Even flow escrita por Miss Ann


Capítulo 9
All of me.


Notas iniciais do capítulo

O capítulo tá sucinto, tá curtinho, tá breve #SQN. A gente se fala lá embaixo! :*



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Naquela manhã de domingo, Sakura e Kagami estavam no centro de Tóquio, no mesmo parque onde tinham ido em seu primeiro encontro. Eles observavam as poucas pessoas circulando naquela manhã friorenta e a garota se aconchegou um pouco mais no abraço do mais alto, roubando um pouco de seu calor. Ela estava receosa: não sabia quem iria encontrar dali a poucos minutos. Não sabia se estava
propriamente vestida ou qualquer outra coisa tola que assolava seus pensamentos cansados.
— Oe, Kagami-kun! - o ruivo se virou e levou junto Sakura que, subitamente, sentiu-se abraçada por algum estranho. — Oh! - a voz grossa percebeu que estava esmagando Sakura e se afastou, permitindo que ela pudesse encarar o sorriso jovial que rejuvenescia a expressão daquele homem de quase dois metros de altura e cabelos castanhos. — Yukino Sakura-san, certo? Considerada uma das melhores
jogadoras de basquete da temporada passada!
— Perdão... - começou ela, olhando para Kagami e vendo-o sorrir.
— Sakura, este é Kiyoshi "Coração de Ferro" Teppei. Agora trabalha como treinador de times júnior de basquete. - bateu no ombro do homem ligeiramente mais alto que ele. — Na minha época, ele jogava como armador e pivô na Seirin. - a garota soltou um suspiro de surpresa.
— Por favor, não me chame assim. - o moreno coçou os cabelos da nuca, visivelmente constrangido. — Kiyoshi é suficiente. - ele se virou para o ruivo. — Pode deixar ela aqui e ir fazer sua corrida. - a garota arregalou os olhos para o namorado, que afagou seus cabelos platinados.
— Você vai perceber que não existe coisa melhor do que conversar com ele, Sakura, então se acalme, uh?
— Ok. - replicou, recebendo o beijo de despedida dele na testa e vendo-o se afastar em passos rápidos.

Sakura se virou para Teppei, vislumbrando seu sorriso amigável, que trazia ruguinhas ao redor de seu rosto. Como costume, seus olhos desceram pelo corpo dele para analisar seus pontos fortes e fracos, mas acabou se prendendo na bengala que ele trazia nas mãos.
— Eu poderia chamá-la de Sakura-san? - ela assentiu. — Você é bastante silenciosa. Vamos pegar um café ali e conversar um pouco, sim? É um enorme prazer conversar com alguém tão famosa quanto você! - exclamou, animado, enquanto andavam lado a lado. Sakura percebeu que ele mancava, mas nada comentou. Apenas acompanhou-o: compraram as coisas na cafeteria ali perto, porém não
permaneceram ali. Continuaram caminhando até a arquibancada da quadra poli-esportiva que havia na praça. Escolheram um local bem no alto e Teppei se sentou de frente para ela. — Que tal falar sobre você, Sakura-san?
— Ano... - começou, desconcertada. — Não sei bem o que falar. - ele riu antes de bebericar o café.
— Então eu começo e se você se sentir confortável... - disse, sorrindo para ela. Teppei começou a falar desde a época que foi convidado a jogar no Shoei Junior High e a descoberta de como amava basquete, contrariando seus pensamentos sobre seu corpo ser um obstáculo desajeitado. Contou sobre como foi massacrado pela Teiko e como ajudou a fundar o time de basquete da Seirin. Falou sobre como se divertia jogando basquete e como seu último ano havia sido excepcionalmente proveitoso.
— Desculpe interromper, mas eu não estou entendendo. - o rapaz a olhou e sorriu tão abertamente que fez Sakura soltar uma gargalhada baixa.
— Eu não me fiz compreender direito, não é? - disse Teppei, oferecendo um dos cookies a ela. — Não sei se o conselho que eu posso te dar vai servir para você. - ela sorriu com a bondade dele e inspirou fundo.
— Acho que sei como começar. - ele gesticulou para ela, incentivando-a. — O meu maior problema, Kiyoshi-san, é que eu estava no auge e fui arrancada de modo cruel dele. Eu não consigo me ver voltando para o basquete sabendo que eu vou falhar tanto quanto falhava quando era uma novata e isso machuca meu orgulho. Eu quero voltar para as quadras e quero sentir a adrenalina de um jogo, mas será que é possível fazer isso com esse troço? - apontou para a perna mecânica.
— A medicina está avançando bastante, Sakura-san, e você mais do que ninguém sabe que é possível voltar a jogar. Existem times especializados para deficientes.
— Mas eu não quero ser vista como deficiente! - exclamou a garota, mais alto do que pretendia. Ela sentiu o olhar de Kiyoshi e enrubesceu. — Me desculpe. Estou sendo tola.
— É completamente aceitável a sua negação, sabe? Eu demorei a entender que eu não poderia estar mais nas quadras porque meu joelho me trava e a dor é excruciante. - ele afagou o ombro dela. — Só que seu quadro é diferente do meu e você tem plena capacidade em voltar a jogar, se você quiser.
— Só que eu não consigo me adaptar com... Isso. Eu joguei uma vez com o Kagami e acabou desencaixando. - ele franziu o cenho.
— Posso ser atrevido e pedir para que você coloque a perna sobre o meu colo? - Sakura soltou uma risada baixa, mesmo que as lágrimas estivessem nos cantos dos olhos. Então colocou a prótese sobre os joelhos dele e observou o modo como ele flexionava o pé e analisava as articulações falsas. Depois de algum tempo, ele suspirou. — Já entendi o por quê de você não conseguir se acostumar com ela.
É questão de mecânica. Você estava acostumada a ter flexibilidade e essa prótese não foi feita para copiar bem os movimentos que você fazia antigamente. - Sakura arqueou a sobrancelha. — É um problema simples de ser resolvido. Você quer voltar a jogar, Sakura-san?
— Como assim? - ela estava abobalhada.
— Se você quiser, estou disposto a te ajudar. Mas, caso concorde, vai ter que aceitar as minhas condições. - Sakura estava boquiaberta, sem entender bem o que ele falava? Ele era louco?
— Quais condições? - ela estava cedendo a loucura dele. Ele abriu o maior sorriso que pôde.
— Isso é um sim? - a garota começou a gargalhar. — Vamos combinar um dia para nos encontrarmos. E eu explico tudo nesse dia, pode ser?

Quando Kagami retornou, uma hora depois, encontrou Sakura gargalhando abertamente com Teppei. A felicidade dela era contagiante e ele se pegou sorrindo enquanto se aproximava deles dois. Assim que seus olhos encontraram o de Sakura, havia alguma mudança neles. Havia uma vivacidade que não existia antes e era como se o violeta de seus olhos estivesse mais límpido e mais claro. Então, quando o rapaz fez menção de ir embora, Kagami o puxou para um abraço surpreendente.
— Eu não sei o que você disse a ela, mas eu sou eternamente grato! - sussurrou para que apenas ele ouvisse.
— Eu? - Teppei apontou para si mesmo e começou a gargalhar. — A paixão dela que a deixou assim. - uma última piscadela e o mais alto se afastava com acenos.
— Você tem um amigo incrível, sabia? - comentou Sakura, ficando em pé com dificuldade. Seu sorriso era tamanho grande que o contagiava. — E você é incrível! - abriu os braços para envolvê-lo. — Você não sabe o que está fazendo comigo.
— Como assim? - abraçou a cintura dela, afundando o rosto no pescoço dela.
— Esquece. - sussurrou, apertando-o forte entre os braços. — Vamos. Você precisa estudar para sua prova!

*

Kagami percebeu que, com o passar das semanas, Sakura estava visitando-o bastante. Não que ele se incomodasse, pelo contrário! Mas sentia que ela estava escondendo algo dele e queria saber o que era. Então, escolheu um dia que ela tinha combinado de passar em sua casa a noite para abordá-la.
— Tadaima. - disse Sakura, assim que o ruivo abriu a porta.
— Okaeri. - ele esperou que ela tirasse os sapatos, antes de puxá-la para seus braços.
— Nossa, quanta saudade. - replicou, envolvendo-o também no seu abraço e afundando o rosto no peito dele. — Aconteceu alguma coisa? - antes que ele pudesse falar, ela esticou uma sacola de papel
que estava em suas mãos. — Trouxe sushi e vinho! - exclamou.
— Ah, obrigado. - ela deixou o que tinha comprado sobre a mesa de centro e foi para cozinha pegar taças para os dois, voltando quase de imediato.
— Está tudo bem, Taiga-kun? - questionou, sentando de frente para ele e fitando a expressão pensativa. — Você está estranho. - Kagami abriu a boca pela primeira vez, mas não disse nada. Apenas mordeu a parte de dentro da bochecha e se calou, pegando o que Sakura estava servindo a ele. Comeram silenciosamente e o ruivo estava se sentindo desconfortável sob o olhar atento da namorada. — Por favor, me fale o que está acontecendo, Kagami-kun! Você está me deixando preocupada! - esbravejou.
— O motivo é uma coisa besta, Sakura. - começou, deixando seus hashis de lado. — Mas eu tenho achado que você tem me visitado bastante. - ela arregalou os olhos.
— Estou te incomodando?
— Não! - exclamou, envergonhado. — Mas eu queria saber se você está tendo o trabalho de ficar num hotel ou então de ir e voltar sempre.
— Ah sim. - a garota relaxou um pouco. Tinha ficado tensa com o que ele poderia estar sugerindo. — Eu tenho ficado na casa do Dai-chan, Taiga-kun.

Kagami fitou a expressão calma da garota e arqueou a sobrancelha, perguntando se havia escutado certo. Sua cabeça começou a latejar e talvez fosse por culpa do vinho, mas talvez fosse a pequena irritação que começou a subir seu rosto. Ele expirou audivelmente e ficou em pé, recolhendo as louças de modo brusco e foi para cozinha, jogando-as dentro da pia com total descuido. pegou a esponja e começou a lavá-las com mais força do que deveria e, sem querer, quebrou o copo de água que tinha usado e cortou a mão.
— Merda! - exclamou, jogando a esponja dentro da pia e enfiando a mão sob a água corrente. Conforme Sakura viu o ferimento dele assim que chegou a cozinha, correu para o quarto e separou um kit de primeiros socorros.
— Vem aqui. - pediu ela, mas Kagami estendeu a mão, sem encará-la. — O que eu fiz, Taiga?! - questionou, pressionando um chumaço de algodão embebido em álcool. Ele nada disse, apenas grunhiu ao sentir a ardência sobre o ferimento. Sakura inspirou fundo e fez o curativo devido. — Eu termino de lavar a louça e depois eu vou embora. - disse, deixando a caixa de lado.
— Pode deixar. Você não está acostumada a fazer trabalhos serviçais como esse.
— Eu o que? - o ruivo percebeu que a garota estava paralisada, no local. Seu rosto bonito havia adquirido um forte tom vermelho. — Por que você está dizendo isso? - nem ele sabia, mas suas mãos tremiam de raiva.
— Vá embora e volte para casa do seu "amiguinho" onde terá todas as regalias que não tem aqui. - fez menção a sair da cozinha, mas Sakura se enfiou na frente dele.
— Isso é ciúme do Daiki?! - o ruivo bufou.
— Com licença. - tirou Sakura da frente e foi para o banheiro, onde se enfiou no box e abriu o chuveiro pouco se importando com a temperatura. Enfiou a cabeça na água e deixou que ela escorresse por seu rosto. — Que droga! - exclamou, socando a parede. Estava com ciúme do Aomine porque ele podia dar tudo que a Sakura quisesse e ela preferia até mesmo ficar na casa dele do que na sua. Ele era
ainda um estudante no corpo de bombeiros e não tinha nada a oferecer além de seus sentimentos. Era um simples nada se comparado ao Aomine e não tinha o que contestar.
Deixou o banheiro algum tempo depois, vestindo apenas a calça de moletom e voltou para a cozinha. A louça estava impecavelmente limpa sobre a pia; a mesa onde haviam comido estava arrumada e o lixo havia sido levado embora. Ele ficou pior do que estava e resolveu que deveria ir dormir. Entretanto, ficou deitado na cama, repensando as poucas palavras que tinha dito e como aquilo era tinha se transformado numa grande merda. Fechou os olhos e tentou dormir.

O barulho da porta sendo destrancada o fez acordar de seu cochilo e ele pensou que era tudo o que faltava ser assaltado no prédio. Mas o toc-toc suave contra o chão o tranquilizou e ele continuou na posição que se encontrava. Sua respiração era profunda e seu coração parecia um pouco mais leve quando a porta do quarto se entreabriu e logo Sakura se deitava atrás dele, abraçando as costas largas e colocando o rosto contra a pele dele.
— Eu não sei ainda o que fiz de errado, mas me desculpe mesmo assim. - o ruivo sorriu com a sinceridade dela.
— Você não fez nada de errado, só que... Eu sou o seu namorado, entende? Por que está na casa dele e não aqui?
— Eu estava com medo de atrapalhá-lo, Taiga-kun. Você tem uma rotina muito rígida aqui e eu não quero desandá-la porque sei que tudo que faz é para que seja melhor. A casa do Dai-chan é conveniente, principalmente, porque ele quase não fica lá em época de temporada. - Kagami soltou o braço dela e girou na cama, ficando de frente para Sakura.
— Eu não deveria ter falado aquilo para você, Sakura, mas é que... O Aomine parece ser a pessoa ideal para você. Eu sou só um padeiro e estudante de merda.
— Aquele idiota sem cérebro? Ele é meu melhor amigo e eu o adoro! Mas Taiga... - colocou a mão sobre o peito dele. — É de você que eu gosto. É desse corpinho delicioso, desses cabelos ruivos e desse sorriso safado. - alisou os ombros dele. — Eu amo sua honestidade, seu caráter e sua dignidade. Todo o esforço que você impõe sobre tudo que faz. Eu já disse uma vez: não me importo se você é um
padeiro, estudante ou qualquer coisa. Só não me maltrate. Só não diga que eu sou apenas uma garotinha mimada porque... - a luz do luar era suficiente para ele observas lágrimas dela e, culpado, secou cada uma.
— Me desculpe por estar sendo egoísta e mau. E por ter te magoado. - sussurrou, apertando-a contra seu corpo.
— Eu posso ficar? - perguntou.
— Se você não ficar, não conseguirei dormir. - enfiou as mãos nos cabelos dela e fitou os olhos violetas.
— Obrigada.

*

Kagami abraçou o corpo nu de Sakura e entrelaçou suas mãos e a prendeu entre suas pernas. Ainda era bastante cedo e ele pretendia correr, mas ela estava tão bonita, com seus cabelos platinados espalhados e encolhida nos braços dele que se recusava terminantemente a sair dali. Escondeu o rosto no pescoço dela, sentindo o cheiro suave da pele dela e a maciez.
— Bom dia? - resmungou ela, se remexendo um pouco no abraço dele. — São que horas?
— Cedo. - respondeu, mordendo o pescoço dela e ouvindo seu suspiro em resposta.
— E já está assim? - Kagami notou o sorriso indecente que ela lhe lançava, enquanto se afastava dele. — Vamos tomar um banho e eu vou te levar a um lugar, pode ser?
— Tão cedo?
— E você por acaso acha que sairemos rápido do banho? - Kagami gargalhou, antes de segui-la: ele era um puto sortudo por ter alguém tão louca quanto ela.

Depois de perderem um bom tempo no banheiro e acabarem voltando para a cama, conseguiram ir para a cozinha para fazer o desjejum. Ela preparou tamagoyaki e a infusão de chá-verde, enquanto Kagami fazia o misô e o arroz cozinhava na panela. Comeram na bancada da cozinha e Sakura não deixava de observá-lo.
— O que foi? - questionou, vertendo mais chá sobre a xícara dela.
— Alguém já disse que você é muito gostoso? - o rubor subiu ao rosto dele mais rápido do que poderia imaginar. — Nossa. Isso só porque elogiei a parte de cima!
— Cale a boca, Sakura. - ela riu da vergonha dele. Gostava de vê-lo constrangido assim porque isso significava que ele se deixava afetar por ela. — O que faremos hoje?
— Segredo. - disse, colocando as louças na pia e começando a lavá-las. Kagami sorriu e se posicionou atrás dela. Envolveu a cintura estreita com as mãos e beijou o pescoço dela, sentindo o arrepio em sua pele.
— Eu sou curioso, Sakura-san. - mordeu a orelha dela e percebeu que ela estremeceu com isso. — Por favor, me fale. - enfiou as mãos sob a camise ta dela, arranhando as unhas curtas na barriga e subindo ligeiramente o tecido até alcançar as costelas.
— Isso é jogo sujo. - murmurou, engolindo em seco. — Você vai ver quando chegarmos lá, seu trapaceiro! - exclamou, quase deixando o prato que lavava cair dentro da pia quando ele mordeu um ponto sensível na nuca. — Isso se você não me convencer a não sair de casa hoje. - suas pernas bambearam quando eles desceu as mãos, desabotoando o botão de seus jeans provocativamente. — Você
realmente gosta da cozinha. - sussurrou, largando as coisas e se virando para ele, encontrando seu sorriso faceiro. — Um pervertido de primeira!
— Admita que você gosta. - sussurrou, beijando a bochecha dela, antes de deslizar até alcançar a boca dela e roubar-lhe um beijo tão intenso que Sakura só percebeu que tinha sido completamente enlaçada por ele enquanto ofegava baixinho, fitando os olhos vermelhos.
— Eu gosto. - o sorriso dela fez o coração dele bater um pouquinho mais rápido. — Mas agora vamos. A gente termina isso mais tarde ou realmente não vamos conseguir sair!

*

— Oe, Hyuga?! - exclamou Kagami, assim que adentrou o que parecia ser uma garagem, só que em tamanho jumbo. Ele avistou o antigo capitão junto a Teppei, que acenou fortemente e foi ao encontro do casal.
— Kagami! Sakura-san! Venham ver como está ficando! - se aproximaram de Hyuga, que analisava um material com uma lupa.
— Ficando o que?! - disse o ruivo, visivelmente perturbado. — O que estava escondendo de mim, hein?
— Você comentou que eu estava te visitando bastante, Kagami-kun. - começou ela, apertando a mão dele. — Eu tenho passado um bom tempo na cidade, é verdade, mas porque estou participando de um projeto com eles. - Kagami arqueou a sobrancelha. — Venha ver, está ficando incrível. - puxou-o até a mesa onde Hyuga estava e mostrou para ele. O ruivo arregalou os olhos e inspirou profundamente.
Sobre a mesa, havia uma perna mecânica, cujas peças minúsculas se encaixavam de tal maneira que poderiam se assemelhar ao movimento de uma perna normal. Quando ele segurou, percebeu que o material era super leve.
— Sakura-san está investindo nesse protótipo. - disse Teppei, apontando para a garota. — As próteses existentes no mercado são muito boas, é verdade, mas existem algumas complicações quando nos referimos a dinâmica do basquete, principalmente para alguém que se move muito como ela. Então o Hyuga concordou em ser o projetista e de tentar montar com a equipe dele.
— É um projeto interessante. - ele se voltou para a namorada. — E isso quer dizer o que?
— Que o Kiyoshi-san está me treinando junto com a Riko-chan. Que o Midocchin está me ajudando na reabilitação. E que... Logo menos, eu vou voltar a treinar como jogadora. - confessou, levando as mãos a boca, como se tivesse acabado de confessar ao papa seus segredos mais sórdidos. Mas na realidade, ela estava apenas esperando a reação do Kagami. — Eu queria que te surpreender quando estivesse pronta, mas... - ela não precisou completar para Kagami ler seus pensamentos. Ele ainda estava em choque e mal percebeu que se inclinou e agarrou-a, elevando-a até sua altura. Seus braços a envolviam com tanta força que ela mal conseguia respirar, entretanto, estava mais preocupada com Kagami, cujo olhar estava espantado. — Você vai terminar tudo agora e me mandar para o inferno?
— Na verdade, estou pensando em te chamar para um mano-a-mano assim que estiver pronta. - a garota ficou sem fala. Não precisava, porque seu sorriso se formou tão grande quanto o que surgia no rosto de Kagami. — Eu não acredito que você vai voltar a jogar! - apertou ainda mais ela.
— Você está me sufocando! - exclamou, sentindo o abraço dele afrouxar. — Mas já temos estipulado o primeiro jogo. - disse, quando foi posta no chão.
— E quem vai ser? - sorriso maquiavélico dela fez o ruivo arquear a sobrancelha.

Três semanas depois.

Kagami estava sentado na arquibancada de uma quadra de basquete no ginásio poliesportivo da família Aida, junto a Aomine, Riko e Teppei. Na quadra, Sakura terminava de alongar o corpo, se acostumando a nova prótese. A oponente dela analisava a quadra com olhos críticos.
— Pronta, Alex-san? Sakura-chan? A primeira a marcar 7, ganha. - questionou Riko, quicando a bola laranja e viu o sinal positivo da loira. — Bom, vamos começar o teste de resistência mecânica nº1. - disse para um gravador que tinha em mãos, enquanto lançava a bola para as duas garotas.
O ruivo e moreno estavam lado a lado, os braços apoiados sobre os joelhos, prestando atenção em demasia a algo que sequer havia começado. Se bem que Aomine parecia mais preocupado em fitar os seios de Alexandra apertados na blusa justa do que outra coisa.
O 1-on-1 começou com Alex, que quicou a bola algumas vezes e começou a se aproximar da cesta. Sakura parecia pensativa e se deixou enganar pelo drible de Alexandra, que marcou o primeiro ponto dela. Sakura segurou a bola e começou a movimentá-la lenta, de tal maneira que Kagami franziu o cenho: ela seria roubada daquela maneira. E foi o que aconteceu em seguida, com a loira pegando a bola numa pegada baixa e correndo até a cesta, marcando seu segundo ponto. E isso aconteceu mais duas vezes, de tal maneira que o ruivo estava realmente querendo ir gritar com ela. No quinto ponto de Alex, ele não conseguiu se segurar.
— Bora, Sakura! - incentivou ele. — Está dando mole. - o sorriso perspicaz que ela lançou o fez se sentar novamente.
— Otário. - resmungou Aomine e o ruivo se virou para ele, fitando a expressão de intensa satisfação. — O show começa agora, BaKagami.
Quando se virou novamente para o jogo, avistou Alex com a bola e se perguntou o que Aomine estava querendo dizer. Porém, quando Alex pulou para enterrar, Sakura fez um bloqueio espetacular e foi atrás da bola, batendo algumas vezes contra o chão apenas para esperar a ofensiva da loira, que não tardou a chegar. Kagami arregalou os olhos ao ver os giros que a garota deu, driblando sua antiga mestra
com uma facilidade que ele mal acreditaria se não estivesse vendo. Não suficiente, ela ainda se afastou o suficiente para fazer um lance longo, acertando em cheio. Alexandra sorriu, buscando a bola enquanto Sakura alongava o pescoço e se punha novamente em defesa, executando um steel muito bem feito e fechando a ofensiva de Alex na tentativa de pegar a bola, marcando o segundo lance dela na partida. Na terceira tentativa, entretanto, falhou, deixando que Alex roubasse a bola e marcasse. Sakura pegou a bola e escapou da defesa da loira passando a bola por baixo de sua perna e girando, ficando com espaço para fazer o lance livre e marcar seu terceiro.
Kagami não percebeu que estava em pé até Hyuga bater com a prancheta nele, pedindo que sentasse. Daiki também estava concentrado — e desta vez no lugar certo, prestando atenção aos movimentos de Sakura e de Alex, vendo os giros e os passes curtos que tinham que fazer. O ruivo estava impressionado com a agilidade que ela possuía em quadra — tinha visto alguns jogos dela sem que Sakura
soubesse, mas ali de perto parecia tão mais... Vivo. Tão mais real.
— Ótimo jogo! - exclamou Alex, cumprimentando Sakura. A loira tinha ganhado por dois pontos de diferença, apenas. — Você joga bem. - elogiou, jogando o braço sobre os ombros dela. Kagami já sabia o que ela pretendia fazer e foi tentar avisar a namorada, mas foi rápido demais: Alex tentou beijar Yukino, mas esta apenas tocou os lábios dela com o indicador, parando-a.
— Você é sexy, mas o Taiga-kun me satisfaz mais. - a loira arregalou os olhos antes de cair na gargalhada. Era visível que a antiga mestra de Kagami gostava bastante de Sakura. — Obrigada pelo apoio. - disse, ao se aproximar do ruivo. Ele a abraçou, roubando um beijo dela. — Estou suada. - disse, ofegante depois de partir o beijo.
— Fica mais gostosa assim. - sussurrou ao pé do ouvido dela, levando um tapa. — Foi fantástico ver você jogando. Parabéns.
— Ficaria mais impressionado se a visse fazendo os passes longos. - a voz arrastada de Aomine se fez presente. — Midorima quase se apaixonou por ela na primeira vez que viu. - estendeu o punho cerrado para Sakura, que retribuiu. — Seu quadril está desequilibrado demais.
— Eu ia dizer isso. - disse Riko, se aproximando com Teppei e Hyuga em seu encalço. — Está forçando tudo para uma única perna, Sakura-chan. Precisa confiar na nova prótese. - a garota assentiu, secando o suor da testa com a barra da blusa.
— Contenha-se. - murmurou o ruivo, baixando a blusa dela com delicadeza.
— Mas eu estou com calor. - ele balançou a cabeça negativamente, antes de se distrair com o quique da bola, que chamou a sua atenção.
— Que tal, BaKagami? Para relembrar os velhos tempos? - questionou o moreno, fazendo um passe desnecessariamente chamativo, mas ainda acertando a cesta. Sakura achou uma ideia maravilhosa e começou a incentivá-lo, então ele foi. Aomine ganhou a partida de dez com uma grande vantagem de pontos, mas não quis dizer que Kagami não deu trabalho a ele. Isso estava explicíto no sorriso maníaco que havia no rosto do moren, enquanto ambos saíam da quadra secando o rosto com um lenço que Sakura havia tirado da bolsa. As blusas deles tinham sido tiradas antes da partida e agora, esperavam se refrescar um pouco enquanto andavam pelos jardins, acompanhados de Riko, Teppei e Sakura, que discutiam o que deveriam melhorar no próximo treino. Se despediram com agradecimentos e Sakura ofertou alguns presentes aos que ajudaram ela naquele dia e só saiu quando eles aceitaram todos. Alex foi para o caminho contrário deles, em direção a padaria para encontrar Himuro e Aomine deu uma carona aos outros dois até o apartamento de Kagami.
Depois de adentrarem o recinto, o ruivo se virou para trancar a porta e sentiu a presença de Sakura envolvê-lo. Quando se virou na direção dela, percebeu que os braços o cercavam e ela sorria.
— Alguém já disse que você fica delicioso quando joga? - sussurrou para ele, num voz rouca que fez Kagami quase derreter. — Principalmente com o Ahomine? Sério, aquilo pareceu um filme pornô para mim. - em outro momento, ele seria capaz de rir daquilo, mas a maneira com que ela o devorava com o olhar o permitiu apenas agarrá-la pela cintura e buscarem o primeiro local de apoio.
A única coisa que entendia naquele momento é que ela era perfeita para ele. E que nunca, mas nunca queria deixá-la ir embora.


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Notas finais do capítulo

AE! O próximo capítulo é o último deste primeira parte da triologia. *chora*. Eu queria agradecer especialmente a Ruki-chan porque foram os comentários dela que me motivavam sempre a continuar escrevendo essa bagaça (e ainda fez uma capa linda para Miss Missing You, Kise!) E a Luna Scarlet que também acompanha as duas fanfics e deixou um presentinho pra mim na caixa de comentários. Muito obrigada, suas lindas! Vou tentar postar o último capítulo no sábado, será que consigo? :*



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