Era mais um dia de escola. Estava sentada na segunda carteira, olhando para o quadro branco em minha frente. O sinal então bateu e naquele momento; a luz piscando do outro lado da porta, as folhas voando lá fora e o cochichar das pessoas do corredor pareciam ser mais importantes do que a aula. O tempo passou rápido.

Pensei então naquela manhã cinza de inverno. Quando, exposta do lado de fora, sentia meus dedos ficarem frios e meu coração bater devagar. O rosto rosado, e as lágrimas escorreram.

Tinha sido uma semana difícil. Eu havia segurado o choro na frente de todos, mas quando vi que não havia ninguém por perto, era uma oportunidade de desabar. Não consegui mais continuar com o esquema dos sorrisos falsos e das respostas curtas. Eu já estava fraca de mais, e com medo.

As marcas em meu braço ardiam conforme a brisa batia. Os olhos que antes estavam fechados, se abriram então. Aquela forma de "escapar" fez com que EU escapasse das responsabilidades de ser uma amiga boa, uma filha educada, uma pessoa decente. Aquilo só me tornou amarga, fria e monótona.  Eu queria minhas cores de volta, e então me colori com meu amor próprio.