Sobrevivência do mais forte. escrita por Léo Veronezi


Capítulo 3
Capítulo 3 - Rostos conhecidos.




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Subindo o morro, Ju não parava de falar, ela falava do pessoal, da saudade daquele lugar, da vez que ela me derrubou da parede de escalada e de muitas outras coisas. Nesse momento, eu ouvi um som, algo que só poucos ouvidos como os meus poderiam ouvir, algo pesado e barulhento vinha em nossa direção.

–Ju, pare. Ouça, tem algo vindo para cá. – Ela me olhou e fez silêncio na hora, apesar de tudo, ela também era uma guerreira treinada. -Algo grande. - Foi quando eu avistei um grupo de 7 monstros altos vindo em nossa direção.
Consegui enxergar suas características quando eles se aproximaram. Eram gigantes, mais o menos 8 metros de altura, tinham tatuagens envolta de seus braços e estavam equipados com uma armadura de couro de javali completa, não usavam capacetes e traziam em suas mãos maças de ferro, cheia de espinhos, eram lestrigões. O grupo vinha correndo em nossa direção e automaticamente desembainhei Umbra, minha espada. O brilho do ferro estígio provocou uma certa incerteza nos lestrigões que vinham o que era natural, desejei ter meu escudo agora, mas ele estava no meu chalé, dentro do acampamento. Faltavam 100 metros quando 3 flechas atravessaram o ar e acertaram o peito de um dos monstros, o derrubando fatalmente e se tornando pó, no segundo seguinte mais 3 flechas zuniram e acertaram na perna de um deles dessa vez, incapacitando-o com vários murmúrios, os outros quando perceberam o que estava acontecendo, tiraram das costas escudos enormes circulares, com o símbolo de um homem segurando uma esfera enorme nas costas. Atlas, o titã que foi condenado a segurar o peso do Céu.
Fiz um sinal com o queixo para Ju, que já estava com suas espadas em mãos e começou a corre ao meu lado, faltavam 15 metros, o suficiente para Ju saltar em direção um monstro. O mesmo tentou acerta-la com a maça em uma tentativa falha de destroça-la, Ju usou uma espada de apoio em cima da maça e tomou impulso na mesma, girando no ar e finalizando com um corte duplo das ambas espadas fatais no peito do gigante. Ele virou pó na hora e a garota foi banhada com cinzas douradas. Decidi prestar atenção em mim mesmo, só haviam 4 lestrigões agora, um era mais rápido do que os outros e aparentemente, mais inteligente. Tentou jogar o escudo em cima de mim, felizmente fui rápido o bastante para esquivar para a esquerda e acabei ficando à mercê da maça gigante que logo caía sobre mim, um segundo antes uma flecha acertou a dobra entre o ombro e o braço do gigante, o fazendo recuar. Era a chance, com uma gesticulada no pulso, rodei Umbra e estoquei a garganta do gigante, ele se desfez em pó. Comigo ainda no ar, um lestrigão veio fazendo um arco horizontal com a maça em minha direção, logo ouvi Ju gritando algo, ela havia sido pega por um lestrigão que estava já sem um braço, porém ainda tinha muita força. Mergulhei no chão desviando do golpe mortal da maça e viajando nas sombras, com o impulso que mergulhei, saí cara a cara do gigante que apertava Ju e com um giro horizontal, arranquei-lhe a cabeça. Ju pousou no chão e disse – Agora só falta mais esses dois. – Com um sorriso mortal mirou os gigantes. Um dos gigantes parecia confuso demais com a ideia de que o seu alvo mergulho no chão e simplesmente sumiu, o outro gritava com o que estava perdido para voltar a atenção para os dois pedaços de carne perigosos. E então ouvi um som, um som conhecido e familiar.

–Léo? Já trouxe problemas e nem está dentro do acampamento ainda. Tsc tsc. – Gritou o garoto moreno, alto, de cabeça raspada e forte com a camisa regata do acampamento. Era Dan Gearbender, conselheiro de Hefesto, substitui Charles Beckendorf quando o mesmo se sacrificou, tornando-se um herói durante a grande guerra. Ele tinha em mãos uma espada larga de pelo menos 1,30 de lâmina e 30 cm de cabo, tinha um entalhe belíssimo de chamas rodeando a lâmina. Apesar de ser grande e forte, aparentava lentidão, é ai que todos sempre se surpreendiam. O conselheiro voou em direção aos gigantes, surpreendendo os mesmo que só tiveram tempo de erguer os escudos quando algo semelhante a um touro de metal os atingiu, a espada enorme derrubou os dois monstros com um só golpe e os fez recuar para pensar se valia a pena morrer de frente ou morrer tentando fugir.
–Não enche. – Foi só o que eu disse. A risada desgastada e rouca tomou conta do ar. – É maninho, você continua a mesma criança de sempre. Ta meio enferrujado né? – Ele brincou. Os anos foram passando e fui me tornando mais tolerante, porém não conseguia ficar quieto. – Cala a boca peça de metal desgastada, deixa o resto comigo. – Dan havia perdido uma perna durante uma missão no Chile. Eu, ele e mais 5 semideuses. Fomos enviados até lá para cuidar de uma seita de Empousais. Hoje em dia, ele tem uma perna mecânica. – O.k. esquentadinho, todos seus. – Ele disse sorrindo.
Levantei Umbra e fui em direção aos monstros, porém, eles já não estavam mais lá. Foi aí que percebi o que aconteceu. -VOCÊS SÃO REALMENTE CHATOS PRA CARALHO! – Gritei para os arqueiros que estavam de sentinela, Dan me distraiu me provocando para dar tempo de eles liquidarem os lestrigões. De cabeça quente e cansado me larguei no morro, alguns segundos depois Dan me ajudou a levantar e levou Ju de cavalinho morro acima.

Quando atravessei a barreira, me senti em casa. Uma sensação que parecia, que fazia milênios que eu não sentia. Algo no cheiro da grama, dos campos de morango e dos pinheiros, no som do lago, de risadas, de fofocas, de gritos... Algo nisso tudo me confortava. Durante os anos passados, o acampamento sofreu mudanças, algumas por conta de Percy Jackson que exigiu que os deuses menores fossem mais considerados, a partir daí foram criados mais 9 novos chalés: O de Hades, Iris (Deusa do Arco-Íris), Hipnos (Deus do Sono), Nemesis (Deusa da vingança), Nice (Deusa da vitória), Hebe (Deusa da Juventude), Tique (Deus da fortuna e da sorte), Hécate (Deusa da magia) e inclusive, um chalé único para as Caçadoras de Artêmis. Os chalés foram aumentados estruturalmente para confortar mais semideuses que estavam aparecendo em grande quantidade. Haviam 2 novas quadras de vôlei, a casa grande continuava em sua posição intocável. Desci a pequena ladeira em busca de rostos conhecidos e veteranos, porque todo ano haviam no mínimo 30 semideuses novos em busca de um lar. Dan estava mais forte, com uma barba rala no rosto, a pele morena e suada dilatavam os seus músculos e o tornava alvo de muitos olhares de semideusas e ninfas. Faltava uma semana para ele fazer 20 anos, sua perna mecânica estava mais desenvolvida, seus óculos foram trocados por lentes (assim como eu), uma bandana na amarrada na cabeça, cheiro de óleo, graxa e metal emanavam de sua pele e ele era extremamente quente. Ele foi uma das primeiras pessoas que me aproximei fora do meu chalé, eu tinha 13 anos e ele 16. Eu estava treinando com uma espada de ferro em um boneco de madeira no anfiteatro. Eu era magrelo, moreninho e tinha um cabelo comprido que parecia um capacete, usava óculos estilo Ray ban e estava começando a cair a ficha de que deveria estar pronto para morrer em qualquer segundo. Ele veio e me deu algumas dicas de como manejar a espada, ele era alto, meio gordinho, o cabelo crespo crescia em forma de um mini-Blackpower e usava óculos quadrados preto. Começamos a conversar e um ano depois, fomos enviados para uma missão no Chile, devíamos localizar e destruir uma seita de empousais, foram escolhidos os semideuses: Eu, Dan, Frances Nightwolf (Caçadora de Artêmis, filha de Atena), Will Pettrick (Filho de Zeus), James e Josh Kinnigan (Filhos de Ares) e Evelyn Floweryn (Filha de Deméter).

Fomos escolhidos de acordo com nossas habilidades em ‘’torneios’’ e atividades do acampamento. Pettrick iria comandar a missão, sendo filho de Zeus e o mais velho, era mais do que garantido sua posição. Ele tinha 19 anos, era alto, loiro de olhos azuis brilhantes, musculoso e extremamente rápido. Sabia como ser um bom líder, porém era extremamente metido. Carregava nas duas mãos, adagas de 40 cm de lâmina e 10 cm de cabo, eram azuis e tinham uma cor platinada no corte, eram curvadas e tinham correntes em torno de seu cabo para prender nas mãos de seu dono. Foi um presente de Hefesto, quando o garoto fez um favor ao Deus.

Frances, era uma garota muito linda. Ela era baixinha e magra, tinha 15 anos e havia acabado de se juntar a ‘’Caçada’’ e a partir daquele ano ela não envelheceria mais, tinha um nariz um pouco curvado e charmoso, tinha olhos profundos e sinceros, sua pele era pálida, o cabelo encaracolado escuro fazia ondas em seu ombro. A pequena garota, extremamente forte e inteligente, carregava em sua mão um arco prateado, curvado como a Lua Nascente e com detalhes de estrelas cravados na platina do arco. Em suas costas, havia uma aljava com capacidade de 24 flechas prateadas que garantiam morte instantânea a qualquer coisa que estivesse a menos de 200 metros. Carregava em suas botas dois discos prateados feitos para serem arremessados e fatiar qualquer coisa mole o suficiente para um disco de platina abençoado pela Deusa da caça. E em sua cintura havia uma pequena espada de esgrima, com o símbolo da Lua no final de seu cabo.

Evelyn tinha 15 anos, era o tipo de garota que você odiaria ter por perto em qualquer momento de sua vida, ela era estranha e assustadora, mas amaria tê-la como parceira caso você se ferisse. A menina tinha um talento com ervas e medicamentos fora do comum, era a escolha certa para qualquer ferimento ou doença que você teria. Era de estatura média, magrela e muito branca, carregava sempre uma bolsa cheia de ervas e itens que se usa em primeiros-socorros ou coisas do tipo. Tinha em mãos um bastão de madeira que tinha em sua ponta uma joia que sua mãe lhe deu, era capaz de controlar vinhas, plantas, sementes e coisas relacionadas ao domínio de sua mãe com mais facilidade e intensidade.

Os gêmeos Kinnigan eram guerreiros de 17 anos, fenomenais e ligados por um elo mental e físico que era fortemente reforçado a cada batalha que passavam juntos. Seus movimentos eram coordenados, pareciam dançar sempre que lutavam juntos, onde um estava o outro também estava, é como se uma mente só trabalhasse em dois corpos. Tamanho, os cabelos ruivos cortados em um formato militar e até a massa corporal dos mesmo, eram iguais. A única coisa que os diferenciavam era uma cicatriz no olho de Josh, que em uma batalha em um Caça bandeira recebeu um corte na vertical em seu olho esquerdo. Ambos usam um escudo com o símbolo de Ares estampado e uma espada de 90 cm de lâmina e 15 cm de cabo, uma espada normal. O que facilitava a esquematização de suas táticas e de suas formas de lutar era que, Josh é destro enquanto James é canhoto. Mas como nada é perfeito, os gêmeos eram extremamente burros, eram como soldados, só sabiam cumprir ordens.

Eu era o mais novo, estava ansioso e doido para embarcar em uma missão de verdade que requereria tantos semideuses juntos. Viajámos até o Chile, enfrentamos alguns telquines e tivemos bastantes problemas para chegar no nosso objetivo. Quando finalmente chegamos em uma caverna enorme e ampla, tivemos de enfrentar um dragão etíope, que foi quando Dan perdeu sua perna esquerda. Após derrotarmos o dragão, chegamos no coração da caverna, onde encontramos as tais empousais, fizemos o ataque e perdemos um membro da equipe. Evelyn. Durante o ataque eu lembro de ter visto Frances atirando uma sequência rápida e certeira de flechas prateadas para afastar a gigantesca onda de empousais que tinha perto da curandeira, mesmo com os ventos fortes e a velocidade de Pettrick para fatiar as empousais, mesmo a sincronia e a força devastadora dos gêmeos, mesmo com a força esmagadora de Dan e até mesmo com a força de sombras e 15 homens esqueletos não foram capazes de salva-la. Depois de tudo, fizemos o funeral e me senti mal, por não ter derrubado sequer uma lágrima... A morte era algo tão familiar para mim.
Voltamos para o acampamento e recebemos nossos colares de contas com o símbolo de uma plantação de trigo. Meses depois, Pettrick saiu o acampamento e nunca retornou. Os gêmeos foram se aventurar pelo mundo e também não voltaram, porém enviavam notícias de vez em quando. Frances voltou com as caçadoras para a floresta e disse que quando eu retornasse ao acampamento, tentar me comunicar com ela. Sobramos eu e Dan, foi assim que nos aproximamos.

–Está com fome? – O grandalhão disse me avaliando, vendo como meses faziam diferença.
–Estou sim, mas estou procurando rostos conhecid... – Comecei quando um grito varou o acampamento.
–LELO? COMO VOCÊ, LEONARDO VERONEZI, OUSA RETORNAR A ESSE ACAMPAMENTO SEM ME MANDAR AO MENOS UMA MENSAGEM DE IRIS? – Um grito grosso e exagerado fez toda a atenção se voltar em mim, só uma pessoa ainda me chamava por aquele apelido, só ele. E aí começaram os murmúrios ‘’ele voltou’’, ‘’ele mudou’’ e etc...
–Pelos deuses... vocês dois parecem namorados. – Dan começou rindo
–O problema é que somos piores que isso. – E então meu sorriso se alargou, vinha gritando e correndo em minha direção como uma sombra, a segunda parte da minha alma. Eduardo Viana. Conselheiro de Hades.


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