pois já entramos na reta final da fic... eu só preciso fechar uns pontos em abertos que deixei no início da fic e acho que alguns nem lembram direito kkk mas eu lembro e tem a ver com uma promessa feita ao Sasuke... será que alguém adivinha o que é? XD

Gente, muito obrigada por todo o incentivo esse tempo e por não desistirem de mim! Isso foi muito importante para eu continuar a fic e é por vocês que ela será finalizada com todo o meu amor.
Obrigada pelos comentários, pelas recomendações e favoritos... vocês são incríveis!

Beijos e até a próxima!



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