Reparação escrita por Luhni


Capítulo 10
Lua de mel


Notas iniciais do capítulo

Yoo minna!!^^
Desculpa a demora, o capítulo já estava pronto desde domingo, mas aconteceram umas coisas que me deixaram pra baixo e depois a minha net resolveu sumir *puf*, então tive que esperar que tudo fosse resolvido para poder postar! ^^
Bom, muitíssimo obrigada a todos os comentários (estou terminando de respondê-los, ok? ;D) e meu obrigada em especial a CherryChan pela linda recomendação suas palavras foram lindas e fico muito feliz por ser considerada uma de suas autoras favoritas daqui do Nyah, fico honrada, sério! ^^
Então, esse capítulo é dedicado a você CherryChan, espero que goste!

E boa leitura a todos!



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O espelho refletia a imagem de uma garota de cabelos rosa presos em um coque elegante com uma pequena franja, caindo na frente do rosto, e orbes verdes. Seu semblante era triste e às vezes uma lágrima teimava em escorrer por seu rosto, mas esta logo era enxugada para não borrar a maquiagem simples. Passou a mão pelo quimono branco ricamente ornamentado para ajeitá-lo no corpo, estava um pouco apertado, mas talvez isso se devesse ao fato de que aquele quimono não era para ser seu. Seu corpo era diferente do dela, apesar das comparações físicas. Sakura encarou mais uma vez o espelho, o que era para ser um vestido de noiva a seu ver era uma mortalha.

Ouviu batidas na porta e viu seu pai passar por ela, usando um quimono de comemoração e internamente ela se perguntou o que havia de comemorar? Mas dispersou os pensamentos negativos, já bastava a sua própria mágoa, não precisava que sua mente a torturasse ainda mais, principalmente porque ela mesma havia aceitado o seu fardo.

Kizashi olhou para a filha embasbacado com a beleza da mais nova, sua Sakura havia crescido tanto em dois anos e nem havia notado. Era praticamente uma mulher, uma verdadeira flor que desabrochara. A única coisa que não enxergava era o sorriso tão característico de sua menina, mas ele não podia culpá-la por isso, não depois de tudo que fizera.

– Está pronta? – indagou sem ter coragem para elogiá-la, sabia que adjetivos não fariam sua filha mais feliz naquele momento.

Aquiesceu e seguiu ao lado do progenitor e, conforme os passos avançavam, ela se imaginava indo em direção a sua execução. Ela não sabia o que viria a seguir, mas havia prometido fazer o seu melhor para cumprir a promessa que fizera a sua irmã, mesmo que isso significasse um auto sacrifício. Pararam em frente ao altar feito na própria casa Uchiha e tirou a mão de perto do pai, impedindo que o progenitor oferecesse-a ao noivo como era o costume, da mesma forma que também não usava nada para cobrir os cabelos rosados. Não ligava se isso pareceria uma afronta aos clãs presentes, pois ela podia estar se casando, mas não significava que pertencia a Sasuke e ele não pareceu se importar com isso.

Mikoto havia preparado uma pequena cerimônia para os dois e, tendo em vista que ela só teve uma semana para organizar todos os preparativos, tinha que admitir que a casa e o jardim onde fora posto o altar estavam belíssimos com os dois rosários budistas que simbolizavam a junção das duas famílias. Para ela não havia necessidade de nada disso, porém a matriarca do clã Uchiha fizera questão de enfeitar e fazer uma pequena reunião com a hokage e os chefes dos clãs, a fim de validar veracidade do casamento, e alguns convidados mais íntimos como Ino e Naruto.

Suspirou ao ouvir o sacerdote iniciar o discurso e voltou a observar qualquer outra coisa para não ter que prestar atenção em nada que o religioso proferiria durante a oração, palavras como “amor”, “devoção”, “companheirismo” não tinham sentido naquela ocasião e se ficasse atenta era bem provável de revirar os olhos com tamanha hipocrisia ou então riria daquilo. Olhou de esguelha, pela primeira vez, para o seu “noivo”, vestia um quimono preto formal, e observou que ele parecia tão aéreo quanto ela, a face totalmente apática.

Houve a queima do incenso e a troca e celebração com a bebida cerimonial, mas tudo foi feito de forma mecânica entre os noivos. Sasuke colocou a aliança no dedo de Sakura de forma quase bruta e nenhum dos dois proferiram votos além do que o sacerdote pedira, em seguida se viraram e caminharam lado a lado para dentro da casa enquanto eram abanados por cordões de papel pelos convidados como um símbolo de sorte e prosperidade.

Sakura não aguentava mais todas aquelas formalidades, mesmo tendo ciência que ela e Sasuke haviam dispensado várias, como o ritual do sakê e as diversas trocas de roupa que a noiva deveria realizar durante a recepção, ainda assim tinha que ficar ali em pé ao lado de Sasuke e sorrir de forma forçada para os convidados que começavam a vir parabenizá-los, a fim de parecer que ao menos um dos noivos estava feliz com a união.

– Sakura... – Ino murmurou com os olhos marejados indo em direção à amiga e Sakura sorriu para a loira antes de enlaçar sua mão na dela e caminhar para um lugar mais calmo para conversarem.

Ao se verem sozinhas a loira se jogou nos braços da rosada, abraçando-a forte e deixando todas as lágrimas que estavam presas saírem em forma de cascata.

– Está tudo bem Ino... – disse ao acariciar os fios dourados para acalmá-la.

– Co-Como pode dizer isso? Eles te obrigaram a casar... com o Sasuke – falou com a voz embargada e encarou as íris verdes a sua frente. Com toda a correria que fora aquele casamento nem teve tempo de conversar direito com Ino e lhe explicar a situação.

– Bom, uma hora eu teria que me casar mesmo, não é? – sorriu falsamente e Ino teve vontade de bater na amiga por causa da resposta, não era disso que se tratava.

– Como pode ser tão forte? – indagou baixinho, se fosse ela na situação de Sakura já estaria aos prantos.

– Porque alguém tem que se responsabilizar... – sussurrou e Ino arregalou os olhos ao ouvir aquilo. Então era disso que se tratava?

– Sakura a culpa não foi sua! Não precisa fazer isso! – exclamou em suplício, não queria vê-la sofrer.

– Mas eu já fiz. – sorriu com a constatação de que realmente estava casada – Não se preocupe Ino, sei me virar e quem sabe isso não dá certo? – indagou para acalmar a Yamanaka, apesar de ter certeza que seu casamento não seria um mar de rosas.

– Se ele fizer alguma coisa... – disse enxugando as lágrimas – ...Pode me contar que eu vou até lá dar umas boas surras nele! E lembre-se que você sempre pode fugir, minha casa estará de portas abertas! – informou e pela primeira vez no dia Sakura riu com a ideia da amiga.

– Tudo bem! Mas agora acho melhor voltarmos ainda tenho que receber outros convidados - respondeu Sakura com o coração mais leve por ver que Ino estaria ao seu lado.

Ao retornar notou que Sasuke parecia que não havia se mexido enquanto estivera fora, mas tinha um semblante diferente, estava um pouco mais relaxado durante a conversa com Naruto e Kushina, algo que foi rapidamente substituído pela tensão quando se aproximou.

– Sakura-chan! – exclamou Naruto e um pouco impulsivo veio ao encontro da garota, mas parou abruptamente ao se lembrar de que agora era uma mulher casada – Teme, posso abraçar a Sakura-chan? – agora, precisava da aprovação do marido para manter contato com outras pessoas do sexo masculino.

Sakura franziu o cenho com aquela pergunta, assim como Sasuke. O Uchiha não se importava minimamente com a rosada, então não via problema Naruto se aproximar dela ou quem quer que seja, não queria ter que protegê-la ou ter que arcar com alguma responsabilidade para com ela, porém notou que o fato do Uzumaki ter pedido o seu consentimento havia perturbado a menina e sorriu de canto com a possibilidade que se desenhava em mente.

– Naruto-kun... – Sakura começou a falar ao ver que Sasuke não responderia, mas foi interrompida pelo noivo.

– Não dirija a palavra quando não falarem com você, esposa! – ordenou Sasuke e Sakura o olhou com a sobrancelha erguida – Faça como quiser dobe. – disse, no momento certo lidaria com a rosada. Sakura, apesar de estranhar o comportamento do moreno, internamente agradeceu ao ver que, talvez, a convivência com Sasuke pudesse ser um pouco melhor do que supunha.

Naruto apenas sorriu antes de abraçar a rosada que correspondeu ao carinho. Quando declararam que Minato estava em coma o loiro havia ficado arrasado e Sakura, mesmo não tendo muita intimidade com ele e estar passando por problemas em casa, resolveu fazer uma visita ao Uzumaki que tanto a incentivava quando era menor. Ela se recordava que não havia o encontrado na casa e passara um dia inteiro percorrendo as ruas de Konoha sem obter sucesso na sua busca. Havia anoitecido e ela já pensava em desistir quando o encontrou sentado em um banco de madeira, escondido entre a penumbra e a luz da lua que delatava a jaqueta laranja berrante de seu dono.

Aquela foi a primeira vez que vira Naruto chorar. Estava curvado para frente, os braços apoiados nas pernas e a cabeça baixa, seus ombros tremiam e ele apertava os lábios para evitar que soluços irrompessem de seu peito, nunca pensou que aquele garoto tão alegre pudesse ficar nesse estado e imediatamente lembrou-se de si mesma, ela era como ele naquele momento, despedaçada e desamparada. Ambos tinham cicatrizes e se xingou ao notar que não sabia o que dizer a ele, não sabia diminuir a dor dele, pois a sua própria ainda queimava dentro de si, forte e dilacerante. Era tudo muito recente. Suspirou se sentindo uma tola, mas mesmo assim caminhou até o garoto um pouco hesitante e se sentou ao seu lado.

Ela não conseguiu falar nada, então apenas segurou a mão do rapaz em um gesto mudo de conforto e esperou. Naruto não a rechaçou como esperava, ele apenas apertou mais sua mão e continuou ali, chorando como se cada lágrima derramada pudesse levar embora a dor que sentia, como se o choro pudesse resolver todos os problemas, mas não podia, não é? Afinal, ela mesma já havia chorado tanto e seu coração continuava sangrando por dentro. Sakura até hoje não sabia dizer quando parou de dar consolo e passou a ser consolada pelo loiro, mas ela recordava de começar a chorar junto com ele até que não conseguisse mais.

E naquele pequeno instante, ao olhar o rosto inchado e vermelho de Naruto que sorria tristemente para si assim como ela, teve um pouco da sua dor aliviada. De alguma forma não foram precisos palavras, Naruto sabia o que Sakura sentia por ter perdido a irmã e mesmo que seu pai ainda estivesse vivo, tinha ciência de que o estado dele era grave, mas ele não podia ficar chorando pelos cantos para sempre, ele não era o único a sofrer e sua mãe precisava que ele fosse forte mais do que nunca.

Por isso agradecia a Sakura, naquele momento ela foi a única que entendeu a sua dor, pois ela compartilhava de algo parecido. Eles não precisavam proferir nada, as mãos entrelaçadas eram o suficiente para entender o que ela queria dizer: “Estou aqui!” “Não desista!” e naquele momento um laço de amizade muito forte foi formado entre os dois, além da promessa que ele fizera de que cuidaria de todos como seu pai também fazia.

– Você está linda, Sakura-chan! – exclamou ao se afastar da garota que lhe sorriu com as bochechas rosadas, era a primeira vez que alguém lhe elogiara naquele dia.

– Arigatou Naruto-kun. – disse colocando uma mecha de cabelo para trás da orelha e Sasuke arqueou uma sobrancelha com o gesto tímido.

– Sakura-chan! – chamou Kushina e Sakura sorriu para a Uzumaki que a abraçou fortemente – O casamento não é algo fácil, mas não importa de que modo ele comece, mas como você o cultiva. Tenho certeza que vocês vão conseguir serem felizes juntos, então deem o melhor de vocês – aconselhou a ruiva somente para Sakura que agradeceu as palavras. Admirava muito Kushina pela forma como fora forte ao saber do estado do marido e como nunca perdera as esperanças de ter o seu amado de volta.

– Arigatou Kushina-san – disse ao se separar e viu a ruiva lhe sorrir, Kushina deveria saber que aquele era um casamento arranjado e as palavras dela trouxeram um conforto ao seu coração.

Naruto sorriu para as duas mulheres enquanto sua mãe começava a contar histórias de problemas que teve ao se casar com seu pai e como Sakura poderia vir até ela para pedir ajuda se precisasse. Sakura estava muito bonita, mas ele sabia que ela não estava feliz por mais que ela tentasse aparentar. Era muita coisa para a menina lidar sozinha e mesmo que ele se mantivesse presente na sua vida, não era o suficiente para curar a dor dela, apenas amenizar com as palhaçadas que ele constantemente fazia. Então, quando soube do casamento ficou estupefato ao saber que Sasuke e ela se casariam, justo eles dois.

Olhou para o amigo que se mantinha alheio a tudo o que acontecia ao seu redor, mas claramente mal humorado por ter que estar ali. Sasuke havia mudado muito desde a morte de Sayumi e Naruto não pode fazer nada para ajudá-lo, não importava quantas vezes brigasse com o moreno pela forma como se comportava, principalmente nas missões que realizavam juntos, ele simplesmente não reconhecia mais o seu melhor amigo, pensava que ele nunca mais conseguiria seguir em frente até ouvir que ele estava noivo da Sakura-chan.

Era claro que não havia amor entre os dois e que tudo fora organizado pelos clãs, sua mãe havia lhe contado a ideia de Mikoto, mas ele não tinha tanta certeza que daria certo, pois ele sabia dos sentimentos negativos que habitavam em Sasuke e por causa disso se preocupava com o que poderia acontecer com esse matrimônio.

– Sasuke – chamou a atenção do amigo que o olhou de esguelha – Sabe que eu desejo que seja feliz, mas se você fizer algo com a Sakura-chan... – a voz do loiro era baixa e ameaçadora – ...vou esquecer que você é o meu melhor amigo – disse com o olhar duro e sério, não permitiria que o Uchiha fizesse Sakura sofrer ainda mais.

– É mesmo? – Sasuke arqueou a sobrancelha com o comentário do loiro e sorriu em escárnio.

– Estou falando sério! – Naruto começava a se irritar com o amigo.

– Humf... me poupe Naruto. – disse antes de ir em direção da esposa que ainda conversava com Kushina e agarrar o seu braço a fim de afastá-la da Uzumaki – Está na hora de irmos! – decretou com um sorriso de canto ao observar o semblante de Naruto que parecia que iria explodir a qualquer momento, Sasuke estava o afrontando.

–*-

Sakura caminhava ao lado de Sasuke, quando saíram das vistas dos outros ela fez questão de puxar o seu braço e mostrar o quão descontente estava pelo modo como a puxou, mas o Uchiha não se abalou e continuou a andar ao lado da rosada. E conforme iam se aproximando do seu destino alguns fatos pairavam na mente de Sakura.

Ela estava casada agora, Sasuke era seu marido, ela era uma Uchiha e como tal tinha deveres a cumprir, como a noite de núpcias. Parou de andar ao ter esse pensamento, estava tão preocupada com o futuro que havia se esquecido completamente de que naquela noite teria que se entregar a Sasuke. Focou seus olhos nas costas do moreno que não interrompera seus passos e não soube o que fazer. Será que ele realmente levaria esse papel de marido e mulher a sério? Ela poderia negar, mas era mais do que óbvio que se ele quisesse algo poderia lhe forçar e ninguém a protegeria, afinal eram casados.

– Eu vou ter que ir ai te buscar? – Sasuke indagou com a voz irritadiça por notar que ela não o acompanhava. Sakura respirou fundo algumas vezes antes de voltar a segui-lo, apertando as mãos para que estas não demonstrassem o nervosismo que sentia.

Nenhum dos dois quis ter uma lua-de-mel ou viajar, então o único lugar que poderiam ir naquele momento era a casa que passaria a ser deles. Ficava dentro do clã Uchiha, um pouco afastada da casa que pertencia aos pais de Sasuke, porém perto de onde Itachi morava com a esposa, ela já sabia exatamente onde era, afinal acompanhara Sayumi diversas vezes até ali. Era uma casa grande de altos e baixos, a frente tão exuberante quanto qualquer outra casa do clã, havia um pequeno jardim na frente, mas o mais bonito era o que se escondia atrás da casa e foi por esse motivo que sua irmã havia se encantado.

Sasuke não esperou a garota e entrou na casa observando o ambiente, estava tudo escuro e todos os móveis da sala estavam cobertos por um pano coberto de poeira. Há quanto tempo não entrava ali? Ele e Sayumi haviam feito tantos planos, compraram a casa e arrumaram tudo conforme o gosto da noiva, da forma como ela queria para ser abandonada em seguida. Mas ele não conseguia entrar ali e não se lembrar dela lhe pedindo ajuda para mover os móveis ou a forma calma e tímida com que lhe explicava como queria que fosse a decoração. Fechou os olhos com força e ao abri-los por um momento se deparou com Sayumi no meio da sala, olhando tudo ao seu redor como na primeira vez. Ficou estático e em um ato involuntário deu um passo para frente, levantando o braço para tocá-la, porém recobrou a consciência ao ver Sayumi se transformar em Sakura bem na sua frente.

– Algum problema Sasuke-kun? – indagou ao ver o moreno parado atrás de si com o braço esticado.

– Já disse para não me chamar assim – retrucou entredentes antes de dar meia volta e subir as escadas em direção ao quarto.

Havia confundido Sakura com Sayumi, como pudera fazer isso? Porque tinha que se casar com a pirralha dos Haruno’s? Havia imaginado tantas vezes o dia em que se casaria com Sayumi, como entraria com ela em seu colo, como a beijaria e a faria sua. Ele não era um cara romântico, mas naquela época ele faria de tudo para satisfazê-la e torná-la a mulher mais feliz do mundo. Mas tudo havia desmoronado e ele não era o mesmo, Sayumi não estava ali, mas Sakura, e ele só conseguia pensar no quão errado aquilo parecia ser.

Apertou os punhos com raiva de si, por não ter sido forte o suficiente, com raiva dos malditos shinobis da nuvem, pelo ataque em si, e com raiva de Sakura, pois se ela não tivesse fugido, se ela tivesse ouvido sua ordem e não voltado para lutar, Sayumi estaria ali em seus braços. Havia seguido em frente como pedira a amada, mas com o único propósito de fazer com que todos os responsáveis pagassem por tirar a vida dela. Ouviu passos hesitantes se aproximarem e respirou fundo, passando a mão nos cabelos, havia prometido vingança e começaria com Sakura a partir daquele momento, pois ele já vivia o seu inferno particular e agora era a vez dela.

– Não quis te irritar... – murmurou Sakura da soleira da porta. Não havia entendido o que fizera para irritar o moreno, mas achou que seja lá o que tivesse feito era melhor se desculpar para que as coisas não começassem tão mal.

Sasuke prestou atenção na menina pela primeira vez no dia, ela usava o quimono cerimonial que deveria ser de Sayumi, apesar desse estar um pouco mais justo no corpo da garota, ela parecia acuada, com uma timidez que não era usual e a odiou ao pensar que ela tentava se parecer com Sayumi. Aproximou-se calmamente, encarando-a e notou que Sakura parecia assustada e não conseguia sustentar o seu olhar, parou de frente para a garota, segurando no ombro dela que tremeu com o toque.

– Você só sabe me irritar, mas não tem mais volta, você é a minha esposa, então vamos acabar logo com isso – ordenou e Sakura não pode evitar arregalar os olhos.

– Sasuke-kun... quero dizer, Sasuke, você... – porém foi interrompida ao sentir os dedos de Sasuke sobre seus lábios.

– Uma esposa não fala a menos que o marido ordene – disse antes de soltá-la, dar meia volta e sentar-se na ponta da cama para encará-la circunspecto.

“O que ele está fazendo?” perguntou-se, Sakura não entendia o comportamento de Sasuke, ele iria forçá-la a se deitar com ele? Ou estava dando-lhe uma alternativa? Ela não sabia o que fazer então apenas o observou da porta enquanto ele parecia refletir sobre algo, mas conforme os segundos passavam ela sentia que aquela indecisão apenas a deixava mais e mais angustiada, então respirou fundo para tomar coragem e proferiu:

– Sasuke eu vou arranjar outro lugar para dormir e...

– Você realmente não entende ordens, não é? – a cortou irritado para depois sorrir de forma maldosa – Mas eu vou lhe ensinar como ser uma esposa, aproxime-se Sakura!

Sentiu um arrepio percorrer a sua espinha ao ouvi-lo chamar seu nome e ela soube que não teria como fugir ou evitar aquilo, mas também decidira que não aumentaria o seu sofrimento. Ela não tinha como impedir o Uchiha de ter algo que por direito era seu, eram casados e qualquer um daria direito a ele. Odiou-se ao pensar que o que queria, suas vontades, seus desejos eram tão descartáveis quanto um objeto. Um objeto, era isso que ela seria para o Uchiha naquele momento, ele estaria apenas a usando para o seu prazer. Mas ela não podia pensar mais nisso ou então desmoronaria na frente dele e não queria dar aquele gosto a ele, não queria que ele a visse abalada.

Sorveu o ar mais uma vez como se buscasse forças e forçou suas pernas a se movimentarem, a todo instante Sasuke não desviara o seu olhar dela. Parou de frente para ele, os braços rentes ao corpo e os punhos fechados com força, e por mais que não quisesse demonstrar a sua respiração estava instável, estava com medo do que viria a seguir.

– Tire o quimono – ordenou e Sakura simplesmente travou. Ela não queria aquilo – Vou ter que eu mesmo tirar? – indagou com a voz grave e aquilo foi o suficiente para Sakura começa a desamarrar o obi de forma hesitante.

Sentia seu rosto arder em vergonha, nunca estivera tão envergonhada na vida, tentava não pensar no iria acontecer enquanto retirava o quimono junto com todos os acessórios ligados a ele até restar apenas o nagajuban, uma roupa interior que consistia em quimono branco simples, apertou as mãos contra o tecido e voltou seu olhar para Sasuke que continuava a lhe observar e arqueou uma sobrancelha ao vê-la parar de se despir.

– Eu não mandei parar – disse e com as mãos trêmulas deixou cair o resto da vestimenta no chão, ficando apenas de roupas íntimas na frente do marido.

Fechou os olhos e prendeu a respiração ao ver Sasuke se levantar e se aproximar. Teve vontade de se cobrir com as mãos e ao levantar os braços para tal, foi impedida pela voz do marido:

– Eu não mandei você se cobrir. Abra os olhos Sakura – mandou e Sakura ao obedecer não pode deixar de arregalar os olhos com medo por vê-lo tão perto e sem a parte de cima da roupa, deixando o peito a mostra.

Sasuke passou a perscrutar todo o corpo da menina de forma minuciosa, pelo rosto que agora não tentava esconder o medo, o colo leitoso que se movimentava de forma irregular, a cintura fina, as pernas desenvolvidas por anos de treinamento árduo, nada escapava daqueles olhos gélidos que pareciam sondar se a mercadoria que comprara estava do agrado do cliente. Sakura se sentia como se fosse um animal na inspeção e essa sensação só se intensificou quando ele a rodeou para observar as suas costas. “Onegai, acabe logo com isso” pediu internamente e sentiu quando ele a empurrou para a cama, colocando o peso do corpo dele contra o seu.

Seu coração disparava dentro do peito e de forma instintiva tentou afastá-lo de si, mas o moreno apenas puxou seus braços, prendendo-os acima da cabeça enquanto os olhos de Sasuke mantinham-se gelados, talvez fosse isso que a assustava tanto, a total ausência de sentimentos nele. Se ela conseguisse notar o que ele sentia, se conseguisse perceber que ainda restara um traço de humanidade dentro dele, talvez tivesse uma ideia do que esperar e se preparar. Arfou ao senti-lo tocar o seu pescoço, puxando seus cabelos com um pouco de agressividade, trazendo seu rosto para mais perto do dele e fechou os olhos.

Sasuke somente observou a menina que tremia abaixo de si e se surpreendeu um pouco ao notar que ela praticamente não havia resistido a ele, apesar do medo óbvio que ela sentia. Perscrutou mais uma vez o corpo que estava abaixo do seu e não pode evitar comparar com Sayumi, a Haruno mais velha era mais magra que Sakura, tinha as pernas definidas, mas não tão grossas quanto Sakura, Sayumi era bem mais delicada e frágil em seus braços do que Sakura, e por um momento imaginou que fosse a amada ali, porém essa não era realidade. Tocou o pescoço da jovem que se encolheu com o toque e ele deixou escapar um sorriso de escárnio antes de se aproximar do ouvido da menina.

– Do que está com medo? – questionou com voz rouca e apertando um pouco mais os braços da menina e forçando o seu peso contra o corpo dela – Você nunca chegará aos pés da Sayumi. Nunca será boa o suficiente. Eu tenho tanto nojo de você e do seu corpo que nem vale a pena! – disse entredentes e Sakura arregalou os olhos, encarando o moreno somente para ver o ódio contido nas íris negras.

Sentiu a garganta secar e seus olhos umedecerem ao vê-lo se levantar e bater com força a porta do quarto. Ao estar sozinha ouviu um soluço arrebentar de sua garganta e não conseguiu mais se controlar, logo as lágrimas se faziam presentes por seu rosto e sua respiração cada vez mais irregular. Ficou em posição fetal, apertou com força os lençóis da cama e chorou. Chorou por estar aliviada pelo fato de que Sasuke não havia a estuprado, pois era isso que ela pensara que ele fosse fazer, mas ao mesmo tempo chorou pois se sentia humilhada pelos mandos e desmandos dele.

Ele estava apenas brincando consigo, a fim de mostrar quem comandava, ele podia fazê-la se despir na sua frente, podia tratá-la como um objeto, podia brincar com os seus sentimentos e fazê-la se aterrorizar sem nem ao menos relar o dedo em si direito. Além disso, ele fizera questão de mostrar a sua inferioridade em comparação com a irmã já falecida.

– Baka... – murmurou para si.

Talvez até estivesse sendo boba em chorar por causa disso, afinal sabia que iria sofrer mais se ele tivesse realmente consumado o ato, mas mesmo assim não pôde deixar aquele sentimento incômodo pairar dentro de si. Sua vida seria assim a partir de agora? Se a lua-de-mel havia sido desse jeito o que poderia esperar do resto? E amanhã? Ele a humilharia mais? Fechou as mãos em punho enquanto outro soluço era escutado, não, não deixaria que ele brincasse com seu corpo de novo. Era uma promessa.


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Notas finais do capítulo

Primeiramente: Eu NUNCA conseguiria escrever um estupro, sou terrivelmente contra esse tipo de violência e também não conseguiria fazer um romance se isso acontecesse, então preferi agir de forma diferente, afinal não é só o ato em si, mas só o fato de que isso poderia acontecer torna a situação em algo angustiante e queria passar esses sentimentos que a Sakura viveu, bem como o alivio que ela sentiu ao ver que Sasuke não era um completo monstro por fazer isso com ela.
Segundo: Sei que existem estudiosos que defendem a ideia de que uma mulher casada pode ser estuprada sim, mas nesse caso, nesse tempo, pensem que essa ideia não existe, ok? Estamos falando de um clã completamente arcaico e machista e vocês verão isso melhor nos próximos capítulos.
Bom, fora isso o que acharam do capítulo? Tivemos um pouco mais da presença do Naruto e da Ino e podem apostar que esses dois ainda vão aparecer mais! ;D Deixei em separado a lua de mel, porque essa era uma parte muito delicada da trama e no próximo talvez aconteça outra coisa e achei que iria ficar muito grande o capítulo e pesado, então preferi dividir. Falando nisso o tamanho dos capítulos estão bons? Posso aumentar, mas iria demorar mais para postar, então me avisem, ok? ^^
Beijos e até a próxima



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