The Life Is Just A Game — Interativa escrita por Titã


Capítulo 3
Capítulo 3 — O Homem de Preto


Notas iniciais do capítulo

Hello! Estou de volta!
Já vou avisando; não vai ser sempre que as postagens serão assim rápidas, mas eu resolvi postar logo só para avisar vocês sobre como a história funcionará.
A Lyra está tendo uns problemas, então os primeiros capítulos serão postados completamente por mim, mas não se preocupem em breve ela vai começar a postar. As postagens serão semanalmente ou a cada duas semanas. Apesar da história não ser movida a reviews, quanto mais e mais frequentemente comentar, mais importância e mais foco terá seus personagens. Ah, e um aviso: Eu coloquei links das aparências nesse e no capítulo passado ;)
Vamos fazer um exercício: Por que ninguém consegue encarar as Divindades? Alguém consegue acertar?
Enfim, aproveitem o capítulo!
Enjoy>>>



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Capítulo 3 — O Homem de Preto

 

Academia Muhammad Ali — Nove da Manhã, Mundo Normal

 

Salazar

Salazar Von Prietzche olhava para as lutas, relembrando seus dias de glória no ringue.

Depois de ter sofrido uma lesão na coluna, teve que abandonar as lutas, desde então, vez ou outra voltava para a velha academia para relembrar os velhos e bons tempos de lutas e vitórias, com as sempre desagradáveis, mas necessárias derrotas. Ele sempre ia visitar o lugar geralmente uma vez por mês, sendo muito bem recebido pelo dono, que fora um grande fã dele durante seus tempos de luta. Então, sempre que possível Salazar ia para a velha academia, que guardava boas memórias daqueles velhos e bons dias. Ele ainda se lembrava dos dias que passava dentro do ringue, lutando, a sensação de adrenalina percorrendo seu corpo enquanto se jogava contra seu adversário, a técnica sobrepondo-se à força, a sensação de poder... Salazar sentia falta daquilo.

Suspirou, olhando quando o forte homem socava em cheio seu adversário, que caiu no chão, desacordado. Ele foi pego e retirado do ringue, enquanto outros alunos observavam o treinador que sorria depois de derrotar o aluno. Salazar deu um pequeno sorriso ao relembrar quando ele que desacordava os outros.

— Olá, Von. Como vai o antigo Hombre Pared? Ainda lutando? — Seu antigo rival, Pablo Montenegro, estava parado à sua frente, sorrindo malicioso. Salazar suspirou. Aquela rivalidade deveria ter terminado há tempos atrás, mas a raiva de Pablo para com ele depois de uma humilhante derrota era enorme. Pablo amava irritá-lo, principalmente depois de Salazar ter saído da luta livre.

— Como sempre, pequeñito. Ainda sendo massacrado? — Sorriu maldosamente.

Pablo rangeu os dentes. Pablo, assim como Salazar, era robusto, mas ao contrário dos dois metros de Salazar, Pablo tinha um e oitenta, e por causa de seu nome, Salazar apelidou-o de Pequetutcho, mas desde que descobrira a nacionalidade hispânica do outro, começou a chamá-lo de pequeñito. Pablo odiava o apelido.

— Não vai lutar, Salazar? Ah é, não pode mais. A lesión te tirou esse direito, no es lo mismo?

Salazar suspirou. Apesar de algumas vezes sentir falta da rivalidade quase infantil entre os dois, algumas vezes era frustrante a lesão ter tirado a oportunidade de calar o outro como os bons tempos, através do ringue. A Academia Muhammad Ali era conhecida pela variedade de pessoas das mais variadas culturas e países, foi ali que Salazar conseguiu se estabelecer na cidade. A variedade de culturas era uma coisa admirável, se não fosse o fato da má reputação da academia, pela grande quantidade de lutas desiguais e acidentes pelos estrangeiros que ali frequentavam; por sorte, Salazar não foi influenciado pelas pessoas e sua reputação não foi manchada, ao contrário de Pablo.

— Não quero discutir contigo, Pablo, se me der licença, tenho que ir. — Se virou e saiu da área principal da academia, ouvindo um grito de Pablo, mas ignorou. Estava passando pela secção dos vestiários, quando uma figura estranha chamou sua atenção.

Era um homem alto, vestido com uma roupa não muito comum nas periferias, completamente negra. Tinha seus cabelos morenos caindo na pele negra, que chamava a atenção do Von Prietzche. Estava apoiado na parede numa área mais escura do vestiário, onde as lâmpadas viviam quebradas e não funcionando. Seu rosto estava virado para a parede e seus olhos também estavam, apesar de, quando tentou vê-los melhor, seus olhos foram automaticamente desviados por algum motivo desconhecido para si.

— Você era um ótimo lutador, Salazar, eu vi algumas lutas suas. Acho que você é um espécime perfeito para mim. — Sua voz era grossa e sombria, o que provocou calafrios no corpo do norueguês. Seus olhos escuros analisaram o corpo do misterioso homem. Que estava coberto pela escuridão.

— Do que está falando? — Questionou desconfiado. Seus lábios curvaram-se em um sorriso. Salazar se aproximou do homem, seus cabelos ruivos escurecendo-se quando chegou mais perto do homem. Ainda não conseguia encarar seus olhos.

— Acho que posso te dizer que voltará a seus dias de glória, Muralha Humana. Quer saber, acho que seria mais apropriado te chamar de Homem Torre. — Falou e começou a andar para fora do vestiário. Salazar balançou a cabeça e encarou o homem, não conseguindo acreditar na estranheza do momento.

— O que quer dizer com isso?

— Vocês, peças não tem paciência... Espere e verá, Salazar Von Prietzche.

E, assim que disse isso, sumiu no meio da escuridão.

 

Biblioteca Metropolitana — Sete da Noite, Mundo Normal

 

Hector

Hector suspirou e deitou na cadeira.

Aquilo era o ruim de trabalhar numa biblioteca, por causa da modernização, poucas pessoas realmente iam a uma biblioteca. As únicas exceções eram as pessoas mais velhas não familiarizadas com a internet e os amantes de livros que algumas vezes insistiam em ficar ali apenas para aproveitar a calma para mergulhar nos universos contidos nas palavras do livro. Já posso ser poeta, ele deu uma risadinha, que ecoou na biblioteca quase vazia, com exceção dos leitores entretidos, que mal notaram o barulho. Ele queria estar nas ruas, andando calmamente no centro da cidade, vendo as pessoas passando nas calçadas, conversando ou mexendo nos telefones-celulares, mas ele tinha que trabalhar, e sua “noiva” não gostaria de vê-lo faltar para ir às ruas. Ele ainda não sabia o porque de ainda estar com ela, não iria deixar seus hábitos noturnos, e ela odiava suas saídas tarde da noite. Mas ele não podia fazer nada, ele era uma cria da noite, e amava estar coberta pela escuridão.

Sem mais nada para fazer, agarrou um dos livros ainda não devolvidos a prateleiras e abriu-o, começando a ler, sua mente esvaindo-se de seus devaneios. O livro até que era interessante. Falava sobre antigas religiões, as mitologias egípcias, greco-romanas e nórdicas, além das divindades índicas e orientais, falava sobre os “deuses” da antiguidade, suas complexidades e divergências. Falava sobre a duplicidade entre o bem e o mal, não presente apenas nas religiões atuais, mas indo muito mais nas épocas antigas. Ele estava muito entretido em sua leitura que só percebeu o homem vestido de preto bem depois. Estava debruçado no balcão onde os livros eram retirados. Suas roupas — todas pretas — caídas sobre a bancada de madeira. Seus cabelos estavam caídos sobre o rosto, quase encobrindo seus olhos, que por algum motivo o Bittencourt não conseguia encará-los. Estava segurando um livro e estendia-o para ele.

— Desculpe. Que livro quer retirar? — Perguntou, sentindo um embrulho no estômago só de olhar para o misterioso homem.

— Não se preocupe, Hector Castiel Bittencourt, eu acabei de chegar aqui. O livro é A Dualidade das Religiões Antigas. — Disse, sorrindo. Sua voz era grossa, forte e penetrante. Hector sentiu sua voz adentrando em seu corpo, mas sabia que era apenas impressão. Olhou para o livro e franziu o cenho.

— Espera ai, esse livro era o que eu estava lendo... — Parou de falar quando olhou para sua frente, onde pousara o livro. Ele não estava mais ali. Olhou para o exemplar nas mãos do homem de preto. Era o mesmo que ele estava lendo, até os amassados do livro eram iguais. Mas não fazia sentido — era impossível ter pegado-o tão rápido assim. O homem revirou os olhos e estalou os dedos. O computador a sua frente registrou a retirada do livro sem ele ter tocado em nenhum botão.

— Ainda não apertou o enter, “cria da noite”. — Meio confuso Hector apertou o botão no teclado e o homem guardou o livro nas vestes, sorrindo. Seu sorriso era sinistro e trazia as mesmas sensações de estar completamente envolto na escuridão. Virou-se para sair, mas na metade do caminho o encarou e sorriu. — Esqueci de falar, Bispo. Prepare-se para o Primeiro Movimento, meu caro.

Então, saiu da Biblioteca. Hector ficou meio sem palavras ou o que fazer, confuso demais para fazer qualquer coisa. Não fazia sentido o que acontecera. Aquele homem era muito estranho, mas do qualquer um que um dia conhecera. Sua própria presença trazia sensações estranhas, mas conhecidas para ele.

— Hector? Tudo bem com você? — Uma voz chegou aos seus ouvidos, ele ergueu os olhos para a garota loira que estava debruçada na mesma bancada onde o homem de preto estava antes. Carregava um livro.

— Estou bem Olívia, só estou um pouco confuso por causa do homem que passou aqui.

A garota franziu o cenho, estendendo o livro que Hector pegou e começou a digitar a retirada do Rainha Vermelha, o livro que a garota pegara para ler.

— Do que está falando, Hector? — O homem entregou o livro para ela, que continuou encarando-o.

— Do homem que entrou aqui, todo vestido de negro, impossível de encará-lo. — Falou, como se fosse óbvio. Não dava para não notar um homem daquele jeito.

— Hector, desde que eu entrei aqui, mas ninguém veio. Você está lendo sozinho desde que escureceu. Ninguém entrou aqui.

 

Casa de Festa Coração Negro — Dez da Noite, Mundo Normal

 

Allison

Allison modificou o som, aumentando ainda mais o insuportável barulho.

A música que tocava era animada e perfeita para dançar sabia, mas o fone que usava abafava o barulho externo, então não conseguia ouvir direito o som. Estava trabalhando como DJ, uma das melhores coisas que fazia atualmente. Seu amor por música a fez querer esse emprego, o que era uma oportunidade única de poder modificar o quanto quiser os sons musicais, como uma cientista maluca de músicas. Seus ouvidos estavam sendo preenchidos pela sonoridade da música que ela não sabia o nome, mas que não queria saber. O importante era a música em si, não seu nome ou quem a compusera ou estava cantando. Ela adorava música, era uma harmonia sonora, que fora totalmente criado pelos humanos, algo que podia deixá-la longe do mundo monstruoso e gigantesco que a ignorava. A música era sua paixão, onde podia ser ela mesma.

Suspirou, olhando para as pessoas que dançavam animadas na pista de dança, alguns deles fazendo sinais de positividade com os dedos para ela, que apenas ignorou. Não eram seus amigos, afinal. Na realidade, ela não tinha amigos. Ela vive em casa, lendo, ao invés de ficar frente a frente com pessoas falsas. Desde que se mudara de Londres para aquela cidadezinha do interior os Estados Unidos, ela continuava com sua pacata vida, as únicas coisas que a tiravam de casa era a compra de livros e as saídas para trabalhar em casas de festas e baladas, todas as noites. Trocou a música e começou a modificá-la para ficar agradável a todos. Seus ouvidos estavam se adaptando a música, que estava mais baixa para ela, mas ainda sendo a mesma que saia pelos autofalantes do lugar.

Estava colocando mais efeitos na trilha do fundo quando uma figura apoiou-se na mesa, olhando diretamente para ela. Ela olhou irritada para a figura, o garoto sorrindo malicioso para a de olhos verdes. Seus cabelos estavam completamente bagunçados, seus olhos azuis estavam sem foco e seu pescoço e lábios estavam avermelhados, marcados de batom. Abriu a boca para falar, e seu hálito mostrava que estava bêbado. Irritada, Allison colocou a playlist de músicas já devidamente modificadas e retirou os fones de ouvido.

— O que quer, garoto? — Sua voz era repleta de irritação. Estava trabalhando, não tinha tempo de ficar batendo papo.

— Fica kauma, gatinha. Eu só quiero bater um papinho. — Ele falou, repleto de palavras desconexas, e cheio de pausas pelos soluços. Seu hálito de bebida irritava o nariz da Dixon Rose, que suspirou.

— Olha aqui, seu bêbado. Estou trabalhando, não tenho tempo para te dar foras. Vai pegar alguma vadiazinha qualquer e me deixe trabalhar. — Disse com calma, apesar de querer empurrá-lo dali. Ela apenas queria ficar sozinha e trabalhar. Mas era impossível com aquele bebum ali.

— Não fica assim não, querrida. Vamos ali para o catinho e dar uns amassos. — Obviamente, ele estava bêbado.

— Não, obrigado. Agora me deixe trabalhar. — Falou, resolvendo ignorá-lo.

O garoto pareceu perder a paciência. Já alterado pela bebida, agarrou com força o braço da DJ e puxou-a para si. Seu hálito de álcool bateu no rosto dela, a dando ânsia de vômito. Tentou fugir do aperto, mas ele era forte. O garoto tentou beijá-la, mas Allison virou o rosto e chutou suas partes íntimas. Soltando o braço para massagear suas “jóias da família”, Allison tentou correr, mas caiu no chão por um chute do bêbado estuprador. Ele se aproximou dela, zangado e a levantou, jogando na parede e começou a apalpá-la. Apenas nojo saia dela. Tentou gritar, mas uma mão tampou sua boca. Continuou a debater-se, mas sabia que era tarde demais, o lugar estava escuro e barulhento demais para alguém perceber o que em breve aconteceria com ela. O bêbado iria rasgar suas roupas quando foi brutalmente retirado de perto de si.

O seu quase estuprador caiu no chão, desacordado, e seu salvador estava tranquilo encarando o garoto com nojo. Ele estava quase invisível na escuridão da Balada. Vestia roupas escuras, tinha cabelos morenos repicados e sua cor de pele o deixava completamente coberta pela semi-escuridão do lugar. Seus olhos estavam cobertos pelos cabelos e pela escuridão, mas por algum motivo, ela sabia que não conseguiria encará-lo olho no olho. Estava tranquilo e parecia que não estava surpreso pelo que aconteceu, na realidade, algo a dizia que tinha outro motivo para salvá-la, sem ser completamente por boas intenções.

— Vocês mortais são muito influenciados por fatores externos e insignificantes. — Sua voz era grossa e penetrante, fazendo-a sofrer arrepios no corpo inteiro, ela só não sabia o porque. — Essa bebida ai, por exemplo, eu poderia beber todo o reservatório dela no mundo e não ficaria nem um pouco alterado por isso.

— Quem é você? — Questionou, curiosa e confusa. O homem apenas sorriu e espreguiçou-se; se virando de costas para ela.

— Gostei de sua música, você tem talento. Mas vamos para os assuntos que realmente importam: Prepare-se para entrar em minha coleção de peças, Allison Dixon Rose. — Falou e começou a andar. Ela demorou alguns segundos para entender o que seu salvador dizia.

— Espere um pouco! Quem é você? — Gritou.

Porém, a garota não recebeu nenhuma resposta, além do som da música que tocava.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Gostaram?? Comentem!!

Titã



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