Acordei com alguém me cutucando. Sempre fui preguiçoso quando a questão é acordar, não importa se é cedo ou não, pra mim dormir era a 8° maravilha do mundo.

Abri os olhos com um pouco de dificuldade, a cortina estava aberta e o sol entrava no quarto sem pedir licença. Logo me sentei na cama e vi Anny em pé ao meu lado.

–Oi dorminhoco. – Ela sorriu.

–Ahm, Oi... –Tentei sorrir mas ainda estava em transe do sono.

–Olha...me desculpe ontem a noite, mas realmente eu não me sentia bem naquele quarto. –Ela coçou a cabeça.

–Tudo bem, só espero que tenha dormido bem...sabe, a cama é pequena. –Me ajeitei na cama tirando o lençol de cima do corpo.

–Eu dormi muito bem. – Suas bochechas coraram. –Sei que devo explicações a você. –Ela andou até a porta de vidro que dava na varanda.

Me levantei da cama e fui até ela.

–Tudo bem. –Sorri. –Mas tarde se você quiser conversar sobre o que aconteceu...

–Eu sei que foi estranho, não queria te assustar. –Ela abaixa a cabeça.

–Olha. –Ergui a cabeça dela e olhei em seus olhos. –Fico feliz em te ver bem, se ti fez bem dormir aqui, isso é o que importa.

Ela sorriu e me abraçou.

–Você é a melhor pessoa que eu conheço. –Ela disse me soltando.

O dia passou e mais uma vez eu cuidei dela. Sabe, eu me sinto na obrigação. É bom tê-la por perto, me conforta.

Quando era 4 horas da tarde ela veio me chamar pra sair.

–Vini, vai fazer alguma coisa essa tarde?

–Acho que não... Por quê?

–Eu tava pensando em ir ao cinema. –Ela disse sentando do meu lado no sofá.

–Hmmm, que filme? –Disse ainda prestando atenção na TV.

–Não vi nada ainda, só queria sair, mas chegando lá a gente escolhe.

–Pode ser, já quer ir? –Olhei pra ela.

–Sim. –Ela sorriu.

–Ok - Me levantei, desliguei a TV. –Vamos no arrumar então.

Subimos as escadas e quando abri porta do meu quarto ela veio atrás. Olhei pra ela meio apreensivo e ela respondeu.

–Você não achou que eu ficaria naquele quarto né?

–Ahm...ok. –Coçei a cabeça. –E as suas roupas? Estão todas lá, vai me fazer buscar princesa medrosa? –Coloquei as mãos na cintura e falei com um ar de deboche.

–Vou sim príncipe mimado. –Ela fechou os olhos e riu. –Tudo bem, vou lá, mas você vem comigo. –Ela pegou na minha mão e me puxou.

Entramos na quarto dela e tudo parecia calmo mas, tinha um ar sombrio, as cortinas aparentavam que havia alguém atrás, sua cama estava desarrumada, tinha lençóis jogados no chão e a janela estava embaçada.

Agachei pra pegar os lençóis e coloca-los na cama. Vi que ela ainda estava na porta, meio acuada.

–Pode vir, não tem nada aqui. –Eu disse encorajando-a.

Ela deu alguns passos pra dentro do quarto, parecendo que a cada momento iria cair. Fui até ela e passei o braço por cima de seu ombro.

–Olha, tudo que você viu ontem, ou sonhou, foi sua imaginação Anny. Não precisa de medo.

Percebi que ela levou as mãos ao rosto.

–Você não sabe o que eu vi. –Ela disse começando a chorar. –Foi tão horrível Vini, tão horrível.

Abracei-a e fui em direção a sua mala.

–Não precisa lembrar. –Peguei a mala dela. –Vamos, você é mais forte que isso.

Suas lágrimas molhavam minha blusa, mas eu não me importava.Saímos do quarto e eu fechei a porta. Voltamos para o meu quarto e deixei sua mala do lado da minha.

–Pode ir primeiro.- Sorri.

–Obrigada, eu acho...- Ela semicerrou os olhos na minha direção.

–Que foi?- Dei um sorriso debochado. –Quer que eu vá antes?

–Não, pode deixar. –Ela ainda mantinha a mesma expressão engraçada.

–Ai ai. –Fui ate ela. – Agora vai querer que eu fique no banheiro supervisionando se tem ou não aparições medonhas? –Sorri ironizando com a voz.

–Não seu tonto.–Ela abriu a mala e pegou algumas roupas. –Sei me virar OK?

–Não parecia isso essa madrugada. –Segurei o riso.

–Você gosta de me provocar, né bobão? –Ela mostrou a língua e entrou no banheiro fechando a porta.

Voltei pra cama, me deitei nela e liguei a TV. Não passava nada de bom. Era sábado e não tinha TV a cabo, bela combinação. Desliguei a tevê e peguei meu livro.

Eu tinha um habito estranho para iniciação à leitura, cheirava a capa e passava os dedos entre as paginas sentindo aquele vento que saia do mesmo. Aquilo é tão bom, aposto que não sou o único que faz isso.

Anny POV's

Abri a torneira do chuveiro e senti as primeiras gotas de aguas se chocarem com meu corpo. Eu realmente adorava aquela sensação. Desde pequena gostava de ficar na agua.

Peguei o sabonete e ensaboei o corpo, depois deixei que a agua me lavasse de novo. Fiquei mais alguns segundos ali só enrolando e logo sai.
Enxuguei o corpo e me vesti. Algo básico como uma blusa azul, uma calça jeans, e um casaco cinza. Sai do banheiro e encontrei Vinicius lendo.

–Pronto. –Desfiz o coque do cabelo para solta-lo. –Falei que sabia me virar, ninguém me atacou no banheiro.

–Que bom... Pra você né. –Ele fez aquela cara de deboche idiota.

–Sem-graça. –Retruquei entendendo a piadinha sacana. –Vai lá tomar seu banho.

–OK senhora "autoridade sei me defender”. – Ele se levantou sorrindo e foi até a sua mala.

Peguei meu par de All Star preto e me sentei na cama para coloca-los. Logo ele entrou no banheiro e fechou a porta.

Senti a cama vibrar e me virei pra ver o que era. Era o celular do Vinicius. Peguei-o vi que era uma mensagem. É ai que minha curiosidade fica gigante, sei que é errado ver as coisas dos outros, mas, eu precisava ver. Deslizei o dedo pela tela e abri a mensagem.

“Oi querido, tudo bem? Estou com saudades das nossas saídas. Tem o que fazer hoje de noite? Seria uma boa se saíssemos haha.

Bjos. Laninha~”

Quando li aquilo me senti um pouco mal por saber que Vinicius ainda conversava com aquela vagabunda. Sei que eles eram namorados a alguns meses atrás, e também não sabia o por que eles haviam terminados, mas poxa, o que ela queria com ele?. Será que já não era o suficiente ela sair com ele àquela época e trai-lo com qualquer um que aparecesse?. Deve ter sido jogada pra escanteio pelas colegas e pelos ficantes dela.

Não me aguentei. Tive que responder aquilo, nem que eu tivesse que apagar a conversa.

“Oi Lana. Esta tudo ótimo aqui, mas creio que pra você deve estar bem ruim né? Por que já que veio me chamar pra sair é por que não tem ninguém que ti queira hoje. Olha na boa vê se me esquece, OK? Falou.”

Enviei a mensagem, depois apaguei o histórico e por final bloqueei o numero dela para que ele não recebesse mais mensagens dela, não precisava que ele visse aquilo, mas se ele visse com certeza me agradeceria... Ou me daria uma bronca por ter visto suas conversas. Mas estou nem ai, queria que Lana se lascasse.

Coloquei o celular do mesmo jeito e no mesmo lugar que ele estava na cama. Levantei, me olhei no espelho e alisei a roupa no corpo para ajusta-la. Arrumei o cabelo em uma trança frouxa e deixei minha franja solta.

A porta do banheiro abriu e ele saiu de lá com uma tolha jogada em volta do pescoço, uma calça jeans rasgada e com o cabelo molhado. Sim, ele estava sem blusa, senti minhas bochechas corarem e desviei o olhar do seu peitoral.

–Agora só falta a blusa. –Ele sorriu pra mim e tentei esconder a cara para que não percebe-se minha cara toda vermelha.

–Ok, vou te deixar à vontade. –Tentei sorrir e fui em direção à porta do quarto.

–Pode ficar se quiser. –Ele me seguiu com o olhar. –Já estou pronto.

Virei-me em sua direção, e ele estava com uma blusa listrada de azul e branco. Não pude deixar de sorrir, ele estava tão bonito.

–Então vamos. –Respondi.

–OK. –Ele passou a mão no cabelo para arruma-lo e pegou o celular e a carteira.