O dia mais feliz escrita por Camy


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Para quem não leu a longfic, uma pequena legenda (quem já leu não precisa ler, vou só explicar quem são as personagens):

Yuri (2 anos) - filho do Brock com a Lily
Diego (2 anos) - filho mais velho da May com o Drew
Julia (1 ano) - filha mais nova da May e do Drew
Paula e Pietra (1 ano) - gêmeas do Paul e da Dawn
Yukira (3 meses) - filha da Misty com o Ash, porém o Ash não sabe que ela existe.

O que é importante sobre o enredo: Rudy agarrou Misty quando Ash e Misty ainda namoravam e Ash terminou o namoro ao pensar que ela o traía. Misty estava grávida e não contou ao Ash. Ela não queria que a filha crescesse sem o pai, e isso explica o acontecimento ao final do capítulo. Misty e Ash não se falam desde o término.

~~enjoy



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Estava naquela salinha de espera que nem mesmo ele sabia existir. As cinco Pokébolas que usaria estavam em seu colo, enquanto Pikachu sorria em seu ombro. O ratinho parecia calmo e decidido, e Ash agradecia por isso. Se dependesse dele, estariam correndo em círculos. Seu estômago estava tão embrulhado que ele realmente não entendia como não vomitava. Mesmo assim, sorriu.

Sempre soube que estava destinado àquele momento. O momento em que, finalmente, tornaria-se um Mestre Pokémon. Olhou para Pikachu, que lambia sua patinha como se fosse um gatinho. Havia Ketchup ali, o que fez Ash rir novamente. O moreno falou para o melhor amigo:

— Eu vou perdoá-la, Pikachu. Quando Misty vier me dar parabéns hoje, eu vou perdoá-la e nós vamos voltar. Eu preciso compartilhar minha felicidade com ela.

— PIKA! – apoiou-o.

Ash fechou os olhos de emoção. Realizaria dois sonhos de uma única vez. Era o primeiro dia de julho; em dois meses completaria um ano desde que a vira pela última vez. E não aguentava mais o aperto no peito, a saudade era demais. Respirou fundo e, com o maior dos sorrisos, ouviu seu nome ser chamado para a arena. Pikachu pulou em seu ombro e, confiante, Ash entrou.

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Misty carregava a pipoca para o sofá. Yukira já estava preparada, deitada no sofá com os pés para cima. A ruiva vestia um boné vermelho com branco – igual ao do moreno que entrava na arena.

— Olha, Kira! Olha pra tevê, é o papai!

Ela riu e colocou a pipoca ao seu lado, segurando a filha nos braços e apontando para a televisão. A garotinha riu ao ver o homem que entrava na arena de areia, parecendo compreender o que Misty acabara de dizer.

— Hoje ele vai se tornar um Mestre Pokémon.

— Vai mesmo, maninha.

Dayse, Violet e Lily entraram na sala, todas com o mesmo boné que Misty usava. A ruiva sorriu e escorregou para o chão, com Yukira ainda em seu colo. Violet sentou-se atrás da ruiva e as outras duas se acomodaram ao seu lado. Todas estavam ansiosas, e torciam para Ash.

O sorriso de Misty era contagiante. Yukira riu e começou a brincar com os cabelos ruivos da mãe, que já chegavam aos seus seios. Os olhos verde-azul de Misty estavam tão focados na televisão que a ruiva nem se importou ao sentir a filha lhe puxar as melenas.

Ash não mudara nada nos meses que se passaram. Não mudara nada mesmo. Ela deixou seu sorriso crescer e limpou a lágrima que teimou em escorrer de seu olho direito. Ele continuava tão bonito quanto costumava ser. Parecia bem, feliz. E aquilo a teria entristecido em qualquer outro momento, porém não naquele. Porque, no fundo, Misty tinha medo de magoá-lo com a notícia que viria à tona no cair da noite; mas Ash estava feliz sem ela, e nada estragaria o dia dele.

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Ash se sentiu surdo nos primeiros segundos após adentrar a arena. Os gritos que vinham da plateia eram altos, e a torcida apenas o deixou ainda mais animado. Começou a abanar para eles, e depositou um olhar especial na área – nos arredores da arena – dedicada aos seus parentes e amigos mais próximos. Conseguiu identificar sua mãe, Brock e os amigos. As crianças – seus afilhados mais do que queridos – também estavam lá. Sorriu para Yuri que, apenas aos dois anos, pulava de um lado para o outro ao redor de Brock. Diego fazia companhia a ele.

Não a encontrou, porém aquilo não o preocupou. Sabia que Misty viria, afinal, lhe prometera. Quando ainda eram apenas amigos, ela prometera. “Você estará lá, né Misty? Quando eu me tornar um Mestre Pokémon?” Ela respondera: “Não perderia por nada no mundo, Ash”. O moreno sorriu. Conseguia ouvir a voz dela com tanta clareza que era quase como se Misty estivesse ao seu lado. Deixou seu sorriso aumentar e voltou a abanar para todos ao seu redor. Estava eufórico demais para inseguranças. Sentia-se tão feliz que tinha certeza: nada seria capaz de estragar aquele dia.

Olhou para seu adversário, Kay Deel. Um treinador muito conhecido e adorado. Cabelos vermelhos como fogo, e olhos de um tom amarelado. Era bonito. Bonito e, mais importante, batalhava muito bem. Os olhos de Ash brilharam e ele lançou sua primeira Pokébola.

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Misty devorava a pipoca quase sozinha. Kira brincava ao seu lado com um chocalho. Lily buscara a cadeirinha dela e a menina não poderia estar mais feliz. Vez ou outra desviava seus inteligentes olhos verdes para Misty, mas a mãe parecia ocupada demais para brincar com ela.

Kira ria sempre que a mãe pulava de felicidade e a enchia de beijos, gritando:

— O papai ganhou mais uma batalha, meu amor! Ele ganhou sim!

Acontecera três vezes. Em outras três, ela apenas mordera os lábios e deixara algumas lágrimas escaparem. Não gostava de ver a mãe chorando, mas também não compreendia o motivo de ela estar assim.

Togepi voava em círculos sobre elas, tão feliz e ansioso quanto a dona.

A batalha final começava. Misty e as irmãs tinham olhos presos na televisão. A ruiva comia desesperadamente, sem saber o que mais fazer. Ash ganhara três e perdera três das seis batalhas. Era a sétima, a final, decisiva. O desempate. Cada um deles teria que usar um Pokémon que já batalhara. Ela já sabia qual Pokémon Ash escolheria. Todas olharam, com os olhos brilhando, Ash ordenar a Pikachu para ir batalhar. Até mesmo Kira parou de brincar com seu chocalho para voltar seus olhinhos para a televisão.

Misty sentiu se coração gelar ao ver o Pokémon escolhido pelo adversário de Ash.

Kay acabara de lançar o maior Ônix que elas já haviam visto.

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Ash sentiu o estômago voltar a esfriar. Ônix ainda não evoluíra, porém Pikachu também não. Não se deixou enganar pelo fato de ser um Pokémon ainda não completamente evoluído. Respirou fundo, e apenas observou. Kay parecia fazer o mesmo.

Ficaram apenas se encarando por vários segundos.

— Pikachu, Iron Tail (Cauda de ferro)!

O Pokémon correu e sua cauda começou a brilhar num tom cinza.

— Ônix, Slam (Batida)!

Ônix investiu contra Pikachu, e os dois de encontraram no meio do caminho. Pikachu, com sua cauda poderosa, encontrou o rabo rochoso do outro, que tentava atingi-lo por cima. Foi o ratinho que perdeu a briga e voou longe, criado uma cratera no solo ao ser lançado contra este.

Pikachu não demorou a se levantar. Precisaria de muito mais do que aquilo para acabar com ele. Ash cerrou os dentes; Ônix era mais forte do que Pikachu; o ratinho, mesmo que não parecesse, possuía uma força bruta enorme, e sua cauda dificilmente era mais fraca do que a do oponente.

— Ônix, Bind (Embrulhar)!

— Pikachu, Agility (Agilidade)!

Ônix não era lento, porém Pikachu era mais rápido do que o outro. Conseguiu escapar com facilidade ao correr para o lado e saltar.

— Electro Ball (Esfera Elétrica)! – ordenou Ash.

Ônix, que ainda recuperava o equilíbrio após falhar no ataque anterior, não teve como escapar. A esfera de eletricidade que Pikachu criara o atingiu em cheio, bloqueando a visão de todos ao criar uma enorme nuvem de fumaça, que envolveu até mesmo aos treinadores.

— PIKACHU!

— ÔNIX!

Os treinadores esperaram, ansiosos, enquanto a nuvem não se extinguia. Estavam nervosos.

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— ELE GANHOU?! O ASH GANHOU?! – o grito veio de Misty, que se levantara no susto.

— Misty, abaixa que eu não consigo ver! – reclamou Violet, tentando voltar a olhar para a televisão.

— Ele ganhou?! – voltou a perguntar, sentando-se novamente.

— Não sei, não dá pra ver nada! – reclamou Lily.

— Kira, o que você acha? – a ruiva se voltou para a filha, com os olhos ansiosos. – O papai ganhou?

A menina riu e se virou para o lado, escondendo o rosto. Misty suspirou e, com os olhos ansiosos, voltou a prestar atenção à batalha.

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A fumaça, aos poucos, desapareceu. Ônix estava parado, quase intacto. Pikachu, ofegante, sentiu seus pequeninos olhos pretos se arregalarem. Sabia que os Pokémons do tipo Pedra eram resistentes a ataques elétricos, porém Electro Ball era um ataque suficientemente forte para atingir a qualquer um.

Ash observou, com atenção, que o corpo do Pokémon estava intacto, apenas ao redor da boca e dos olhos os ferimentos podiam ser percebidos. Rangeu os dentes, começando a se irritar. À primeira vez que vencera um Ônix, o conseguira ao utilizar-se de água. Olhou ao redor, porém o campo era de areia e não havia água em lugar algum.

— Ônix, Dig (Cavar)!

— Pikachu, cuidado!

O ratinho pulou para uma pedra próxima e começou a olhar ao redor. Ônix desaparecera, e não havia nem ao menos um tremor que pudesse indicar onde ele estava.

— Bind (Enlaçar)! – repetiu Kay.

— Agility (Agilidade)! – Ash também repetiu.

Porém, dessa vez, Pikachu não conseguiu escapar e foi pego pelo abraço de Ônix, que apareceu bem abaixo do Pokémon. O ataque, além de espremer Pikachu, também o impedia de contra-atacar.

— PIKACHU!

O Pokémon apenas gritou em resposta, sem conseguir realmente fazer outra coisa.

— THUNDERSHOCK (Raio do trovão)! – gritou Ash, em desespero, mesmo sabendo que o ataque dificilmente faria algum efeito contra Ônix.

Pikachu conseguiu acumular suficiente eletricidade em suas bochechas para realizar o ataque, porém não foi o suficiente para que Ônix o libertasse de seu abraço. Ash quase pediu para desistir naquele momento.

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— NÃO! – Misty voltara a se levantar, e era empurrada para baixo por Violet.

— QUER FAZER O FAVOR DE FICAR SENTADA?!

— MAS O PIKACHU TÁ SENDO ESMAGADO!

— VOCÊ FICAR LEVANTANDO NÃO VAI MUDAR NADA!

Com os gritos da mãe e da tia, Yukira começou a chorar. Detestava gritos. O choro da filha fez Misty parar de gritar e pegá-la no colo. A ruiva também deixava várias lágrimas escaparem.

— Tá tudo bem, princesinha, o Pikachu não vai perder.

Ela voltou a se sentar.

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Ash observou a cena, agoniado, por quase três segundos inteiros antes de, finalmente, a resposta aparecer em sua mente. Mais calmo, ordenou:

— Pikachu, Thunderbolt (Choque do trovão)!

O Pokémon realmente não entendeu o que Ash queria, afinal, o Thunderbolt e o Thunderschok eram ataques parecidos, e o outro não parecera fazer efeito nenhum; porém a dor que sentia era muito grande e ele se via disposto a tentar qualquer coisa.

— Agora, Iron Tail (Cauda de ferro)!

Finalmente entendendo o que Ash queria, Pikachu misturou os dois ataques, tornando sua Iron Tail muito mais poderosa do que antes. Finalmente, conseguiu se soltar e lançar Ônix longe.

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— AAAAEEEEEEEEEEE!

As quatro irmãs pularam juntas, comemorando, e Misty, com Yukira no colo, saiu dançando com o pequeno bebê pela sala.

— Eu sabia que ele ia se soltar, filha! Mamãe sempre soube!

Misty deu um beijo estalado na bochecha da menina antes de, novamente, voltar a se sentar com ela em seu colo. Kira riu e agarrou uma mexa do cabelo ruivo entre seus dedos rechonchudos.

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Pikachu caiu na arena, ofegante, porém jamais derrotado. Sabia que Ônix mal sentira seu ataque, porém fora o suficiente para se libertar dele.

O ratinho não teve nem ao menos tempo para recuperar o fôlego.

— Ônix, Crunch (Triturar)!

— Pikachu, Agility (Agilidade)!

Pikachu conseguiu escapar, por pouco, ao pular para cima. Ash parecia concentrado, e o ratinho realmente esperava que ele soubesse o que estava fazendo.

— Crunch (Triturar) novamente! – ordenou Kay.

Ônix pulou com a boca aberta, pronto para, literalmente, triturar Pikachu.

— Pikachu, Electro Ball (Esfera Elétrica) com Thunderbolt (Choque do trovão)!

O ratinho, utilizando-se de suas últimas forças, juntou uma enorme esfera de energia sobre sua cauda. Ela tornou-se de um amarelo escurecido ao se misturar com o Thunderbolt, e Pikachu a atirou contra a boca aberta de Ônix.

A explosão não atingiu apenas ao oponente, mas também a Pikachu, que se encontrava muito próximo ao lançá-la. Novamente, toda a arena foi envolta por fumaça.

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— AGORA ELE GANHOU, NÉ?! – o grito viera de Misty.

— NÃO SEI, NÃO DÁ PRA VER NADA! – era Daisy quem gritava.

— Acalmem-se, Pikachu com certeza venceu. – convicta, Lily argumentou.

— COM CERTEZA UMA OVA! – Violet desistiu de tentar fazer Misty se sentar e se levantou também, tampando a visão de Dayse.

— VIOLET, SAI DA FRENTE!

A loira também se levantou, deixando Lily sem escolha a não ser fazer o mesmo. Ansiosas, as quatro tinham os olhos grudados na televisão.

Curiosa, Yukira observava a mãe e as tias com seus olhos inteligentes, porém não parecia compreender o que acontecia. Desistindo de entender, voltou a se concentrar na mecha de cabelos ruivos que tinha em mãos.

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— ÔNIX!

— PIKACHU!

Ambos os treinadores gritaram, porém nenhum ouviu resposta. Sabiam que a batalha acabara. Ou Pikachu desmaiara pelo cansaço, ou Ônix não aguentara o ataque. Queriam correr, porém sabiam que precisavam esperar.

Aos poucos, a fumaça foi se dissipando. A ansiedade era demais, e a preocupação maior ainda. Com o coração apertado, ambos observaram a cena que, aos poucos, ia se revelando.

Ônix, nocauteado; Pikachu, ofegante, tentado, quase sem sucesso, manter-se em pé.

O silêncio reinou por quase dois segundos, e então os gritos explodiram. Ainda sem conseguir acreditar no que acontecia, ele correu até Pikachu, pegando seu melhor amigo no colo. Suas lágrimas molharam o ratinho amarelo, mas Pikachu ria. Lambeu o rosto de Ash quando este o abraçou e se deixou descansar no colo do moreno.

— Nós vencemos, Pikachu. Nós realmente vencemos.

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— ELE VENCEEEEU! – Misty começou a rir e encheu Kira de beijos.

A menininha também ria, enquanto, ao seu redor, todas as mulheres pulavam e gritavam de felicidade. Mesmo sem entender o motivo, ela começou a balançar seus bracinhos e a rir.

— ELE VENCEU MESMO! – Violet correu até Misty e a abraçou, enchendo a sobrinha e a irmã de beijos.

— Eu sempre soube que conseguiria.

Misty chorava, enquanto abraçava ainda mais a filha. Estava tão feliz, que mal cabia em si. Kira também ria, divertida.

Misty voltou a enchê-la de beijos enquanto dançava com a filha pela sala.

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Eles invadiram a arena; Brock, Délia, May, Dawn, Drew, Paul. Até mesmo as crianças, que mal sabiam caminhar, riam e pulavam ao redor deles. Paula e Pietra, que apenas engatinhavam, faziam a festa no colo dos pais.

Ash sentiu todos eles o abraçarem de vez, e apenas ria enquanto tentava reconhecer a todos. Pikachu, ainda em seus braços, também ria. Mas ele estava cansado demais para tentar corresponder, então apenas permitiu que Ash o abraçasse. Ele mal conseguia respirar.

Délia abriu espaço por entre os amigos do filho e parou em frente a ele, abraçando-o. Ash chorou como uma criança, enquanto a televisão filmava a tudo.

— Estou tão orgulhosa de você, meu menino – ela sussurrou no ouvido do filho, fazendo-o chorar ainda mais.

— Obrigado, mãe. Obrigado.

Ele a envolveu com um de seus braços, voltando a ser o garotinho que saiu de casa atrasado ao ir buscar seu primeiro Pokémon. Ele a beijou na bochecha, e riu ao sentir Délia enchê-lo de beijos.

— Ah, filho, estou tão orgulhosa!

Ela o abraçou novamente, fazendo com que todos os acompanhassem. Quando Ash conseguiu se soltar do abraço da mãe, sentiu alguém lhe puxar as calças. Em seus pés, Yuri o encarava rindo. Ash retribuiu o sorriso e o pegou no colo, e beijou a bochecha corada dele.

— Pika fez buuuum!

Ash riu mais, e Pikachu, agora em seu ombro, também riu.

— Pika, chuuuu. – concordou o Pokémon.

— Pika buuum!

Ash riu.

— Isso mesmo, Yuri. O Pikachu fez buuum!

Ash olhou ao redor, sentindo a felicidade dominá-lo. Faltava apenas uma pessoa para que tudo ficasse ainda mais perfeito. Viu Pietra puxando o cabelo de Dawn, e Julia se remexendo no colo de May. Viu Diego fugindo de Drew e até mesmo Brock, que conversava com sua mãe. Mas não viu ela. Seu sorriso, aos poucos, foi diminuindo. Misty prometera. Olhou ao redor, para a plateia, porém não conseguia distinguir ninguém. Estavam todos juntos, e pareciam fazer tanto barulho que Ash se sentia surdo.

Foi então que percebeu que nem mesmo Lily estava ali. Ela casara com Brock, e ele tinha o filho da rosada nos braços. Então por que não estava ali?

— Ash… – era Brock.

Ash o encarou confuso, e Brock sabia a quem o moreno procurava. Estendeu os braços, pegando Yuri no colo. O menino foi tranquilamente, e deixou Ash com os braços vazios. Não queria acreditar. Ela lhe prometera estar ali.

— Onde ela está?

Brock olhou para o lado, segurando um suspiro. Com esforço, voltou a encarar Ash. Era como se todo o barulho dos torcedores não existisse mais. Era como se estivessem sozinhos, e aquela sensação não podia ser pior.

— Ela não veio, Ash.

Ash sentiu as lágrimas se formarem em seus olhos novamente, e Pikachu também sentiu os olhos marejados. Assim como o treinador, sentia falta da ruiva. Afinal, ela era sua Pikaamiga. E estavam há quase um ano sem ter qualquer contato. E, é claro, tinha Togepi. Sentia saudades do ovo.

Brock soltou Yuri, que se remexia em seu colo, e deixou que o menino corresse para longe. Sabia que alguma das garotas ficaria de olho nele por si.

— Ash…

Ele apenas negou com a cabeça, sem querer ouvir, e deixou duas lágrimas escaparem antes que as limpasse.

— Ela prometeu. Eu venci por ela.

Brock sentiu seus próprios olhos marejarem e abraçou o amigo, sentindo Pikachu se enroscar em seu pescoço. Brock acariciou a cabeça do Pokémon também, e depois soltou Ash.

— Não deixe que isso estrague a sua noite. Por que não vamos para a festa, hein? Hoje é o dia mais feliz da sua vida, Ash.

Ash assentiu e limpou as lágrimas que teimavam em escorrer. Ficou balançando positivamente a cabeça por quase um minuto inteiro, e então sentiu sua mãe voltar a abraçá-lo. Nos braços dela, chorou como uma criança. A felicidade da vitória misturando-se à tristeza da perda. Porque, no fundo, sentia que a perdera para sempre.

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Elas ainda dançavam e riam, enquanto Lily pegava sua jaqueta. A irmã rosada deu um beijo na bochecha de Misty, e outro na sobrinha.

— Tem certeza de que não quer ir comigo, Misty? Ainda tem tempo de desistir de toda essa loucura e…

— Não, Lily. Ash não acreditou em mim, e eu percebi que nós não combinamos. Não damos certo juntos, sabe?

— Que merda você acabou de dizer? – Lily perguntou, quase irritada. – E toda essa comemoração, Misty? Você ainda o ama.

— NÃO! – o grito veio alto e rápido, doloroso. Kira começou a chorar e Misty beijou a testa da filha, tentando acalmá-la. – Eu não o amo, Lil, e tá na hora de você ir.

Lily suspirou e observou Misty se afastar até sentar-se no chão. A ruiva pegou o chocalho de Yukira e começou a brincar com ele, para que a menina parasse de chorar. Funcionou.

— E essa criança, Misty? Realmente vai fazer outro cuidar dela, quando tudo o que Ash quer é ser pai?

Misty riu, mas não estava mais feliz.

— Ele pode até querer ser pai, Lily, mas não de um filho comigo.

— Misty… você passou o dia exibindo, orgulhosa, Ash para Kira. Você disse a ela: Olhe o papai!

— Falei sem pensar! – se defendeu a ruiva, sem querer ouvir.

— Misty…

— Lily, não. E nem ouse dizer algo pra ele!

— Eu não vou, prometo.

A rosada suspirou e se afastou, sabendo que a teimosa da irmã jamais viria consigo. Lily saiu da casa e entrou em seu carro, dirigindo-se, em seguida, a Pallet.

Misty ficou sentada no chão, com Kira em seu colo, enquanto sorria ao olhar o amor de sua vida apertando a mão de seu adversário. Ash chorava, e ela sabia que era felicidade.

— Parabéns, meu amor.

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Ash se deixou levar por Brock, e logo a felicidade voltou a tomá-lo. Mesmo sem Misty, aquele continuava a ser o dia mais feliz de sua vida. Acabara de realizar seu maior sonho, e absolutamente nada poderia estragar aquele dia. Nem mesmo ela.

Em meio a risadas, foi até a casa da mãe. Délia dissera que a festa precisava ser lá, e ele não poderia concordar mais. Mesmo com vinte anos, ainda sentia que a casa da mãe era seu único lar. Gargalhou após ouvir a piada de Drew, e se deixou levar pela felicidade do momento.

A festa corria tranquila, e Ash brincava com Pietra. Os amigos haviam tido filhos muito cedo – May tinha apenas dezessete anos quando Diego nascera, e Dawn dezoito –, sabia. Porém também sentia vontade de ter seu próprio filho. Agora que realizara seu maior sonho, precisava encontrar outro objetivo.

Continuou a brincar com a afilhada, que ria de todas as suas palhaçadas. Beijou-a na barriga, fazendo a menina rir ainda mais. Ela ainda não sabia falar, mas soltava alguns sons não identificáveis, que Ash tentava reproduzir. Haviam acabado de rever a batalha, e Ash admitia que fora incrível. Pikachu se sentou ao lado de Pietra, e a menina tentou agarrá-lo. Ele fugiu dos bracinhos dela e a menina se libertou de Ash, contorcendo-se para chegar ao Pokémon.

— Pika… “Não…”.

Ele pulou até o ombro de Ash, e Pietra se aproximou dele, tentando alcançá-lo. Ash riu da cena, e logo viu Paula engatinhando para perto deles. Colocou-a ao lado da irmã e as duas dedicaram-se à árdua tarefa de agarrar Pikachu. O Pokémon continuava a fugir correndo pelo sofá, porém simplesmente parou. As garotas o alcançaram e Ash não compreendeu. Ele possuía os olhos presos na televisão. Aos poucos, todos os convidados pararam de falar. Ash olhou ao redor, confuso, e viu que os olhares estavam focados num único lugar.

Desviou o olhar para o aparelho e viu a foto de Misty. Por um momento, seu coração parou, pensando que ela morrera. Sentiu as lágrimas nublarem sua visão ante a possibilidade, e então alguém aumentou o volume. A jornalista loira que os informava parecia extremamente animada.

A foto de Misty foi substituída por uma da ruiva com Rudy. Mesmo com o volume mais alto, Ash não conseguiu ouvir nada. Sua mente estava focada apenas nas palavras em branco que pareciam pular na tela da televisão.

CASAMENTO CONFIRMADO!

A noite, que era para ser a mais feliz de todas, perdeu toda a sua magia naquele momento.


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Notas finais do capítulo

Minha primeira batalha *---*

E aí, mataram um pouquinho a saudade da Kira e do resto do pessoal? Eu achei um amor essa cena final do Ash com a Pietra.

A fanfic não foi betada. Se encontrarem qualquer erro, por favor, avisem :3

E então, mereço reviews? O que acharam? *---*

Me falem sobre a batalha, por favor, e sobre o resto, claro. Ficou do agrado de vocês?

Bjs e teh + ^3^//



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